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Das 33 milhões pessoas que passam fome no Brasil, 80% são mulheres e a grande maioria é de mães solos e negras. Esses números são acompanhados do aumento de casos de violência, em especial de feminicídio e misoginia. As estatísticas alarmantes foram apresentadas pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que após onze meses à frente da pasta prestou informações à Comissão de Direitos Humanos (CDH), nesta terça-feira (21), quando apresentou o trabalho que está sendo desenvolvido em sua gestão. 

— As mulheres estão num quadro de exclusão social absoluto — alertou a ministra. Portanto, discutir como enfrentar a fome, passa pela discussão de políticas para as mulheres, segundo a Cida. Ela enfatizou que, pela primeira, vez criou-se um ministério exclusivo para a defesa dos direitos das mulheres. 

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Presidente da CDH, o senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou, a propósito, a recente aprovação no Congresso do projeto de lei que culminou na sanção da Lei 14.611/2023, garantindo igualdade de salário e de critérios de remuneração entre trabalhadoras e trabalhadores nas mesmas funções.

  — As mulheres têm de apropriar dessa lei — pregou o senador, ao defender que se faça cumprir a legislação instituída em julho deste ano e que estava há pelo menos 20 anos em debate no Legislativo.

Cida Gonçalves destacou ainda que as mulheres não conseguem ser chefes, porque no fim da tarde têm de pegar os filhos nas creches e outras preocupações domésticas que acabam impossibilitando-as de se dedicarem mais tempo a cargos profissionais.  

"Mesmo que um chefe reconheça suas qualidades para uma função de chefia, ela não aceita. As mulheres não conseguem ter a ascensão porque a responsabilidade do serviço [em casa] e do cuidado ainda é da mulher. (...) Precisamos ter equidade, mas não vamos conseguir discutir equidade, se não tivermos igualdade", argumentou a ministra. 

Na opinião do senador Fabiano Contarato (PT-ES), apesar dos direitos previstos na Constituição, “ainda há muito o que se fazer num Brasil tão desigual, num Brasil tão sexista, num Brasil tão machista". 

O parlamentar disse ter ficado muito feliz com o tema da redação do Enem deste ano: o trabalho e o dever de cuidado, um encargo majoritariamente entregue às mulheres e, ainda por cima, invisibilizado.

 "Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. É uma função nossa dar efetividade a essa garantia constitucional". 

Violência

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) chamou atenção para a falta de autonomia das mulheres, em especial no que toca à questão financeira. A parlamentar lembrou que uma grande parte das mulheres não consegue sequer denunciar atos violentos da parte do marido. Por ser ele o provedor da casa, temem não dispor de recursos para a criação dos filhos caso o cônjuge venha a ser preso: "Mulheres que às vezes não têm o dinheiro do vale transporte para ir à delegacia. Essa é a realidade", expôs Eliziane.   

Em 2021, uma mulher era assassinada a cada sete horas. Em 2022, o feminicídio passou a ocorrer a cada seis horas. Além do aumento da violência, houve aumento dos casos de crueldade, segundo a ministra. "Os agressores matam os filhos, para depois matarem as mulheres. Ou ateiam fogo nas casas com as mulheres e os filhos dentro", relatou a gestora. 

Para Cida, não é preciso haver aumento de pena, mas julgamento e punição. Se há risco de vida, o Estado tem que proteger a mulher. Por isso, a ministra defende, como medida protetiva, o uso de tornozeleira eletrônica por homens que praticam violência contra as mulheres. 

Leila Barros (PDT-DF) também destacou o aumento dos casos de feminicídio e ratificou a necessidade de implementação de políticas para que as mulheres saiam do ciclo de violência. A senadora manifestou o apoio da bancada feminina do Senado a essa luta, para que “possamos juntas levarmos mais orçamento para o ministério”.  Brasil sem Misoginia O combate à misoginia — ódio ou aversão às mulheres — é uma das principais frentes de atuação ministerial, que conta com R$ 23 milhões em orçamento para áreas fins. 

Segundo Cida Gonçalves, a questão da discriminação, do preconceito e do ódio contra as mulheres se sustenta em um país que hoje se rege a partir da intolerância ideológica,

  "Qual é o fenômeno que está acontecendo no Brasil que permite um aumento da violência dessa forma? Enfrentar a misoginia é um passo estratégico para que possamos de fato ter um país que garanta os direitos das mulheres.  Por essa razão, a misoginia não pode ser um problema só do governo, ponderou Cida. Tem de ser combatido a partir de um movimento do indivíduo para a sociedade.

Ela advertiu que há hoje 80 canais que empregam o ódio contra as mulheres no YouTube e desses, 35 são monetizados:  — O que mais assusta é que esses 80 canais têm oito milhões de seguidores. São oito milhões de pessoas todos os dias sendo incentivadas pelo ódio. Não podemos aceitar.  Além de trabalhar pela autonomia econômica das mulheres e o enfrentamento à violência e à misoginia, também é pauta do ministério o empoderamento das mulheres, acrescentou a gestora.

Capilaridade Há 300 unidades voltadas e à elaboração de políticas para as mulheres no país. No entento, seriam necessárias pelo menos 2,5 mil secretarias nos estados e municípios dedicadas a discutir os problemas das mulheres e criar mecanismos para defendê-las: "Não é possível discutir se não tivermos secretarias das mulheres fortes nos estados, nos municípios. Eu posso fazer uma política nacional, mas não tenho capilaridade para discutir a política no restante do país. Precisamos que essa Casa nos ajude", pediu a ministra. 

Há hoje 12 casas das Mulher Brasileira em funcionamento, mas somente em 2023 foram recebidas 62 solicitações de implantação de novas unidades.

Cida disse ser ainda um desafio a implementação das delegacias 24 horas, conforme determinado pela Lei 14.541 de 2023, sancionada em abril deste ano para garantir o funcionamento ininterrupto das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher.

A ministra explicou que os governadores alegam falta de condições para implementarem essa medida — pelo menos por enquanto. A saída é desenvolver um planejamento para que a lei 14.541 possa ser aplicada. Somente pelo Ligue 180, são recebidas 1.525 ligações diariamente. O serviço oferece espaço para denúncias e presta informação básica sobre os direitos das mulheres.

Além do uso das tornozeleiras pelos agressores, a ministra defendeu a Patrulha Maria da Penha, com profissionais que acompanhem as mulheres em situação de risco:  — Esse acompanhamento é fundamental. Quando uma mulher morre, todos nós somos culpados. O silêncio da sociedade brasileira é que assassina as mulheres todos os dias.

*Da Agência Senado

A extrema pobreza dificulta a sobrevivência de mais de 1,2 milhão de pernambucanos. A informação consta na Síntese de Indicadores Sociais 2020 (SIS), divulgada nessa quinta-feira (12) pelo IBGE, com dados relativos a 2019. Segundo o levantamento, Pernambuco está em terceiro lugar em desigualdade entre os estados, e Recife é a capital mais desigual do país, com índice de 0,612, posição que não ocupava desde 2016. 

Isso significa que 13% da população possui renda mensal domiciliar per capita inferior a R$ 151 (US$ 1,9 por dia, equivalente, na cotação do dia desta publicação, a R$ 10,39), critério adotado pelo Banco Mundial para identificar a condição de extrema pobreza. É o maior patamar da série histórica iniciada em 2012, e o dobro da média nacional, de 6,5%, que se manteve inalterada entre um ano e outro. Em 2018, os muito pobres eram 11,4% da população. 

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No Recife, cerca de 115 mil pessoas, ou 7% da população da capital, vivem abaixo da linha de extrema pobreza.

A síntese mostra ainda que a extrema pobreza implica em menor acesso a serviços básicos. 9% dos pernambucanos com renda mensal inferior a R$ 10,39 por dia não têm a cobertura de nenhum tipo de programa de proteção social. 28,6% têm ao menos uma precariedade nas condições de moradia, 38,8% têm dificuldade no acesso à educação, 47,1% não têm conexão à Internet e 66,5% vivem em domicílios sem saneamento básico.

A SIS também demonstra que o índice de pessoas pobres em Pernambuco passou de 41,1% em 2018 para 41,8% em 2019. Este foi o pior resultado em sete anos. Isso significa que pouco mais de quatro em cada dez pernambucanos vivem com menos de R$ 436 reais por mês, ou US$ 5,5 por dia (R$ 30,07), de acordo com o mesmo critério do Banco Mundial. O resultado supera a média nacional, de 24,7% da população abaixo da linha de pobreza.

Comparativo e questões raciais

A desigualdade na distribuição de renda é medida pelo índice de Gini, dado que também faz parte da Síntese de Indicadores Sociais. Ano passado, Pernambuco foi o terceiro estado com maior concentração de renda do Brasil, com 0,573, atrás apenas de Sergipe (0,580) e Roraima (0,576).

Recife, por sua vez, é a capital brasileira mais desigual, com índice de 0,612. A cidade é seguida por João Pessoa (0,591) e Aracaju (0,581). Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada nas mãos de poucas pessoas. O índice de Gini do Brasil, o nono país mais desigual do mundo, é de 0,543, inferior aos índices tanto de Pernambuco quanto do Recife. Tanto o estado quanto a capital seguiram a tendência do Nordeste, única região do país a ter aumento no índice entre 2018 e 2019.

Os resultados são ainda mais preocupantes entre as pessoas de cor preta ou parda que, segundo os números, têm pouco mais da metade da renda domiciliar per capita dos brancos

Em 2019, o rendimento médio domiciliar per capita da população pernambucana foi de R$ 954,; no Recife, o valor é praticamente o dobro: R$ 1.899. No ano passado, 75,5% da população pernambucana tinha rendimento médio domiciliar per capita de até um salário mínimo.

Pessoas de cor ou raça preta ou parda tiveram rendimento médio domiciliar per capita de R$ 771, pouco mais da metade do rendimento de R$ 1.347 das pessoas de cor ou raça branca, uma diferença de R$ 576. Além disso, entre os 10% da população com menores rendimentos, três quartos, ou 75,4%, são pretos e pardos. Já entre os 10% com maiores rendimentos, mais da metade, ou seja, 56,5%, é branca.

A situação se repete quanto às oportunidades e remuneração das pessoas de cor. Apesar do desemprego ser maior para esse grupo, os salários são menores. A taxa de desocupação, em 2019, era de 16,3%, contra 12,5% entre os brancos e acima da média de 15,1% para a população em geral. A desocupação entre as mulheres era ainda maior, alcançando 17% no período, enquanto, para os homens, o índice era de 13,6%.

O tempo de procura de trabalho para a população desocupada também foi mensurado na pesquisa pela primeira vez. Das 631 mil pessoas desempregadas em 2019, 14,6% delas procurava uma ocupação há menos de um mês, 31,6% de um mês a menos de um ano, 16,5% entre um ano e dois anos e a maior parte, 37,4%, há dois anos ou mais.

Os pretos e pardos também recebem menores salários do que a população branca, seja em ocupações formais ou informais. Enquanto os brancos recebem, em média, R$ 3.130, quando estão formalizados, o valor cai para R$ 1.942 entre pretos e pardos. Os trabalhadores informalis branco recebem por volta de R$ 1.324, os pretos e pardos recebem menos de um salário mínimo, ou R$ 873.

Nesta quinta-feira (4), a Universidade Guarulhos (UNG) promove uma live com o tema "Pandemia da Covid-19 - Determinantes Sociais e sua Influência na Mortalidade de Grupos Vulneráveis", no Instagram @ung.centro, às 17h. A iniciativa faz parte do "Chega na Live".

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O encontro será liderado pelo coordenador do curso de Farmácia da UNG, Fábio da Silva, e do professor Dirceu de Melo. "A Covid-19 não distingue classe social, mas as diferenças podem impactar no número de vítimas" diz Silva. "As pessoas que hoje tem um acesso melhor a um sistema de saúde vão ter muito mais chances de superar a doença, se comparado aos que são obrigados a se submeterem ao atendimento público", complementa.

Com o objetivo de destacar a importância de observar as diferenças sociais, os professores irão debater sobre o desafio dos menos favorecidos diante do período de pandemia, destacando os que tiveram seu salário reduzido, os que perderam emprego e os que estão na fila para receber o auxílio emergencial do governo. "Queremos mostrar o desequilíbrio que existe entre as classes sociais", explica Silva.

A data 13 de maio ficou marcada no calendário histórico do Brasil por ter sido neste dia que a Princesa Isabel, em 1888, assinou a Lei Áurea, documento que aboliu oficialmente a escravidão no país. No entanto, os desdobramentos desse momento tão esperado não se deram a contento e, apesar de ‘libertos,’ os  ex-escravos não encontraram qualquer medida de compensação ou apoio para serem integrados como deveriam à sociedade.

A repercussão dos quase três séculos de escravidão no país, e de uma abolição apenas formal, pode ser sentida até os dias de hoje, através das desigualdades e exclusão descaradamente encontradas na sociedade que, apesar de ter 19,2 milhões de pessoas autodeclaradas pretas, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2018, ainda carece de políticas afirmativas e de valorização a essa população. 

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Sendo assim, o 13 de Maio foi tomado pelo movimento negro não como uma data a ser comemorada mas sim como um dia de luta contra o racismo. A arte é um dos veículos que podem ajudar nesse combate, sendo ferramenta de educação e conscientização sobre as  questões raciais. O LeiaJá separou algumas dicas de livros, filmes e músicas que tocam nesse tema e que podem te ajudar a entender melhor sobre ele. Confira. 

CINEMA

Branco sai, preto fica

Após um tiroteio em um baile black na periferia de Brasília, dois homens ficam feridos. Um terceiro homem vem do futuro para provar que a culpa pelo ocorrido é da sociedade repressiva. Disponível na Netflix. 

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Cidade de Deus

O filme retrata a vida em uma das favelas consideradas a mais violenta do Rio de Janeiro. 

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LITERATURA

O quarto do despejo – diário de uma favelada - Carolina de Jesus

Escrito em 1960, o livro é o diário autobiográfico de Carolina, uma catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e favelada. O diário registra fatos importantes da vida social e política do Brasil com impressões pessoais de Carolina sobre a vida na favela.

Na minha Pele - Lázaro Ramos

Mais conhecido como ator, Lázaro também se dedica à literatura. Em Na minha pele, ele fala sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação.

MÚSICA

Suspeito Tradicional - Gregory

O rapper Gregory canta sobre como a cor da pele pode tornar alguém “suspeito” e até condenado pela a polícia, ou até mesmo outras pessoas na rua, no Brasil.  

O canto das três raças - Clara Nunes

Uma música que lembra as dores e a revolta do povo negro, além dos indígenas, na poderosa voz da sambista Clara Nunes. 

Negro drama - Racionais Mc’s

O Racionais tem uma vasta lista de músicas que falam sobre a realidade do povo preto no país. Negro Drama é apenas uma delas, vale a pena conhecer. 

Um relatório do “Panorama Social da América Latina 2019”, divulgado no último mês de novembro, durante a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), aponta que Brasil e Venezuela devem liderar o ranking dos países que tiveram esforços reduzidos no combate à desigualdade social e a pobreza. De acordo com o Cepal, as duas nações serão responsáveis pelo aumento em 6 milhões de miseráveis nos territórios latino-americanos. O estudo estima 191 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, sendo que 72 milhões viverão em situação extrema.

Ainda de acordo com o estudo, após um período considerável de avanços entre 2002 e 2014, o ritmo do crescimento começou a baixar no ano de 2015. O mesmo relatório aponta que a América Latina é a área mais desigual do planeta. Segundo o Índice de Gini, que mede a desigualdade social entre as nações, em 2002 o Brasil apresentava 0,579 (quanto mais perto de 1, mais desigual é o país). No ano de 2014, o indicador atingiu 0,514. Já em 2018, o número chegou a 0,540, o que faz do país o mais desigual da região.

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Os dados da desigualdade também refletem na desnutrição do povo brasileiro. O Brasil registra 17 mortes a cada ano por complicações decorrentes da desnutrição. Os dados são originários da pesquisa Datasus, realizada entre os anos de 2008 e 2017. De acordo com o mesmo levantamento, 63.172 pessoas morreram no país por causas relacionadas ao não recebimento de nutrientes necessários.

As mortes por desnutrição também têm relação com a população que vive abaixo da linha da pobreza. A Síntese de Indicadores Sociais 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que em 2018 13,5 milhões de pessoas viviam com apenas R$ 145 mensais no Brasil. O estudo ainda mostra que 52,5 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 420 por mês.

Segundo a Cepal, em 2015, 174 milhões de pessoas da América Latina viviam abaixo da linha da pobreza e 52 milhões em situação de extrema pobreza.

O deputado João Paulo (PCdoB) afirmou, na sessão plenária da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nessa quarta-feira (9), que a desigualdade social voltou a crescer no Brasil. Segundo o parlamentar, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta um crescimento acentuado da concentração de renda, revelando que não está havendo nenhuma medida governamental para minimizar o problema.

“A pesquisa mostra que o abismo vem junto com o predomínio da informalidade e com a lenta recuperação do emprego formal no Brasil. Famílias de renda muito baixa diminuíram seus ganhos e os mais ricos têm tido aumento salarial”, pontuou. De acordo com João Paulo, enquanto as famílias de renda muito baixa registraram um recuo de 1,4% nos seus rendimentos médios reais no 2º trimestre de 2019, o segmento mais rico da população obteve uma alta salarial de 1,5%.

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O deputado informou que o documento do Ipea aponta que a diferença salarial entre os domicílios mais ricos e os mais pobres é explicada, em parte, por um aumento mais forte da inflação nas classes de renda mais baixa. “De acordo com o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, essa parcela da população foi mais impactada pelos reajustes de energia elétrica, tarifas de ônibus e medicamentos”, salientou.

Ele lamentou o que chamou de “falta de atitude do Governo Jair Bolsonaro” diante desse cenário. “O presidente segue no padrão negacionista. Para ele, a solução seria o incentivo ao empreendedorismo, porque cada um tem de cuidar de si”, criticou. João Paulo classificou a postura do gestor como falta de compromisso com o povo e concluiu citando uma frase do ex-presidente Lula, extraída de uma carta encaminhada ao último congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT): “É preciso intensificar a luta contra o projeto destrutivo do governo”.

*Do site da Alepe

Este domingo (8) marcou a passagem do Dia Internacional da Alfabetização, data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no século passado (em 1966), para incentivar o pleno letramento da população internacional. Apesar da melhoria do acesso às escolas nos últimos 53 anos em diversos países, ainda existem em todo planeta 750 milhões de jovens e adultos que não sabem ler nem escrever.

Se todas essas pessoas morassem em um único país, a população só seria inferior a da China e da Índia, que têm cada uma mais de 1 bilhão de habitantes. A nação hipotética do analfabetismo tem mais do que o dobro de toda a população dos Estados Unidos. Nesse contingente, duas de cada três pessoas que não sabem ler são mulheres.

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Ainda segundo a Unesco, o problema do analfabetismo perdurará por muito tempo. No ano passado, 260 milhões de crianças e adolescentes não estavam matriculados nas escolas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, havia 11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais de idade. Se todos residissem na mesma cidade, este lugar só seria menos populoso que São Paulo – a capital paulista tem população estimada de 12,2 milhões.

A taxa do chamado “analfabetismo absoluto” no Brasil é de 6,8%. Como ocorre com os dados internacionais, o analfabetismo não atinge a todos da mesma forma. “Na análise por cor ou raça, em 2018, 3,9% das pessoas de 15 anos ou mais - de cor branca - eram analfabetas, percentual que se eleva para 9,1% entre pessoas de cor preta ou parda. No grupo etário 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo das pessoas de cor branca alcança 10,3% e, entre as pessoas pretas ou pardas, amplia-se para 27,5%”, descreve nota do IBGE. 

Netos e avós

Segundo os pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil, o volume de analfabetos é bastante alto e não diminui por falta de investimentos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Para um gestor público, prefeito, governador, interessa muito mais investir em educação básica, não na Educação de Jovens e Adultos, porque é uma parcela muito pequena”, critica Maria do Rosário Longo Mortatti, professora titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e também presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização. Segundo ela, o investimento no EJA é “secundarizado”.

Por trás desse comportamento, há antigo raciocínio entre gestores públicos de que a “dinâmica demográfica”, com a renovação das gerações, extinguiria o analfabetismo absoluto no passar dos anos, conforme lembra Maria Clara Di Pierro, professora de Educação da Universidade de São Paulo (USP), especializada em políticas públicas de jovens e adultos.

“Esse raciocino não é novo. O ex-ministro [da educação] já falecido Paulo Renato usava muito esse argumento, dizendo ‘vamos concentrar os nossos esforços nas novas gerações. A sucessão geracional se encarregará de eliminar o analfabetismo’. Alguns pesquisadores e jornalistas compartilham essa visão, mas ela é duplamente equivocada”, aponta.

“De um lado, porque a gente continua produzindo analfabetismo, não se trata apenas de um resíduo do passado e os idosos estão vivendo mais. De outro lado, nós temos o analfabetismo funcional mediado pelo sistema educativo. Então, essa esperança ‘vamos deixar os velhinhos morrerem para acabar com o problema’ é uma ilusão, e não faz frente ao que temos de enfrentar”, complementa Di Pierro.

A mesma visão tem a professora Francisca Izabel Pereira Maciel, diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela ressalta que o poder público “não pode descuidar do analfabetismo absoluto” e que “é direito das pessoas aprender a ler e escrever”.

Ainda que o analfabetismo absoluto atinja predominantemente os mais idosos, a professora Francisca Izabel salienta que em muitas famílias são os avós que cuidam dos netos enquanto os pais trabalham. A falta de escolaridade entre os mais velhos dificulta o acompanhamento escolar e pode desestimular o interesse pelos estudos entre os mais novos. 

Analfabetismo funcional

As estatísticas do IBGE consideram as pessoas com 15 anos ou mais que foram declaradas como analfabetas em pesquisa periódica de amostra domiciliar. Os números, no entanto, podem ser ainda mais graves se for medida a “capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela” - como faz o estudo Indicador de Alfabetismo Funcional, elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa.

Testes cognitivos aplicados no ano passado em 2.002 pessoas residentes em áreas urbanas e rurais de todo o país verificou que 29% das pessoas podem ser consideradas analfabetas funcionais e que não superam o nível rudimentar de proficiência. Apenas 12% da população é considera “proficiente”.

Roberto Catelli Jr., coordenador Adjunto da Ação Educativa, explica que o analfabeto funcional é considerado a pessoa “capaz de identificar palavras, números, assinar o nome e ler frase. Mas não consegue realizar tarefa se precisar ler um pouco mais que isso - um parágrafo de um texto da vida cotidiana”, como recorte de jornal, um cartaz ou até mesmo uma receita de bolo.

A proporção de analfabetos funcionais no Brasil totaliza 38 milhões de pessoas. O volume dessa população é maior que quase todos os estados brasileiros, só perde para o total de residentes no Estado de São Paulo (41,2 milhões). 

Política de alfabetização

Os problemas de alfabetização também são assinalados pelo Ministério da Educação (MEC) que está iniciando a implantação da Política Nacional de Alfabetização (PNA). O caderno de apresentação da PNA consolida uma série de indicadores educacionais, entre eles os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), feita em 2016, que contabiliza que “54,73% de mais de 2 milhões de alunos concluintes do 3º ano do ensino fundamental apresentaram desempenho insuficiente no exame de proficiência em leitura”. Na mesma pesquisa, um terço dos alunos apresentavam níveis “insuficientes” em escrita.

Outros dados compilados pelo MEC são os resultados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, mais conhecido pela sigla Pisa , que em inglês significa Programme for International Student Assessment. Conforme a avaliação, o Brasil ficou em 59º lugar em leitura num ranking de 70 países.

“Os resultados obtidos pelo Brasil nas avaliações internacionais e os próprios indicadores nacionais revelam um grave problema no ensino e na aprendizagem de leitura, de escrita e de matemática. É uma realidade que precisa ser mudada. Por isso a Política Nacional de Alfabetização pretende oferecer às redes e aos alunos brasileiros, por meio de programas e ações, a valiosa contribuição das ciências cognitivas, especialmente da ciência cognitiva da leitura. Uma política de alfabetização eficaz terá reflexos positivos não apenas na educação básica, mas em todo o sistema educacional do país”, aponta o ministro Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub em nota de apresentação da PNA. 

Desigualdade social

Conforme os especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o analfabetismo resiliente no Brasil, absoluto ou funcional, reflete a exclusão do passado, faz sombra ao presente e mina possibilidades do futuro. “A discussão sobre analfabetismo se inicia no século 19 com o Brasil independente querendo se tornar nação como uma questão inicialmente sobre quem tinha direito. Era uma questão de voto. Quem podia votar”, ressalta Maria do Rosário Longo Mortatti, professora da Unesp.

“Existe uma desigualdade social que se espelha na própria desigualdade educacional. As oportunidades não são iguais para todos. Existe uma desvalorização da educação para pessoas de baixa renda”, lamenta Roberto Catelli Jr., da Ação Educativa, ao pensar sobre as dificuldades atuais do país acabar com o analfabetismo.

“Chegar à idade adulta na condição de analfabeto numa sociedade letrada predominantemente urbana, grafocêntrica [centrada na escrita] é uma situação que ocorre por processo de exclusão social que são múltiplos, que não são estritamente educacionais”, opina a professora Maria Clara Di Pierro, da USP, prevendo a perpetuação do quadro social.

“Não é um problema estritamente educativo. É um sintoma cultural de um processo mais amplo de exclusão. Reverter isso para os grupos mais vulneráveis requer mais políticas intersetoriais”, aconselha.

Devolver oportunidades aos 73,8 milhões de brasileiros que entraram nas classes C e B entre 2001 e 2015 será um dos desafios do próximo governo. A tarefa não é fácil, porque depende da recuperação do mercado de trabalho. De 2014 ao auge da crise, o número de desempregados dobrou - de 6,5 milhões para 13 milhões de pessoas. Nas projeções de economistas, a redução da fila do desemprego vai demorar.

A classe C já foi chamada de "nova classe média" nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela abarca a maioria dos brasileiros: em 2017, 82,8 milhões de pessoas, ou 40% da população, estavam na faixa de renda de R$ 368,31 a R$ 1.008 por pessoa por mês, conforme estudo da LCA Consultores, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros 63,9 milhões de brasileiros estavam na classe B em 2017, faixa com renda de R$ 1.008,01 a R$ 3.566 por pessoa por mês.

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Os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, foram importantes para diminuir a pobreza, mas, no caso do boom das classes C e B, a geração de vagas no mercado de trabalho, a formalização dos empregos e a política de reajuste do salário mínimo, com ganhos acima da inflação, tiveram papel mais relevante, conforme economistas. Tudo puxado pelo crescimento da economia, do início dos anos 2000 até 2011.

Formada como tecnóloga em gestão de recursos humanos, Andrea Aguiar, de 40 anos, perdeu o emprego em 2014, início da recessão. O desemprego até 2016 a levou à depressão. Andrea só deu a volta por cima quando resolveu montar um negócio: vender crepe suíço em feiras e eventos. "Estava numa época muito ruim, pedindo a Deus que me tirasse dali. A pessoa que não tem emprego se sente inútil", diz. A microempresária chegou a desistir de procurar emprego. "Fazia entrevistas e não conseguia e me achava um lixo."

Com os cursos, antes mesmo de se formar no ensino superior, Andrea viu seu salário saltar de em torno de R$ 1.000 para cerca de R$ 2.000 por mês. Assim, podia gastar mais com lazer, como sair à noite e viajar. Hoje, cortou todos esses gastos, pois investe todo o dinheiro que ganha no empreendimento.

Seus receios são semelhantes aos de outros brasileiros. Aos 56 anos, o auxiliar administrativo e vendedor Alexandre dos Santos Pereira tem visto a idade como uma barreira para conseguir um emprego. Ele está desempregado desde setembro, quando deixou uma terceirizada que cuidava da manutenção de ares-condicionados em dois hospitais, em São Gonçalo e Itaboraí, na região metropolitana do Rio.

Os hospitais são estaduais e o emprego de Pereira foi atingido pela crise fiscal do governo do Rio. Pereira não está otimista. Em sua visão, é preciso que surjam mais empregos.

Mas, passada uma das maiores recessões da história, a recuperação da economia tem sido lenta. Após o avanço de 1,0% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, a média das projeções de economistas apontam para crescimento de 1,5% neste ano.

Como resultado, a taxa de desemprego, hoje em 12,7%, seguirá elevada.

Antes da crise, ainda em 2014, quando atingiu a mínima histórica de 6,5%, muitos economistas consideravam que a economia brasileira tinha atingido o "pleno emprego". Para Cosmo Donato, economista da LCA Consultores, só em 2021 a taxa cairá para 10,0%.

Segundo o diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social), Marcelo Neri, o bom desempenho do mercado de trabalho foi fundamental para o boom da classe C, já que o trabalho responde por três quartos da renda do País. "O grande símbolo dessa nova classe média foi mais a carteira de trabalho do que o cartão de crédito ou o carro."

Piketty. Embora o boom da classe C seja associado à queda na desigualdade, estudiosos do tema fazem ressalvas. Os números do IBGE mostram queda na desigualdade de renda entre 2001 e 2015 - 2016 e 2017 foram marcados por uma estabilidade. Só que, além de a queda ter sido pouca para o tamanho da disparidade, os estudos que olham para a desigualdade de riqueza, com dados do Imposto de Renda (IR), método usado pelo francês Thomas Piketty, sugerem que não foi bem assim.

"Houve queda na desigualdade no mercado de trabalho", diz Marcelo Medeiros, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos pioneiros nos estudos com dados do IR. "E houve um aumento nos rendimentos de capital entre 2006 e 2012. Uma força jogou a desigualdade para baixo, a outra força jogou para cima. Elas tenderam a se anular."

Além do crescimento do mercado de trabalho, a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação contribuiu para o crescimento da classe C. Por um lado, melhorou os salários medianos no mercado de trabalho. Por outro, houve transferência de renda por meio da Previdência, segundo o economista Miguel Foguel, do Ipea.

Ele questiona se o salário mínimo é o melhor instrumento para reduzir as desigualdades. Além de atingir as classes no meio da pirâmide de distribuição de renda, o aumento do salário mínimo eleva as despesas públicas.

Foguel e outros economistas citam a educação pública como a política mais eficaz contra a desigualdade. "É preciso ter ênfase na igualdade de oportunidades. É uma questão central para o crescimento da produtividade do País", diz Naércio Menezes, professor do Insper.

Falta de recursos

A falta de recursos e o orçamento limitado ameaçam a sobrevivência dos programas sociais do governo federal quando os sinais de aumento da pobreza assustam. O próximo presidente vai assumir o País com o desafio de equilibrar as contas públicas sem ignorar o número crescente de brasileiros que a crise deixou mais vulneráveis.

Os sinais de que a vida dos brasileiros mais carentes piorou são claros. Mesmo com o início da recuperação da economia, a pobreza extrema aumentou no País em 2017, e atingia 14,8 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Os dados foram compilados pela consultoria LCA.

Maior programa de transferência de renda do País, o Bolsa Família chegou a atender 14 milhões de lares em 2013. No fim do primeiro semestre, após altos e baixos, o número de beneficiários estava em 13 milhões. O Ministério do Desenvolvimento Social diz que o programa sofre variações regulares no número de beneficiários.

O pernambucano Erivaldo Severino Leite, de 33 anos, tenta voltar a receber o Bolsa Família. Ele, a mulher e os dois filhos fizeram parte do programa até 2015, quando ele ficou desempregado e teve o benefício cortado ao passar a receber o seguro-desemprego. "Pelas regras, eu não poderia receber dois benefícios ao mesmo tempo. Quando a quarta parcela do seguro-desemprego acabou, tive que fazer bicos."

Ainda sem emprego formal, ele viu as contas de luz, água e condomínio se empilharem. A parcela do imóvel em que mora em Jundiaí (SP) está atrasada. "Eu recebia R$ 232 do programa. Aquele recurso ajudava em casa, a gente sabia que podia contar com ele para pagar as contas."

Para a cientista política Celia Kerstenetzky, avaliações de impacto do Bolsa Família apontaram que o programa tem vários pontos positivos, sendo o mais importante a redução da miséria. E o mais surpreendente, diz, é que não gerou efeitos negativos no mercado de trabalho. "Com a recessão e o aumento do desemprego, a demanda por programas sociais aumentou, porque a pobreza e a miséria aumentaram, mas não houve crescimento no número de famílias e de repasse. Que mágica é essa?".

Os dados do governo mostram que, até o fim do primeiro semestre, os repasses para o Bolsa Família chegaram a R$ 2,45 bilhões, uma queda de R$ 35 milhões ante o fim de 2017. Apesar de o número de famílias atendidas ter subido em um ano e meio, o valor desembolsado em junho também foi mais baixo que no fim de 2016. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A diferença de desempenho no Enem entre as escolas ricas e pobres do País aumentou entre 2014 e o ano passado. O intervalo que separa os dois grupos passou de 58,6 pontos para 98,9 pontos entre as duas edições, se considerada a média das provas objetivas (Matemática, Linguagens, Ciências da Natureza e Ciências Humanas).

A reportagem fez o recorte separando as escolas públicas e privadas em dois grupos: um deles é o de nível socioeconômico alto e muito alto. O outro é o de nível socioeconômico baixo e muito baixo. Desde 2014, o Ministério da Educação separa as escolas em sete níveis socioeconômicos distintos, levando em conta o perfil dos alunos que frequentam a unidade.

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Esse abismo entre ricos e pobres voltou ao patamar de 2013. Naquele ano, a diferença entre eles foi de 100,8 pontos.

Pesquisas já mostraram que a situação social do aluno é um dos fatores que mais pesam na nota. Jovens pobres, além de terem mães pouco escolarizadas, têm pouco acesso a bens culturais, o que reforça sua condição.

Análise do Instituto Alfa e Beto mostra que existe um ganho de nota entre cada um dos sete níveis socioeconômicos. A diferença entre os extremos é de 145 pontos. O maior ganho é na passagem do nível alto para o muito alto (50 pontos).

O cruzamento dos dados também mostra que matricular o filho em uma escola privada não é garantia de melhor resultado. A diferença entre escolas públicas e privadas entre grupos sociais iguais é pequena.

Nas escolas públicas ricas (níveis socioeconômicos alto e muito alto), a média de nota nas provas objetivas foi de 522,2 pontos. Já nos colégios privados do mesmo grupo, a nota foi apenas 2,1 pontos maior. A situação também se repete em outros níveis.

Desigualdades

Para a presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Inês Fini, a diferença de desempenho entre escolas ricas e pobres reflete um problema estrutural do País. Além do nível socioeconômico, a baixa qualidade de colégios mais pobres explica a diferença. "São da periferia, muitos deles em condições de existência, de estrutura física, bastante vulnerável." Segundo ela, a reforma do ensino médio deve ajudar a resolver esse problema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A deterioração no mercado de trabalho tem prejudicado mais os trabalhadores mais pobres, enquanto os mais ricos registram até ganho salarial acima da inflação, a despeito da crise. A queda na renda média mensal dos ocupados que recebem menos de um salário mínimo por mês alcançou 9% no trimestre encerrado em junho, em relação a um ano antes, segundo levantamento divulgado na terça-feira (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"É um grupo que não tem proteção de sindicato, de lei, de nada. Ele não ganha nem o salário mínimo, está à margem da lei trabalhista. Como a crise se espalhou de forma muito forte, são os maiores prejudicados. Eles estão em posição de vulnerabilidade mesmo", explicou José Ronaldo de Souza Júnior, coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura na Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.

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Ao mesmo tempo, na faixa de renda mais alta, os 10% que recebem os maiores salários tiveram um aumento real de 2,38% no período, de acordo com o estudo, que tem como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, apurada pelo IBGE. Segundo a pesquisa, a renda média de todos os trabalhadores ocupados recuou 4,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2015.

Como consequência, o coeficiente de Gini dos rendimentos do trabalho passou de 0,487 no segundo trimestre de 2015 para 0,490 no segundo trimestre de 2016. Quanto mais perto de 0, mais próximo da igualdade; quanto mais perto de 1, maior a desigualdade. Apesar do ligeiro aumento no último ano, o resultado representa uma estabilidade, avaliou Souza Júnior.

"Mas como estamos falando do coeficiente de Gini apenas dos rendimentos do trabalho, esse resultado pode não estar mostrando uma piora na desigualdade, num momento em que muita gente perdeu o emprego. Esse número não mostra toda a desigualdade que existe no País", ressaltou.

Desemprego

A queda no rendimento impulsionou um aumento na taxa de desemprego como um todo no País. "A renda familiar cai, e mais pessoas da família procuram emprego para compor a renda domiciliar", disse Souza Júnior.

A maior variação na taxa de desemprego ocorreu entre a população idosa, pessoas com mais de 59 anos. Nessa faixa etária, o aumento foi de 132% entre o último trimestre de 2014 - último período antes da piora no mercado de trabalho - e o segundo trimestre deste ano.

O estudo mostra ainda que a alta na taxa de desemprego também foi maior em 2016 entre os idosos: a taxa de desocupação entre a população com mais de 59 anos passou de 3,29% no primeiro trimestre para 4,75% no segundo trimestre, alta de 44%.

"Esse foi o único grupo de idade em que não houve redução na ocupação. Pelo contrário, até aumentou a população ocupada. Mas aumentou mais o total de pessoas em busca de uma vaga. Eles estão procurando emprego para compor a renda da família", disse o pesquisador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quem mora no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste da capital, vive cerca de 25 anos a mais que o morador de Cidade Tiradentes, no extremo leste. Na média, o primeiro chega a 79,67 anos, enquanto o segundo não passa de 53,85 anos. Essa diferença é causada por dificuldades enfrentadas pela população mais carente, que foram expostas ontem em estudo apresentado pela Rede Nossa São Paulo. O Mapa da Desigualdade de 2016 mostra grandes diferenças de acordo com o distrito da cidade em todas as áreas. Na Sé, por exemplo, as bibliotecas municipais dispõem de 7,92 livros para cada habitante com mais de 18 anos. No Jardim São Luís, essa taxa é de 0,001.

O 'desigualtômetro' contém dados atualizados até 2015. As taxas foram calculadas a partir de informações econômicas e sociais fornecidas pela Prefeitura e demais órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir delas, a entidade listou os melhores e piores distritos da capital paulista sob o ponto de vista de saúde, educação, cultura, mobilidade, segurança e habitação.

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Com ele, é possível saber, por exemplo, que a Barra Funda, na zona oeste, tem 9,42 salas de cinema para cada grupo de 10 mil habitantes. Na contramão, essa relação é de apenas 0,039 no Sacomã, zona sul.

Na habitação, o mapa coloca o distrito de Vila Andrade, na região do Morumbi, zona sul, como o que tem o maior porcentual de favelas, levando-se em conta o número total de domicílios - 49,10%. É lá que fica Paraisópolis, a segunda mais populosa de São Paulo. Situação inversa vive o bairro de Pinheiros, com 0,081 dos domicílios classificado como inadequado.

Saúde

A divisão da quantidade de leitos hospitalares pelos distritos da cidade é a que melhor exemplifica as desigualdades na área da saúde. Na Vila Medeiros, zona norte, a divisão do número total de leitos privados ou públicos disponíveis para cada grupo de 1 mil habitantes da região resulta em uma taxa mínima, de 0,041, enquanto que o ideal seria uma taxa entre 2,5 e 3. Na Bela Vista, região central, a meta é superada com folga.

Quando o assunto é violência, a taxa de homicídios por distrito volta a colocar em confronto bairros nobres e áreas periféricas. Em Marsilac, extremo sul da cidade, o número de assassinatos por 10 mil habitantes é de 4,95. Em Moema, também na zona sul, o mesmo dado é de 0,114. Já o índice de homicídios de jovens (de 15 a 29 anos) do sexo masculino é de 10,44 por 10 mil habitantes dessa faixa etária no distrito do Campo Limpo. Na Vila Mariana, o indicador para esse tipo de crime é de 0,642.

Na avaliação da entidade, o mapa funciona como uma espécie de radiografia da qualidade de vida nas diversas regiões da cidade. Em tempos eleitorais, serve para mostrar a realidade de São Paulo aos candidatos a prefeito e também para cobrar deles propostas de solução.

A atriz Helen Rio Branco, de 32 anos, mora desde criança na Cidade Tiradentes e atribui a baixa expectativa de vida à "ausência de Estado". "A expectativa de vida está ligada a um contexto social. Por ser periferia e ter uma comunidade composta por pessoas de origem pobre, a ausência do Estado é desde sempre. Então, automaticamente, há essa baixa expectativa de vida", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"A new world". O slogan da Rio 2016 promete um mundo novo, um universo distinto daqueles que nós, brasileiros, estamos acostumados a ver. Apesar das notáveis melhorias na infra-estrutura da cidade olímpica, do lado de fora das arenas há um mundo antigo, bem conhecido da população e que, de tão comum, parece passar despercebido. A exclusão social salta aos olhos, mas ninguém vê.

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Durante a cobertura dos Jogos Olímpicos, a equipe do Portal LeiaJá registrou personagens que, longe dos pódios e medalhas, tentam vencer as provas exigidas pela vida nas ruas. Anônimos, à margem do espírito olímpico, vagueiam entre turistas, ao redor dos estádios e nas calçadas.  

Na ânsia de registrar o momento histórico, com seus smartphones nas mãos, os torcedores posam em suas selfies e nem os percebem. São os invisíveis das Olimpíadas. Seja nas areias de Copacabana ou nas ruas de acesso ao Maracanã, lá estão eles, com sacos nas costas para recolher latinhas. E é com o lixo que têm mais contato, na busca de algo para comer ou o resto daquela cerveja quente jogada fora por algum gringo. 

Em frente a uma unidade do McDonalds, perto da Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio, dois invisíveis tentavam ser vistos. Pediam trocados, comida. Puxei assunto com o mais falante que, talvez desacostumado com um diálogo do tipo, mal soube responder minhas perguntas. "Tudo certo", "ajudam um pouco", "a polícia tá tranquila, não mexe com nós". Perguntou de onde eu era, elogiou Recife e se despediu com um "valeu". 

No Boulevard Olímpico, observam do chão a grande movimentação de pessoas na revitalizada área portuária do Rio. São seres humanos que não se enquadram àquela atmosfera de lazer, gritos de gol e abraços. Estão sujos e não têm camisetas da seleção para torcer pelo país. Será que cantam o hino? Será que são brasileiros com muito orgulho, com muito amor?

 

Relatório divulgado nesta quarta-feira (29) pela Oxfam - organização não governamental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo - informa que, desde o início da crise financeira internacional, em outubro de 2008, dobrou o número de bilionários no mundo. Ao mesmo tempo, aumentou também a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.

De acordo com o diretor da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst, entre as causas da desigualdade, que aumenta cada vez mais o fosso entre ricos e pobres, está o “fundamentalismo do mercado”, que promove um crescimento econômico que beneficia apenas uma elite pequena, deixando em situação ainda mais difícil os pobres.

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"Para começar, 70% da população mundial vivem em países onde a desigualdade e a concentração de riqueza aumentaram nos últimos anos. O número de bilionários do mundo simplesmente dobrou desde que a crise financeira teve início. Crises como essa afetam, em geral, o lado mais frágil da corda”, disse ele à Agência Brasil. E o aumento da desigualdade, acrescenta ele, pode levar a um retrocesso de décadas na luta contra a pobreza.

Diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyima disse que o mundo possui recursos suficientes para melhorar a vida de todos. “É hora de equilibrar o jogo antes que a situação piore”, avalia Winnie. 

A fim de pressionar as lideranças mundiais a “transformar a retórica em prática e garantir condições mais justas às pessoas mais pobres”, o relatório – intitulado Equilibre o Jogo: É Hora de Acabar com a Desigualdade Extrema – mostra que, enquanto centenas de milhões de pessoas vivem em abjeta pobreza sem acesso a serviços essenciais de saúde ou à educação básica, as pessoas ricas têm dinheiro que  jamais poderão gastar durante toda a vida. “Se as três pessoas mais ricas do mundo gastassem US$ 1 milhão por dia, precisariam de 200 anos para exaurir suas fortunas”, informa o relatório. Segundo o documento, as 85 pessoas mais ricas viram sua fortuna coletiva crescer US$ 668 milhões ao dia entre 2013 e 2014. Isso corresponde a quase meio milhão de dólares por minuto.

Atualmente, na África Subsaariana, há 16 bilionários convivendo com 358 milhões de pessoas na extrema pobreza. E, na África do Sul, a desigualdade está maior agora do que na época do fim do apartheid. Uma das sugestões da Oxfam para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres é o investimento em serviços públicos gratuitos, principalmente nas áreas de saúde e educação. A cada ano, diz o estudo, cem milhões de pessoas são levadas à pobreza porque são obrigadas a pagar por serviços de saúde.

Na avaliação de Simon Ticehurst, a desigualdade é ruim para todo o mundo e causa impactos nas condições de emprego e na segurança, além de resultar também em instabilidade política. A América Latina, exemplifica o pesquisador, é a região mais desigual e insegura do planeta. E é a que registra mais violência. "Mas a desigualdade não está presente apenas nos países mais pobres", ressalta ele.  “No Reino Unido, dependendo de onde você nasce e de onde você mora, a diferença na expectativa de vida pode chegar a nove anos de diferença. Isso também está relacionado às diferenças sociais, porque quanto maior for a sua qualidade de vida, maior será a sua longevidade”, disse.

Outro país citado pelo diretor da Oxfam são os Estados Unidos. “Lá, se você nasce dentro de família pobre, tem 50% a mais de chances de ser pobre na fase adulta. É um país que tem baixíssima mobilidade social. Isso desmente o que prega o American Dream [Sonho Americano]. Como bem disse Richard Wilkinson no resumo executivo da nossa publicação, se os americanos querem viver o sonho americano, devem se mudar para a Dinamarca”.

Apesar dos históricos problemas de desigualdade social no Brasil, o país é citado como exceção, ao ser comparado à tendência que se verifica no mundo, de aumento da desigualdade social. “Podemos dizer que o Brasil está construindo um tipo de Brazilian Dream (sonho brasileiro). Há muito a avançar, mas os primeiros passos já foram dados. Enquanto outros países, inclusive europeus, estão andando para trás, o Brasil está melhor equilibrado, apesar da situação ainda desfavorável para boa parcela da população. Mas o Brasil precisa ter cuidado para não cair no discurso do fundamentalismo de mercado. Isso colocaria em risco todos os avanços conquistados”, alerta o diretor da entidade britânica.

Na avaliação de Simon Ticehurst, situações de desigualdade identificadas em boa parte do mundo, apesar de serem historicamente problemáticas, podem ser corrigidas. Basta que se insista nas políticas que são acertadas. “Não é inevitável. Podem ser corrigidas com uma série de medidas relacionadas à importância de os governos responderem às necessidades de todo o povo, e não de uma elite econômica. O problema é quando, a exemplo do que acontece na política brasileira, há uma exagerada influência das elites no parlamento”, disse ele.

Para a Oxfam, uma medida que pode ajudar a amenizar o problema é o combate efetivo à sonegação fiscal, principalmente das grandes corporações multinacionais e das pessoas mais ricas do mundo. “Uma alíquota de imposto de apenas 1,5% sobre a fortuna dos bilionários do mundo poderia arrecadar o suficiente para colocar todas as crianças na escola e fornecer assistência à saúde nos países mais pobres”, sugere o relatório. “Não é que sejamos antimercado, mas é justamente o extremo do fundamentalismo de mercado o que tem criado essa explosão de desigualdade. Por esse motivo nossa campanha tem o nome Equilibre o Jogo. O desafio é encontrar um equilíbrio, onde todos possam ganhar. Não apenas os superricos”, disse Ticehurst.

O Brasil se manteve em 2013 entre os países mais desiguais do G-20 pelo terceiro ano consecutivo, mostrou estudo elaborado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) com base em uma compilação de números da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Brasil continuou na 17ª colocação no quesito desigualdade social, à frente apenas de África do Sul e Índia. Em quatro anos de pesquisa, o melhor desempenho brasileiro foi em 2010, quando ocupava a 15ª posição. O levantamento desconsidera a participação da União Europeia e, por isso, conta com 19 países.

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"Particularmente o coeficiente de Gini é um indicador importante relacionado a este ranking e mostra o Brasil em situação bastante desconfortável com relação à distribuição da renda (...). O Brasil tem melhorado neste coeficiente de Gini ao longo dos últimos anos, no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer", alertou a Anefac. Austrália, Alemanha e Canadá aparecem como os países menos desiguais do G-20, nesta ordem.

O Brasil ocupou a 14ª colocação no ranking de pobreza, mesmo patamar do ano anterior. "Os países abaixo do Brasil nesse ranking apresentam desempenho que não ameaça a 14ª posição brasileira, porém, aliado ao indicador de desigualdade, constata-se uma distância entre a posição do Brasil como economia global em relação à posição correspondente ao desenvolvimento humano", explicou a Anefac. Abaixo do Brasil seguem México, Indonésia, África do Sul, China e Índia. A associação acrescentou que aproximadamente 10% da população brasileira vive na miséria, e 10 milhões vivem com apenas US$ 1,25 por dia.

No ranking geral, que além desses itens já citados leva em conta tópicos como IDH, Saúde, Educação, Renda e Economia, Desigualdade de Gênero e Sustentabilidade, o Brasil manteve a 15ª colocação pelo segundo ano consecutivo, à frente de Turquia, Indonésia, África do Sul e Índia. A associação explicou que a nota brasileira melhorou, subindo de 4,22 pontos para 4,45 pontos, mas ponderou que os demais países progrediram mais.

As primeiras posições do ranking geral são ocupadas por Alemanha, França e Canadá. Os EUA, maior economia do mundo, estão na oitava colocação. Segundo a Anefac, esse desempenho norte-americano é explicado pelas pontuações fracas nas categorias Saúde e Educação.

O Brasil piorou nas avaliações de IDH (14 para 15), Educação (14 para 15) e Desigualdade de Gênero (14 para 17). O País apresentou estabilidade em Saúde (13) e melhorou em Sustentabilidade (3 para 2) e em Renda e Economia (15 para 11). Este último item passou por uma revisão de critério em relação ao ano anterior. Segundo a Anefac, o Brasil "não apresenta um posicionamento equivalente nos indicadores que compõem a avaliação de renda na ONU".

Cerca de 15 universidades, das cinco regiões do País, estão com inscrições abertas para 5.450 vagas no curso de especialização em educação, pobreza e desigualdade social, na modalidade à distância. As aulas serão ministradas nos polos das instituições, tendo duração de 18 meses e 360 horas. Para concorrer à vaga, o candidato deve ter graduação, pertencer a um sistema público de educação ou de saúde há pelo menos um ano, além de estar envolvido com políticas sociais. 

A especialização está organizada em cinco módulos, que contemplam atividades de reflexão e prática, estudo e pesquisa, reflexão e ação. Das horas de formação, 90% são a distância e 10% presenciais. Cada módulo será dedicado a um tema, como por exemplo pobreza, desigualdade e educação. A abordagem dos conteúdos terão 12 meses de duração e a produção do trabalho final do curso, seis meses.

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Das instituições de ensino superior que abrem cursos de especialização este ano, 12 oferecem 400 vagas. São as universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA), do Maranhão (UFMA), do Ceará (UFC), do Amazonas (UFAM), do Espírito Santo (UFES), de Mato Grosso do Sul (UFMS), de Santa Catarina (UFSC), do Piauí (UFPI), de Tocantins (UFTO) e de Pernambuco (UFPE), as federais de Minas Gerais (UFMG) e de Roraima (UFRR) abrem 200 vagas e a do Paraná (UFPR), 250 vagas. 

A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) recomenda aos interessados que acessem o portal das universidades contempladas para que as inscrições sejam feitas. O procedimento deve ser feito até 3 de outubro.

A formalização do mercado de trabalho e o aumento do salário dos trabalhadores são os fatores que mais contribuíram para a queda da desigualdade social nos últimos anos. Esses dois fatores superam até mesmo outras fontes de renda do brasileiro provindas do Orçamento da União, como a Previdência e programas sociais concedidos pelo governo. Para a conta, foi utilizado como benefício social o índice de Gini, que mede a desigualdade de renda.

Os dados fazem parte da apresentação feita pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, à presidenta Dilma Rousseff e a 20 ministros na última segunda-feira (5), e informam que o trabalho contribuiu com 54,9% para a redução da desigualdade entre 2002 e 2012. O conjunto de informações é parte de uma compilação sobre o desenvolvimento inclusivo sustentável, na qual Marcelo Neri buscou repassar aos seus colegas e à presidenta a ideia de que o dinheiro no bolso é mais importante para o cidadão comum do que o baixo crescimento da economia apresentado recentemente.

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A estratégia de investir na valorização do salário e não apenas em programas de transferência de renda gera resultados positivos para alguns analistas porque seu resultado prático é o aumento da renda dos brasileiros assalariados. No entanto, segundo o professor de economia da Universidade de Brasília, Roberto Ellery, é necessário discutir a sustentabilidade dessa política.

“Se queremos continuar esse caminho [de aumento dos salários], é preciso aumentar a produtividade”, avaliou o professor, acrescentando que, caso contrário, o país terá problemas com a inflação e com o setor externo. De acordo com Ellery, os investimentos na melhoria dos serviços e na eficiência da produtividade podem impedir essa situação. Para isso, segundo ele, é necessário focar na infraestrutura para que a produção nacional não registre prejuízos com estradas em más condições, portos operando sem a capacidade necessária nem com problemas no setor energético.

Com base nos dados da SAE, as políticas que mais contribuem para o bem estar social, depois do trabalho, são o Bolsa Família, o pagamento da Previdência acima do piso e a aposentadoria com base no salário mínimo, com 12,2%, 11,4% e 9,4%, respectivamente. “O brasileiro em suas casas está tendo um desempenho bem acima do desempenho que as contas nacionais e a maior parte dos economistas analisa”, disse o ministro, ao citar a valorização dos benefícios do Bolsa Família e da Previdência acima da inflação.

O programa de transferência de renda, que repassa recursos a famílias com renda per capita inferior a R$ 70 mensais, também atua de uma forma importante no combate à desigualdade. Segundo os números, o custo-benefício de cada real gasto com o Bolsa Família impacta a desigualdade quase quatro vezes mais do que o benefício da Previdência Social. “Uma das belezas do Bolsa Família é que ele tem um impacto social muito grande, gasta pouco e consegue efeito muito grande”, explica o professor Ellery.

O crescimento econômico do Complexo Portuário de Suape não refletiu na melhoria da qualidade de vida dos moradores de Ipojuca, um dos municípios onde o Porto fica localizado. Pelo menos, é o que aponta um estudo divulgado nesta segunda-feira (17), pela Universidade Federal de Pernambuco. Intitulado por “Os sinuosos caminhos do desenvolvimento: desigualdade social e pobreza em Ipojuca”, o levantamento afirma que em 2010, a cidade registrou média de analfabetismo de 8,47%, acima do percentual da Região Metropolitana do Recife. Além de ter o segundo menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da RMR. 

A observação sobre o cenário municipal, no período de 2000 a 2010, constatou que o crescimento econômico da cidade não se refletiu na melhoria da qualidade de vida dos moradores. “O acesso ao trabalho formalizado não vem significando melhoria na qualidade de vida na perspectiva da infraestrutura urbana e de políticas públicas. O governo vendeu a ideia do pleno emprego e agora chegou a uma encruzilhada”, explica Thiago Santos. Segundo o pesquisador, ele comparou o Produto Interno Bruto (PIB) do município, com o quanto foi investido em políticas públicas. “Chega-se à conclusão de que as empresas do Complexo Portuário são as grandes beneficiadas por Suape. O PIB, entre 1999 e 2009, cresceu quase sete vezes: foi de R$ 1.051,6 bilhão para R$ 7.082,4 bilhões”, pontuou. 

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A pesquisa também aponta que Ipojuca apresenta a maior população rural ou de área periurbana da Região Metropolitana do Recife. Grande parte dessa população está concentrada em vilarejos, uma herança dos antigos engenhos de cana-de-açúcar, produto que significou, por séculos, o projeto econômico do município. Análise afirma que as desapropriações dos moradores da região onde foi construído o Complexo de Suape, é um dos principais motivos para o fenômeno. “Foram 17 comunidades em conflito aberto com a execução do projeto. Em um segundo momento, a especulação imobiliária e o aumento do custo de vida desencadearam uma reação de ‘êxodo urbano’, de forma que, enquanto a população urbana de Ipojuca cresceu 30% entre 2000 e 2012, a população rural seguiu constante”.

O pesquisador explica que Ipojuca foi o município com o maior crescimento no setor industrial. “Dos 14 municípios que compõem a RMR, Ipojuca, em 2010, apresentou relativamente o maior peso do setor industrial na composição do seu PIB (31,14%), simultaneamente, caminhou para um aumento populacional rural nos dez primeiros anos”, afirma.

Com informações da assessoria 

A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (11) que investir em creche é a chance que o país tem de enfrentar “na raiz” o problema da desigualdade entre ricos e pobres. Ela anuncia na segunda-feira (14), em cerimônia no Palácio do Planalto, ações nas áreas de saúde e educação, como vagas em creches, além da ampliação do Programa Bolsa Família.

“ Na creche você vai garantir acesso aos melhores estímulos. Lá, a criança vai ter estímulos pedagógicos, vai ser despertada nela a curiosidade, todas aquelas qualidades que depois vão ser impontantes para ela enfrentar a disputa no mercado de trabalho”, disse, hoje (10), em Betim (MG), durante cerimônia para inauguração de uma escola de educação infantil. No domingo (13), Dia da Mães, a presidenta fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.

No discurso em Betim, Dilma destacou o papel das creches na criação de melhores oportunidades. “Um país tem que ser medido pelo que ele faz pelas suas crianças, dando oportunidades iguais a elas. O grande caminho da inclusão é a educação e ai a creche é o grande vestibular no qual a criança entra e garante uma vida de oportunidades maior.”

Além do lançamento de uma escola de educação infantil do Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), do governo federal, a cerimônia marcou também a entrega de 1.160 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida. Ao falar sobre o Minha Casa, Minha Vida, Dilma disse que, sem o programa, as pessoas que ganham um salário mínimo não conseguiriam adquirir uma casa própria. "Era impossível alguém comprar casa nesse Brasil se ganha até um salário mínimo, porque a equação não fecha.”

O Proinfância tem como meta a construção de 6 mil creches até 2014. Segundo o Ministério da Educação, foram firmados mais de 1,5 mil convênios no ano passado, no entanto, as creches ainda não estão prontas. Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos estão matriculadas em creches, sejam elas públicas ou privadas.

Em um vídeo de um minuto divulgado nesta terça-feira (28) na internet, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomenda aos eleitores que se informem bem sobre as propostas de cada candidato e que priorizem os políticos com plataforma de combate à desigualdade social. "Vamos eleger políticos empenhados em tornar nossas cidades mais justas, com menos desigualdade social, onde todo brasileiro possa ter uma vida digna", afirma o ex-presidente.

No vídeo, Lula diz que não é verdade que todo político é igual. "Esse discurso de que todo político é igual não é verdadeiro e a história do nosso País mostra isso", ressalta.

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Lula conclui o vídeo dizendo que o pleito é uma oportunidade de escolher representantes comprometidos com o bem estar social. "As eleições deste ano são a possibilidade de assegurar que cada cidade do nosso País estará comprometida com o bem estar do nosso povo", completa.

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