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Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na perseguição que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, na comunidade de Salinas, foram afastados das atividades na praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco. A criança foi morta com um tiro no peito, dentro de casa. A origem do projétil centraliza uma investigação das polícias Civil e Militar do estado, mas a versão unânime entre família e populares é de que os policiais chegaram atirando.

O anúncio do afastamento foi feito pelo secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, na tarde desta quarta-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas, onde os pais da menina foram recebidos pelo governador Paulo Câmara (PSB).

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"Os policiais que estavam na ocorrência, eles precisam realmente passar por todas as oitivas necessárias. E o comando da Polícia (Militar) já retirou daquela localidade, dessa atuação naquela localidade, e as investigações prosseguem. Não só nesse inquérito policial militar, mas na Polícia Civil, onde também serão ouvidos, e na Corregedoria", afirmou o Freire.

O secretário reforçou que os policiais não foram afastados das ruas, mas apenas da unidade que fica em Porto. "O Bope é uma unidade que normalmente fica aquartelada. Então, naquela localidade onde há um emprego, eles já foram retirados daquela operação", disse Humberto Freire.

Na saída do Palácio do Campo das Princesas, o pai de Heloysa deu uma declaração à imprensa. "Nós só queremos justiça. Eles (governo) estão em total apoio a nós. Eles passaram confiança de que não vai passar impune essa morte", afirmou o jangadeiro Wendel Fernandes.

“Nos solidarizamos com os pais de Heloysa, escutamos o que eles tinham a dizer, assim como os representantes das entidades de direitos humanos que os acompanharam, e asseguramos que a investigação do caso será rigorosa e célere”, completou o governador Paulo Câmara, por meio de sua assessoria.

Conflito entre as versões

Policiais do Bope alegam ter entrado em confronto com suspeitos de tráfico de drogas, que teriam fugido da abordagem policial em uma motocicleta durante patrulhamento na comunidade Salinas, onde a criança atingida morava. O coronel Alexandre Tavares, diretor Integrado Especializado da Polícia Militar, declarou anteriormente que não houve abordagem violenta e chegou a afirmar que os policiais não seriam afastados.

A família de Heloysa e diversas testemunhas da comunidade Salinas discordam da versão policial. Eles alegam que não houve confronto entre policiais e traficantes, e que o Bope chegou atirando, como já costuma fazer em operações na região. Moradores relataram medo e denunciaram abordagens ostensivas e abusos policiais

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Na manhã desta segunda-feira (4), familiares da menina Heloysa promoveram um protesto em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife. Eles pedem que o Governo de Pernambuco tome providências por justiça pela morte da criança, aos 6 anos, durante uma ação policial realizada em Porto de Galinhas, no Litoral Sul do estado, no dia 31 de março.

De acordo com Ubia Fernandes, irmã do pai de Heloysa, a menina foi baleada enquanto andava de bicicleta na calçada de casa. “No momento em que aconteceu o fato, eu estava conversando no telefone. De repente, escutei aquele baque. Quando olhei para trás, vinha um rapaz correndo e a moto já estava parada. Paralisei, não consegui mais andar. Em seguida, meu marido me pegou, me botou num cantinho, meu irmão abraçou o filho dele, e Heloysa correu. Continuaram atirando”, relata.

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Ubia também questiona a versão apresentada pelas autoridades policiais. “Em relação ao menino da moto, em nenhum momento ninguém viu a troca de tiros que eles estão falando. Se foi o menino da perseguição, ele vai pagar. Se foi o Bope, eles também vão ter que pagar, porque se foi uma vida, uma criancinha muito amorosa, que só tinha seis aninhos de idade, tinha acabado de completar no dia 27 de fevereiro. Também acabaram com a vida do meu irmão”, lamenta.

Após ser atingida, Heloysa chegou a ser socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), dentro de uma viatura do Bope. “Quando a gente chegou lá, ela estava na salinha vermelha. A gente tem quase certeza que ela já saiu de casa morta. Depois do acontecido, está todo mundo amedrontado, as crianças não querem mais ficar na rua, não têm o direito de brincar. Parece que todo mundo é bandido”, completa.

Os pais de Heloysa estiveram presentes no ato, mas preferiram não falar com a imprensa. Eles foram recebidos no Palácio do Governo, pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Eduardo Figueiredo.

Com informações de Vitória Silva.

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