Tópicos | meta fiscal 2014

Líder do DEM na Câmara Federal, o deputado Mendonça Filho classificou como "desmoralização da política econômica" a alteração das regras de cumprimento da meta fiscal para 2014. Para o parlamentar, a medida que muda a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e acaba com a meta de superávit primário é "mais uma do pacote de maldades do governo anunciado após o segundo turno das eleições". 

“Lamentavelmente, o governo enviou esse projeto alterando as regras da meta de superávit primário para 2014. O ano acabou. No dia 11 de novembro o governo muda a regra! Isso é um desrespeito, é a desmoralização da política econômica. Se haverá déficit primário que o governo assuma isso e não engane a população como fez na campanha eleitoral pintando um quadro dourado da realidade do País”, disse o líder democrata. 

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O pernambucano  anunciou que o partido irá evitar a desobstrução da pauta do Congresso com a votação de vetos – que tem sessão convocada para esta quarta-feira (12) - para que o governo consiga aprovar a mudança na LDO. “Não vamos aceitar essa situação. Tem uma sessão do Congresso Nacional convocada para esta quarta-feira para votarmos vetos e podermos desobstruir a pauta permitindo a deliberação desse projeto que altera a LDO. Não vamos deixar que isso aconteça”, assegurou.

Mendonça Filho destacou ainda que a gestão da presidente Dilma Rousseff acabou o resto de credibilidade que ainda dispunha após a medida e enfrenta críticas dos próprios aliados. “Marta Suplicy ao deixar o Ministério da Cultura pediu que a presidente resgate a confiança na economia e seja iluminada para escolher sua nova equipe de trabalho. Nem seus aliados acreditam mais no futuro da política econômica”, ponderou.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu que a proposta de alteração na LDO, que flexibiliza as regras de abatimento de investimentos e desonerações para a meta fiscal, não é um cheque em branco. "Tem um limite claro estabelecido e que respeita os conceitos que são os abatimentos de investimentos e desonerações", disse.

Para delimitar melhor esse limite, Miriam lembrou que no ano até outubro o governo aplicou R$ 54,2 bilhões com o PAC e, no ano passado, fez R$ 78 bilhões em desonerações. "Esses são os parâmetros e dá para ter uma ideia de onde está esse limite", afirmou. A ministra fez questão de reforçar que desde que o Congresso passou a autorizar abatimentos para a meta fiscal, o governo "nunca usou o limite total". "O governo fará superávit porque achamos que isso é importante", garantiu.

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A ministra deixou ainda em aberto a possibilidade de o governo enviar ao Congresso uma proposta de mudança da meta fiscal de 2015. Questionada se nos novos parâmetros que seriam enviados ao Congresso estaria essa proposição, limitou-se a dizer que a "Fazenda (ministério) está preparando a nova grade de parâmetros". "Até o fim do mês teremos essa posição", disse.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse nesta terça-feira (11) que o compromisso do governo este ano é fazer um superávit primário e o maior possível. No entanto, afirmou que não tem, nesse momento, como cravar uma meta de superávit, porque as receitas estão muito erráticas e o governo ainda depende dos recursos extras do Refis (programa de parcelamento de débitos). "O compromisso do governo - e quero ser bastante clara - é fazer superávit primário este ano e o maior possível. O que está estabelecido na LDO não é possível, mas é possível um superávit", afirmou.

Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Miriam disse que o compromisso de superávit inclui abater o mínimo possível do valor que está sendo proposto no projeto de lei. Segundo Miriam, desde 2008 há o abatimento do PAC e, há dois anos, foram incluídas as desonerações. "Todo ano, o abatimento efetivo é menor que a autorização da LDO. Este ano será igual", garantiu.

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Ela defendeu a política do governo de fazer superávits anticíclicos, maiores ou menores, de acordo com a necessidade de estímulos à economia. "Essa tem sido a forma como o governo tem encarado a importância para a economia brasileira de fazer superávit para reduzir a dívida pública. Então esta é a primeira questão", disse.

Outro ponto, afirmou, é que a proposta de alteração da LDO deste ano, enviada hoje ao Congresso, mantém o mesmo conceito de abater da meta de superávit primário apenas as ações fundamentais para o crescimento do País, como os investimentos e as desonerações para as empresas investirem mais.

Base aliada

Miriam está sendo "blindada" pelos parlamentares da base aliada do governo na audiência sobre o Projeto de Lei do Orçamento de 2015. Depois de mais de uma hora de audiência, a ministra não enfrenta debate duro na comissão.

A maioria absoluta dos parlamentares que vem fazendo perguntas fez elogios à decisão do governo de mudar a meta de superávit deste ano. Apesar da promessa de oposição ferrenha ao governo, apenas um parlamentar do PSDB fez críticas ao projeto.

Gleisi

Durante a audiência, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu a política fiscal brasileira e a ministra Miriam Belchior. Segundo ela, o Congresso é também autor do aumento das despesas.

"Os que pedem corte são os mesmos que pedem recursos", atacou a senadora. "Precisamos fazer essa reflexão", disse. Gleisi ainda classificou a política fiscal do governo como "responsável" e disse que, em momentos em que "podemos economizar, nós fazemos economia".

"Eu queria fazer apelo a esta Casa. Essa questão da revisão do primário, não é questão de governo, é questão de Estado. Todo governo faz ajustes", argumentou.

O relator do projeto de alteração da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2014, senador Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu a mudança apresentada nesta terça-feira (11) pelo governo para excluir do cálculo de superávit primário os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com desonerações tributárias. "Ou ajusta a LDO ou paralisa o País", sentenciou Jucá. Segundo ele, não há intenção de nenhum partido de prejudicar a atividade econômica e a geração de empregos no Brasil.

Em audiência na Comissão Mista de Orçamento, onde está a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, Jucá disse que pretende apresentar seu relatório amanhã para um debate "maduro e duro, mas consistente com o País". Para o senador, o governo preferiu "encarar" as desonerações ao retirar limites para que elas ocorram. Segundo o senador, a limitação das desonerações poderia prejudicar alguns setores da economia. "Ao buscar excluir todo o PAC e toda a desoneração tributária, o governo mostra que está investindo e busca a responsabilidade fiscal", disse.

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Ele destacou, no entanto, que é preciso encontrar uma fórmula para enfrentar as dificuldades na concretização de despesas que levam a Restos a Pagar todo ano. "Precisamos fórmulas criativas para buscar uma equalização para essa dificuldade e de forma a agilizar os investimentos públicos", disse.

Jucá afirmou que o País não pode ficar à mercê das agências internacionais de classificação de rating. "Temos que ter essa responsabilidade e responder prontamente para esse desafio que não é do governo, mas de todos no País", afirmou o senador.

Ele disse que o ajuste fiscal não foi feito só pelo governo do PT, mas também por todos os governos estaduais e municipais de todos os partidos.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator de um dos capítulos do orçamento de 2015, disse que o governo fez a opção de enfrentar a crise crescendo e investindo. Segundo ele, a peça orçamentária aponta nesse sentido e dialoga com resultado das eleições que decidiu por um País que continue crescendo e distribuindo renda.

Pimenta disse que está sendo feito um esforço junto com Jucá para identificar setores que podem ter receitas acima das expectativas do governo e criar condições para que a peça orçamentária possa ser executada. Segundo ele, a proposta para ampliar as receitas será apresentada até semana que vem. O deputado disse que fará uma aposta positiva em relação ao futuro da economia e irá projetar uma receita maior que a apresentada na proposta de orçamento do governo.

O ministério do Planejamento afirmou nesta terça-feira, 11, por meio de nota, que, apesar da mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 para retirar o limite para abatimento da meta fiscal com despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com as desonerações tributárias, "o Executivo está comprometido a realizar o máximo de superávit primário e ao mesmo tempo garantir a execução de investimentos prioritários e a manutenção dos incentivos à economia nacional, por meio de desonerações de tributos". Destacou ainda que a mudança proposta preserva o conceito de abatimento do superávit primário, restrito exclusivamente aos recursos executados pelo PAC e pelas desonerações realizadas com impacto em 2014.

O governo encaminhou ao Congresso Nacional Projeto de Lei que propõe a alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014 e justificou a necessidade de mudança em função da revisão para baixo da previsão de crescimento da economia esse ano. "A redução do ritmo de crescimento afetou as receitas necessárias aos investimentos e políticas públicas previstas", afirma o ministério.

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Segundo o governo, a previsão de crescimento da economia brasileira foi alterada ao longo deste ano em relação à utilizada no início de 2013 para a elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Lembra também que essa revisão da previsão de crescimento tem ocorrido em diversos países, levando instituições e organismos internacionais a revisarem para baixo a estimativa de crescimento da economia mundial para este ano de 2014.

A proposta de mudança da LDO altera o capítulo do art. 3o da Lei no 12.919, de 24 de dezembro de 2013, que dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2014 e dá outras providências. A nova redação ficou assim:

"Art. 3o A meta de superávit a que se refere o art. 2o poderá ser reduzida no montante das desonerações de tributos e dos gastos relativos ao Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, cujas programações serão identificadas no Projeto e na Lei Orçamentária de 2014 com identificador de Resultado Primário previsto na alínea "c" do inciso II do ? 4o do art. 7o desta Lei."

A LDO desse ano havia fixado a meta para o governo federal em R$ 116,07 bilhões e permitiu um abatimento com despesas do PAC e com desonerações tributárias de R$ 67 bilhões. A equipe econômica, no entanto, anunciou que faria um desconto na meta de R$ 35,3 bilhões, assumindo o compromisso com um esforço fiscal de R$ 80,8 bilhões em 2014. Agora, o governo abandonou esses limites e pode abater da meta tudo que gastar com o PAC e com desonerações. Além disso, a União não está mais obrigada a cumprir o que Estados e municípios deixarem de cumprir da meta desses entes, que é de mais R$ 18,2 bilhões. Com a participação dos governos regionais, a meta de superávit de todo o setor público era de R$ 99 bilhões.

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