Levando em conta o Dia Mundial do Combate ao Câncer, celebrado neste sábado (8), o LeiaJa preparou uma reportagem com os últimos estudos que revelam novos dados sobre a doença, levando em consideracão, a pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estima que até o ano de 2030 o número de pessoas com câncer vai ultrapassar os das doenças cardiovasculares, se tornando a primeira causa de morte por doença no mundo.
Segundo estudos do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, no triênio 2023-2025 a previsão anual é de 704 mil novos diagnósticos. O tumor maligno mais frequente é o de pele não melanoma, responsável por 31,3% dos casos, seguido pelo de mama em mulheres (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%). As estimativas são as principais ferramentas de gestão e planejamento na área oncológica no Brasil, sendo assim, fornecem informações fundamentais para a definição de políticas públicas.
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Ao todo foram estimadas as ocorrências para 21 tipos de câncer mais diagnosticados em todo território nacional, dois a mais do que no estudo anterior do instituto, com a inclusão dos de fígado e de pâncreas. Esses tipos foram incluídos na estimativa por serem problemas de saúde pública em regiões brasileiras. Também foram consideradas, as pesquisas feitas em outros países, por várias organizações que acompanham a doença.
O câncer de fígado aparece entre os 10 mais incidentes na região Norte, estando relacionado a infecções e doenças hepáticas. O câncer de pâncreas está entre os 10 mais incidentes na região Sul, sendo seus principais fatores de risco o tabagismo e a obesidade.
Em mulheres, o câncer de mama é o mais recorrente, depois dos de pele não melanoma. Os estudos apontam 74 mil novos casos previstos por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas áreas de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o câncer do colo do útero ocupa essa posição.
Nos homens, o câncer de próstata é predominante em todo território nacional, totalizando 72 mil novos diagnósticos estimados a cada ano do próximo triênio, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Nas regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o câncer de estômago é o segundo ou terceiro mais frequente entre a população masculina. Nas regiões de maior IDH, os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição.
Atualmente, as maiores dificuldades do tratamento da doença são as heterogeneidades do tumor, as crescentes resistências dos tumores às drogas e o metabolismo individualizado de quimioterápicos. Alguns tumores mostram-se resistentes a certas medicações. Saber previamente quais terapias são mais eficazes para cada caso auxilia na tomada de decisão dos médicos especialistas.
A metodologia da pesquisa desenvolvida pelo INCA utilizou as bases de dados de incidência de casos novos, provenientes dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e dos óbitos, oriundas do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Através da relação entre incidência e mortalidade, modelos estatísticos são utilizados para definir a melhor predição. A escolha depende da disponibilidade das informações, verificando a precisão.
Em entrevista ao LeiaJa, o biomédico Thiago França, disse que os pacientes antes do diagnóstico são orientados pelos médicos a realizarem exames laboratoriais, para ter informações mais detalhadas sobre a doença. Esses exames muitas vezes auxiliam o oncologista em tomadas de decisões, pois podem ser considerados como complementos para o diagnóstico precoce.
“Os exames laboratoriais usados no diagnóstico do câncer, inclui, o hemograma que seria uma análise do sangue de uma forma completa, no qual faz a análise das hemácias, das plaquetas, dos leucócitos. Ele também é capaz de captar sinais de irregularidades na quantidade de glóbulos vermelhos e de identificar células atípicas que circulam no sangue que possam indicar algum tipo de câncer. Tem também a urinálise, testes de urina, para marcadores tumorais. Também podemos utilizar exames de imagem que é o diagnóstico por imagem, como a tomografia computadorizada, a mamografia, que é muito específico para o câncer de mama; ultrassonografia, ressonância magnética, que vai avaliar geralmente tecidos moles e se o paciente tem algum tumor. Também pode ser feita a biópsia para analisar amostra de tecidos do corpo. Os oncologistas também podem solicitar exames específicos para detectar mutações no DNA do tumor, e saber se ele é maligno ou benigno”, pontuou o especialista.
Foto: Arquivo Pessoal
Questionado sobre como esses exames citados podem auxiliar na melhoria da saúde dos pacientes diagnosticados, o biomédico ressaltou a importância dos resultados para os médicos monitorarem os tumores e avaliarem se o tratamento está funcionando.
''Esses exames eles ajudam demais o tratamento, para saber se houve recorrência e saber se está sendo eficaz. Se forem feitos precocemente vai ajudar bastante ao paciente a ter cura o quanto antes daquela doença que foi detectada’’, afirmou Thiago França.
Avanços no tratamento
Levantamento feito pela Sociedade Americana de Câncer, mostrou o impacto do avanço da medicina nos processos de cura, através de dados sobre diagnóstico, tratamento e mortalidade pela doença, entre 1975 e 2019. O estudo aponta o ano de 1991 como um marco nesses processos feitos pelas equipes médicas. Foi nesse ano que as curvas das estatísticas começaram a mudar significativamente, devido aos protocolos, medicamentos e novos recursos que começaram a ser utilizados no início da década de 1990.
Se há alguns anos as maneiras para tratar o câncer se resumiam à radioterapia e à quimioterapia, técnicas que eliminam células cancerígenas, mas também danificam células saudáveis, estão aos poucos sendo substituídas por opções com menor toxicidade e focadas em características específicas de cada paciente. Um bom exemplo é o avanço dos estudos envolvendo o genoma humano, além do código genético presente nas células tumorais, que fez com que nos últimos anos a análise dos genes se tornasse parte indispensável para os oncologistas, médicos especialistas da área.
Foto:Flickr / Michaela33
Nas últimas décadas, muito tem sido feito para controlar e detectar a patologia que abrange mais de cem diferentes tipos de casos malignos.
Apoio familiar
Enfrentar um tratamento oncológico é algo muito desafiador. Não apenas por ter que lidar com inúmeras alterações físicas, mas, também, pela ansiedade, medo e incerteza do sucesso do tratamento, sentimentos que prejudicam o emocional do paciente.
De acordo com pesquisas do Observatório de Oncologia, as chances de uma pessoa com câncer desenvolver depressão são de aproximadamente 30%. Sendo assim, é extremamente importante estar cercado por pessoas queridas, a fim de tornar o tratamento mais leve. O diagnóstico de câncer por provocar um enorme impacto psicológico, ter o apoio da família, tanto nos momentos alegres do tratamento, quanto nas fases difíceis, é essencial para manter a saúde mental.
Uma das funções da família durante o tratamento oncológico é acompanhar o paciente nas consultas, exames, bem como sessões de quimioterapia, além de outras necessidades. Porém, mais do que simples acompanhantes, os familiares têm a importante missão de ouvir, conversar, estimular, aconselhar e consolar. O paciente oncológico precisa sentir segurança nas pessoas que o acompanham em seu cotidiano.
Também é essencial que esses acompanhantes procurem apoio psicológico. Afinal, eles devem ficar fortes para ajudar àquele paciente que geralmente é seu familiar ou amigo.