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Os moradores da comunidade Olga Benário voltaram a fechar a Avenida Recife na tarde desta sexta-feira (22). Eles fazem parte de um grupo que estava ocupando um terreno, próximo ao Tribunal Regional Federal (TRF), há quase um mês. Na manhã de ontem, foi cumprida a ação de reintegração de posse da terra; as famílias fizeram protesto.

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Equipes da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros (CBMPE) e da Polícia Rodoviária Federal foram ao local para tentar negociar a liberação da via. Os moradores atearam fogo em pneus, entulhos e na carcaça de um carro que havia sido queimado durante a mobilização de ontem.

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Em meio a esgoto, mato e lixo, centenas de famílias deixaram suas casas e estão instalados, de forma precária, às margens da Avenida Recife, próximo ao Tribunal Regional Federal (TRF) - Zona Oeste do Recife. Liderada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), a ocupação Olga Benário, com quase mil famílias, exige moradia digna. 

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Segundo o líder do MLB, Serginaldo Gomes, há 16 dias que as famílias ocuparam o espaço e já foram ameaçadas. “Desde o último final de semana estamos sofrendo retaliações como tiros durante a madrugada e até barracos queimados. Queremos apenas uma moradia melhor”, dasabafou Gomes. Ainda em entrevista ao LeiaJá, ele informou que já estão sendo realizadas negociações com o Governo do Estado e Prefeitura do Recife.

“Queremos conversar e acima de tudo, negociar. Na semana passada o Juiz da 21ª Vara Civil da Capital deliberou a ordem de reintegração de posse, mas vamos continuar aqui”, falou o líder, ressaltando ainda que todos os atos de violência já foram reportados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “O possível dono da empresa Jiquiá Desenvolvimento Imobiliário mandou alguns capangas (sic) no local que deflagraram alguns tiros e queimaram barracos”, concluiu.

A ocupante Quitéria Maria da Silva, que é avó de quatro crianças, relatou que deixou sua residência, localizada no bairro de San Marin, para tentar conseguir uma casa. “Minha filha trabalha em uma banca de jogos e recebe um salário mínimo. Com este dinheiro não dá para pagar o aluguel de R$ 400 e as contas de casa. Estou aqui para ajudá-la”, justificou. Quando questionada como os netos são acomodados, ela respondeu - “Coloco uma tábua, um colchão e eles dormem”, falou a avó, que estava cercada dos netos de 11, cinco, quatro e dois anos.

O vigilante Gerson Mendonça, 55 anos, que mora em Jardim São Paulo, alegou que as famílias não estão invadindo, estão ocupando o espaço inutilizado. Além disso, ele reforçou que todos são trabalhadores. “Aqui não tem nenhum bandido. Todos que estão no terreno são pessoas honestas, queremos apenas a oportunidade de adquirir uma moradia melhor para nossas famílias. Não existe o Minha Casa Minha Vida? Queremos também. O choque (batalhão da Polícia Militar) pode chegar, mas não vamos sair”, argumentou.


Cehab

Em relação à atuação da Secretaria de Habitação, a assessoria de imprensa informou que durante o último final de semana, a Gerência de Projetos Sociais da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) realizou o cadastramento com o perfil socioeconômico das famílias, através de questionário e coleta de documentação. Quanto à propriedade do terreno e os casos de violência, o órgão não se pronunciou. A Prefeitura do Recife também está realizando o cadastro das famílias até a próxima sexta-feira (22) com objetivo é cruzar os dados para as providências posteriores.

Ministério Público de Pernambuco (MPPE)

A equipe de reportagem entrou em contato com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que ratificou que há duas representações sobre a ocupação Olga Benário. Sendo uma referente à questão da habitação e outra sobre os supostos casos de violência. Acerca das denúncias de violência, o caso foi encaminhado à Central de Inquéritos do MPPE e a Secretaria de Defesa Social (SDS) do Estado, para análise. No que tange a questão da habitação, o caso está sendo averiguado pela promotoria responsável. Como ambos estão sob investigação, o MPPE ainda não possui posicionamento sobre a referida Ocupação.

Proprietários

O LeiaJá também tentou contato com os proprietários do terreno invadido, mas até a publicação desta matéria não obteve nenhum retorno.

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