Brasília - A aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para a educação, aprovada em junho por uma comissão da Câmara que analisou o Plano Nacional de Educação, foi contestada por 80 deputados de onze partidos. O recurso, assinado pelo líder do governo, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), precisa ser acatado pelo Plenário da Câmara para entrar na pauta. O texto ainda tramitará no Senado.
A proposta aprovada pela comissão prevê que o governo invista pelo menos 7% do PIB nos primeiros cinco anos de vigência do plano e 10% ao final de dez anos. Atualmente, 5% do PIB são destinados ao setor. A proposta original do Executivo era aumentar para 7%. Já o relator do projeto, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), havia sugerido 8% e voltou a defender o percentual. “Estou convencido de que 8% são suficientes para enfrentar os grandes desafios da educação na próxima década, que são a inclusão de crianças e jovens no sistema de ensino e a melhoria da qualidade da educação como um todo”.
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“Estamos falando de um acréscimo de 100% nos recursos da área. Esse é um valor extremamente vultoso e representativo que merece a avaliação de todos os deputados”, justificou o deputado Guilherme Campos (PSD-SP), um dos subscritores do recurso. A Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, que articulou o recurso, também questionou em nota o fato de que o plano aprovado não aponta de onde virá a verba que irá bancar a ampliação do investimento em educação.
Para a deputada Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que integra a comissão especial do PNE, o recurso é “mais uma manobra do governo para protelar a votação do plano”. “A estratégia agora é atrasar a votação ao máximo, já que o governo não vai querer passar uma imagem ruim em pleno período eleitoral”, frisou.
Segundo a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, não é mais possível a retirada individual de assinaturas do recurso. Mas é possível a retirada da proposta. Para tanto, seriam necessárias as assinaturas de pelo menos 41 dos 80 deputados que apresentaram o requerimento.
Com informações da Agência Câmara.