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O Centro de Referência Soledad Barrett, que funcionava na Zona Norte do Recife, foi desocupado na manhã desta terça-feira (21), após uma operação de reintegração de posse realizada pela Polícia Militar, a pedido da Prefeitura do Recife. Antes sem utilização, o terreno foi ocupado em março deste ano pelo Movimento de Mulheres Olga Benário (MMOB) e transformado em um local de acolhimento para mulheres vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade. O centro fazia o procedimento de triagem e encaminhava as acolhidas para receber atendimento psicológico, jurídico e social.
##RECOMENDA##Segundo a PCR, desde a ocupação, a gestão municipal tenta dialogar com o movimento para que o prédio fosse esvaziado de forma voluntária. A prefeitura revelou que tem planos de construir um centro de acolhimento para pessoas idosas, também em situação de violência e reintegração social, ideia que já está no papel há alguns anos. Em nota, o município também informou que ofereceu transporte para levar os ocupantes do imóvel para um endereço indicado pelo MMOB. A versão do movimento diverge da fornecida pela PCR.
"A negociação só foi para a gente sair. Não tinha nenhuma outra proposta de acolhimento dessas mulheres e de encaminhamento para outro espaço. A conversa da Prefeitura era só a gente se retirar", informou Natália Lúcia, coordenadora estadual do Movimento Olga Benário, ao LeiaJá. A líder da ocupação declarou também que chegou a propor a divisão do imóvel para atender ao plano da prefeitura de fazer da casa o centro de atendimento ao idoso.
Quando a Polícia Militar, com o apoio do Batalhão de Choque, chegou ao local na manhã desta terça-feira (21), 14 pessoas estavam na casa. No total, o centro, criado em 8 de março deste ano, já atendeu a 90 mulheres do Grande Recife, entre mulheres solteiras e mães solo, gestantes, e mulheres em processo de aborto após violência sexual.
"A polícia chegou às 6h já quebrando o cadeado e entrando. Então a gente correu para poder se proteger dentro da casa. Se eles já chegaram dessa forma, a gente não sabia o que eles iam fazer depois. Em 10 minutos, acabaram com tudo. Derrubaram porta, derrubaram mesa e fizeram todo um trabalho de destruição para tirar a gente", continuou Natália, que também relata ter sido agredida pelos policiais.
*Com informações de Victor Gouveia