A empresária Maria do Céu, dona da boate Metrópole e do Bar do Céu, ambos localizados na Rua das Ninfas, polo da noite LGBT no Centro do Recife, usou suas redes sociais para denunciar uma operação conjunta entre a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros na via, na noite da última sexta (29), que classificou como “truculenta e homofóbica”. Ao LeiaJá, a empreendedora afirmou ainda que todas as casas noturnas da rua, com exceção à Metrópole, foram interditadas. “Foi uma operação abusiva da Secretaria de Defesa Social. Foram fechar uma rua LGBT, mas não vão, porque aquele é um lugar de resistência”, afirma.
As câmeras de segurança do Bar do Céu flagraram o momento em que aproximadamente dez policiais entram no bar e começam a revistar os clientes. Um rapaz, sentado em uma das mesas, é abordado por um policial, leva as mãos à cabeça e é revistado por um policial. Em uma das imagens, é possível ver que outros homens são abordados da mesma forma pelos oficiais. “Constrangedor. Tinha mais polícia que cliente. Entraram dando baculejo, estamos vivendo tempos difíceis. Como sou pré candidata a deputada estadual pelo PPS, que faz oposição ao governo do PSB, as pessoas estão vendo até como perseguição”, completa a empresária.
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A gerente do Bar do Céu, Tereza Montarroyos, estava no estabelecimento quando a polícia chegou. “Pediram nosso alvará de funcionamento, que estava lá e inclusive foi renovado em abril deste ano. Interditaram o bar afirmando que ele estava como ‘comércio’ ao invés de ‘boate’. Mas essa classificação foi uma avaliação dos próprios bombeiros”, comenta. Tereza acrescenta que a ação se estendeu a todos os estabelecimentos noturnos da rua. “Está tudo fechado, todos interditados, menos a Metrópole, que chegou a ser notificada pelo mesmo motivo. “Comércio no lugar de boate. A Metrópole já tem 16 anos de mercado e nunca foi outra coisa. Se tem algo errado, não é por culpa nossa”, completa.
Segundo Tereza, os empreendedores da Rua das Ninfas se reúnem neste sábado (30) para discutir a situação. “A rua estava sofrendo um descaso muito grande do estado. Não houve comunicação, deveriam ter nos falado da operação, que até ajudaríamos. Fiquei me sentindo uma bandida, o que fiz de errado?” questiona a gerente. Apesar da interdição de todas as demais casas noturnas, a Metrópole segue funcionando. “Na terça, quando o Corpo de Bombeiros volta a funcionar normalmente, a gente vai lá para eles trocarem a ‘palavrinha’”, queixa-se Maria do Céu.
Até o fechamento da reportagem a assessoria de imprensa da Polícia Militar não deu nenhum retorno sobre a operação.