Era uma tarde ensolarada em Paris e Gisele Bündchen havia acabado de participar do desfile da Chanel. Dias antes, seu nome reluzia na lista das 100 celebridades mais poderosas e influentes do mundo, feita pela revista norte-americana Forbes.
Às vésperas de completar 20 anos de carreira, Gisele apareceu em 56.º lugar e foi a única brasileira na lista. Com exclusividade ao jornal O Estado de S.Paulo, a top falou sobre seu momento na carreira e sobre sua última empreitada ao lado do diretor australiano Baz Luhrmann, no filme feito para a campanha do perfume Chanel N.º 5, no qual ela deu a ideia de aparecer surfando. "Baz me explicou que queria retratar uma mulher atual, que é mãe, esposa, tem uma carreira, enfim, exatamente como nós", diz ela. "Por isso, me identifiquei tanto e pude até colaborar com a história." A seguir, trechos da entrevista.
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O desafio de atuar
Meu maior objetivo como ser humano é tentar ser o melhor que posso. Quando você está confortável, não está crescendo. Estou sempre me desafiando em direções diferentes, que não são necessariamente agradáveis. Se acho que estou estagnada, faço algo. Eu me vejo sempre procurando crescer e aprender. Nesse momento, quero ser a melhor mãe que eu posso, dar o melhor exemplo para os meus filhos e me colocar como uma pessoa autêntica. E quanto a ser a atriz? A gente vai ver, o tempo dirá.
A parceria com Baz Luhrmann
O perfume Chanel N.º 5 é um ícone da moda. Quando me chamaram para fazer o comercial, foi uma honra. Fiquei feliz, especialmente, quando sentei com o Baz para decidir quem era essa mulher moderna da Chanel. Na campanha que ele dirigiu anteriormente para a marca, que Nicole Kidman estrelava, essa mulher era uma deusa intocável. Agora, a ideia era fazer uma mulher mais atual, mãe, esposa, que tem uma carreira. Foi tão fantástico trabalhar com Baz porque ele tem tanta paixão pelo o que faz. E foi tão gentil comigo, apesar de eu não ser atriz. Por outro lado, para mim, foi fácil entender as questões dessa mulher porque são exatamente as mesmas que as minhas.
Mulher moderna
Hoje vivemos uma certa vulnerabilidade e estamos tentando encontrar um equilíbrio entre ser sexy, ser mãe e ainda seguir uma carreira profissional. Para mim, a meditação funciona muito. Acho importante tentar se desligar de toda a loucura que acontece à nossa volta. Por isso, chego a acordar às 5h30 da manhã para meditar, porque é a única hora que dá. Se deixo para depois, as crianças já começam: Mamãe, quero isso, quero aquilo! E quero agora!. Eles não sabem esperar cinco minutos.
O lado surfista
Em cena, a personagem precisava de um espaço para meditar. Daí, contei para o Baz que gostava de surfar e que, no mar, a gente consegue ter esse momento tranquilo de reflexão. No final, achamos que a cena seria apropriada. Fomos conversando, adaptando a história e o roteiro foi crescendo.
Projetos futuros
Já tive visões de mim como uma mulher mais velha, rodeada por muitas crianças. Acho que, no futuro, vou trabalhar com crianças. Elas têm um amor tão puro, tanta energia, são tão verdadeiras. Quero muito pensar em projetos e ações para ajudá-las. Acho que isso vai acontecer porque são as escolhas que a gente faz ao longo da vida que criam nossa realidade.
Casamento
Para mim, é muito importante sair, pelo menos, uma vez por semana de casa só para namorar com o meu marido. Porque, às vezes, em casa, eles acabam vendo a gente na pior das situações. Na semana passada, por exemplo, eu estava desempacotando umas 200 caixas, toda largada, com pó na minha cara, suada... Meu marido deve ter pensado: Meu Deus, foi com essa mulher que eu casei?. É comum a gente esquecer de se arrumar para eles. Acho bom ter um dia especial, em que passo um rímel, penteio o cabelo, coloco uma roupinha, uma lingerie bonita. E me sinto bem comigo mesma, para ficar bem com ele.
Família
O que mais me importa é a minha família. Quando você vira mãe, fica emocionada. A vida fica muito mais emocionante. Mas não existe vida perfeita. As pessoas olham de fora e falam: Ai, essa vida é perfeita. Mas o que é isso? A gente passa por dificuldades o tempo todo. Tem uma coisa que eu acredito e até comentei isso com o Baz: No final, eu escolho sempre o amor.