Mães que têm filhos com doenças raras e não conseguiram prosseguir os estudos agora podem ter uma chance de concluir uma graduação ou especialização. Uma parceria entre a Aliança de Mães e Família Raras (AMAR) e o Grupo Ser Educacional desenvolveu o projeto Mães Produtivas. A ação consiste em oferecer bolsas de estudos na modalidade de Educação a Distância (EaD) para essas mães, a fim de que as responsabilidades com a família sejam conciliadas com os estudos.
Foram ofertadas 15 bolsas de estudo para as mães em Pernambuco, 25 em São Paulo e 5 em cada cidade polo em que instituições do Grupo Ser estão instaladas (Campina Grande, João Pessoa, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia).
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A UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau vai atender as mães de Pernambuco. As unidades da Faculdade Maurício de Nassau irão receber as mães da Bahia, Alagoas, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Já a Universidade de Guarulhos (UNG), nos campi Atibaia, Bragança, Guarulhos, Itaquaquecetuba e Dutra, serão responsáveis pelas estudantes de São Paulo.
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Aos 32 anos, Elaine da Costa vai em busca de sua primeira graduação. Mãe de Duda, de cinco anos, nascida com microcefalia, Elaine foi uma das contempladas do projeto Mães Produtivas em Pernambuco. A dona de casa escolheu por se graduar em nutrição para auxiliar a filha em sua alimentação, já que a pequena recebe suas refeições por meio de sonda. “Foi difícil conseguir uma nutricionista para Dudinha. Escolhi nutrição por causa dela. A vida mudou e as escolhas mudaram”, explica Elaine, que já fez um tecnólogo em marketing.
O curso será iniciado em julho e Elaine disse estar ansiosa para o início das aulas. “É uma oportunidade que eu vou agarrar com tudo o que eu puder”, afirma. As 15 mães selecionadas em Pernambuco puderam escolher entre os 10 cursos de graduação e 140 de pós-graduação oferecidos pela UNINASSAU.
Elaine, assim como as outras 50 mães espalhadas pelo Brasil, irão enfrentar uma jornada de três horas diárias de estudos – que podem ser fragmentadas. “Vou me adaptar aos horários, acho que prefiro estudar à noite quando Dudinha já estiver dormindo”, comenta.
O marido de Elaine, Gustavo Teixeira, 37, aprovou a iniciativa e a escolha da esposa. “Via ser bom porque é uma profissão para ela, além de ser uma coisa que ela gosta também”, comenta. Quanto ao tempo de duração do curso, a mãe de Duda não reclama. “São cinco anos. Não tenho pressa, é um dia após o outro”, finaliza.
De acordo com o coordenador-executivo do Instituto Ser Educacional, Sérgio Murilo Junior, a oportunidade de voltar aos estudos é uma forma das mães recuperarem a autoestima. “A partir do momento que elas voltam a estudam se sentem úteis. Além disso, também há a melhora na qualidade financeira da família”, pontua.
As mães foram selecionadas por meio da AMAR. “Elas mandaram um e-mail para a Associação, explicando brevemente suas histórias o demonstrando o interesse em estudar. Então, a AMAR fez uma pré-seleção e as unidades das instituições de ensino convidaram as mães para entrevistas e, posteriormente, aquisição da bolsa”, detalhou Sérgio Murilo.
Segundo as informações da assessoria de imprensa do Grupo Ser Educacional, a expectativa é que haja o aumento no número de vagas para a ação, tanto em Pernambuco quanto nos demais Estados, mas não há previsão para que isso aconteça.
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