Entre as dezenas de filmes de Jean-Luc Godard (JLG), três entraram para a história do cinema de forma deslumbrante: "Acossado", "O Desprezo" e "O Demônio das Onze Horas", todos eles filmados nos anos 1960.
"Acossado" (1960)
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É o primeiro longa-metragem de Godard, rodado com um orçamento muito baixo.
O filme segue o itinerário de um ladrão mesquinho (Jean-Paul Belmondo) que acaba de roubar um carro e matar um policial. Perseguido pela polícia, ele tenta convencer sua namorada americana (Jean Seberg) a ir para a Itália.
"Uma experiência louca: não havia luzes, nem maquiagem, nem som (profissional)", lembrou Jean Seberg anos depois. "Mas era tão contrário à maneira de trabalhar em Hollywood que ficou muito natural", acrescenta.
O filme se tornou a bandeira 'Nouvelle Vague' do cinema e foi uma verdadeira declaração dos princípios de Godard. Um longa-metragem cheio de referências culturais, com uma montagem agitada, música repetitiva, bares, carros, hotéis...
A caminhada de Belmondo e Seberg ppr Champs-Élysées Elíseos, ela vendedora do New York Herald Tribune, ele com um cigarro entre os lábios, é uma cena antológica.
O filme recebeu o prêmio Jean-Vigo em 1960. Godard ganhou o Urso de Prata no festival de Berlim naquele mesmo ano.
"O Desprezo" (1963)
A mulher (Brigitte Bardot) de um roteirista (Michel Piccoli) se distancia de seu marido e confessa seu desprezo durante os preparativos de um filme, no qual o diretor de cinema Fritz Lang também participa, interpretando a si mesmo.
É o sexto filme de Jean-Luc Godard e seu maior sucesso, em grande parte graças à carga erótica da estrela do momento, Brigitte Bardot.
Durante a gravação de "O Desprezo", "BB" é assediada pelos paparazzi. Os produtores querem a todo custo que ela apareça nua. JLG acaba cedendo, em parte. Adiciona ao filme uma sequência que se tornou outro ícone da história do cinema: Bardot, jogada na cama, pergunta ao seu marido sobre qual parte de seu corpo ele prefere. "Você gosta do meu rosto? Da minha boca? Dos meus olhos? Do meu nariz? Das minhas orelhas?".
O filme é uma adaptação de um romance de Alberto Moravia e se passa na Casa Malaparte, que o escritor Curzio Malaparte construiu às margens do Mediterrâneo, em Capri. Segundo Piccoli, trata-se de uma obra extremamente autobiográfica.
Godard era casado na época com a atriz Anna Karina. Eles se separaram em 1965.
"O Demônio das Onze Horas" (1965)
JLG dirige Anna Karina pela sexta vez. O fenômeno da Nouvelle Vague já começa a declinar e Godard, mais livre do que nunca, grava um filme de cores brilhantes, um verdadeiro festival de fogos de artifício.
Pierrot (novamente Belmondo) é um homem que deixa tudo para trás para fugir com Marianne (Anna Karina), uma velha amiga com quem cruza novamente por acaso.
O filme é um "road movie" em que se misturam tráfico de armas, grandes conversas sobre amor, tudo filmado com insolência, mesclando tomadas de grande angular e conversas surrealistas.
O filme foi proibido para os menores de 18 anos na França por "anarquismo intelectual e moral". Décadas depois, diretores como Quentin Tarantino e Leos Carax reconheceram a influência do filme sobre sua obra.
... e o resto
Jean-Luc Godard gravou 125 filmes, entre longas e curta-metragens, obras de ficção e documentários.
Outros filmes de destaque são "O Pequeno Soldado" (1963), "Viver a Vida" (1962), "Alphaville" (1965), "Eu vos Saúdo, Maria" (1984).
Este último filme, uma visão moderna da virgindade de Maria, provocou polêmica em países católicos, que organizaram protestos em frente aos cinemas onde era exibido.