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Na última semana, o Comitê de Política Monetária (COPOM), órgão do Banco Central, realizou mais uma reunião que define a porcentagem da taxa básica de juros do Brasil, a Selic. Anteriormente a taxa estava em 4,25% ao ano e agora se encontra em 5,25%. Assim, abre-se a discussão sobre como a taxa de juros impacta o cenário brasileiro e quem são os beneficiados no processo e quem sofre negativamente com a alta da Selic.

De acordo com Nilza Aparecida dos Santos, professora de economia e gestão financeira na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec) em Cotia, a taxa básica de juros é utilizada como um instrumento de política econômica e sua elevação tende a reduzir a inflação. “A Selic serve de base para as demais taxas de juros da economia e, portanto, impacta o bolso do brasileiro encarecendo o crédito, desestimulando consumo, investimento, desacelerando a atividade econômica e podendo aumentar o índice de desemprego”, explica a especialista.

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Em contrapartida, a elevação da taxa de juros tem a sua parcela de favorecidos. “Os bancos podem ser beneficiados por juros mais altos, visto que a rentabilidade da renda fixa se torna mais atrativa”. Nilza completa dizendo que, por outro lado, a elevação da Selic desestimula o consumo, e consequentemente os investimentos em produção, além de setores como varejo e construção civil, que podem ser prejudicados pelo aumento do custo dos financiamentos.

Todo esse processo faz parte da balança econômica do país, que segundo a especialista, tem o COPOM como principal agente influenciador e visa o cumprimento da meta da inflação. Nesse sentido, a população pode seguir alguns passos para evitar os gastos e economizar dinheiro. “A lógica mais comum quando a taxa Selic começa a subir é evitar os investimentos de maior risco. O ideal é estudar as oportunidades do mercado e apostar em uma carteira diversificada e com liquidez”, indica.

Educação financeira na internet

É possível encontrar uma vasta opção de conteúdo didático sobre educação financeira na internet, mas dentre as opções, aquela que mais se destaca, é o canal no YouTube da jornalista e especialista em finanças pessoais, Nathalia Arcuri, “Me Poupe!”. Nele, são postados vídeos sobre como funcionam as diferentes opções de investimentos em bancos digitais, e como qualquer pessoa pode encontrar em si uma oportunidade para fazer renda extra.

No mesmo sentido de Nathalia Arcuri, outro canal que também chama atenção da massa investidora brasileira, é “O Primo Rico”, comandada por Thiago Nigro, que passou a ter contato com mercado financeiro há sete anos e adquiriu bagagem suficiente para alcançar a liberdade financeira. Com ele, podem ser encontrados vídeos que abordam temas financeiros de forma didática, desde investimentos de baixo risco, até mercado de ações na bolsa de valores.

Me Poupe: https://www.youtube.com/channel/UC8mDF5mWNGE-Kpfcvnn0bUg

O Primo Rico: https://www.youtube.com/channel/UCT4nDeU5pv1XIGySbSK-GgA

 

 

Cortar gastos faz parte da rotina de quem, com muito esforço, tenta resistir à crise. Ausência de educação financeira, porém, dificulta o processo. Foto: Nathan Santos/LeiaJáImagens

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Por Nathan Santos e Camilla de Assis

Nem os mais experientes economistas fariam previsões tão negativas para o cenário financeiro do Brasil em 2020. Dificilmente projetariam que o ano seria afetado pela mais enlutada crise de saúde dos últimos tempos, que culminou em uma severa restrição econômica em brasileiros de diferentes classes sociais, principalmente os das camadas mais pobres. No entanto, contrariando os palpites não trágicos, a realidade mostrou-se bastante diferente das projeções anteriores ao novo coronavírus: desemprego, inflação, suspensão de atividades econômicas, fechamento de empresas e acirramento da crise política estão entre os resquícios oriundos da pandemia da Covid-19.

Mesmo ante um cenário envolto de problemas, alguns brasileiros bem estruturados, economicamente falando, resistiram com menos prejuízos à crise provocada pelo novo coronavírus. Segundo especialistas, entre os fatores para essa resistência está a prática da educação financeira em suas rotinas familiar e profissional. Por outro lado, a parcela mais robusta da população - sem base de educação financeira e marcada por desigualdades sociais - amarga baques em seus orçamentos.

Artes: João de Lima/LeiaJáImagens

Os números evidenciam a crise: levantamento da Serasa Experian, empresa referência em informações financeiras, aponta que o Brasil registrou 63 milhões de endividados neste ano, bem como mais de 5 milhões de negócios apresentaram algum tipo de inadimplência. Se considerarmos apenas a questão do desemprego, por exemplo, um dos problemas mais latentes da pandemia, uma vez que empresas paralisaram atividades presenciais, 2020 já registra o pior resultado desde 2012. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País chegou a ter 14 milhões de desempregados.

Também alarmantes são os dados resultantes da mais recente pesquisa “Endividamento e Inadimplência do Consumidor”, promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o estudo, em novembro deste ano 66% dos brasileiros estavam endividados, dos quais, 25,7% possuíam dívidas ou contas em atraso e 11,5% não tinham condições de pagar.

Cortes nos cabelos e nos gastos

A habilidade de Rodrigo Barbosa, 30 anos, ao desenvolver penteados da moda em seus clientes, não é a mesma quando o assunto é organização financeira. Se por um lado o barbeiro esbanja talento ao picotar os fios de cabelo da clientela, por outro, quebra a cabeça para manter em ordem as contas da família e de sua barbearia, situada no bairro da Iputinga, periferia do Recife.

“Não ganho mal, mas os gastos lá de casa são muito grandes e ainda tenho os custos fixos da barbearia, como o aluguel. Aí descontrola tudo, às vezes não consigo separar o que é de casa e o que é da barbearia”, revela o barbeiro.

Rodrigo empreendeu no ramo há cinco anos, pois não se fixou no mercado de trabalho convencional, segundo o empresário, devido à sua baixa escolaridade. Ele não concluiu o ensino fundamental. Levantamento promovido pelo C6 Bank, banco para pessoas físicas e jurídicas, mostra que entre os Microempreendedores Individuais brasileiros, 65% perderam renda durante a pandemia. Desse percentual, 16% informou que a renda foi zerada de uma hora para outra. A pesquisa também revelou que esses empresários têm baixa educação financeira e sentem dificuldades para acessar serviços financeiros.

Barbeiro sentiu queda em seu faturamento durante a pandemia. Foto: LeiaJáImagens

Diante da crise provocada pela pandemia de Covid-19, o barbeiro diz que o período de isolamento social, iniciado em março deste ano em Pernambuco, foi um dos momentos mais delicados para o seu negócio, culminando em um imbróglio econômico típico dos empresários que não conseguem dividir as contas dos negócios das contas pessoais.

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Mas, na prática, qual a relação concreta da educação financeira com a saúde econômica e o bem estar dos brasileiros, principalmente em momentos severos de crise, como a pandemia da Covid-19? E como desenvolver educação financeira entre cidadãos adultos que, na infância e na adolescência, não tiveram acesso a conteúdos sobre o tema? Em entrevista ao LeiaJá, especialistas revelam sugestões e reforçam a importância do assunto em prol do bem estar das famílias brasileiras e da sobrevivência dos empreendimentos. 

Na vida e nos negócios, a regra é planejar

Associar educação financeira apenas a dinheiro tende a ser a primeira percepção de quem pensa a respeito do assunto. Porém, de acordo com Liao Yu Chieh, professor e fundador da plataforma de educação corporativa ‘IDEA9’, empresa do grupo C6 Bank, essa simples associação é errônea. Para o especialista, é fundamental ter uma compreensão mais ampla.

“Muita gente associa educação financeira a ganhar dinheiro, guardar, ficar rico, que é uma noção errada. Dinheiro é um meio. A gente planeja a vida da pessoa, e não apenas o bolso. A vida da pessoa é mais que dinheiro. Então, você tem a qualidade de vida, da família, da segurança, a questão do conforto, e da tranquilidade. Há vários fatores que não são apenas o fato de ganhar, guardar ou economizar dinheiro. Fazer essas ações é parte de um plano maior, que basicamente é você ter tranquilidade e segurança para desfrutar da vida com a família”, esclarece Liao Yu Chieh.

O coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, defende que, ao pensar em educação financeira, o indivíduo precisa colocar em prática um planejamento. Segundo Teixeira, não planejar é uma das principais causas de descontrole financeiro dos brasileiros. “Por impulso, por idade - a própria idade faz com que você seja um pouco mais impulsivo também -, a pessoa começa a gastar sem fazer um planejamento e acaba criando um problema na própria vida. Essa pessoa poderia ter conseguido as mesmas coisas dentro de um planejamento, mas acaba em um descontrole no orçamento”, explica o especialista.

Na análise do professor da FGV, a busca por educação financeira precisa levar em consideração diferentes realidades, além de ser introduzida à rotina das famílias. “Quando a gente fala de educação financeira, estamos buscando as melhores práticas aplicadas à realidade de cada um. É como se fosse uma educação doméstica sobre o que você pode e não pode fazer. A gente está querendo que as pessoas tenham em mente quais são as melhores práticas sem necessariamente terem que ficar pensando a respeito; tem que fazer parte da sua vida”, opina Teixeira.

“Para que você tenha uma boa educação financeira, tem que ensinar a sua família, como um todo, a todo mundo que convive com você, como fazer um planejamento financeiro. Entender que você só pode gastar o que já tem ou, se for em um prazo mais longo, o que vai receber, desde que o recebimento e o pagamento estejam casados. Você deve, sempre, fazer uma poupança para enfrentar as adversidades que sempre aparecem, que sempre acontecem; essas adversidades vão ocorrer, só não sabemos quais. A poupança é importante também para a gente construir riquezas, porque você só consegue construir riquezas poupando”, acrescenta o professor da FGV.

Ao tratar especificamente de negócios, o especialista da Fundação Getúlio Vargas destaca que assim como nas finanças pessoais, os empreendedores precisam criar estratégias de planejamento que garantam a sobrevivência das empresas mesmo diante de um cenário grave de crise. “Você vai planejar quanto pretende receber, pois não tem a garantia ainda porque as pessoas não compraram, mas projeta quanto imagina, quanto vai precisar gastar para conseguir o faturamento e quanto vai sobrar. Tem que restar um saldo positivo, salvo em algumas situações, como na pandemia. Mas mesmo em uma situação como essa da pandemia, logo no primeiro mês, você tem que fazer um novo planejamento: ‘Meu faturamento caiu drasticamente, como vou resolver essa situação?’. Não pode manter os compromissos de antes, sem pensar em como iria pagar, já que o faturamento poderia ir a zero. O que muda basicamente em relação às contas pessoais? O volume dos recursos que você vai tanto receber e precisar gastar, a ordem de grandeza muda completamente e também a perspectiva sobre quanto você pode receber a curto, médio e longo prazos. O princípio básico é faturar mais do que está gastando. E também é preciso construir uma poupança”, aconselha o coordenador do MBA de gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em outubro deste ano, 74% das Micro e Pequenas Empresas (MPE) apresentaram queda no faturamento. Outra pesquisa desenvolvida pela mesma instituição e com publicação em agosto mostrou que 36% das empresas tinham dívidas em atraso.

Ainda de acordo com o Sebrae, micro e pequenas empresas representam 99% dos negócios no Brasil. Em dezembro de 2019, a estimativa – mais recente -  é que o País tinha 15,4 milhões de empreendimentos considerados MPE. O setor do comércio, com 41% das companhias, possui a maior concentração de empreendimentos.

Economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos alerta para os riscos que há em negócios fragilizados financeiramente. Em entrevista ao LeiaJá, o especialistas revela dicas importantes para os donos de negócios que, auxiliados pela educação financeira, almejam manter seus empreendimentos mesmo sob os efeitos da crise econômica.

De acordo com Liao Yu Chieh, fundador da ‘IDEA9’, enquanto na vida pessoal associamos educação financeira a bem estar, no mundo dos negócios, há ainda um elo com sustentabilidade. Também é necessário haver um casamento entre a paixão de um empreendedor e a gestão financeira, uma vez que na prática, é importante amar o que faz, mas sem deixar de lado a gestão financeira do negócio. “Você nunca pode menosprezar o lado financeiro, porque ele vai permitir que você continue fazendo bem e mais. Se não tiver esse controle, esse planejamento, é muito comum a empresa se dar mal. No fim, acaba afetando também a sua vida pessoal, porque ocasiona prejuízo. Normalmente, paixão é um alicerce. Mas um alicerce não é a sua casa, é apenas uma primeira parte. Uma vez que você tem um alicerce, você precisa de outras habilidade para que possa tocar o negócio para frente”, frisa o especialista.

Liao Yu Chieh identifica que, durante o processo de gestão e planejamento financeiro, existe um problema crônico nas empresas, que é a dificuldade de separar as finanças pessoais das finanças dos negócios. “Quando você fala de um empresário bem pequeno, é quase impossível fazer essa separação, mas ela é muito importante. Muitas vezes, o negócio está indo bem, mas a pessoa física está gastando o que a pessoa jurídica está ganhando e isso prejudica a saúde financeira dela. De repente, estão tirando mais do que a empresa tem capacidade, porque foram misturadas as contas com a pessoa física”, alerta Liao.

Em 2018, levantamento do Sebrae apontou que 34% dos donos de pequenos negócios não acostumavam acompanhar o saldo de caixa de suas empresas ou faziam esse procedimento, no máximo, uma vez por mês. Trinta e seis por cento dos microempreendedores individuais não estavam satisfeitos com os resultados financeiros de seus empreendimentos e mais de 77% dos entrevistados nunca fizeram cursos ou treinamentos em gestão financeira.

Cidadania financeira

“Exercício de direitos e deveres que permite ao cidadão gerenciar bem seus recursos financeiros”. Assim o Banco Central define o termo “Cidadania financeira”, englobando quatro pilares que, na visão do BC, são essenciais para o bem estar e sustentabilidade econômica dos brasileiros.

De acordo com o chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, Luis Gustavo Mansur Siqueira, um dos pilares é batizado de inclusão financeira. É quando o cidadão tem acesso a serviços financeiros que se adequem às suas necessidades.

A educação financeira se apresenta como o segundo pilar. Na prática, conforme o Banco Central, ela ocorre quando o indivíduo tem oportunidade de desenvolver capacidades e autoconfiança para gerenciar bem seus recursos financeiros.

O terceiro pilar da Cidadania financeira é a proteção ao consumidor. Ela consiste no fato de que o cidadão conta com um ambiente de negócios que gera confiança, por meio de informações e mecanismos de soluções de conflitos.

Por fim, de acordo com o BC, o quarto pilar é a participação. Por meio dela, os brasileiros possuem canais para participar do debate sobre o funcionamento do sistema financeiro.

Segundo Luis Gustavo Mansur, o Brasil tem uma Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), cujo objetivo é fomentar educação financeira, securitária, previdenciária e fiscal entre a população. Sua governança é conduzida por meio do Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF), criado em junho de 2020, com a participação de diversos órgãos, tais como o próprio BC, a Comissão de Valores Mobiliários, a Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, Ministério da Educação (MEC), entre outras organizações.

“De maneira geral, a Estratégia Nacional de Educação Financeira tem o objetivo de fomentar ações de educação financeira, securitária, previdenciária e fiscal no Brasil, garantindo que essas linhas estejam em linha com as boas práticas internacionais, contribuam para fortalecer a estabilidade financeira e o bem estar dos cidadãos e suas famílias. O Fórum foi recém criado, constituído basicamente por meio de parcerias”, detalha Mansur.

No âmbito de sua agenda institucional, o Banco Central promove projetos e ações de difusão da educação financeira no País. Qualificar professores para que possam propagar educação financeira em escolas públicas é uma delas, assim como a sétima edição da Semana Nacional de Educação Financeira, iniciativa promotora de palestras e capacitações sobre a temática de maneira gratuita. Para mais informações, acesse o site do Banco Central.

Da carteira ao caixa

Virar empreendedor, seja por oportunidade ou necessidade, é realidade de uma boa parcela dos brasileiros, segundo dados disponibilizados pelo Sebrae. Em 2019, a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontou que a taxa de empreendedorismo no Brasil atingiu a marca de 23,3%, segundo melhor patamar desde 2002. Contudo, ainda segundo o Sebrae, estima-se que esse patamar aumente ainda mais neste ano, devido à pandemia que obrigou milhares de pessoas a recorrerem à abertura dos seus próprios negócios como fonte de renda familiar.

E para fazer do negócio um sucesso, é preciso que haja planejamento. Apesar disso, poucos são os empreendimentos feitos por necessidade que conseguem estudar o mercado para poder, só assim então, abrir as portas. Diante desse quadro, a educação financeira, entre uma série de fatores, é peça fundamental para o desfecho do empreendimento - o negócio será duradouro ou irá à falência -? 

A engenheira química e criadora de conteúdo Geórgia Barbosa, fundadora do projeto 'Afroricas', vivencia e compartilha dicas de educação financeira nas redes sociais. Ela identificou que o recorte de gênero e raça também é um fator corroborante para a sina do empreendedorismo. “A maioria das mulheres negras e chefes de família tem suas rendas por base nos serviços, que foram prejudicados pela pandemia. Elas não podem ficar em casa e acabam saindo para poder garantir a comida na mesa, alimentando um sistema cada vez mais opressor”, explica Geórgia. A última Síntese dos Indicadores Sociais do Brasil, pesquisa realizada em 2019 pelo IBGE, aponta que 63% dos lares chefiados por mulheres negras estão abaixo da linha de pobreza.

Avaliar o que consumimos é essencial para evitar desfalques financeiros, alerta a produtora de conteúdo Geórgia Barbosa. Foto: Cortesia

E quando essas mulheres - ou quaisquer outras pessoas - precisam recorrer ao empreendedorismo como forma de sobrevivência, existe uma lacuna entre a preparação profissional e pessoal, que se misturam e podem ser o combo perfeito para o insucesso nos negócios. O primeiro passo, diz Geórgia, para a aplicação de uma educação financeira na população pobre, é a avaliação do que se consome.

“Se faz educação financeira e pode ser ponderado o que se gasta nas coisas consumidas. É aquela assinatura que pode ser retirada sem muito prejuízo. Mas eu sei que a conta não fecha para a maioria desse recorte populacional, então minha dica é não se endividar. O ideal seria fazer uma reserva financeira de pelo menos R$ 100, ou qualquer coisa, mas quando isso não é possível, meu conselho é sempre evitar ficar no vermelho, é não consumir mais do que se ganha”, orienta Geórgia. 

E quando essa ponderação chega às empresas, o trabalho deve ser ainda mais intenso. Em 2020, por conta da pandemia, 522 mil negócios fecharam de forma temporária ou permanentemente, segundo o último levantamento publicado pelo IBGE sobre o assunto, em julho. Segundo Geórgia Barbosa, uma das formas de evitar que as contas se misturem e a empresa vá à falência, é separar qual dinheiro é pessoal e qual é do negócio. 

“É importante que um valor seja definido para o empreendedor, para o dono da empresa, o pró-labore. É o pagamento que é realizado a sócios e gerentes pelo trabalho; é um ponto chave, até mesmo para que as pessoas consigam equilibrar as duas finanças, que é onde o MEI [Microempreendedor Individual] se embaralha”, explana Geórgia. A seguir, a criadora de conteúdo lista um passo a passo sobre como ter um planejamento financeiro pessoal:

1) Avalie a sua renda mensal para entender o seu contexto financeiro.

Renda mensal líquida = todo o dinheiro que você ganha, descontando os impostos.

2) Identifique os seus gastos essenciais e extras.

Gastos essenciais = despesas que não podem ser evitadas. Exemplos: moradia, alimentação, transporte.

Gastos extras = gastos que te deixam feliz e melhoram o seu estilo de vida. Exemplos: assinaturas, viagens, restaurantes.

3) Verifique quanto da sua renda será aplicada para cada tipo de gasto.

Se o seu dinheiro é utilizado apenas para suas contas, a sugestão é que até 50% da sua renda seja utilizada em gastos essenciais e até 30% em gastos extras. Caso você seja responsável pelas contas de familiares, o ideal é que os gastos essenciais não ultrapassem 70% da sua renda.

Os gastos extras devem ser adequados ao seu contexto financeiro, sofrendo cortes sempre que necessário.

4) Estabeleça uma meta financeira. O que você quer alcançar em 2021? 

Defina um objetivo financeiro e estabeleça uma meta mensal para que você guarde dinheiro com propósito.

Uma boa indicação de meta é montar uma reserva financeira para futuras emergências.

Reserva financeira mínima = gastos essenciais x 6 meses. Exemplo: se você precisa de R$ 1 mil mensais para suas contas fundamentais, a sua meta mínima de reserva será R$ 1 mil x 6 meses = R$ 6.000 (R$ 500 mensais). 

5) Acompanhe os seus gastos por meio de anotações, planilhas ou aplicativos. 

Revisite as suas contas sempre que necessário e reconheça os momentos que você teve sucesso e falhas no seu planejamento.

Educação financeira deve ser disseminada na infância, mas também pode ser aprendida na vida adulta

Se educar financeiramente é um processo que deve vir desde o berço. Assim como outras vertentes de formação do ser humano, o núcleo familiar é o que sustenta e dá base para formação de caráter, integridade, como também é a principal variável que pode definir o destino de um indivíduo. E esse processo não é diferente quando se fala das finanças. Uma família bem estruturada financeiramente tende a ter gerações que continuam com prosperidade em relação ao dinheiro.

Segundo o levantamento "Educação Financeira e a Gestão do Orçamento Familiar” realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), somente quatro em cada dez brasileiros conversam sobre o orçamento familiar. A pesquisa explica, ainda, que as pessoas não estão dispostas a conversar com seus parceiros e/ou familiares sobre o quanto ganham por uma questão de autonomia e privacidade. 

Na parcela de entrevistados casados, 43% informa apenas partes das compras realizadas aos parceiros, enquanto 48% já brigaram por dinheiro. Esse levantamento também mostra uma realidade preocupante: cerca de 32% dos casados entrevistados costumam gastar mais do que têm para satisfazer as vontades do cônjuge.

De acordo com o coordenador do MBA em gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira, é importante que se aprenda sobre finanças dentro do próprio seio familiar e não apenas algo restrito às bases acadêmicas e educacionais. “Logicamente, que se você chegou na idade adulta, se chegou na pós-adolescência, já sendo adulto, mas ainda muito jovem, e você quer aprender um pouco mais, você pode procurar curso, mas a educação financeira deve fazer parte da nossa vida desde pequeno. Isso tem que estar dentro do ‘DNA’ de cada um, saber planejar para que você gaste sempre menos do que você tem e menos do que o que você terá e para que você poupe sempre também”, explica.

Em 2018, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incluiu o assunto de Educação Financeira na disciplina de matemática. Em 2020, os estudantes dos ensino infantil e fundamental já teriam noções de como se relacionar com as finanças. Com isso, a Estratégia Nacional de Educação Financeira, desenvolvida com apoio do Governo Federal, lançou o Programa Educação Financeira nas Escolas, levando esse conhecimento para a educação básica.

Além do processo de educação nas escolas, no âmbito acadêmico também há formas de educar financeiramente. O Projeto Pé de Meia, realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), ensina finanças para a população. O projeto conta com modalidades de “Poupança e Orçamento”, “Juros e Compra Parcelada”, “Investimentos” e “Dinâmica”. Neles, além do aprendizado do conceito de cada uma das etapas de consideração do gasto de dinheiro, há a oportunidade de simular uma prática de administração de salário durante um período de doze meses.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a educação financeira ganhou mais relevância no cenário pós-pandemia. "Com a retração forte da economia, que vamos ter de 4% ou 5%, é inevitável que a inadimplência suba de patamar. Precisamos lidar com isso, bancos estão precavidos", disse o presidente do órgão, Isaac Sidney, durante evento de lançamento do Programa de Aceleração Meu Bolso em Dia Febraban.

O foco da ação, feita em conjunto com o Banco Central, é ir além daqueles que já são atendidos pelo setor bancário por meio do incentivo de ações junto a empresas, que podem ou não integrar o mundo financeiro. "Precisamos fazer da educação financeira um caminho sem volta. Por meio do programa, queremos escalar o compromisso de orientar consumidores", disse Sidney, durante evento virtual do lançamento da iniciativa.

Com promessa de incentivo de R$ 1 milhão em investimentos em mentoria, o programa conta com inscrições para o seu processo seletivo até o dia 9 de fevereiro de 2021, pela internet. Serão selecionados 20 projetos para participar da ação.

Além do alerta para a importância da educação financeira, o programa prevê o empréstimo de dinheiro. Em meio à crise, os bancos emprestaram R$ 3 trilhões, considerando contratações novas, renovações e suspensão de parcelas de dívidas feitas anteriormente.

Entre a teoria e a realidade

Segundo aponta Geórgia, a propagação da educação financeira ainda não alcançou integralmente as escolas no Brasil e várias questões podem ser levantadas sobre o problema. “Eu acho que incluir educação financeira nas escolas é essencial, foi até tarde, mas me levanta uma pergunta: será que as pessoas assinaladas para ensinar têm educação financeira para passar à frente?”, questiona a engenheira e criadora de conteúdo.

Apesar disso, existem formas de contornar a situação e a carência de educação financeira tanto no seio familiar quanto no núcleo educacional. Além das capacitações que estão disponíveis, de forma gratuita ou paga, há maneiras informais de se educar financeiramente para que exista a possibilidade de sucesso e organização dentro do empreendedorismo e nas finanças pessoais.

“O segredo é o planejamento. É preciso que as finanças pessoais e da empresa sejam separadas e que haja um controle de caixa de tudo o que se gasta e se recebe. Outro ponto a ser visto é se está recebendo ou pagando para trabalhar, para que assim faça sentido o negócio”, explica Geórgia Barbosa.

Outro ponto discutido pela criadora de conteúdo é saber precificar o serviço ou produto. De acordo com Geórgia, os empreendedores precisam colocar um valor de forma justa e levar em consideração diversos fatores. “A população negra tem muita dificuldade de precificação, assim como uma taxa elevadíssima de falta de pagamento. É muito importante ler sobre como colocar o preço nas coisas, levando em consideração a região, a matéria-prima, inflação, entre outras coisa”, completa. 

Não deixe de ver e ouvir - O professor Liao Yu Chieh, do C6 Bank, em entrevista ao LeiaJá, detalhou um passo a passo para um planejamento financeiro direcionado a empreendedores. Confira as informações na arte e no áudio a seguir (clique na barra cinza):

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Quem deseja acrescentar a educação financeira no estilo de vida pode contar com vários cursos voltados à área. Muitos deles, realizados on-line, contam com matrizes distintas que oferecem o desejado para cada necessidade - seja pessoal ou profissional -. Entre as instituições, está o Sebrae, com capacitações gratuitas e pagas em formas de educação financeira para o crescimento dos negócios.

A IDEA9 também qualifica corporações e interessados em cursos no segmento de finanças pessoais e voltadas aos negócios. Com metodologia on-line, a Endeavor também oferta capacitações em áreas como a de Finanças Básicas para Empreendedores.

Até a próxima segunda-feira (30), o Serasa Experian aposta no "Feirão Limpa Nome" para tentar negociar com cerca de 63 milhões de endividados no Brasil. Segundo a analista de crédito, são 95 empresas, entre bancos, varejistas, companhias de consumo e instituições de ensino, que oferecem descontos com mais de 90% para a quitação de dívidas da pessoa física.

Segundo o Serasa, a edição atual da campanha é considerada a maior de todos os tempos. A empresa ainda orienta os devedores para que procurem as instituições, pois não há uma nova perspectiva de um feirão que possa oferecer os descontos nos mesmos critérios. A companhia afirma que também é possível saldar débitos que prescreveram, mas que persistem com alguma restrição junto ao Banco Central do Brasil (Bacen).

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O Feirão pode ser uma chance de normalizar a situação junto às empresas credoras. Para a especialista em finanças pessoais e comportamento Ana Paula Hornos, também pode servir como oportunidade para uma reorganização no orçamento familiar. "Para não chegar a uma situação extrema de endividamento é importante reduzir o máximo possível gastos não essenciais, adaptar o estilo de vida ao orçamento, adiar gastos desnecessários, renegociar dívidas já existentes para buscar taxas de juros menores e prazos de pagamentos mais longos", explica.

De acordo com Ana Paula, a quitação de dívidas facilita o controle e pode até mesmo fazer com que as pessoas elaborem novas formas de juntar dinheiro. "Repensar a estratégia da forma do ganhar para buscar alternativas de melhoria tanto no valor como na satisfação pessoal e, principalmente, buscar autoconhecimento, ajuda para mudança nos comportamentos que estejam levando você na direção contrária de seus objetivos", complementa a especialista.

Para participar do "Feirão Limpa Nome", verifique se a dívida está na lista das passíveis de negociação com desconto no site www.serasa.com.br. O aplicativo da empresa também é um dos canais de comunicação com os analistas de crédito. É possível entrar em contato pelo telefone 0800-591-1222 ou pelo WhatsApp (11) 99575-2096.

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Para participar do "Feirão Limpa Nome", verifique se a dívida está na lista das passíveis de negociação com desconto no site www.serasa.com.br. O aplicativo da empresa também é um dos canais de comunicação com os analistas de crédito. É possível entrar em contato pelo telefone 0800-591-1222 ou pelo WhatsApp (11) 99575-2096.

O setor de previdência privada aberta conseguiu mudar de rota em 2019, ancorado no debate e na aprovação da reforma nas regras da aposentadoria e também no aumento da concorrência, que pressionou as taxas de administração para baixo. Além de adicionar cerca de 400 mil novos participantes, o segmento inverteu a trajetória da captação de recursos, que cresceu tanto no comparativo bruto quanto no líquido - considerando resgates, o que empurrou as reservas para o patamar histórico de quase R$ 1 trilhão.

"O desempenho do setor em 2018 já apontava para uma recuperação, que se confirmou no ano passado. O mercado retomou seu ponto de equilíbrio de crescimento pela procura de planos de previdência. Em 2020, esperamos um resultado ainda melhor", diz o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Jorge Nasser.

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No ano passado, os novos depósitos em planos de previdência privada aberta somaram R$ 126,4 bilhões, expansão de 16,9% frente a 2018. A captação líquida, que considera os resgates realizados no período, foi de R$ 55,5 bilhões, consolidando uma expansão de 40,4% - ante uma queda anual de mais de 30% em 2018, na mesma base de comparação.

O crescimento das contribuições levou as reservas acumuladas pelos participantes do sistema para o patamar de R$ 946,8 bilhões. "A indústria ruma para superar a marca de R$ 1 trilhão em reservas, o que mostra o vigor do setor neste momento de recuperação da economia", avalia Nasser.

Ele chama atenção para o aumento de participantes no sistema, que nos últimos anos teve de diversificar seu portfólio e baixar o custo da gestão para reter sua base frente à propagação de casas que ofereciam fundos e planos sem taxa de carregamento e um pedágio menor pela gestão dos ativos.

Depois de perder 200 mil clientes em 2018, as seguradoras conseguiram atrair 400 mil novos usuários para o setor de previdência privada aberta, fechando o ano passado com um total de 13,5 milhões de indivíduos com planos nas mãos.

"A aprovação da reforma da Previdência foi fundamental para atrair novos participantes e ajudar a mudar um pouco o comportamento do mercado. Até por falta da informação, existia uma visão de que o governo operaria um milagre, o que começou a mudar", explica Nasser.

De acordo com ele, não é possível traçar um perfil dos novos participantes, uma vez que as seguradoras não abrem esses detalhes. Há, porém, conforme o presidente da FenaPrevi, o ingresso de novos participantes com perfil básico e que estão investindo em um plano de previdência privada aberta pela primeira vez na vida. Além do debate da reforma, contribuiu para atrair esse público a diversificação de produtos do setor, que passou a investir em planos de tíquete menor - há planos que aceitam a aplicação a partir de R$ 50 por mês.

Queda nos juros

A queda dos juros básicos (a Selic) no País, que agora está em 4,25% ao ano, também ajudou nesse movimento. Em busca de melhor remuneração, os participantes seguem se deslocando para fundos multimercado, que combinam diferentes estratégias. A modalidade fechou o ano respondendo por 13% das aplicações. O índice, segundo a FenaPrevi, era de 9,8%, em 2018, e de 7,3%, em 2017.

"Um fator importante para o crescimento de nossas reservas foi o aumento das opções no portfólio do mercado de previdência. Com a queda dos juros, ampliamos a oferta de fundos multimercado, o que foi decisivo para fortalecer a atratividade dos planos", diz Nasser.

Valor investido

O volume de investimentos de pessoas físicas totalizou R$ 3,263 trilhões no ano passado, 12,05% mais do que em 2018, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). "Foi o melhor desempenho dos últimos anos. Muito disso foi puxado pela renda variável, em meio ao ano positivo na Bolsa de Valores, que teve crescimento acima de 31%", disse o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, José Ramos Rocha Neto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Criado oficialmente em 2011 e regulamentado apenas no ano passado, o cadastro positivo começou a ser consultado neste fim de semana. O cadastro reúne informações de operações financeiras e obrigações de pagamento de pessoas físicas ou jurídicas, que possibilita a visualização de todo o comportamento e o histórico do pagador. Nesta primeira fase, no entanto, apenas as informações bancárias dos consumidores foram liberadas.

Essa "lista de bons pagadores" traz uma nota (ou "score") do consumidor, que é calculada com base nas operações de crédito em geral, como empréstimos bancários, financiamentos imobiliários e cartão de crédito, além de pagamentos de serviços continuados, como luz, água e telefone.

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A promessa é que os consumidores com melhores notas vão ter acesso a melhores opções de juro e crédito e também prazos de pagamento mais longos.

"Essa medida representa um enorme avanço em comparação ao sistema anterior, que só considerava os aspectos negativos", afirma Lola de Oliveira, diretora de Serviços ao Consumidor da Boa Vista SCPC.

A expectativa é que a medida também ajude endividados a regularizarem suas contas. De acordo com dados divulgados pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), a estimativa é que 45% dos endividados consigam se estabilizar financeiramente por meio do programa. "A ideia é que o consumidor que passou por um problema financeiro pontual consiga recuperar sua reputação no mercado por meio do seu histórico de bom pagador", diz Vilásio Pereira, gerente de Cadastro Positivo do SPC Brasil.

Os cadastros, que foram abertos automaticamente, já podem ser consultados pelos consumidores nas páginas ou praças de atendimento dos quatro birôs autorizados pelo Banco Central (BC) a atuar como gestores: Serasa, Boa Vista SCPC, SPC Brasil e Quod. Já estão com os dados registrados no sistema todos aqueles que receberam uma notificação por meio de carta, e-mail ou SMS.

Para consultar sua nota, o consumidor precisa informar nome completo, CPF, e-mail e número de telefone. Em alguns casos, será preciso enviar uma fotografia em formato selfie com fotos dos documentos. A validação do cadastro será feita por e-mail ou SMS.

As informações podem ser consultadas pelo varejo, bancos e demais instituições financeiras. Todo cidadão que contratar uma operação de crédito ou tiver conta de serviço continuado estará automaticamente incluído no cadastro positivo. Quem quiser sair do sistema, precisará fazer a solicitação a um dos gestores. A exclusão dos dados dos sistemas ocorrerá em até dois dias.

A expectativa do Banco Central é que, com o cadastro positivo, a avaliação do risco de crédito seja aprimorada, com queda das taxas de juros cobradas dos bons pagadores e redução dos índices de inadimplência.

'Desbancarizados'

Nesta primeira etapa, estão sendo analisadas apenas as informações bancárias dos consumidores - que têm sido enviadas desde 11 de novembro do ano passado. "Esperamos que as empresas de serviço continuado (luz, água, telefonia e gás) enviem seus dados ainda no primeiro semestre de 2020", diz Pereira.

A inclusão dos dados dessas empresas deve permitir uma adesão de pessoas ainda maior, acredita Lola. "O cadastro positivo será mais inclusivo, pois inclui todas aquelas pessoas que são consideradas invisíveis pelo mercado e eliminar a assimetria de informações."

Tanto que uma das metas do programa é atingir os 45 milhões de "desbancarizados" (sem nenhuma relação com os bancos) no País, segundo dados do Instituto Locomotiva de 2019.

Outro ponto positivo, segundo Pereira, é que a abertura de dados deve estimular a concorrência. "Uma de nossas intenções é descentralizar informações que antes ficavam apenas sob o controle das instituições bancárias e permitir que elas cheguem com mais facilidade às fintechs, por exemplo. Isso deve melhorar as condições e as ofertas de crédito no mercado", afirma ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quer levar o mercado de capitais até as comunidades indígenas. Uma missão parte em janeiro para o Pará com o objetivo de desenhar um programa de educação financeira orientado para o empreendedorismo e a busca de soluções para financiar o desenvolvimento sustentável de aldeias da região.

Um primeiro contato com os índios foi feito no início de novembro, quando o superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores do órgão regulador, José Alexandre Vasco, passou seis dias em visita a aldeias dos povos Jaraki, Arapiun e Tapajó, na Amazônia.

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Acostumado a ambientes formais e a plateias de engravatados, ele levou quatro horas e meia de barco a partir de Santarém até a aldeia em que ficou baseado. Dali teve de pegar trilhas na mata para chegar às demais. "Tivemos um encontro com caciques de sete aldeias de uma região no noroeste do Pará. É um território que preserva a Amazônia, mas em que os índios enfrentam dificuldades imensas para dar uma vida digna às suas famílias. A gente queria conhecer essa realidade de perto pensando em um programa de educação financeira", contou ele.

Entre outros pontos, Vasco explicou aos índios como funciona o mercado de capitais e conceitos como os de financiamento coletivo (conhecido como crowdfunding) e de mercado de crédito.

Endividados

Em agosto, uma pesquisa de campo sobre educação financeira em duas aldeias indígenas no Território Cobra Grande foi orientada pelo professor Alexandre Damasceno, do Núcleo de Formação Indígena da Universidade do Pará. Na aldeia Lago da Praia, a pesquisa com as famílias mostrou que 95% delas nunca receberam orientação financeira e 85% se disseram endividadas. A maior parte tem conta bancária, mas 80% declararam que não fazem investimentos. Os 20% que investem o fazem via aplicação na caderneta de poupança.

Segundo a pesquisa, na maioria das vezes quem tem renda entre os índios são funcionários públicos temporários com vínculo escolar (professor, vigia, servente, auxiliar de secretaria). Fora isso, as atividades mais comuns são a pesca e o artesanato. Os dados são um ponto de partida, mas ainda há muito a desenvolver.

Financiamento

A ideia nesta segunda missão da CVM, em janeiro, é aprofundar o conhecimento dessa realidade para entender quais seriam os melhores instrumentos para financiar o desenvolvimento sustentável desses povos.

O projeto deve envolver o Laboratório de Inovação Financeira (LAB), um projeto conjunto de CVM, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) que, entre outras coisas, se propõe a promover soluções de mercado para financiar o desenvolvimento sustentável. Há também conversas com a Fundação Nacional do Índio (Funai). "O que falta a eles é capital. Pedimos que pensassem sobre sua vocação econômica", relata Vasco.

Ele dá exemplos de experiências frustradas na gestão de recursos, como no financiamento a um barco que acabou gerando inadimplência ao líder de uma aldeia, e a dificuldade em levantar recursos para a compra de um equipamento que ajudaria a melhorar o aproveitamento econômico da pesca em uma outra aldeia.

De acordo com o superintendente da CVM, se der certo, o projeto poderá ser replicado junto a outros grupos considerados vulneráveis na região: comunidades quilombolas, povos ribeirinhos e agricultores familiares. A meta da CVM é divulgar os resultados da primeira fase do programa em outubro de 2020. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a aprovação da reforma da Previdência, 33% dos brasileiros com acesso à internet afirmam ter mudado seus hábitos de poupança, de olho no capital que terão quando chegar a hora da aposentadoria. É o que diz uma pesquisa encomendada pelo C6 Bank ao Ibope Inteligência. Foram entrevistadas 2 mil pessoas com acesso à web, e a margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

Os jovens até 34 anos são maioria entre os que já mudaram de comportamento e passaram a poupar mais. Desse universo, 39% têm entre de 16 a 24 anos e 37%, de 25 a 34 anos. A classe social também é um recorte importante: 41% dos que mudaram seus hábitos são da classe A, de maior poder aquisitivo.

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Já entre os que ainda não tomaram decisão alguma - e eles representam 31% do resultado da pesquisa -, 41% têm mais de 55 anos. Neste caso, as classes sociais estão mais bem distribuídas, mas a maioria (34%) é da classe C, a mais pobre incluída na sondagem. "O grupo de mais de 55 anos é o mais resistente a mudanças em qualquer levantamento. São os que têm mais medo e duvidam de muitas coisas", diz Tony Perrela, analista do Ibope responsável pela pesquisa.

Mudanças

A reforma foi promulgada em 12 de novembro e estabelece mudanças como aumento da idade mínima para pedir aposentadoria e do tempo de contribuição dos trabalhores da ativa, além de alterar o cálculo do valor do benefício que será pago no final pela Previdência. Por enquanto, o texto engloba os empregados de empresas da iniciativa privada e do setor público federal. Ainda está em discussão no Congresso Nacional a inclusão também de servidores dos Estados e municípios.

Angela Nunes, planejadora financeira certificada pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), afirma que, independentemente da faixa etária do contribuinte, o INSS não pode sair dos planos. "Tivemos mudanças importantes. Mesmo assim, a Previdência oficial conta com benefício vitalício, algo difícil de se encontrar em produtos privados", diz. Ela explica que os planos de previdência privada nem sempre garantem renda enquanto a pessoa viver, por isso, é preciso prestar atenção aos contratos para não errar no planejamento de longo prazo.

Opções

Quando perguntados sobre como pretendem garantir a renda na aposentadoria, os participantes da pesquisa selecionaram, em média, mais de uma opção. Os que disseram contar com recursos do INSS foram 49%; 38% com o dinheiro que já investem; 26% com a aposentadoria privada; e 5% com ajuda de familiares. Outros 21% disseram não saber, enquanto 4% afirmaram não pretender se aposentar.

A queda acelerada dos juros neste ano tem empurrado cada vez mais os investidores para aplicações de maior risco, como a renda variável, como forma de obter rendimento superior à inflação.

Neste caso, o conselho dos especialistas é que o investidor comece aos poucos, considerando sempre que, quanto maior o tempo até a aposentadoria, mais ele pode alocar em ativos de maior risco.

Mesmo para quem optar pela previdência privada, em vez de uma carteira personalizada de longo prazo bem diversificada, a orientação é acompanhar os movimentos do fundo e avaliar sempre a opção de portar o plano para outro fundo. "Dependendo do montante alcançado, o investidor pode acessar fundos melhores, que tem mais porcentagem em renda variável ou que dão direito à renda vitalícia", diz Angela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O receio de uma desaceleração global e a guerra comercial entre China e Estado Unidos, que se arrasta desde 2018, já seriam razões suficientes para diminuir o apetite por risco do investidor internacional. Além disso, o cenário vivido na América Latina, com suspeitas de fraude eleitoral na Bolívia, protestos no Chile e a eleição de Alberto Fernando e Cristina Kirchner na Argentina, contribuem ainda mais para a falta de confiança no mercado brasileiro.

"A situação da economia mundial andou de lado. A percepção de risco não mudou. De longe, o gringo vê a América Latina e os emergentes de uma forma só, parecida", diz o economista da corretora BTG Digital, Álvaro Frasson.

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Para o professor do Insper, Michel Viriato, o medo de recessão global é menor hoje do que há um ano, mas não pode sair do radar do investidor. "Se surgir uma tempestade internacional, o Brasil, que não se recuperou completamente, sofreria muito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dos R$ 228 bilhões de captação líquida que a indústria de fundos de investimento acumulou ao longo do ano, a classe multimercados foi a maior responsável por engrossar a cifra, com R$ 62,7 bilhões (27,5% do total), de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) do período de janeiro a outubro.

Considerado uma porta de entrada para os investimentos de risco, já que trata com produtos de a renda fixa e variável simultaneamente, o fundo multimercado é subdividido em 11 categorias pela associação. Dessas, a que teve mais captação foi a "livre", que tem natureza considerada agressiva dentro do rol. Sozinha, foi responsável por R$ 32,3 bilhões até o último mês.

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Os fundos multimercados livres não são obrigados a concentrar seu dinheiro em uma estratégia específica, o montante em caixa pode ser investido em quaisquer ativos adequados para o momento; ao contrário do que acontece com o fundo multimercados de investimento no exterior - que foi a segunda subcategoria que mais captou patrimônio líquido no período, com R$ 17,3 bilhões -, por exemplo, que é obrigada a investir pelo menos 40% da quantia líquida em ativos financeiros fora do País.

Com a taxa básica de juros, a Selic, em 5% ao ano, investidores estão atrás de outras alternativas, além da renda fixa, e os fundos multimercados representam um "meio-termo" nessa mudança de perfil, diz Érica Santos, sócia-fundadora da Ella’s Investimentos. No geral, os fundos multimercado seguem a máxima de diversificação que pregam os especialistas. "É importante não colocar todos os ovos em uma cesta só", brincou.

Com a sinalização de um novo corte de 0,5 ponto porcentual na Selic ainda em dezembro e com a projeção de inflação sob controle, os fundos de ações e os multimercado devem ser os mais beneficiados, acredita Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia de macro da gestora de recursos AZ Quest.

"Acreditamos que os juros vão parar no 4,25%, porque achamos que o crescimento vai voltar e toda essa queda de juros vai bater na economia. Com isso, o País vai crescer e o Banco Central não vai mais precisar diminuir os juros, e a inflação vai estar perto da meta", explicou. "Nesse cenário, não há, para nós, tanta oportunidade para posições pré-fixadas, ou seja, aplicadas em taxas de juros."

Taxas

Quem quer ingressar nos fundos de investimento multimercado deve estar atento a pelo menos três itens, diz Érica Santos: taxas de administração, de performance e de saída. "Normalmente, a taxa de administração varia entre 1,5% e 2% ao ano. Na taxa de performance costuma-se utilizar algum tipo de índice, como o Ibovespa por exemplo. Se esse multimercado ultrapassar o Ibovespa, você paga, normalmente 20% da sua rentabilidade. E também há fundos multimercado que cobram taxa de saída, caso você resgate seu investimento. Além disso, se você ficar menos de 30 dias no investimento, precisará pagar Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)."

A cada seis meses, o investidor de fundos se depara com o come-cotas. Trata-se da antecipação do recolhimento do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos dos fundos que ocorre a cada seis meses, sempre nos últimos dias de maio e novembro.

"O come-cotas reduz o número de cotas dos investidores de acordo com a alíquota do IR", explicou Érica. Para os fundos de curto prazo, o IR varia de 20% a 22%; já para os de longo prazo, a tributação vai de 15% a 22,5%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio às discussões sobre a reforma da Previdência, aprovada definitivamente no Senado na última semana, as novas contribuições em previdência privada em agosto somaram R$ 11,5 bilhões, valor 23,4% maior que o do mesmo período de 2018.

Mas, se para quem já era investidor desse sistema, a preocupação com as mudanças nas regras pode ter incentivado mais aportes, para quem ainda não contava com planos do tipo o apetite cresceu em proporção menor. O número de clientes chegou a 13,3 milhões, um crescimento de 2,2% em relação a agosto de 2018. Os dados são da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), que representa 67 seguradoras e entidades abertas de previdência complementar.

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Os planos que lideraram os novos depósitos foram os do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), indicados para quem faz a declaração do Imposto de Renda de maneira simplificada. Eles representaram 93% dos aportes realizados no período. O restante optou pelo Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), indicado para clientes de renda mais alta, que fazem a declaração completa do IR. A principal diferença entre esses dois planos é que o PGBL permite ao investidor abater, no imposto de renda, suas contribuições, até o limite de 12% de sua renda bruta anual.

Para o presidente da FenaPrevi, Jorge Nasser, além de a discussão da reforma da Previdência ter estimulado o brasileiro a pensar no futuro e na aposentadoria, a maior variedade de produtos dentro da previdência privada também estimulou o aumento dos aportes. "Com a queda dos juros, oferecemos, para quem ingressa ou já tem produtos, a possibilidade de fundos com uma porcentagem maior em renda variável. Esse movimento já tem uns quatro anos. Em 2016, os fundos multimercado representavam 5,7% desse mercado. Hoje, são cerca de 12%."

Para Nasser, essa possibilidade de diversificação atraiu novos aportes e também fez clientes migrarem recursos investidos em outros produtos para os fundos de previdência. Esse movimento, porém, também pode revelar uma questão comportamental. Michel Viriato, professor do Insper, avalia que, para o investidor que já era cliente da previdência privada, migrar os recursos para esse produto foi a opção que pareceu mais adequada ao objetivo de ter renda na velhice.

"Segundo o prêmio Nobel de Economia Richard Thaler, as pessoas dividem seus investimentos em caixinhas. Na caixinha da velhice, com as mudanças da Previdência Social em pauta, esse produto foi a primeira opção." Ele explica ainda que, apesar de não ser a única opção de guardar dinheiro para ter renda no futuro, esse pode ser um investimento educativo. "Quando depende de você tomar a atitude de aplicar, a primeira reação é não se mover por isso. Se você já tem um plano com aportes periódicos, não é preciso nenhum movimento. A atitude seria interromper os aportes."

Novos clientes

A entrada mais acelerada de novos clientes, porém, depende da recuperação econômica. "É um mercado pró-cíclico, cresce quando a economia cresce. Ainda temos 42% dos adultos declarando-se endividados", diz o presidente da FenaPrevi. Para Raphael Swierczynski, CEO da Ciclic, startup que tem como acionista a BB Seguros, a busca por informações ligadas à previdência privada cresceu expressivamente no decorrer de 2019, mas ainda não se converteu em novos clientes. "Há expectativa de que o mercado vai experimentar novos patamares de contratantes nos próximos meses."

Preste atenção

1. A Previdência privada é um investimento de médio e longo prazos. Por isso, é importante que o cliente defina seu objetivo final, para escolher o melhor produto. Ele pode optar, por exemplo, entre converter seus investimentos em uma renda futura ou juntar seu montante para decidir depois o que fazer. É possível também ter um plano no nome de um menor ou ainda usá-lo como planejamento de herança

2. Definir prazos é importante para escolher a tributação. O regime progressivo de tributação parte da alíquota de zero a 27,5%, e aumenta no decorrer do tempo. Já o regime regressivo parte de uma valor maior, 35%, mas diminui com os anos e, após o décimo ano, fica abaixo de 10%. Logo, quanto mais tempo o dinheiro for ficar investido, mais o sistema regressivo pode ser interessante.

3. Para quem faz a declaração do IR na versão completa, compensa optar pelo plano PGBL, que tem benefício fiscal, mas desconta o imposto sobre o montante investido. Para quem faz a declaração simples, o mais indicado é o VGBL, que tira o IR apenas dos rendimentos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A redução da Selic para 5,5% ao ano está obrigando grandes bancos de varejo a diminuírem as taxas de administração em fundos de investimentos de renda fixa, com o objetivo de reajustar a remuneração dos clientes ao atual cenário econômico, em que a taxa básica de juros está no menor patamar histórico.

Na última quinta-feira, o Banco do Brasil, por exemplo, anunciou cortes nas taxas de três fundos, que passaram a 3% ao ano. Conforme cálculos do banco BTG Pactual, os cortes podem afetar as receitas do BB em cerca de R$ 730 milhões ao ano.

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Ainda há, porém, fundos de renda fixa no mercado com taxas de administração elevadas, chegando a 5% ao ano, segundo levantamento feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo pela empresa de soluções em software para o mercado financeiro Comdinheiro.

A Comdinheiro utilizou dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) de 12 meses até agosto sobre os fundos com mais de mil cotistas e patrimônio maior que R$ 1 bilhão. Constatou que o retorno do investimento nos cinco fundos mais caros é baixíssimo.

Isso porque a remuneração é atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), cujo valor é sempre próximo ao da Selic e está em 5,4% ao ano. Com isso, por mais que o investimento rendesse o prêmio total do CDI, o custo da administração de 5% ao ano engoliria a maior parte do valor, deixando o investidor com apenas 0,4%. E o maior retorno entre os cinco fundos foi de 50,05% do CDI.

"É difícil os bancos darem um retorno de 100%", diz o diretor comercial da corretora Easynvest, Fabio Macedo. Dos 83 fundos incluídos no levantamento, só três tiveram esse desempenho: Safra Executive Corporate fundo de investimento em cotas de fundo de investimento (114,41%), Bradesco Prime fundo de investimento em cotas de fundos de investimento multi-índices longo prazo (110,29%) e BB longo prazo ativo multigestor private FIC FI (107,08%). Quem investiu nos três se deu bem, já que a taxa de administração mais alta não passa de 0,9%, o que aumenta a margem de lucro.

Uma taxa de administração mais alta, explicou Macedo, só compensa em caso de investimentos com maior grau de risco pois, por se tratar de aplicação menos conservadora, o gestor terá mais alternativas de direcionamento do dinheiro, e, com isso, aumentará a chance de uma boa rentabilidade.

Diversificar. Por mais que os investimentos em renda fixa não sejam tão atraentes em situações de baixa Selic, não quer dizer que tenham perdido serventia. "É o melhor investimento para quem é bastante conservador e está querendo colocar o pezinho para fora da poupança e conhecer de fato a questão operacional do mercado", diz o especialista em fundos da Ativa Investimentos, Bernardo Teixeira.

"O fundo DI com uma alta taxa de administração é pior que a poupança. Já o fundo DI com os ajustes feitos pelos bancos é muito melhor. Ainda é atraente, só que não tem mais aquela rentabilidade alta em um investimento ultraconservador", acrescenta.

A perspectiva é que a Selic siga em baixa. Alguns analistas acreditam que a tendência é que a taxa básica de juros termine o ano em 4,5%. Com esse cenário, o investidor precisará assumir riscos se quiser ver o dinheiro render mais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com estrutura de dar inveja a empresas de marketing, corretoras de investimentos que já produziam conteúdo para redes sociais e plataformas de vídeo agora também atendem clientes via WhatsApp com boletins do mercado financeiro, assessoria de investimentos e alertas de vencimentos de títulos. "A gente tem que procurar o cliente onde ele está. E a maioria das pessoas está hoje no WhatsApp", diz Cristiane Belotti, superintendente de marketing da Órama Investimentos.

A assessoria de investimentos é o serviço mais prestado pelo aplicativo de mensagens entre as empresas do ramo. "É superágil. Tanto para demandas de clientes quanto para enviar notícias, alteração de cadastro. As pessoas respondem melhor que em outros meios de comunicação", conta Bianca Moura, gestora da Terra Investimentos. As corretoras enviam em massa boletins com os acontecimentos mais importantes do dia e análises, além de informativos institucionais, mas a conversa com o assessor pode acontecer na mesma plataforma, para ajudar na tomada de decisões e escolhas de produtos financeiros de maneira individualizada.

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Para corretoras que já contam com estrutura de produção de conteúdo, caso da Necton, o WhatsApp funciona como um complemento de comunicação, justamente pela agilidade que proporciona. "No caso de algum vencimento importante, mandamos para o cliente o vídeo explicativo ou o texto pelo app de mensagens", diz Rafael Giovani, diretor da corretora. Em outros casos, a empresa prefere usar redes como o Youtube.

Outras corretoras já se preparam para aderir à ferramenta, como a MyCap, do Rio de Janeiro. "A ideia é que no próximo semestre o WhatsApp seja uma das nossas principais plataformas de atendimento", conta Alexandro Nishimura, gestor da corretora, que montou um estúdio na empresa para produzir conteúdos para o Youtube e para o APP.

Ainda há, no entanto, quem prefira outras maneiras de conversar com o investidor. A Easynvest, por exemplo, acredita que o atendimento aos clientes é mais organizado por meio do chat em sua plataforma própria.

A corretora ainda levanta a preocupação com a segurança. "Se o cliente tem o celular roubado, alguém pode continuar a conversa no app no lugar do investidor e causar danos ao patrimônio dele. Na nossa plataforma, é preciso entrar com login e senha. WhatsApp, por enquanto, a gente só estuda", conta Paiva. A Easynveste também não faz indicações de investimentos em nenhuma das plataformas em que divulga conteúdo.

Interesses

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo participantes do mercado de capitais no País, informou em nota que a comunicação que envolve indicação de investimentos deve adotar princípios como "lealdade ao cliente, tratamento de conflitos de interesse, full disclosure (divulgação da informação completa), linguagem serena e moderada e equilíbrio entre pontos, tais como riscos e benefícios, independentemente da mídia utilizada pela corretora".

O professor William Eid, coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV, recomenda cautela nesse contato. "O investidor tem que saber que, em última análise, está tratando com um vendedor. É preciso avaliar os interesses envolvidos", explica.

Para Eid, as ferramentas digitais podem ajudar a criar uma cultura de poupança e investimentos. E recomenda a busca de informação em plataformas independentes a respeito dos produtos apresentados pelas corretoras. "O assessor pode ajudar a decidir entre uma opção ou outra, contanto que você saiba o que significa cada uma delas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem tarifa mensal e a necessidade de se deslocar até uma agência bancária nem mesmo para abrir a conta corrente, as contas digitais têm ganhado espaço no mercado brasileiro. Com taxas mais baixas para serviços que não estão no pacote contratado, grandes e pequenos bancos também aumentaram a competição para atrair clientes, que antes eram fisgados por fintechs, as startups do setor financeiro. Embora a cesta de serviços em geral seja reduzida, os direitos desses clientes são os mesmos dos que possuem contas tradicionais.

Para quem faz poucas transações, a vantagem financeira é clara: as contas digitais podem sair por até metade do preço das tradicionais, de acordo com levantamento feito pelo professor Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo (EESP/FGV). Em média, o cliente de contas tradicionais paga R$ 180 por ano apenas para manter a conta corrente funcionando, sem contar as taxas cobradas quando se ultrapassa a lista de operações do pacote mensal.

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Na conta tradicional, além da tarifa média de R$ 15 por mês, as instituições financeiras costumam cobrar um valor médio de R$ 7 por operação para fazer mais de cinco transferências bancárias no período.

As contas digitais, em geral, não cobram tarifa de manutenção, mas têm um limite menor para transações gratuitas, que varia de instituição para instituição e fica na média de dois saques e duas transferências no mês, de acordo com Sampaio, da FGV. Quando se ultrapassa essa média, o cliente paga em torno de R$ 6 em saques adicionais e R$ 3 para DOCs e TEDs extras.

A popularidade das movimentações online pode ser notada na quantidade de contas correntes, digitais ou tradicionais, que foram abertas por meios eletrônicos. De acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), foram abertos 2,5 milhões de contas pelo celular em 2018 ante 1,6 milhão no ano anterior. Pelo computador, foram abertas 434 mil contas no ano passado, bem acima das 26 mil de 2017.

Fintechs

Da mesma forma que as contas tradicionais, a digital é regulada pelo Banco Central - a diferença fica no tamanho da cesta de serviços oferecida aos clientes. As regras são diferentes, porém, para as contas de pagamentos de fintechs que não têm autorização para fazer negociações com o dinheiro dos clientes. Essas instituições não podem, por exemplo, emprestar para outros bancos ou fazer investimentos para obter lucro. O BC determina que elas mantenham os depósitos separados de outros ativos da empresa, podendo apenas aplicá-los em títulos do governo.

Para o cliente, o importante é ficar atento aos detalhes do produto: algumas dessas contas já foram desenvolvidas para o uso do cartão de débito, saques e transferências para outros bancos. Outras ainda não comportam todos esses serviços.

Exemplo de conta de pagamento, a NuConta, da Nubank, tem a função de débito desde dezembro. A fintech tem mais de 4,8 milhões de clientes no Brasil - desde que ganhou esse novo serviço, mais de 2 milhões de pessoas aderiram à NuConta. Do total de 1,2 milhão de pessoas que pediram acesso à nova funcionalidade, 900 mil já receberam o convite para utilizá-la.

Eduardo Topedo, produtor musical e de eventos, deixou de usar o sistema bancário tradicional quando abriu uma conta digital na Neon Pagamentos. "Comecei a usá-lo como banco principal. O aplicativo era melhor, não pagava tarifa nem transferências", explica.

Hoje, ele também é cliente na Nubank. "No início, usava essa segunda conta para guardar dinheiro porque rendia mais. Agora, faço a maior parte das movimentações por lá, mas mantenho o cartão de débito da Neon para compras online."

Para não pagar tarifa nenhuma, Topedo transformou em conta poupança a conta em um grande banco pela qual recebe seu salário: todo mês transfere o ordenado para as contas digitais onde faz as movimentações.

Proteção

"Não tem por que pensar que alguém que tem conta em fintechs precisa de uma conta normal", afirma o professor Eduardo Coutinho, do Ibmec de Minas Gerais. Segundo ele, a segurança dessa modalidade é a mesma das contas tradicionais ou digitais em grandes bancos, já que os depósitos de até R$ 250 mil, sejam eles em grandes e pequenos bancos ou até mesmo nas instituições de pagamentos, são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade privada, sem fins lucrativos, que administra o mecanismo de proteção aos depositantes e investidores no Sistema Financeiro Nacional.

Na mesma linha, o professor Joelson Sampaio afirma: "O risco de instituições menores quebrarem é maior, pois o impacto da falência de instituições maiores, em geral, é prevenida até pelo próprio governo. Mas a garantia do FGC é a mesma".

Ainda assim, há quem prefira continuar correntista de um grande banco e ter a conta de pagamento como complemento. Bruno Romano, profissional de marketing, foi um dos escolhidos para testar a NuConta. Ele faz a maior parte das movimentações pela fintech, mas mantém uma conta corrente com tarifa mensal de R$ 30, pelos benefícios que o banco oferece. "Tenho sala de embarque preferencial, seguro viagem e sistema de pontos no cartão. Por isso, prefiro manter, apesar de não fazer muitas transações por lá", conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O bolso de 122 mil investidores do Tesouro Direto estará mais cheio a partir da próxima quarta-feira, 15. É quando o governo pagará R$ 88 bilhões em títulos federais, sendo R$ 9 bilhões apenas para as pessoas físicas. Esse será o maior vencimento da história do Tesouro, que abriu o mercado de dívida pública para o aplicador comum há 17 anos.

Os títulos com vencimento programado para o investidor foram emitidos em janeiro de 2013 e estiveram à venda no site do Tesouro até fevereiro de 2017. Quem comprou os papéis em seu lançamento e permanecerá com eles até o fim terá a recomposição do que foi perdido com a inflação, acrescido de juros de 8,03% ao ano.

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Nas contas do próprio Tesouro, cerca de 70% dos R$ 9 bilhões que serão pagos pelo governo vão apenas "quicar" na conta do poupador para cair de volta em uma nova aplicação, que na opinião dos especialistas permanecerão em sua maior parte dentro da renda fixa - modalidade tida como porto seguro, mesmo com a taxa básica de juros, a Selic, a 6,50% ao ano, seu menor patamar.

Por trás dessa projeção de reinvestimento pesam dois fatores: o histórico dos vencimentos do passado, com alta taxa de retorno dos recursos para dentro do mercado financeiro, e o trabalho frenético feito pelos bancos e corretoras de investimento nas últimas semanas. Eles vêm trabalhando há dias para tentar convencer os clientes a não sacarem os recursos, em uma disputa travada nas mesas de operações e pelos gerentes de relacionamento.

Corpo a corpo

No Bradesco, há dois meses o time de vendas recebeu ordens da diretoria executiva para intensificar os contatos com os poupadores listados para receber os recursos do Tesouro. A estratégia é destacar todos os gerentes e especialistas em investimentos para uma "venda" corpo a corpo, que inclui desde contatos pessoais, ligações telefônicas, mensagens de texto por celular até lembretes via WhatsApp.

"Tem sido nosso principal foco no setor, lutar por cada centavo, tanto entre os investidores institucionais quanto pessoas físicas", afirma o diretor executivo do Bradesco, Leandro Miranda, que tem detalhado o perfil de todos os 122 mil investidores com conta no banco. "Sabemos como eles aplicam e como gostariam de aplicar", diz.

De uma forma geral, o Bradesco tem aproveitado esse vencimento para apresentar ao cliente os produtos considerados mais "sofisticados" dentro do portfólio da instituição: de novos produtos de renda fixa até os fundos geridos pelo próprio banco. "Nem todo mundo que tem títulos, posições de renda fixa, tem um perfil conservador. Estamos tentando descobrir o perfil do cliente, se tem familiaridade para assumir um pouco mais de risco", conta.

Já o Banco do Brasil resolveu adiantar o lançamento de dois fundos espelho - que investem em cotas de fundos de terceiros - de multimercado, para oferecer aos investidores que receberão os recursos do Tesouro na conta. "Esses fundos já estavam programados, mas decidimos antecipar o lançamento", conta a gerente geral de captação e investimentos do BB, Luciane Effting. Os cinco mil gerentes do banco foram destacados para contatar os investidores.

Além disso, o banco aproveita o momento para dar "quilometragem" aos 120 consultores de investimento recém-contratados para os clientes do segmento de varejo. "Aproveitamos os novos funcionários para o projeto de internalização desses recursos do Tesouro", conta.

Discrição

O advogado Bernardo Pascowitch, do buscador de investimentos Yubb, conta que, apesar do interesse dos bancos, o trabalho tem sido tocado com discrição entre as instituições. A ideia, diz, é não passar a imagem de que os bancos estão empreendendo um grande esforço em tirar o investidor dos títulos públicos. "Até porque, isso causaria um mal-estar com a B3 (bolsa brasileira), que faz a custódia dos títulos."

Ao mesmo tempo, Pascowitch destaca que também não se observa um grande incentivo para que o investidor conheça, experimente e invista no Tesouro Direto. "Todos estão buscando oferecer produtos que sejam mais lucrativos do que o Tesouro."

Em outubro do ano passado, os bancos até anunciaram taxa zero para operações do Tesouro, movimento apelidado de "efeito XP", por seguir um caminho já pavimentado pelas corretoras independentes, que já não cobram essas taxas. Mas isso era para não perder os clientes que estavam no Tesouro.

Neste momento de concorrência pela alta liquidez entre investidores, a briga ganhou novo capítulo. A Necton lançou uma campanha de pagar o primeiro aporte no Tesouro para quem abrir uma conta na corretora. O investimento 'brinde' é uma fração de um título público (um décimo), cerca de R$ 30.

A Órama e o BTG lançaram um fundo de investimento em Tesouro Selic sem taxa de administração. Com isso, ficou mais barato aportar no fundo do que diretamente no Tesouro, já que diretamente o poupador tem de pagar a taxa de custódia da B3 de 0,25%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Menos retorno, mais tempo sem o dinheiro e com um pouco mais de risco para o portfólio de investimentos. Os 122 mil poupadores que têm a receber R$ 9 bilhões na próxima quarta-feira (15) vão se defrontar com um Brasil diferente daquele de seis anos atrás, quando foram lançados esses títulos do Tesouro.

Hoje, com os juros básicos em sua mínima histórica, inflação sob controle na meta do Banco Central e tendência do mercado de capitais pela renda variável, a prateleira de renda fixa é bem menos generosa com o investidor.

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Lançados em 2013, com taxa Selic a 7,5% e inflação acumulada de 6,15% ao ano, os títulos Tesouro IPCA 2019 recompuseram as perdas com inflação e adicionaram um prêmio anual de 8,03%. Hoje, o mais próximo que o poupador encontra à venda no site do Tesouro são títulos com vencimento em 2024 que, além da recomposição da inflação, garantem margem de lucro de 3,93% ao ano.

'Não adianta reclamar'

Na opinião do professor de finanças do Ibmec Alexandre Cabral não adianta reclamar ou esperar por dias melhores para a renda fixa. Segundo ele, mesmo com rendimento abaixo da metade do oferecido há seis anos, os títulos federais ainda são boas opções.

"Se o investidor acha que pode precisar desse dinheiro a qualquer momento e quer proteger o montante das perdas com a inflação, o Tesouro é melhor do que a poupança", afirma Cabral, que sugere apenas uma adaptação ao aplicador. "Compre os títulos à venda, mas dê preferência pelos atrelados à taxa de juros Selic. Os títulos indexados pela inflação, principalmente os de longo prazo, são mais voláteis e podem variar mais. Se você precisar se desfazer do título antes do vencimento, o risco do Tesouro Selic é menor", destaca.

Segundo as contas de Cabral, quem comprar agora um título de Tesouro Selic, com prêmio de 0,02% ao ano, terá no fim de um ano um retorno de 5,24%, já descontada a inflação. Assim, quem investir R$ 1 mil na aplicação, verá um saldo de R$ 1.052.

De acordo com dados do Tesouro Direto, a maior parte dos investidores que receberão os recursos na quarta-feira sacará até R$ 10 mil (52%) e 70% têm entre tem entre 26 e 45 anos.

CDB vale a pena

Para a planejadora financeira Paula Sauer, da Planejar, a melhor opção dentro da renda fixa para quem vai receber os recursos do Tesouro são os contratos de CDBs dos bancos pequenos e médios. Ela destaca títulos (veja no gráfico acima) que podem pagar até 121% do CDI. O CDI é uma taxa que segue de mãos dadas com a Selic e está em 6,40%. Outra opção são os CDBs indexados ao IPCA, indicador oficial para a inflação, acrescidos de taxa de até 5% ao ano.

Segundo Paula, contudo, ao comprar um CDB, o investidor precisa considerar a liquidez. Na prática, o aplicador não pode sacar o dinheiro antes do vencimento do título, que pode ter prazo de um, dois ou até cinco anos.

Além disso, é preciso considerar mudanças no cenário econômico, diz Paula. "Se você comprar contratos apostando na alta da inflação e ela cair, você ganha menos." O segredo, diz, é diversificar. "Tem de buscar ativos com correlação negativa. Assim, quando um cai, o outro sobe." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No segundo ano da faculdade de Administração Pública, Samira Ferreira, de 21 anos, aprendeu de um jeito dolorido o que é déficit. Hoje, sua dívida pessoal soma R$ 50 mil, metade com o banco, outra parte com a instituição de ensino. "Minha dívida cresce para que eu possa estudar", diz ela, que está com o nome sujo e não sabe o que fazer para resolver a situação. "Tenho de me concentrar em uma coisa por vez, mas espero que isso não me prejudique lá na frente."

A situação de Samira não é muito diferente de parte de seus amigos. Histórias que, agora, ganham contornos por meio de um levantamento inédito feito pela Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo birô de crédito SPC Serasa. As instituições mapearam a situação financeira dos brasileiros entre 18 e 24 anos, que dão os primeiros passos profissionais.

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Atualmente, 4 entre 10 jovens estão ou já estiveram com o nome sujo. O principal motivo é a necessidade de contribuir com as despesas domésticas, associado ao descontrole com as finanças pessoais.

Dos entrevistados, 78% possuem alguma fonte de renda, sendo que 65% afirmam contribuir financeiramente para o sustento da casa. O principal comprometimento é com a alimentação (51%). A pesquisa ouviu 801 jovens, entre homens e mulheres de todo o Brasil, de 20 de fevereiro a 6 de março.

O endividamento da moçada não é muito diferente do resto dos brasileiros mais velhos, já que 40% da população total do País terminou 2018 endividada, segundo a CNDL. Mas é mais preocupante, pois indica que as gerações mais novas não vêm sendo educadas financeiramente - e o problema tende a persistir.

"É necessário realizar algum tipo de política pública para aumentar a educação financeira dessa população", diz Daniel Sakamoto, gerente de projetos da CNDL.

Desemprego

Pelo fato de o estudo ter sido o primeiro a ser realizado com esse corte de faixa etária, é difícil inferir o impacto da crise econômica nessa população. Ou do desemprego, que chega a 30% entre os jovens, ante 13% da população geral. "Não há parâmetros de comparação, mas com certeza as famílias enfrentam agora alto desemprego e gargalo de consumo", diz. "Exatamente por isso, o jovem precisa contribuir mais com as contas de casa, o que aumentou o problema."

Samira, por exemplo, toma emprestado R$ 7 mil por semestre da instituição de ensino, como parte do programa de bolsa de estudos. É com esse valor que ela paga o aluguel da república na qual mora (R$ 650 por mês), cobre os gastos com alimentação, transporte e, de vez em quando, ajuda os pais, que moram em São José dos Campos (SP). "Estudo em período integral e não consigo trabalhar, faço apenas alguns bicos durante as férias", diz. No fim de semana antes do feriado de 1.º de maio, ela trabalhou na sorveteria do pai de uma amiga em Ubatuba para conseguir um dinheiro extra. "Minha família precisa de mim, tenho de ajudar."

Para Guilherme Prado, presidente do Bem Gasto, projeto de educação financeira nascido no Insper, além de trabalharem para completar o orçamento doméstico, os jovens entram no mundo adulto sem referências de como e onde gerenciar os novos recursos. "O descontrole financeiro dos jovens é, no momento, um grande problema nacional e sem atenção devida das autoridades", afirma Prado.

Segundo ele, o objetivo inicial do Bem Gasto era atender às comunidades carentes com técnicas de planejamento financeiro. "Neste ano, por conta da realidade que encontramos em nossas caminhadas pelo Brasil, resolvemos redirecionar a atuação para os jovens, justamente entre 18 e 24 anos", afirma.

Para ele, falar de dinheiro é um tabu dentro de casa. "Os pais não dizem quanto ganham nem para seus companheiros", diz ele. "Quando o filho começa a trabalhar, não faz a menor ideia do que fazer com o dinheiro. Só sabe que quer comprar um celular e trocar de tênis."

Dados da pesquisa mostram que, entre as dívidas de longo prazo, 26% dos jovens que se declaram endividados estão comprometidos com pagamentos de crediários e carnês, 21% têm parte do orçamento destinado à amortização de empréstimos pessoais e consignados e outros 21% tentam quitar as parcelas de financiamento para automóveis. "O que identificamos é que, com a crise, eles precisam ajudar em casa e acabam se enrolando com esses gastos de longo prazo", afirma Sakamoto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para fugir do rotativo do cartão ou por já estar com o limite de crédito comprometido em despesas emergenciais, a classe média tem promovido o retorno de um personagem conhecido do consumidor do passado: o crediário, modalidade de parcelamento do varejo muito popular em décadas anteriores.

Pesquisa feita pelo birô de crédito Multicrédito (antigo Telecheque), obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta para um crescimento de 34% na utilização de boletos no últimos dois anos - 54% apenas de 2018 para 2017. A pesquisa foi realizada ao longo do ano passado com 120 mil consumidores, de 9 mil pontos de vendas do Brasil.

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Segundo o vice-presidente da empresa, Flávio Peralta, esse tipo de movimento é um sinal do aperto no orçamento dos brasileiros nos últimos tempos. Já endividados no cartão ou usando o meio de pagamento como extensão do caixa ao longo do mês, a classe média busca diversificar os canais de crédito para não zerar os recursos durante o mês.

"No Brasil, o limite médio do cartão de crédito é baixo, mesmo para a classe média. Quem recebe um salário de R$ 2 mil, tem em média R$ 450 de crédito. Por isso, é preciso buscar opções", diz Peralta. Ele classifica como classe média famílias com salários de R$ 2 mil a R$ 5 mil.

O desembolso médio de quem recorreu ao crediário, segundo a Multicrédito, também está maior hoje em dia, 17% nos últimos dois anos - ou 9,3%, se descontada a inflação acumulada do período. O valor das compras saltou de R$ 463,04 em 2016 para R$ 542 no ano passado.

A advogada Sara Cristina Coraini é uma das que passou a trocar as compras de cartão de crédito pelo carnê. Há mais ou menos um ano, ela decidiu que faria todas as compras de cursos online e de lente de contato com boletos. "Decidi liberar o limite do cartão de crédito", diz ela. "Se consigo pagar à vista no boleto, tenho os descontos do crediário e o valor final fica menor que no crédito", explica.

'Conta simples'

Para a planejadora financeira e professora de economia da ESPM, Paula Sauer, o simples cálculo da diferença entre as taxas do cartão de crédito e do carnê explicam o aumento da procura pela segunda opção. "O cara pensa um pouco e vê que, se ficar devendo em um, paga quase 300%, e no outro bem menos. É lógico que ele vai para a segunda opção por segurança", diz.

O cartão de crédito tem uma das taxas mais altas do mercado, perdendo apenas para o cheque especial. Em 2019, segundo o Banco Central, a taxa de juro do cartão rotativo subiu de 285,4% ao ano em dezembro para 286,9%.

Por lei, o crediário - que não opera com recursos do mercado financeiro, mas do próprio lojista - pode cobrar 1% de multa por mês, além de, em média, 2% de juros mensais, acumulando entre juros e multas uma taxa de 42,58% ao ano.

A explicação para essa diferença entre taxas, diz o diretor de estudos e pesquisas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, envolve a inadimplência do crédito bancário. "Já faz algum tempo que a inadimplência está alta e os bancos estão bastante seletivos na concessão de crédito. Por isso também o limite baixo do cartão", destaca.

O coordenador do Laboratório de Finanças da FIA, Claudio Felisoni De Angelo, destaca outro ponto: a queda nos juros para o comerciante, que permite o varejista se capitalizar e repassar o custo menor ao comprador. "Do meio do ano passado para agora, os juros caíram quase 10% para o varejista. Ele consegue, com isso, ir até o mercado, pegar dinheiro mais barato e garantir recursos para essas linhas de crediário." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A temporada do Imposto de Renda 2019 (ano-calendário 2018) começa no dia 7 de março e vai até 30 de abril. Os programas para o preenchimento das declarações já estão disponíveis para os contribuintes a partir desta segunda-feira (25), às 8h.

A declaração é obrigatória para pessoas físicas residentes no Brasil que receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 no ano. Também devem declarar quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte cuja soma seja maior que R$ 40 mil.

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A partir deste ano é obrigatório o Cadastro de Pessoa Física (CPF) para dependentes de qualquer idade. Antes, ele era exigido para maiores de 12 anos. No entanto, obter o documento é simples: o contribuinte precisa ir a uma agência do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal ou dos Correios, apresentar certidão de nascimento ou RG da criança, o RG do responsável e pagar uma taxa de R$ 7,50. O número é gerado na hora. O limite de dedução por dependente é de R$ 2.275,09.

O auditor fiscal da Receita Federal Valter Koppe ressalta que o contribuinte que abrir mão de incluir o filho como dependente apenas pela falta do CPF fica impossibilitado de colocar em sua declaração despesas como pagamento de plano de saúde ou escola. "Essa pessoa perde o direito de incluir alguns abatimentos que podem fazer diferença no final", afirma o especialista.

Restituição

Em anos anteriores, alguns contribuintes deixavam para entregar a declaração nos últimos dias e receber a restituição mais para frente, com o valor corrigido pela taxa básica de juros (Selic). Quando a Selic estava em dois dígitos, se o contribuinte não tivesse urgência, poderia retardar o recebimento e receber o valor corrigido. Porém, isso deixou de ser vantajoso com a taxa estacionada em 6,5% desde março do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As companhias brasileiras estão aquecendo as turbinas para abrir capital no ano que vem, na esteira da expectativa de retomada da economia e de aprovação de reformas estruturais. Muitas empresas já se estruturam para lançar suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês), movimento que deve ganhar tração já a partir de fevereiro. O cálculo é de que ao menos 30 companhias têm potencial para estrear na B3 em 2019.

Logo para o início do ano é esperada, por exemplo, a oferta da empresa de tecnologia Tivit, que tinha programado sua oferta previamente para dezembro, mas optou em postergá-la em algumas semanas. Neoenergia e Smartfit também preparam suas emissões, que são amplamente aguardadas pelos investidores. Ainda estão previstas Quero-Quero e Austral.

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Nessa lista estão outras empresas que já tentaram fazer oferta, sem sucesso, e devem retomar as tentativas no ano que vem, como Agibank, Ri Happy e Banrisul Cartões, por exemplo. Outra forte candidata é a Rede D'Or, segundo fontes de mercado.

O diretor de mercado de capitais e sócio do Banco BTG Pactual, Fabio Nazari, espera que o momento positivo em relação ao Brasil fique mais evidente quando as reformas estruturais no País forem endereçadas, mas que o otimismo dependerá de um ambiente externo benigno, que não prejudique os fluxos em direção aos países emergentes.

"A recomendação para as empresas é de estarem preparadas e prontas para a emissão. Com as premissas mantidas, o potencial é de que 2019 seja um ano melhor do que 2017", afirma o executivo.

As expectativas para 2019 são, assim, bastante positivas e a projeção é de um ano bastante movimentado para os bancos de investimento.

"Deveremos ter um bom volume de atividade para o ano que vem", afirma o responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. A tônica de muitas operações que chegam à mesa são iniciativas em busca de capital para crescimento. "O mercado de capitais terá um papel de financiamento importante."

Além das empresas em busca de recursos para investimentos, por exemplo, o mercado de capitais também será palco de ofertas de empresas no âmbito de processos de privatizações, que vêm sendo prometidas pelo governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL), e de operações secundárias de empresas com participações detidas por fundos de pensão, caso do IPO de Neoenergia, que pode se desenrolar já no início de 2019. Também é esperada uma oferta subsequente da Vale.

Cautela

Ainda que os preparativos para emissões estejam ocorrendo, destaca o sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Jean Marcel Arakawa, as empresas aguardam mais clareza sobre os primeiros passos da equipe econômica do novo governo para baterem o martelo e prepararem a documentação a ser entregue para o regulador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Há uma série de empresas olhando e que pode vir a mercado, mas que quer acompanhar os primeiros meses do novo governo", diz o especialista.

O responsável pelo banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil, Antonio Pereira, afirma que há companhias privadas "muito boas e fortes candidatas para abrirem capital", mas que elas não têm nas costas pressão para captar neste momento - e podem aguardar. "A retomada das ofertas deve ser gradual, mas, quando o mercado estiver em velocidade de cruzeiro, deveremos ter no Brasil ao menos 20 IPOs por ano."

Apesar do bom presságio para o ano e da extensa lista de empresas se preparando para abrir capital, o cenário doméstico pode ser afetado pelo ambiente externo.

Segundo o chefe do banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch, Hans Lin, a cautela em relação ao crescimento global, preocupações em torno dos embates entre China e Estados Unidos e, ainda, a questão dos juros no país norte-americano, podem afetar o otimismo e, consequentemente, o ritmo do lançamento das ofertas.

A estimativa de Lin é de um volume em ofertas de ações entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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