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A data 13 de maio ficou marcada no calendário histórico do Brasil por ter sido neste dia que a Princesa Isabel, em 1888, assinou a Lei Áurea, documento que aboliu oficialmente a escravidão no país. No entanto, os desdobramentos desse momento tão esperado não se deram a contento e, apesar de ‘libertos,’ os  ex-escravos não encontraram qualquer medida de compensação ou apoio para serem integrados como deveriam à sociedade.

A repercussão dos quase três séculos de escravidão no país, e de uma abolição apenas formal, pode ser sentida até os dias de hoje, através das desigualdades e exclusão descaradamente encontradas na sociedade que, apesar de ter 19,2 milhões de pessoas autodeclaradas pretas, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2018, ainda carece de políticas afirmativas e de valorização a essa população. 

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Sendo assim, o 13 de Maio foi tomado pelo movimento negro não como uma data a ser comemorada mas sim como um dia de luta contra o racismo. A arte é um dos veículos que podem ajudar nesse combate, sendo ferramenta de educação e conscientização sobre as  questões raciais. O LeiaJá separou algumas dicas de livros, filmes e músicas que tocam nesse tema e que podem te ajudar a entender melhor sobre ele. Confira. 

CINEMA

Branco sai, preto fica

Após um tiroteio em um baile black na periferia de Brasília, dois homens ficam feridos. Um terceiro homem vem do futuro para provar que a culpa pelo ocorrido é da sociedade repressiva. Disponível na Netflix. 

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Cidade de Deus

O filme retrata a vida em uma das favelas consideradas a mais violenta do Rio de Janeiro. 

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LITERATURA

O quarto do despejo – diário de uma favelada - Carolina de Jesus

Escrito em 1960, o livro é o diário autobiográfico de Carolina, uma catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e favelada. O diário registra fatos importantes da vida social e política do Brasil com impressões pessoais de Carolina sobre a vida na favela.

Na minha Pele - Lázaro Ramos

Mais conhecido como ator, Lázaro também se dedica à literatura. Em Na minha pele, ele fala sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação.

MÚSICA

Suspeito Tradicional - Gregory

O rapper Gregory canta sobre como a cor da pele pode tornar alguém “suspeito” e até condenado pela a polícia, ou até mesmo outras pessoas na rua, no Brasil.  

O canto das três raças - Clara Nunes

Uma música que lembra as dores e a revolta do povo negro, além dos indígenas, na poderosa voz da sambista Clara Nunes. 

Negro drama - Racionais Mc’s

O Racionais tem uma vasta lista de músicas que falam sobre a realidade do povo preto no país. Negro Drama é apenas uma delas, vale a pena conhecer. 

Após uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal em São Paulo instaurou ação penal e processou os responsáveis pela marca feminina Gregory e mais quatro pessoas por submeter bolivianos a condições análogas à de escravo em oficinas de costura na cidade e Região Metropolitana de São Paulo.  

O caso aconteceu em 2002, e na época, entre fevereiro e março, foram encontrados 22 funcionários em situação exploratória. Segundo o MPF, além das péssimas condições dos alojamentos, que incluíam sujeira, infiltrações, instalações sanitárias precárias e irregularidades na rede elétrica, os costureiros eram submetidos a jornadas que variavam entre 14 e 17 horas por dia.  

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De acordo com o relatório fiscal que embasou a denúncia, os estabelecimentos e oficinas de costura nos locais mencionados, eram contratados por fornecedores diretos da Gregory para a confecção de peças de vestuário desenvolvidas pela marca, em um sistema de quarteirização da produção. 

Além de Antonio Matos Duca e Delmira Matos Duca Giovaneli, donos da marca, outros réus são dois bolivianos que administravam uma oficina no Jardim Peri, na zona norte da capital paulista. Cesar Antonio Morales Cardenas e seu pai Jorge Frumencio Morales Mollericon empregavam dez funcionários aliciados na Bolívia, que viviam e trabalhavam no mesmo local, junto com seus filhos. 

Todos os 22 funcionários recebiam em média R$ 3 por peça produzida e ainda pagavam com sua força de trabalho pelas passagens. Em nota publicada nesta quarta-feira (30), o MPF disse que os empregadores limitavam o uso dos salários, coagindo os funcionários a adquirirem bens essenciais na própria oficina, bem como controlavam o acesso à comida, mantendo os alimentos em uma dispensa trancada com correntes e cadeados. “Somente com muitas horas de trabalho os costureiros conseguiam auferir algum ganho, após descontados os valores de habitação e alimentação, descontos estes que sequer eram percebidos pelas vítimas”, afirma a denúncia. 

Entenda o caso 

A primeira oficina investigada, de Cesar e Jorge, costurava roupas exclusivamente para a Gregory e para a marca Belart, da empresa WS Modas Ltda., que pertence ao coreano Won Yong Paek, também denunciado. 

Segundo as investigações do caso, a WS Modas funcionava como intermediária na cadeia produtiva, pois, apesar de contratada como fornecedora direta da Gregory, não possuía capacidade técnica para confeccionar o volume de peças encomendadas e, por isso, quarteirizava a produção para a oficina de Cesar e Jorge. 

Ainda que não possuísse máquinas de costura e empregados para a confecção das vestimentas, a empresa de propriedade da denunciada Patricia Su Hyun Ha, contratada como fornecedora da Gregory, intermediava a subcontratação de outras três oficinas, localizadas na Vila Dionísia, na zona norte da capital, no Belém, na zona leste, e em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, as quais utilizavam mão de obra informal. Ao todo, 12 bolivianos atuavam nos estabelecimentos, que produziam exclusivamente peças da Gregory. 

O Ministério Público Federal encontrou no local infiltrações, instalações sanitárias precárias e irregularidades na rede elétrica, com grave e iminente risco de incêndio. Além disso, para o MPF, tanto Patrícia quanto Won declararam que desconheciam as condições em que as atividades eram prestadas, pois não realizaram vistoria nas oficinas contratadas. O que evidenciou para os investigadores que os denunciados aceitavam o risco de tomar serviços de pessoas submetidas a circunstâncias degradantes de trabalho. 

Por fim, o MPF concluiu juntamente com a Justiça Federal que as provas colhidas reforçam a responsabilidade direta da Gregory e de seus donos pela exploração de trabalhadores em condição análoga à de escravo, por meio da utilização de oficinas de costura subcontratadas. “Os responsáveis legais da Gregory ocupavam o topo de uma cadeia quarteirizada de produção de peças de vestuário, intermediada pelas empresas de confecção WS Modas Ltda. e Patricia Su Hyun Ha Ltda.. As oficinas inspecionadas prestavam, na verdade, serviços encomendados pela Gregory, sendo ela a real empregadora das vítimas resgatadas”, destaca o documento. 

Crimes - Os seis réus vão responder pelo crime de reduzir os trabalhadores a condição análoga à de escravo, conforme disposto no art. 149 do Código Penal. A pena prevista varia entre dois e oito anos de prisão para cada vítima identificada, além do pagamento de multa. 

Confira o documento do processo judicial.   

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