Tópicos | Danielle Portela

O PSOL lançou, nesta sexta-feira (22), a chapa majoritária que disputará as eleições em Pernambuco no próximo ano. A proposta, de acordo com a legenda, é de concorrer ao Governo e ao Senado apenas com pré-candidaturas “femininas e feministas”. A escolha pela estratégia, segundo o presidente estadual Severino Alves, foi tomada a partir da avaliação de que “a opressão de gênero é uma das maiores injustiças que já tivemos”.

“Neste sentido, o partido tomou como decisão política e como um gesto para a sociedade atual a escolha de que a nossa chapa vai ser composta por companheiras mulheres”, declarou, ao abrir a coletiva que oficializou a apresentação da chapa que é composta pela advogada e historiadora Danielle Portela, na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, além de Albanise Pires e Eugênia Lima, que concorrem às vagas de senadoras.

##RECOMENDA##

A postura de Severino, entretanto, não é predominante dentro e fora do PSOL. Segundo Albanise, depois que houve a divulgação da composição nessa quinta (21), o lugar de protagonistas não “está sendo cedido facilmente”. “Tivemos uma reunião que durou cerca de seis horas. Terminei o dia com hematomas na alma ontem. O que eu li nas redes sociais não deveria estar escrito em nenhum outro lugar. Queremos que esta chapa seja abraçada por todos e todas”, declarou.

Apesar das reações, Albanise destacou a ousadia da legenda em quebrar o “patriarcado” político pernambucano. “Não é qualquer partido que tem a coragem de apresentar, dentro de uma conjuntura de golpe machista, de uma lógica da política pernambucana que os homens decidem pelo partido, essa grandeza de formar uma chapa de mulheres”, salientou.

O mesmo foi reforçado por Eugênia ao observar que “lugar de mulher também é na política”. “Enquanto mulher temos o preconceito do partido, fora do partido e na sociedade. É muito ousado a gente travar este espaço, estar aqui como candidata e participar da política. O meu lugar enquanto mulher é na política também. O desafio da eleição não é apenas chegar lá, mas é como chegar lá. O desafio da gente enquanto esquerda é se comunicar para desmistificar a política”, cravou.

Reforçando o que já havia adiantado ao LeiaJá nessa quinta, Danielle Portela disse que “o PSOL se dispôs a dar um passo à frente entendendo que as mulheres podem ter um papel fundamental”. “Nosso lugar é aqui na política sim. Foi dito que nós seríamos peças de xadrez nas mãos dos homens do partido, mas estamos aqui para fazer uma verdadeira revolução”, garantiu.

Uma proposta de governo feminista

A pré-candidata a governadora disse também que o momento é propício para olhar aos problemas do Estado pela ótica da mulher. “Queremos ocupar este espaço para chamar a atenção, por exemplo, ao número alarmante de estupros, feminicídio e agressões nos mais de 5 mil números de homicídios em Pernambuco [segundo dados até novembro]. Isso é uma exceção que queremos fazer virar regra. Queremos um espaço que é nosso. Não será dado, vem com luta”, disse.

Segundo Danielle, a partir de janeiro a chapa vai iniciar um giro pelo estado para construir o programa de governo. “Vamos começar a estruturar a construção coletiva de um programa. Não temos como lançará um programa engessado. Vamos propor vários espaços de discussão do interior a capital para que o partido time corpo e comecemos a olhar mais para todo o estado.  Em janeiro começamos a organizar isso”, pontuou, dizendo que foi montado um grupo de trabalho com este intuito.

Sem desconforto com Ivan Moraes

Durante a coletiva as integrantes da chapa também rebateram a afirmação de que o nome do vereador do Recife, Ivan Moraes, teria sido rifado para a corrida eleitoral. “Não tínhamos discordância de que o nome dele é relevante, mas a proposta não é de nome, vai além. Não é personalista. Não existe desconforto. Em prol de um projeto maior que a gente faz esta proposta revolucionária”, argumentou Danielle Portela.

Ivan havia colocado seu nome à disposição do PSOL para concorrer ao cargo de governador. Danielle disse ter conversado com o vereador para desmistificar o desconforto e pontuou que elas têm o apoio dele na disputa.

“É notório que com Ivan teríamos um ponto de partida, mas a decisão da chapa mostra que é fundamental que a gente rompa os elementos machistas formando uma chapa feminista nos norteia. A eleição também é importante para romper paradigmas. Este será um marco na política do estado”, argumentou o presidente da legenda. 

O PSOL descartou uma eventual aliança com o PT para a disputa pelo Governo de Pernambuco em 2018. A legenda lançou, nesta sexta-feira (22), uma chapa majoritária com três pré-candidaturas - uma ao Governo e duas ao Senado - deixando em aberto a vaga de vice que, de acordo com a direção estadual, deve ser ocupada por algum representante do PSTU ou do PCB, partidos com os quais o PSOL iniciará um diálogo visando a concretização de uma aliança.  

Os rumores de que a legenda psolista poderia marchar junto com o PT foi negado pela pré-candidata ao Senado e dirigente estadual da legenda, Albanise Pires. “Oficialmente não existe nenhuma conversa com o PT. No Congresso fechamos a direção de apenas nos coligar com os partidos da esquerda tradicional, ou seja, PSTU e PCB”, detalhou.

##RECOMENDA##

Segundo Albanise, o PSOL torce, inclusive, para que a candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes (PT) seja concretizada. “Ela é uma mulher muito guerreira, torcemos para que ela também saia como candidata”, frisou. Mas ao ser indagada sobre ter alguma das pré-candidatas como vice de Marília, Albanise sentenciou: “os três nomes colocados são irretiráveis”.

Além de Albanise, a ex-candidata a vereadora de Olinda, Eugênia Lima, também disputará uma vaga ao Senado. Já a liderança da majoritária está sob a batuta da advogada e historiadora, Danielle Portela, pré-candidata a governadora.

O PSOL de Pernambuco vai lançar uma chapa majoritária para a disputa eleitoral em 2018 composta exclusivamente por mulheres. A pré-candidata ao Governo do Estado será a advogada e historiadora Danielle Portela, já as vagas para o Senado Federal serão postuladas por Albanise Pires e Eugênia Lima - as duas já concorrem a cargos públicos, Albanise foi candidata à Casa Alta em 2014 e Eugênia disputou uma vaga na Câmara dos Vereadores de Olinda em 2016. 

A decisão de compor apenas com mulheres a chapa foi tomada durante a reunião do diretório estadual na última terça-feira (19). Em conversa com o LeiaJá, Danielle Portela pontuou que ainda não foi definido quem vai ocupar o posto de vice-governadora. Segundo ela, a proposta “é um avanço” diante da resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determina uma cota de 30% para o gênero.

##RECOMENDA##

“O PSOL já se dispunha a fazer uma proposta diferente e resolvemos avançar nisso, lançando uma chapa 100% feminina e feminista. A vaga de vice ainda está em aberta para discussão, pois pode ser um quadro interno ou externo, a partir de alguma coligação que o partido fizer”, observou. “Queremos superar todas as cotas de gênero imposta pela legislação eleitoral, nós somos, maioria na sociedade, mas minoria no termo de representatividade”, acrescentou. 

Sob a ótica da pré-candidata a governadora, a expectativa é de que se possa reconhecer “o papel de mulher enquanto questão de gênero e luta de classe”. “Sentimos necessidade e o que motivou e deu a ideia foi o fato de há poucos dias ter saído uma foto no jornal dizendo ‘a oposição em Pernambuco’. Olhando a imagem vi que nas duas primeiras fileiras eram apenas homens e no cantinho tinha uma mulher, ou seja, nas oligarquias em Pernambuco ao patriarcado é muito forte”, cravou. 

A referência feita por Danielle diz respeito ao lançamento do movimento ‘Pernambuco quer mudar’ no dia 11 de dezembro. A iniciativa de oposição ao PSB é encabeçada por nomes como os dos senadores Armando Monteiro (PTB) e Fernando Bezerra Coelho (PMDB), além dos ministros Mendonça Filho (DEM) e Fernando Filho (sem partido) e do deputado federal Bruno Araújo (PSDB). 

Indagada será o programa de governo que elas vão apresentar em 2018, Danielle argumentou que vão ter “um programa político e plataforma que vai debater todas as questões que afetam a vida dos pernambucanos”, mas a partir de um olhar feminino. 

“Entendemos que a partir de todas as temáticas você tem um olhar diferenciado de gênero, seja na violência, no transporte público, na educação. Estamos em um momento que a mulher precisa ser protagonista do seu próprio discurso”, pontuou.

Para que a chapa fosse majoritariamente feminina, os pré-candidatos Jesualdo Campos e o vereador do Recife Ivan Moraes abdicaram do desejo de concorrer ao posto. A reportagem entrou em contato com os dois, mas até o fechamento desta matéria não obteve êxito.

Insatisfação

Internamente a decisão da direção do PSOL de lançar uma chapa composta apenas por mulheres não foi tão bem recebida. Nas redes sociais, alguns filiados se manifestaram contra o alinhamento. 

[@#video#@]

[@#podcast#@]

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando