Tópicos | Desnutrição Infantil

O LeiaJá publicou, nesta quarta-feira (26), o especial Fome à Brasileira que aborda a problemática nacional. São 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil, convivendo com o mais grave grau de insegurança alimentar. É importante lembrar que por trás de cada número existem pessoas que dormem e acordam sem saber o que irão comer e dar para os seus.

As cinco reportagens deste especial abordam o drama vivido por famílias da comunidade do Coque, além de temas como desnutrição infantil, desperdício de alimentos e insegurança alimentar, na tentativa de explicar ao leitor como o desmonte das políticas públicas, a piora da crise econômica que provocou o aumento das desigualdades sociais e a pandemia da Covid-19 impactaram e resultaram na fome, que está cada vez mais presente nos lares das famílias brasileiras.

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As reportagens são de Jameson Ramos, Alice Albuquerque e Victor Gouveia; as imagens de Rafael Bandeira, Júlio Gomes e Chico Peixoto; a arte gráfica é de Felipe Santana e a supervisão de conteúdo de Victor Hugo. O webdesign é de Chico Peixoto e a edição de Giselly Santos e Damares Romão.

O aumento dos preços pode levar milhares de crianças a desnutrição no Camboja, um dos países mais pobres e vulneráveis ao clima da Ásia.

Superados os tempos de Covid-19, as tensões internacionais, como a guerra na Ucrânia, se fazem notar. Nesse contexto, comerciantes como Chhon Puthy afirmam que as vendas caíram pela metade.

Seus clientes, no povoado de Chroy Neang Nguon (norte), agora são mais escassos, devido ao aumento do preço da energia.

Os alimentos aumentaram em média 5,6% em um ano, o azeite subiu 35%, segundo dados publicados em maio pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA).

"A alta dos preços dos alimentos pode agravar os já elevados níveis de desnutrição infantil", alertou a agência de alimentação da ONU no Camboja.

- Preocupação com o desenvolvimento das crianças -

A inflação ameaça reverter os esforços para combater a desnutrição entre os mais novos. Duas de cada três crianças menores de cinco anos foram afetadas em 2014, segundo o governo.

No hospital infantil de Angkor, em Siem Reap, casos de desnutrição passaram de 59 em 2019 a 77 em 2021, incluindo a morte de um bebê de cinco meses.

"Nos preocupa seu crescimento futuro, especialmente seu desenvolvimento cerebral, que pode ser afetado quando forem à escola aos cinco ou seis anos", disse a enfermeira Sroen Phannsy.

Antes da pandemia, as enchentes de 2020 deixaram o país vulnerável à mudança climática, com longos períodos de seca que afetaram a agricultura.

Uma equipe do hospital percorre as zonas rurais para identificar os casos mais graves. ONGs também atuam há anos no país.

- Merendas gratuitas -

Há alguns meses, Chhon Puthy depende do programa de merendas gratuitas --arroz, caldo de peixe e verduras cultivadas na horta escolar -- para alimentar seus filhos e economizar um pouco de dinheiro.

O projeto, com o apoio do Programa Mundial de Alimentos (PMA), atende mais de 1.100 escolas. Na região de Siam Reap, há cerca de 50 hortas onde as crianças aprendem a cultivar suas próprias verduras.

"Este programa fornece aos alunos uma alimentação rica e suficiente e colabora para que frequentem as aulas regularmente. As faltas reduziram muito", afirma Long Tov, diretor de uma escola de Chroy Neang Nguon.

Neste centro educacional, após aulas de matemática ou ciências, os estudantes aprendem a coletar verduras. Vireak, de 12 anos, está contente: "Somos felizes na horta. Em casa planto uva, feijão e tomate", explica.

A taxa de desnutrição disparou no sul e leste da Etiópia devido à seca, e mais de 185.000 crianças estão gravemente afetadas, anunciou a ONG Save the Children nesta quinta-feira (16).

Depois de quatro temporadas consecutivas sem chuva suficiente no Chifre da África, às vésperas de um quinto ciclo que se anuncia seco, esta região sofre a pior seca em 40 anos e uma grande crise alimentar está se formando no Quênia, Somália e Etiópia.

Mais de um milhão de pessoas precisam urgentemente de assistência nutricional nas regiões etíopes da Somali, Oromia, SNNP e no Sudoeste, explicou a ONG em comunicado.

A organização estima que existam 185.000 crianças sofrendo da forma mais mortal de desnutrição.

"As crianças – especialmente as mais jovens – estão sofrendo o peso de uma crise horrenda e multicausal na Etiópia", disse o diretor da ONG para o país, Xavier Joubert.

"Uma seca prolongada, crescente e debilitante está minando sua capacidade de recuperação, já sobrecarregada por um conflito extenuante e dois anos de pandemia de covid-19", acrescentou.

Na região Somali, uma das mais afetadas e onde quase não chove há 18 meses, a taxa de desnutrição aumentou 64% no ano passado, disse a Save The Children.

Esta seca afeta cerca de 8,1 milhões de pessoas na Etiópia, o segundo país mais populoso da África, que também sofre um conflito armado há 19 meses no norte do país.

A Save the Children estima que cerca de 30 milhões de pessoas, o equivalente a um quarto da população, precisam de assistência humanitária.

Somado a essas duras condições climáticas há o conflito na Ucrânia, que aumentou o preço do combustível e dos alimentos.

Quase 7 milhões de crianças adicionais em todo o mundo podem sofrer os efeitos da desnutrição em decorrência da crise econômica e social causada pela pandemia de Covid-19, segundo uma estimativa publicada pelas Nações Unidas nesta terça-feira (28).

Antes mesmo da pandemia de coronavírus, 47 milhões de crianças sofriam em 2019 com a desnutrição, perda de peso e magreza extrema, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef).

Com a pandemia, esse número "pode atingir quase 54 milhões de crianças nos primeiros 12 meses da crise", o que "pode se traduzir em 10.000 mortes infantis adicionais por mês", principalmente nos países da África Subsaariana e na Ásia, adverte o Unicef em um comunicado.

"Faz sete meses desde que os primeiros casos de Covid-19 foram relatados e está cada vez mais claro que as consequências da pandemia estão prejudicando as crianças mais do que a própria doença", comenta a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore.

"A pobreza e a insegurança alimentar aumentaram. Os serviços essenciais e as cadeias de suprimentos foram interrompidos. Os preços dos alimentos dispararam. O resultado é que a qualidade do regime alimentar das crianças diminuiu e as taxas de desnutrição aumentaram", continua ela.

O Unicef se baseia em uma análise publicada pela revista médica The Lancet, na qual os pesquisadores alertam para as consequências da desnutrição ligada à pandemia de Covid-19 nas crianças.

"O profundo impacto da pandemia de Covid-19 sobre a nutrição de crianças pequenas pode ter consequências intergeracionais", estimam, temendo que isso prejudique "o crescimento e o desenvolvimento dessas crianças".

Esses pesquisadores fizeram estimativas para 118 países de baixa e média renda.

Segundo eles, a crise alimentar causada pela Covid-19 poderia aumentar em 14,3% a prevalência de perda de peso moderada ou grave em crianças menores de 5 anos.

Em uma carta aberta, também publicada pela revista The Lancet, o Unicef e três outras agências das Nações Unidas - OMS (Organização Mundial da Saúde), FAO (Alimentação e Agricultura) e PAM (Programa Mundial de Alimentos) - pedem ações imediatadas para conter a crise alimentar.

Tais organismos estimam em 2,4 bilhões de dólares as necessidades para proteger as crianças em maior risco.

"Devemos estabelecer ações e investimentos substantivos para a nutrição, a fim de impedir a crise da Covid-19 e suas repercussões na fome e na desnutrição infantil", defendem essas organizações.

No Mali, mais de 850 mil crianças menores de cinco anos estão correndo risco de desnutrição aguda, incluindo 274 mil em perigo de desnutrição severa e de morte iminente. Os números foram divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

De acordo com o comunicado da entidade, os dados de desnutrição de 2018 significam um aumento de 34% em relação ao ano passado e é consequência da piora na segurança alimentar do país africano.

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A desnutrição severa aguda é maior nas regiões do norte que são alvos de conflitos, como Timbyktu, onde excede 15%. Além disso, mais de 1 milhão de crianças não frequentam às aulas, representando um aumento de 30% em comparação aos dados de 2009. No norte e no centro do país 750 escolas estão fechadas devido à insegurança, afetando 300 mil crianças em idade escolar.

Ainda segundo o Unicef, o Mali está entre os dez países do mundo com piores indicadores de mortalidade infantil, sendo que um em cada 28 recém-nascidos morre no primeiro mês de vida. O índice de mortalidade materna também é um dos piores, dado que uma de cada 27 mulheres morrem em decorrência de problemas relacionados com a gravidez e o parto.

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