Tópicos | ocupação da reitoria

A possível mudança nas normas que integram o novo Estatuto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem gerado um impasse entre o Conselho Universitário e alunos da instituição. A principal questão levantada pelos estudantes é a apreciação da peça elaborada na Comissão Geral Estatuinte que segundo o vice-reitor da UFPE, Silvio Romero Marques, os alunos não aceitam alterações e correções no texto. No entanto, alguns itens do novo conjunto de regras, como o que se refere à paridade dos conselhos institucionais, ferem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

“O novo Estatuto pontua que a participação no Conselho Universitário é de 1/3 para cada categoria [docentes, técnicos e alunos], mas para atender a reivindicação deles nós teríamos que modificar a LDB. Ela prevê que os conselhos tenham a participação de 70% de docentes e 30% divididos igualmente para técnicos e estudantes”, detalhou o vice-reitor que também é presidente da Comissão Estatuinte, durante uma coletiva de imprensa que aconteceu na tarde desta segunda-feira (5).

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O Estatuto vigente da UFPE foi criado em 1975 e aprovado em 1979.  De lá para cá foram feitas 320 emendas, por isso, de acordo com Marques foi “observada a necessidade de se estabelecer novas leis e normas para uma universidade moderna”. 

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O processo para a reformulação das normas que regem as atividades da universidade foi iniciado em dezembro de 2011. “O novo Estatuto foi feito de uma forma extremamente democrática. Aberta a participação e discussão ao longo de tempo [dois anos]. O próprio professor Renato Janine [ex-ministro da Educação] que esteve aqui em uma das nossas audiências públicas [para a elaboração das normas] disse que nunca foi feita uma mudança no Estatuto de universidade com tanta democracia. Então na realidade tivemos muito tempo para debater as ideias e nunca se chegou a conclusão de que contestaríamos uma lei federal para concluir a peça”, argumentou o vice-reitor.

Fim das negociações 

O imbróglio entre alunos e o Conselho Universitário resultou, inclusive, na ocupação da reitoria da universidade desde a última sexta-feira (2), dia em que a peça foi entregue ao Conselho para a apreciação. 

“Eles disseram que o Conselho não pode mudar nada ao regimento. É votar sim ou não. Sem discussão ou apreciação. Um deles disse ‘não é para mudar nenhuma vírgula’. Mas o reitor não pode chegar aos 82 conselheiros e dizer ‘você não pode argumentar, tem que aprovar ou reprovar na íntegra’”, contou a pró-reitora para Assuntos Estudantis, Ana Cabral. 

A pró-reitora participou das quatro tentativas de negociação com os alunos para que desocupassem o prédio, todas sem sucesso. “Dissemos a eles que a apreciação aconteceria no dia 28 de outubro, com o conselho em um lugar maior, para que todos participem, e teriam voz para opinar [cinco representantes de cada]. Eles disseram que não aceitavam e nem desocupariam a reitoria. Esgotamos todas as possibilidades de negociação”, cravou.

Cerca de 60 pessoas ocupam a reitoria da UFPE. Apesar da falta de acordo, a juíza Joana Lins da 2ª Vara da Justiça Federal já determinou a reintegração de posse do local. 

Nesta quinta-feira (22), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) acionou a Procuradoria Regional Federal para entrar com um mandado de reintegração de posse do prédio da Reitoria da instituição de ensino. O local, situado no bairro da Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife, desde essa quarta-feira (21) está ocupado por integrantes do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (Sintufepe).

Em greve há mais de 60 dias, os servidores reivindicam por melhores salários e plano de cargos e carreira. Em nota enviada à imprensa, o Sintufepe destacou a “radicalização do movimento paredista” e afirmou que a greve é por tempo indeterminado.

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Segundo a UFPE, a ocupação da Reitoria por parte dos trabalhadores está impedindo o funcionamento de diversas atividades administrativas e acadêmicas. A Universidade ainda alega que o protesto está “prejudicando gravemente o serviço público”.

“A UFPE respeita o direito de greve e as manifestações dos trabalhadores. No entanto, repudia atos que venham a prejudicar o direito dos que desejam exercer normalmente suas atividades. A Universidade espera que, com as medidas legais adotadas, fiquem garantidas as condições para o funcionamento da Reitoria”, informou a instituição de ensino pernambucana, por meio de nota.

De acordo com o coordenador de comunicação e imprensa do Sintufepe, Guilherme Costa Neto, uma comissão designada pelo reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, conversou com os servidores pedindo que eles desocupassem a Reitoria. Em troca, foi marcada uma reunião com o reitor nesta sexta-feira (23), pela manhã. “Em consequência disso, a comissão marcou a reunião e eu espero que o reitor compareça. Nós vamos discutir a nossa reivindicação interna, pedindo uma jornada de trabalho de 30 horas semanais”, disse Costa. Atualmente, os servidores trabalham 40 horas por semana.

Ainda segundo o coordenador, os servidores resolveram desocupar o prédio. Ele afirmou que a ocupação só aconteceu por causa da negativa do Governo Federal, no início desta semana, no que diz respeito às reivindicações dos trabalhadores.

O grupo de estudantes que ocupa o gabinete da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), desde a última segunda-feira (2), segue no local mesmo após a intimação judicial que impõe que eles desocupem a sala.

Há pouco o grupo divulgou em nota através das redes sociais uma Declaração Pública esclarecendo alguns pontos, como o fato de não ocuparem todo o prédio da reitoria, mas somente o gabinete do reitor, e também sobre o horário de 24h do mandado judicial, que chegou ao local às 19h da terça-feira (3).

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Eles explicam, ainda na nota, que já contactaram a defesa legal do grupo na manhã desta quarta-feira (4) e que não responderiam a nenhum questionamento posterior à nota. A equipe do LeiaJá tentou fazer contato com os estudantes, mas não conseguiu.

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