O número de trabalhadores autônomos, cadastrados como microempreendedores individuais (MEIs) ultrapassou neste ano a marca de 8 milhões, encerrando março em 8.154.678, de acordo com dados do Portal do Empreendedor do Governo Federal.
Nos últimos cinco anos, a quantidade de profissionais que migraram para essa modalidade cresceu mais de 120%. Somente nos três primeiros meses de 2019, o país ganhou 379 mil novos MEIs.
##RECOMENDA##Para se cadastrar é preciso ter faturamento de até R$ 60 mil por ano, não ser administrador, sócio ou titular de outra empresa e ter no máximo um empregado. Como pessoa jurídica, o microempreendedor pode abrir conta bancária, fazer empréstimos e emitir notas fiscais.
As estatísticas mostram que a maioria dos MEIs tem entre 31 e 40 anos, faixa que reúne mais de 2,5 milhões de pessoas, 31% do total. No entanto, o registro formal de microempreendedor também tem atraído jovens entre 21 e 30 anos, que correspondem a cerca de 22%, com 1,7 milhão de pessoas.
Entre as vantagens que os profissionais mais novos veem no MEI está a oportunidade de ganhar mais dinheiro do que com registro em carteira, conforme explica o economista especialista em gestão financeira Ricardo Maila. "Nessa modalidade, o valor que a empresa teria de pagar para terceiros, como o governo, pode ser pago para o contratado, reduzindo custos e dando mais flexibilidade ao funcionário, que pode definir o destino de sua remuneração, por exemplo, não sendo obrigado a investir no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço [FGTS]", afirma.
É o caso da arquiteta e urbanista Natalie Ferreira, 26 anos, que se tornou microempreendedora individual há oito meses. "Trabalho em uma empresa onde fui contratada como CLT, mas quando eles me apresentaram a possibilidade de me tornar MEI, eu gostei porque ganharia o dobro e com isso guardaria mais dinheiro. Além disso, no fim do ano o que rendia seria muito mais do que 13° salário e FGTS. E foi o que eu fiz, contratei uma previdência privada e comecei a guardar mais dinheiro", conta.
Mas apesar de o MEI ter dado ao profissional autonomia para poder trabalhar em casa e para mais de uma empresa ao mesmo tempo, Natalie acrescenta que a modalidade também possui desvantagens. "Um ponto negativo é que caso eu engravide ou fique doente, não vou ter nenhum benefício. Então, vou ter que usar o dinheiro que guardei. Por isso que como microempreendedora tenho que ter mais organização financeira", relata.
O economista Maila alerta que o MEI é uma opção viável justamente para as pessoas que sabem administrar suas finanças. "Recomendo para todos que saibam negociar uma situação favorável e intermediária com o contratante. E que naturalmente, tenham organização, planejamento e disciplina para salvar o dinheiro que seria para suas reservas no regime CLT", orienta.
Segundo o economista, as empresas podem optar por contratar apenas pessoas que sejam MEI, contudo esses empregados precisam ter cautela. "Na teoria é possível contratar apenas microempreendedores, mas na prática é importante que o empregado tenha um advogado trabalhista como consultor preventivamente para avaliar os riscos", pondera.
Um levantamento da Serasa Experian aponta ainda que do total de 2,5 milhões de novas empresas abertas em 2018 no país, 81,4% foram MEIs. O número de microempreendedores individuais cadastrados só não aumentou ainda mais no último ano porque no início do ano passado houve o cancelamento de 1,3 milhão de registros por inadimplência e não cumprimento das regras da modalidade.