Tópicos | Etiópia

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou nesta quinta-feira (24) que os Brics decidiram na reunião de cúpula de Johannesburgo convidar seis países para aderir ao bloco de economias emergentes.

Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos passarão a integrar, a partir de 1º de janeiro de 2024, o grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, informou Ramaphosa.

A ampliação dos Brics foi um dos temas da reunião de cúpula de três dias na África do Sul e provocou divisões entre os atuais membros sobre o ritmo e os critérios para a entrada de novas nações.

Mas o bloco - que toma decisões por consenso - estabeleceu "princípios, diretrizes, critérios e procedimentos para o processo de expansão dos Brics", afirmou Ramaphosa.

Quase 40 países solicitaram a adesão ou demonstraram interesse em entrar para o bloco, criado em 2009 e que representa quase 25% do PIB e 42% da população mundial.

Forçada por sua família a se casar, a jovem Bisharo aguentou apenas cinco dias com o marido abusador antes de fugir de casa para o sul da Etiópia, território assolado pela seca.

Bisharo, um nome falso para proteger sua identidade, buscou ajuda na nova clínica para sobreviventes de violência sexual no hospital de Gode, um município na empoeirada região Somali da Etiópia.

É a área mais castigada pela pior seca dos últimos 40 anos no Chifre da África, região que deixou milhões de pessoas famintas e empobrecidas.

Segundo médicos e assistentes sociais, a seca provocou outro efeito: um aumento nos casamentos forçados e na violência sexual.

A Unicef garante que os casamentos infantis, ilegais no país, cresceram mais que o dobro nas quatro regiões mais atingidas pela seca durante a primeira metade de 2022, em uma comparação com os dados do ano anterior.

Para muitas famílias desesperadas, casar uma filha tem múltiplos benefícios: por um lado, reduz o número de pessoas para alimentar, por outro, o dote pago pela família do marido ajuda a cobrir as despesas.

A dote de Bisharo foi de 3.000 birr etíopes (cerca de US$ 56), disse a adolescente, originária de um vilarejo nos arredores de Gode.

"Meus pais e os pais do meu marido fecharam o acordo de casamento. Eu não sabia de nada. Ele se aproximou de mim antes e me pediu em casamento, mas eu recusei", disse ela.

O matrimônio com o homem de 20 anos, da família de seu pai e que já está na segunda esposa, aconteceu mesmo assim.

- "Me batia" -

"Moramos juntos durante cinco dias e ele me batia", disse a garota com as mãos cobertas por uma tatuagem temporária. "Me batia porque queria fazer sexo comigo, mas eu negava".

Ela ainda sente dor nas costas, nos ombros e na cabeça por conta dos abusos que sofreu após seu casamento, no começo do ano.

"Não consigo nem dormir de noite por causa da dor", lamenta.

Bisharo ficou refugiada na casa de seus vizinhos. O marido foi levado pela polícia, que exigiu a garantia do divórcio mesmo contra a vontade do pai dela.

"Meu pai me disse: 'se você se divorciar, não sou mais seu pai'", contou a jovem.

A segunda mais jovem de uma família de cinco irmãos está sozinha. "Só minha mãe pode entender meus problemas, mas não pode me apoiar porque tem medo do meu pai", disse Bisharo.

"Não recebi nenhuma ajuda dele, por isso vim para cá", explicou ela na clínica de Gode.

- "A violência é normal" -

Desde sua abertura em novembro, este pequeno complexo atrás do hospital local recebeu oito vítimas de estupro e quatro mulheres e jovens que escaparam da violência doméstica.

A seca contribuiu em muitos destes casos, analisou Fahad Hassan, médico da clínica.

Hassan acredita que os acampamentos temporários para pessoas desabrigadas pela seca colocam as mulheres em risco. "A violência é normal" nestes lugares, acrescentou o doutor, que já atendeu uma menina de sete anos violentada em um acampamento próximo.

Sahra Haji Mohammed, uma assistente social, assegurou que os ataques ocorrem quando os profissionais deixam as instalações "para comprar alguma coisa ou ao sair do vilarejo para ir buscar água".

A pobreza também contribui para a violência doméstica. "Vemos conflitos quando o marido vende itens do lar para comprar cigarros ou khat (uma folha levemente narcótica) por falta de dinheiro", diz ela.

As mulheres atendidas na clínica são só a ponta do iceberg, dizem funcionários do acampamento, explicando que muitas vítimas preferem ficar em silêncio pelo medo do estigma.

"Nós sabemos de casos de pessoas que não vêm até aqui mas que estão em suas casas e tentando se esconder. Nós sabemos. Nós tentamos dizer para elas que aqui é um centro que quer ajudá-las", disse Fahad.

Bisharo é a única sobrevivente que aceitou falar à AFP e incentiva as outras a seguirem seu exemplo.

Enquanto espera que cheguem os papéis de divórcio, vive com sua avó. Entretanto, quer começar a decidir novamente seu destino: "Quero me casar com alguém da minha idade".

A taxa de desnutrição disparou no sul e leste da Etiópia devido à seca, e mais de 185.000 crianças estão gravemente afetadas, anunciou a ONG Save the Children nesta quinta-feira (16).

Depois de quatro temporadas consecutivas sem chuva suficiente no Chifre da África, às vésperas de um quinto ciclo que se anuncia seco, esta região sofre a pior seca em 40 anos e uma grande crise alimentar está se formando no Quênia, Somália e Etiópia.

Mais de um milhão de pessoas precisam urgentemente de assistência nutricional nas regiões etíopes da Somali, Oromia, SNNP e no Sudoeste, explicou a ONG em comunicado.

A organização estima que existam 185.000 crianças sofrendo da forma mais mortal de desnutrição.

"As crianças – especialmente as mais jovens – estão sofrendo o peso de uma crise horrenda e multicausal na Etiópia", disse o diretor da ONG para o país, Xavier Joubert.

"Uma seca prolongada, crescente e debilitante está minando sua capacidade de recuperação, já sobrecarregada por um conflito extenuante e dois anos de pandemia de covid-19", acrescentou.

Na região Somali, uma das mais afetadas e onde quase não chove há 18 meses, a taxa de desnutrição aumentou 64% no ano passado, disse a Save The Children.

Esta seca afeta cerca de 8,1 milhões de pessoas na Etiópia, o segundo país mais populoso da África, que também sofre um conflito armado há 19 meses no norte do país.

A Save the Children estima que cerca de 30 milhões de pessoas, o equivalente a um quarto da população, precisam de assistência humanitária.

Somado a essas duras condições climáticas há o conflito na Ucrânia, que aumentou o preço do combustível e dos alimentos.

O Parlamento da Etiópia suspendeu, nesta terça-feira (15), o estado de emergência imposto em novembro passado, quando rebeldes do Tigré ameaçaram avançar rumo à capital - anunciou o Ministério das Relações Exteriores.

"A Câmara dos Representantes do Povo da Etiópia aprovou hoje levantar o estado de emergência de seis meses", informou o ministério no Twitter.

A votação dos parlamentares seguiu uma proposta do gabinete do primeiro-ministro Abiy Ahmed, que pediu, em janeiro, que se aliviasse o estado de emergência. Originalmente, estava previsto para durar até maio.

O estado de emergência foi declarado em 2 de novembro, depois que combatentes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) tomaram duas localidades-chave a 400 km de Adis Abeba.

A medida levou a detenções em massa de pessoas da etnia tigré em Adis Abeba e em outros lugares, o que foi condenado por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional.

O estado de emergência coincidiu com uma campanha de mobilização em massa que, junto com ataques de drones, conseguiu repelir a TPLF de volta para Tigré em dezembro. O recuo despertou a esperança de se pôr fim à esta guerra de 15 meses.

Adis Abeba anunciou que não perseguirá os rebeldes no Tigré. Nas últimas semanas, porém, moradores e socorristas relataram uma série de ataques aéreos mortais na região.

O conflito deixou milhares de mortos e forçou outros tantos a fugirem de suas casas. Segundo a ONU, é grande o número de pessoas à beira da fome.

O governo etíope declarou estado de emergência em todo o país, informou a mídia estatal nesta terça-feira (2), enquanto os rebeldes de Tigré, que travam uma guerra contra as forças pró-governo há um ano, reivindicaram este fim de semana o controle de duas cidades estratégicas.

"O estado de emergência visa proteger os civis contra as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista TPLF em várias regiões do país", informou o Fana Broadcasting Corporate, referindo-se aos rebeldes da Frente de Libertação do Povo Tigré.

##RECOMENDA##

A TPLF reivindicou nos últimos dias a captura de Dessie e Kombolcha, duas cidades localizadas em um cruzamento estratégico cerca de 400 quilômetros ao norte da capital Addis Ababa, sem descartar uma ofensiva sobre a capital.

O governo negou ter perdido o controle dessas cidades, mas se for confirmada, tal captura marcará outra fase importante no conflito que já se arrasta por um ano.

As comunicações foram interrompidas em grande parte do norte da Etiópia e o acesso dos jornalistas é restrito, dificultando a verificação independente da situação no terreno.

Na manhã desta terça-feira, as autoridades da capital Addis Abeba pediram à população que se organizasse e se preparasse para defender seus bairros.

Esta recente escalada do conflito preocupa a comunidade internacional, que nos últimos dias renovou seus apelos por um cessar-fogo imediato e negociações de paz.

O enviado americano para o Chifre da África, Jeffrey Feltman, declarou nesta terça-feira que Washington se opõe a "qualquer movimento da TPLF em direção a Addis Abeba ou qualquer ação destinada a sitiar a capital", durante uma intervenção no Instituto Americano para a Paz.

Os Estados Unidos também anunciaram que vão retirar importantes vantagens comerciais concedidas à Etiópia, em razão das "graves violações de direitos humanos reconhecidas internacionalmente, perpetradas pelo governo etíope e outras facções no norte do país", de acordo com um comunicado da representante americana para o Comércio.

O conflito do Tigré começou em novembro de 2020 e experimentou uma mudança dramática desde junho.

Prêmio Nobel da Paz de 2019, o primeiro-ministro Abiy Ahmed proclamou vitória em 28 de novembro passado, poucas semanas depois de enviar o Exército a Tigré para destituir as autoridades regionais dissidentes da TPLF.

Em junho, porém, os rebeldes recuperaram a maior parte da região, forçando as tropas do governo a se recuarem. Ao mesmo tempo, continuaram sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.

A posterior propagação dos combates para as regiões vizinhas de Afar e Amhara deslocou centenas de milhares de pessoas e aumentou a crise humanitária que, segundo a ONU, deixou 400.000 pessoas à beira da fome.

Em setembro, as autoridades de Amhara estimaram que pelo menos 233.000 civis que fugiam do avanço rebelde encontraram abrigo em Dessie e em Kombolcha.

A Força Aérea da Etiópia bombardeou neste domingo (24) alvos na zona oeste da região rebelde de Tigré, norte do país, anunciou o governo.

"Hoje (domingo) a frente oeste (de Mai Tsebri) que servia de centro de treinamento e posto de comando do grupo terrorista TPFL foi atacado pela aviação", declarou a porta-voz do governo, Selamawit Kassa, em uma referência à Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF, na sigla em inglês).

Este é o sétimo bombardeio da aviação etíope em Tigré desde o início da semana. Dois foram executados contra a capital da região, Mekele, na segunda-feira passada, pela primeira vez desde o início do conflito há pouco menos de um ano, o que provocou as mortes de três crianças e deixou vários feridos, de acordo com a ONU.

Outros três bombardeios atingiram a capital regional e um apontou contra um alvo a 80 km da cidade.

Na sexta-feira, outro ataque contra Mekele deixou 11 feridos e obrigou um voo com ajuda humanitária da ONU a retornar para a capital federal, Adis Abeba, de acordo com médicos e fontes humanitárias.

A ONU decidiu suspender imediatamente os voos semanais de funcionários para Tigré.

Após vários meses de tensão, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, mobilizou o exército federal nesta região em 4 de novembro de 2020 com a intenção de expulsar as autoridades regionais dissidentes da TPLF, que controlou o governo da Etiópia até 2018.

As forças federais conseguiram assumir rapidamente o controle da maior parte da região, incluindo Mekele ainda em novembro do ano passado.

Em junho, no entanto, a TPLF conseguiu recuperar a maior parte de Tigré e prosseguiu com a ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.

A intensificação dos combates aumentou a crise humanitária, que atualmente afeta centenas de milhares de pessoas.

A falta de material médico tem consequências fatais na conflituosa região do Tigré, no norte da Etiópia, com pacientes que sucumbem a hemorragias pós-parto ou falta de produtos para diálise, alertou a ONU nesta quinta-feira (7).

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) denunciou que "não foi autorizado" material médico de primeira necessidade, apesar de que entre 28 de setembro e 5 de outubro 50 caminhões de ajuda entraram no Tigré.

"A situação sanitária é particularmente preocupante, devido à ausência de medicamentos e material médico", acrescentou.

No hospital Ayder Referral, o maior da região, 18 pessoas, entre elas uma criança, morreram devido à falta de um cateter para diálise, informou o escritório.

"A vida de 34 pacientes está ameaçada se os equipamentos para diálise não chegarem imediatamente", acrescentou.

O OCHA também denuncia que cinco mulheres morreram no distrito de Selwa, no sul do Tigré, por "falta de atendimento médico" no tratamento de hemorragias pós-parto.

A falta de combustível e de liquidez é outro problema, que obriga os grupos humanitários a reduzir seu apoio às infraestruturas médicas.

Alguns hospitais da região "já não têm medicamentos nutricionais para tratar a desnutrição severa nas crianças jovens", o que aumenta o temor de uma mortalidade elevada provocada pela fome.

Desde novembro, o Tigré é palco de combates entre as forças do governo etíope, lideradas pelo primeiro-ministro e Nobel da Paz Abiy Ahmed, e as tropas leais às autoridades regionais da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).

Com acesso limitado à ajuda, teme-se uma enorme crise humanitária na região.

Este temor acentuou-se na semana passada, quando a Etiópia expulsou sete dirigentes de agências da ONU, entre elas o Unicef (Fundo para a Infância) e o próprio OCHA.

Corpos marcados por tiros ficam jogados por dias nas ruas da cidade de Axum, na Etiópia. À noite, moradores ouvem, horrorizados, as hienas se alimentando de seus vizinhos e conhecidos. Mas eles foram proibidos de enterrar seus mortos por soldados da Eritreia.

Essas memórias assombram a um diácono da igreja Ortodoxa etíope localizada na cidade sagrada, onde os fiéis locais acreditam que a antiga Arca da Aliança está guardada. Enquanto a região de Tigray retoma lentamente o acesso a serviços de telefone depois de três meses de conflito, o diácono e outras testemunhas deram à Associated Press um relato detalhado do que pode ser o massacre mais mortal.

##RECOMENDA##

Por semanas, rumores circularam de que algo sinistro havia acontecido na Igreja Santa Maria de Sião, em novembro, com a estimativa de centenas de mortos. Mas com o isolamento de Trigray do resto do mundo e a proibição de jornalistas de acessarem a região, pouco pôde ser verificado enquanto combatentes etíopes e aliados perseguiam os líderes fugitivos da região.

O diácono, que falou em condição de anonimato porque continua em Axum, disse que ajudou a contar os corpos - ou o que restou deles após as hienas se alimentarem. Ele reuniu as carteiras de identidade das vítimas e ajudou nos enterros - feitos em valas coletivas. O religioso acredita que cerca de 800 pessoas foram mortas naquele fim de semana na igreja e nos arredores da cidade, e que milhares morreram em Axum.

A matança continua: no dia em que falou à AP na semana passada, ele disse que havia enterrado três pessoas. "Se formos para o campo, a situação é muito pior", disse.

As atrocidades do conflito de Tigray ocorreram nas sombras. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2019 por alcançar a paz com os vizinhos da Eritreia, anunciou a ofensiva enquanto o mundo estava focado nas eleições presidenciais americanas. Ele acusou lideranças regionais de Tigray, cujos líderes dominaram a Etiópia por quase três décadas antes dele assumir o governo, de atacarem militares do país. Os líderes de Tigray rebateram a afirmação e disseram que agiram em legítima defesa, depois de meses de tensão.

Enquanto o mundo clamava por acesso a Tigray para investigar as suspeitas de atrocidades de todos os lados e entregar ajuda humanitária a milhões de pessoas famintas, o primeiro-ministro negou o que chamou de "interferência externa". Ele se declarou vitorioso no fim de novembro e disse que nenhum civil foi morto. Seu governo nega a presença de soldados da Eritreia - inimigos de longas datas dos líderes regionais - em Tigray.

A narrativa do governo, no entanto, cai por terra com o surgimento de testemunhas como o diácono. O oficial que supervisionou o estado de emergência em Tigray, Redwan Hussein, não respondeu às perguntas.

Axum, com suas ruínas e igrejas antigas, tem grande significado para os fiéis ortodoxos etíopes, que acreditam que a Arca da Aliança, construída para conter as tábuas dos Dez Mandamentos, está localizada lá. "Se você ataca Axum, ataca antes de tudo a identidade dos ortodoxos da região, mas também de todos os cristãos ortodoxos etíopes", disse Wolbert Smidt, um etnohistoriador especializado na região. "A própria Axum é considerada uma igreja na tradição local, 'Axum Sião'".

Em um ano normal, milhares de pessoas se reúnem na Igreja Zion no fim de novembro para celebrar o dia que os etíopes acreditam que a Arca da Aliança foi trazida para o local depois de desaparecer de Jerusalém nos tempos antigos. Em vez disso, a igreja virou um refúgio para pessoas que fugiram de outras regiões de Tigray. Eles se abrigaram lá enquanto os cultos de adoração estavam ocorrendo dois dias antes do aniversário.

Soldados da Eritreia e da Etiópia haviam chegado a Axum mais de uma semana antes, com pesados bombardeios. Mas em 28 de novembro, os soldados eritreus voltaram com força para caçar membros da milícia local que se mobilizaram contra eles em Axum e nas comunidades próximas.

O diácono relembra que soldados invadindo a igreja, acuando e arrastando os fiéis para fora e atirando em quem fugia. "Eu escapei por acaso com um padre", disse ele. "Quando entramos na rua, ouvimos tiros por toda parte." Eles continuaram correndo, tropeçando nos mortos e feridos junto com outros que tentavam encontrar lugares para se esconder.

A maioria das centenas de vítimas foi morta naquele dia, disse ele, mas os tiroteios e os saques continuaram no dia seguinte. "Eles começaram a matar pessoas que iam da igreja para a casa ou de uma casa para outra, simplesmente porque estavam na rua", disse outra testemunha, o professor Getu Mak. "Foi um ato horrível de se ver." Ele assistiu à luta de seu quarto de hotel, e se aventurou a sair enquanto a luta diminuía. "Em cada esquina, quase, havia um corpo", disse. "As pessoas choravam em todas as casas."

Outra testemunha, que falou sob condição de anonimato por medo de retaliação, disse que os soldados mataram um homem em sua casa perto da Igreja de Sião. "Como posso dizer? Tantos mortos", disse o homem, que desde então fugiu para a capital de Tigray, Mekele. Após as mortes em Axum, veio um período difícil com soldados vagando pelas ruas e famílias em busca de entes queridos.

À noite, hienas desceram das colinas próximas. A cidade começou a cheirar a morte, pois alguns corpos permaneceram intocados por dias. "Eu vi uma carroça carregando cerca de 20 corpos para a igreja, mas os soldados eritreus os pararam e disseram às pessoas para jogá-los de volta na rua", disse Getu, o professor universitário. Finalmente, quando os soldados deixaram a cidade para perseguir outros combatentes, os moradores se mobilizaram para enterrar os corpos, disse o diácono. "Não podíamos fazer um enterro formal", afirmou. "Nós os enterramos em massa" em túmulos próximos à Igreja de Sião e outras.

Alguns dos mortos estavam entre as centenas de milhares de pessoas em Tigray deslocadas pelo conflito e desconhecidas dos residentes de Axum. Suas carteiras de identidade foram recolhidas em igrejas, onde aguardam a identificação de seus entes. O diácono disse que os moradores acreditam que os soldados eritreus estão se vingando da guerra de fronteira de duas décadas entre a Etiópia e a Eritreia, que aconteceu nas proximidades e terminou depois que Abiy se tornou primeiro-ministro.

Alguns dos soldados disseram aos moradores que foram instruídos a matar pessoas de até 12 anos, disse ele. Outra testemunha, um homem de 39 anos que deu apenas seu primeiro nome, Mhretab, e fugiu semanas atrás para os Estados Unidos, afirmou que a polícia federal etíope nada fez para controlar os soldados eritreus. "Eu disse a eles: 'Escute, você é etíope, eles estão destruindo cidades etíopes. Como isso é possível?'", Lembrou Mhretab. "Eles disseram: 'O que podemos fazer? Isso não deveria ter acontecido desde o início. Isso é de cima'", indicando que foi decidido por altos funcionários, disse ele. Ele contou que transportou corpos para uma vala comum na Igreja de Sião e estimou ter visto de 300 a 400 ali.

O diácono acredita que os soldados eritreus, em sua caça aos combatentes Tigray, mataram milhares de pessoas em aldeias fora de Axum. "Quando eles lutam e perdem, eles se vingam dos fazendeiros e matam todos que encontram", disse ele. "Isso é o que vimos nos últimos três meses". Getu repetiu essa crença, citando seu tio, que sobreviveu a tal confronto rural.

O diácono não foi para as aldeias fora de Axum. Seu trabalho continua com sua igreja, onde os cultos seguem, mesmo com o conflito de Tigray mais violento do que nunca. "Também estamos protegendo a igreja", disse. "Mesmo agora, estou falando com você daqui. Não estamos armados. O que fazemos é principalmente assistir. E, claro, orar para que Deus nos proteja."

O governo da Etiópia disse na terça-feira (24)que suas forças controlaram a maior parte da região de Tigré, no norte do país, e agora estão posicionadas a cerca de 50 quilômetros da capital regional, Mekele. O líder de Tigré nega o cerco das tropas federais.

O ministro das Relações Exteriores da Etiópia e porta-voz da força-tarefa de emergência do governo, Redwan Hussein, afirmou que a maioria das grandes cidades de Tigré, como Axum, Adwa e Adigrat, foram retiradas do controle da Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT), que governa a região, pelas forças federais.

##RECOMENDA##

"Em geral, a região de Tigré está sob o controle de nossas forças de defesa", disse Hussein ontem na capital, Adis-Abeba.

Desde o início do conflito, em 4 de novembro, a região foi isolada e as linhas de telefone e cabos de internet foram cortados, impedindo uma verificação independente dos desdobramentos do confronto.

A incursão do Exército em Tigré foi iniciada após meses de tensão entre o governo federal e a FLPT, que governou o país por décadas e acusa o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, de perseguição desde que ele assumiu o cargo em 2018.

Segundo autoridades da região, 100 mil pessoas já tiveram de deixar suas casas por causa dos confrontos. De acordo com a Reuters, cerca de 40 mil etíopes fugiram para o vizinho Sudão.

No domingo, Abiy deu um ultimato de 72 horas para que as forças de segurança de Tigré se rendessem, avisando que suas tropas iniciarão uma ofensiva contra Mekele se a demanda não fosse atendida.

Um porta-voz militar, o coronel Dejene Tsegaye, afirmou também no domingo que "as próximas fases são uma decisiva parte da operação, que é cercar Mekele com tanques". "Queremos enviar uma mensagem à população de Mekele para que se proteja de qualquer ataque de artilharia e se liberte da FLPT. Depois disso, não haverá misericórdia", disse.

No Twitter, a diretora da Human Rights Watch para o Chifre da África, Laetitia Bader, afirmou que o porta-voz estava ameaçando os moradores da capital de Tigré. "Tratar uma cidade inteira como um alvo militar não seria apenas ilegal, como também pode ser considerado uma forma de punição coletiva", escreveu Bader.

O procurador-geral da Etiópia, Gedion Timothewos, afirmou que os comentários e as ações da FLPT, incluindo uma rebelião armada e o disparo de foguetes contra a região de Amhara - que apoia o governo federal e tem milícias lutando ao lado de Abiy -, são crimes graves e as autoridades regionais podem ser acusadas de traição e terrorismo.

As afirmações sobre os desdobramentos do conflito feitas pelo governo federal são diferentes das fornecidas pelas autoridades de Tigré e não há um número oficial de mortos. Debretsion Gebremichael, o governante da região, disse que suas forças sofreram um mínimo de baixas enquanto um grande número de soldados federais foi morto. "Até o momento, não existe esse cerco", disse ontem em uma mensagem de texto. "Ele (Abiy) não entende quem nós somos. Somos um povo de princípios e estamos prontos para morrer em defesa do nosso direito de administrar a região."

A ONU e outros grupos de ajuda humanitária dizem estar extremamente preocupados com a segurança dos mais de 500 mil moradores de Mekele, incluindo cerca de 200 trabalhadores humanitários, que podem ser afetados pelo conflito, disse Saviano Abreu, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. "Pedimos a todas as partes do conflito que cumpram suas obrigações segundo o Direito Internacional Humanitário e protejam os civis e a infraestrutura civil", disse. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao menos 239 pessoas morreram em manifestações e confrontos entre comunidades na semana passada na Etiópia, consequência da morte de um cantor popular da etnia majoritária oromo, segundo um balanço baseado em dados divulgados pela polícia.

"Nove policiais, cinco membros das milícias e 215 civis morreram nos distúrbios", anunciou nesta quarta-feira o vice-comandante de polícia da região de Oromia, Mustafa Kedir.

A polícia de Adis Abeba informou que 10 pessoas morreram na capital, incluindo dois agentes.

Adis Abeba e a região de Oromia registraram na semana passada os piores confrontos desde a chegada ao poder do primeiro-ministro Abiy Ahmed em 2018, membro da etnia oromo.

Os confrontos começaram com o assassinato do famoso cantor Hachalu Hundessa, porta-voz dos oromo, que foi atingido por tiros em Adis Abeba em 29 de junho.

Entre as 239 vítimas fatais, algumas morreram na repressão das manifestações pelas forças de segurança e outras em confrontos entre membros de várias comunidades, segundo as autoridades.

Mustafa também informou que alguns bens do governo e propriedades privadas sofreram danos e saques.

Mais de 3.500 suspeitos foram detidos, de acordo com o vice-comandante de polícia.

A violência deixa evidente as tensões étnicas na Etiópia e a fragilidade da transição democrática de Abiy, prêmio Nobel da Paz em 2019.

A ação do governador do Maranhão Flávio Dino para conseguir fazer chegar respiradores no Estado foi interpretada pela Receita Federal como ilegal. O governador rebateu através de uma rede social, nesta segunda-feira (20), as acusações e disse que não admite perseguição. 

Flávio Dino montou uma estratégia para evitar que 107 respiradores e 20 mil máscaras compradas na China em março fosse desviada ou retida pelo governo Bolsonaro, situação que ele afirma já ter acontecido e também desviada para os Estados Unidos como aconteceu com o governo federal e com outros países, por exemplo.

##RECOMENDA##

A carga foi encaminhada para Etiópia, fugindo da Europa, e ao chegar no Brasil, em São Paulo, transferida para o Maranhão. Mas segundo a Receita Federal, a ação foi irregular e não teve licenciamento da Anvisa. 

“A retirada dos equipamentos do recinto aeroportuário não observou os requisitos legais para o regular desembaraço aduaneiro, tendo sido sua remoção realizada sem o prévio licenciamento da Anvisa e sem autorização da Inspetoria Receita Federal", diz o comunicado do órgão federal. A promessa da Receita Federal é de que não vai retirar os respiradores dos hospitais, mas promete agir judicialmente contra todos envolvidos.

Flávio Dino rebateu as acusações e disse não temer exigências do órgão: “Maranhão não praticou nenhuma ilegalidade na compra de respiradores. Mercadorias são legais, existem, estão salvando vidas. A Receita pode abrir o procedimento que quiser e atenderemos às suas exigências. Só não aceitamos ameaças nem perseguições sem sentido", pontuou.

Segundo o governador a 'ação espalhafatosa' da Receita é 'muito barulho por nada': ”a alíquota do imposto de importação é ZERO", rebateu. 

[@#video#@]

 

 

 

 

A Etiópia se prepara para fechar um campo de refugiados eritreus e estabelecer milhares deles em outros, já superlotados, apesar dos temores de que tal operação possa torná-los mais vulneráveis ao coronavírus.

O campo de Hitsats é um dos quatro na região de Tigray (norte), que abriga cerca de 100.000 refugiados da Eritreia, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), de mais de 170.000 refugiados eritreus em todo o país.

As autoridades etíopes informaram o ACNUR no início de março de sua intenção de fechar o campo de Hitsats, como parte de um plano de reconstrução, que foi adiado depois que a Etiópia registrou seus primeiros casos de COVID-19 naquele mesmo mês.

Mas os preparativos para fechar o campo continuaram e as reinstalações podem começar no final de abril, disse o vice-diretor da Agência Etíope para Refugiados e Repatriados, Eyob Awoke.

Os refugiados de Hitsats poderão se reinstalar em outros dois campos ou obter uma permissão para viver e trabalhar de forma independente na Etiópia.

A decisão de fechar Hitsats, que segundo o governo abriga 13.022 refugiados, está parcialmente relacionada aos cortes no orçamento do ACNUR, disse Eyob.

O governo também acredita que pode acomodar melhor os refugiados reestruturando os campos de Tigray, acrescentou.

A Etiópia iniciou no ano passado uma redução de 14% no financiamento da organização, mas isso não justifica o fechamento de um campo, disse à AFP Ann Encontre, representante do ACNUR na Etiópia.

Mover os refugiados de Hitsats para outros campos na região de Tigray "sem dúvida" os tornaria mais vulneráveis à COVID-19, alertou.

Nesses dois campos "não há água suficiente, instalações sanitárias, serviços médicos", disse Encontre. "Não existem instalações e abrigos suficientes para uma chegada tão grande" de refugiados.

Até agora, a Etiópia registrou 92 casos de COVID-19, nenhum deles nos campos de refugiados.

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo, direcionada ao furto e roubo de celulares, prendeu nove pessoas e apreendeu 575 aparelhos na capital e no Aeroporto Internacional em Guarulhos, na região metropolitana. De acordo com as investigações, a maior parte dos produtos roubados tinha como destino alguns países da África, como Senegal e Etiópia. Ainda segundo as autoridades, os itens foram subtraídos das vítimas durante o período de Carnaval.

Conforme informações do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), as ações tiveram início na última segunda-feira (24) com trabalho de campo e de auditores da Receita Federal (RF) que atuam no Aeroporto de Guarulhos. Segundo o Dope, quatro homens foram presos no bairro da Santa Ifigênia, na região central de São Paulo. Já outro suspeito, detido em posse de 98 aparelhos no terminal aeroportuário, despertou a atenção das autoridades pelo fato dos produtos demonstrarem sinais de uso. A partir das ocorrências, as atividades de fiscalização foram reforçadas pelo monitoramento de imagens de raio-x das bagagens, que tiveram como alvo malas despachadas por passageiros de um voo que faria conexão na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, e teria como destino a capital senegalesa Dakar.

##RECOMENDA##

Durante a checagem das equipes de segurança do Aeroporto de Guarulhos, dez bagagens foram identificadas com aparelhos celulares misturados a outros objetos pessoais. As malas pertenciam a quatro passageiros que foram abordados dentro da aeronave e direcionados à unidade policial do terminal aeroportuário. Já na delegacia, a polícia fez a consulta dos números de IMEI (código internacional que identifica aparelhos telefônicos móveis) e constatou que a maioria dos dispositivos tinha registro de queixa de roubo ou furto.

Todos os suspeitos foram detidos em flagrante e devem responder pelo crime de receptação.

Pelo menos dez pessoas morreram, e cerca de 100 ficaram feridas nesta segunda-feira (20), na queda de uma plataforma de madeira, de onde assistiam à festa da Epifania ortodoxa na cidade de Gondar (norte) - informaram fontes médicas.

O incidente ocorreu às 8h locais (2h de Brasília) em Gondar, durante a festa etíope da Epifania, "Timkat", considerada Patrimônio Cultural imaterial da Unesco desde 2019.

Dois médicos do Hospital Universitário de Gondar disseram à AFP que o balanço chega a dez mortos, enquanto um primeiro boletim falava em três óbitos.

"Até agora temos dez mortos", disse à AFP um dos médicos, que pediu anonimato. Esse balanço foi confirmado por um segundo profissional.

Mais cedo, o responsável pela segurança de Gondar, Tesfa Mekonnen, tinha confirmado à imprensa uma contagem inicial de apenas três mortos e cerca de 100 feridos, cinco deles em estado grave.

O festival Timkat é um dos eventos mais importantes para os ortodoxos da Etiópia, que representam em torno de 40% da população do país, de cerca de 110 milhões de habitantes.

Ele é comemorado em todo país, mas as cerimônias mais famosas são as de Gondar, antiga capital do império etíope, a cerca de 700 quilômetros da atual capital, Adis Abeba.

Dezenas de civis foram baleados e mortos em confrontos étnicos no estado de Amhara, no norte da Etiópia - informou uma autoridade regional nesta sexta-feira (3), descrevendo os ataques como atos de vinganças.

"Missões de busca e resgate ainda estão sendo realizadas para encontrar vítimas e sobreviventes dos ataques de segunda-feira, mas posso confirmar que o número de mortos é de várias dezenas", declarou à AFP Geleta Hailu, diretor de comunicações do vizinho estado de Benishangul Gumuz.

O funcionário não forneceu o número exato de mortes, mas acrescentou que mais de 80 pessoas ficaram feridas no ataque contra a etnia gumuz no estado.

Além disso, outras 90 pessoas buscaram refúgio em uma escola local.

Os agressores não foram identificados, mas Geleta disse que a violência parece ser uma vingança pela morte de pelo menos 21 pessoas em incidentes separados no último final de semana passado entre os grupos étnicos gumuz e amhara no estado de Benishangul Gumuz.

Durante os incidentes, que segundo as autoridades começaram com uma briga entre dois trabalhadores, casas foram incendiadas.

Os confrontos em comunidades, tipicamente por disputas de terra, são comuns na Etiópia, onde o rápido aumento da população elevou a pressão em um país com fortes divisões étnicas.

A identificação com a análise de DNA dos restos mortais das 157 vítimas do acidente do Boeing 737 Max 8 na Etiópia, no domingo passado, pode durar seis meses, informou a empresa Ethiopian Airlines neste sábado, em um documento do qual a AFP obteve uma cópia.

"Os resultados da análise de DNA serão anunciados aproximadamente em cinco ou seis meses após a coleta das amostras", informou a companhia aérea, em um documento transmitido aos familiares das vítimas. Este documento foi repassado para a AFP por um parente, que pediu para permanecer anônimo.

O ministro dos Transportes etíopes, Dagmawit Moges, declarou durante uma coletiva de imprensa em Adis Abeba que a investigação sobre as causas do acidente "requer uma análise minuciosa e um tempo considerável para extrair conclusões concretas", acrescentou.

O acidente de domingo, que matou 157 pessoas de 35 nacionalidades, é o segundo em menos de cinco meses com um Boeing 737 Max 8, ao qual muitos países agora proibiram voar, entre eles os Estados Unidos, onde a aeronave é fabricada.

Em circunstâncias similares, um avião do mesmo modelo da companhia indonésia Lion Air caiu no mar em outubro em frente à costa da Indonésia, causando 189 mortos. O informe de investigação preliminar sobre as causas do acidente foi publicado cerca de um mês depois do acidente.

A identificação será feita através da comparação do DNA dos restos mortais das vítimas coletadas no local da tragédia, a cerca de 60 km a leste de Adis Abeba, com as amostras de DNA apresentadas pelas famílias.

Esses parentes podem entregar amostras de DNA em Addis Abeba ou em qualquer escritório da Ethiopian Airlines, de acordo com o documento.

Além disso, objetos pessoais coletados no local do acidente serão devolvidos às famílias em "aproximadamente dois meses" e atestados de óbito serão entregues em duas semanas.

A pessoa que compartilhou o documento com a AFP indicou que seu parente falecido é de confissão judaica e que seu funeral não pode ocorrer sem seus restos mortais.

O prazo de seis meses é difícil de aceitar para a família, de acordo com essa fonte.

As caixas-pretas do Boeing 737 Max 8, da Ethiopian Airlaines, chegaram à França na semana passada para ser analisadas pela agência francesa de investigação e análise, o BEA.

Os dados de uma delas, a gravação das conversas no cockpit já foram extraídos e entregues às autoridades etíopes, indicou a BEA no sábado.

"O trabalho continua" para extrair a informação restante, acrescentou.

A companhia Ethiopian Arlines anunciou nesta segunda-feira (11) que as duas caixas-pretas de seu Boeing 737 MAX 8 que caiu neste domingo (10) a sudeste de Adis-Abeba, acidente que deixou 157 mortos, foram recuperadas.

A caixa-preta com os dados técnicos do voo e a caixa que grava as conversas dentro da cabine foram recuperadas, anunciou a Ethiopian Airlines no Twitter.

A investigação para determinar o que provocou a queda de um Boeing 737 da companhia Ethiopian Airlines no domingo (10) ao sul de Adís Abeba, um acidente que deixou 157 mortos, prossegue nesta segunda-feira (11), dia de luto nacional na Etiópia.

O Quênia, local de destino do voo, também vive uma tragédia: 32 cidadãos do país estavam a bordo, o que faz do país o mais afetado pelo acidente. Além disso, Nairóbi, a capital da nação, é a sede regional da ONU, organização que perdeu vários funcionários na catástrofe.

O Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE), que tem sede na capital queniana, inaugura nesta segunda-feira sua conferência anual, que reúne centenas de delegados de todo o mundo.

O diretor geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Antonio Vitorino, informou que 19 funcionários da ONU morreram no acidente, incluindo pelo menos um membro do PNUE, outro do Programa Mundial de Alimentos (PAM) e vários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Os investigadores da Agência Etíope de Aviação Civil trabalham desde domingo no local da tragédia para recuperar o máximo de escombros e provas, ao mesmo tempo que procuram as caixas-pretas da aeronave.

O CEO da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, confirmou que a investigação acontecerá de forma conjunta entre funcionários etíopes e americanos. A agência responsável pela segurança nos transportes nos Estados Unidos, a NTSB, anunciou o envio de uma equipe.

A companhia aérea também anunciou que interrompeu o uso de todos os seus aviões modelo Boeing 737-8 MAX até nova ordem.

O governo da China pediu às companhias aéreas do país que suspendam os voos com o Boeing 737 MAX 8, que poderão ser retomados quando as autoridades americanas e a Boeing confirmarem "as medidas adotadas para garantir efetivamente a segurança dos voos", anunciou a Administração de Aviação Civil do país.

- "Avião em chamas" -

O voo ET 302 decolou no domingo às 8H38 locais (2H38 de Brasília) em Adis Abeba e desapareceu dos radares seis minutos depois.

O avião, um Boeing 737-800 MAX que a companha havia recebido em 2018, era pilotado por Yared Getachew, que tinha 8.000 horas de voo. A aeronave passou por uma manutenção em 4 de fevereiro.

Na queda, o avião provocou uma grande cratera. O Boeing se desintegrou com o impacto e não era possível distinguir a forma da aeronave, apenas pedaços espalhados.

Tegegn Dechasa, testemunha do acidente, disse que "o avião estava em chamas quando caiu".

"O avião parecia tentar aterrissar em um campo aberto próximo, mas caiu antes de chegar ao local", afirmou outra testemunha, Sisay Gemechu.

- 35 nacionalidades -

As vítimas do acidente eram de 35 nacionalidades diferentes, de acordo com dados provisórios da companhia: 32 quenianos, 18 canadenses, nove etíopes, oito italianos, oito chineses, oito americanos, sete franceses, sete britânicos, seis egípcios, cinco alemães e quatro indianos. Um passageiro viajava com passaporte da ONU. Dois espanhóis também estavam a bordo.

As mensagens de condolências chegaram durante todo o domingo, do primeiro-ministro etíope ao presidente queniano, passando pela União Africana e o secretário-geral da ONU.

Também começaram a ser divulgadas as identidades de alguns passageiros: um deputado eslovaco, Anton Hrnko, perdeu a esposa e dois filhos; entre os chineses estavam turistas, funcionários de empresas e um membro do PNUE. Também havia um arquiteto italiano.

A companhia Ethiopian Airlines, que pertence ao Estado etíope, registrou uma grande expansão nos últimos anos. Sua frota tem mais de 100 aviões, o que faz da empresa a maior do setor na África.

Em 29 de outubro de 2018, um Boeing 737-800 MAX da companhia indonésia Lion Air, caiu no mar de Java, o que provocou 189 mortes. Uma das caixas-pretas revelou problemas no indicador de velocidade, um duro golpe para o avião, uma versão modernizada do 737.

O Ministério Público de Paris abriu investigação sobre o acidente da Ethiopian Airlines, porque há cidadãos franceses entre os 157 mortos. O MP fez o anúncio da decisão neste domingo (10), sem muitos detalhes. Trata-se de procedimento padrão quando cidadãos franceses morrem em outros países.

O governo da França anunciou que oito franceses estão entre as vítimas e abriu um centro de crise para familiares, mas não divulgou identidades. A companhia aérea diz que sete cidadãos franceses estão entre as vitimas. O motivo para a discrepância não ficou claro.

##RECOMENDA##

Separadamente, a autoridade de acidentes aéreos da França, conhecida como BEA, disse que provavelmente se envolveria na investigação liderada pela Etiópia, porque a companhia francesa Safran foi uma das fabricantes dos motores do jato da Boeing, junto com a General Electric.

Autoridades etíopes informaram que provavelmente há autoridades que estariam se deslocando para a Conferência Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nairobi, capital do Quênia, entre as vítimas do acidente aéreo fatal que ocorreu na manhã deste domingo. O evento terá início na segunda-feira (11) e deve contar com a presença de mais de 4,7 mil líderes mundiais.

Um avião da Ethiopian Airlines, modelo Boeing 737, que se deslocava da capital etíope Adis Abeba a Nairóbi, caiu logo após a decolagem. Segundo a companhia aérea, não há sobreviventes no acidente entre os 149 passageiros e oito membros de tripulação que estavam a bordo. Um porta-voz da Ethiopian Airlines afirmou que as vítimas teriam 33 nacionalidades.

##RECOMENDA##

A companhia aérea atualizou há pouco uma lista de nacionalidade das vítimas envolvidas no acidente, totalizando 35 países. Segundo a Ethiopian Airlines, há 32 quenianos, 18 canadenses, 17 etíopes, oito chineses, oito norte-americanos, oito italianos, sete franceses, sete ingleses, seis egípcios, cinco holandeses, cindo alemães, quatro indianos, quatro eslovacos, três russos, três austríacos, três suecos, dois espanhóis, dois israelenses, dois marroquinos, dois poloneses, um belga, um irlandês, um norueguês, um árabe, um sudanês, um indonésio, um moçambicano, um nigeriano, um djibutiense, um ruandês, um somali, um sérvio, togolês, um ugandense, um nepalês e um iemenita, entre as vítimas do acidente. O primeiro-ministro do Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou que dois cidadãos israelenses também estavam entre os passageiros.

Ainda não foram divulgadas as causas deste acidente. O CEO da companhia disse que o piloto enviou pedido de socorro e foi dada permissão para retornar. O operador de tráfego aéreo do país disse que a aeronave apresentou velocidade vertical instável após a decolagem e que a visibilidade parecia estar clara.

A Ethiopian Airlines confirmou que a aeronave caiu seis minutos depois de decolar do aeroporto internacional de Adis Abeba às 8h44 (horário local, 2h44 em Brasília), na altura da cidade de Bishoftu, informou em comunicado. A empresa disse ainda que o avião era novo e que foi incorporado as suas operações em novembro do ano passado.

O Escritório do primeiro-ministro da Etiópia, Aby Ahmed, expressou "suas mais profundas condolências às famílias daqueles que perderam seus entes queridos. Ele considera que a queda tenha deixado vários mortos", segundo lamentou via Twitter. O líder etíope está visitando o local do acidente para prestrar solidariedade às famílias.

O avião, com número de voo ET302, tinha previsto aterrissar no aeroporto internacional de Nairóbi Jomo Kenyatta às 10h25 local.

Itália - O secretário de Cultura da Sicília, o renomado arqueólogo Sebastiano Tusa, é um dos oito italianos mortos no acidente aéreo deste domingo (10) com um avião da Ethiopian Airlines, que fez 157 vítimas.

Tusa, 66 anos, comandava as políticas culturais da quarta região mais populosa da Itália desde abril de 2018, no governo conservador de Nello Musumeci. Ele também era professor de paleontologia na Universidade dos Estudos Freira Orsola Benincasa, de Nápoles.

"Estou destruído, é uma tragédia terrível na qual ainda não consigo acreditar. Perdi um amigo, um trabalhador incansável, um secretário de grande capacidade técnica e equilíbrio, que ia ao Quênia a trabalho. Um homem honesto e de bem, que amava a Sicília como poucos", disse o governador Musumeci.

Filho do também famoso arqueólogo Vincenzo Tusa, o italiano viajava para o Quênia, onde já havia estado em dezembro passado com sua esposa, Valeria Patrizia Li Vigni, diretora do Museu de Arte Contemporânea de Palermo. Ele participaria de uma conferência de arqueologia da Unesco.

Com informações da AE, AP e Ansa

A lista de oito italianos mortos no acidente aéreo também inclui dois homens e uma mulher que trabalhavam como voluntários de uma ONG de Bergamo que realiza ações na África. O avião da Ethiopian Airlines viajava de Adis Abeba a Nairóbi e caiu seis minutos depois da decolagem.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando