Após a vitória de seu candidato Roberto Cláudio (PDT) à prefeitura de Fortaleza, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou que a saída para a esquerda é se juntar a forças de centro. Ciro prevê que a criação de uma "frente de esquerda" no Brasil, cogitada por algumas lideranças políticas, não é viável. Para ele, o País "não cabe na esquerda". "O Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento, com começo, meio e fim, e que, audaciosamente, busque construir um grande entendimento entre quem produz e trabalha. Este é o projeto que estou montando", disse. Segundo ele, o mais viável é a união de políticos de "centro-esquerda".
Ciro adiantou cálculos de seu terceiro projeto como presidenciável. O ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Itamar Franco não prevê, por exemplo, o apoio do PT à sua campanha no primeiro turno das eleições de 2018.
##RECOMENDA##"Acho que não acontecerá no primeiro turno esse ajuntamento", afirmou Ciro em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado. "É a natureza do escorpião. A natureza do PT é essa", disse, em referência à fábula de Esopo sobre a rã e o escorpião. Segundo o ex-ministro, Lula já disse, nos bastidores, que poderá apoiá-lo, mas ele não acredita. "Ele me disse isso antes da Dilma também. O candidato é você. O tempo todo. E eu dizendo: você não tem como bancar isso".
O ex-governador do Ceará acredita que somente em um eventual segundo turno o partido do ex-presidente Lula poderia vir a apoiá-lo. Para Ciro, há um "lado bom" nisso. "Vou tentar apresentar um projeto. E quero ver se comovo a opinião com esse projeto", diz. No primeiro turno, o pedetista acredita que o PT tem nomes para lançar, como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-ministro Jacques Wagner.
Na avaliação de Ciro, Lula não deve se candidatar novamente. "A melhor hipótese seria ele ganhar e não conseguir governar e prorrogar essa crise", afirmou o ex-ministro, que foi candidato a presidente em 1998 e 2002. "Tem horas que você tem de entender que seu papel é dar passagem generosamente, recuperar seu justo nome na história, desmobilizar esses ódios e tentar com alguma generosidade dar passagem".
Candidatos
Ciro prevê que o pleito de 2018 terá um quadro semelhante ao de 1989, primeiras eleições diretas para presidente após a ditadura militar. Segundo ele, a disputa deverá ter de cinco a seis candidatos competitivos. "O (Geraldo) Alckmin, se quiser, será candidato", afirma o pedetista, em referência ao governador de São Paulo, considerado o grande vitorioso do último pleito municipal por eleger João Doria (PSDB) prefeito de São Paulo no primeiro turno.
Na visão dele, o PMDB deverá lançar ou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, atualmente filiado ao PSD, ou o próprio presidente Michel Temer, caso haja alguma melhoria na economia brasileira. Os outros três candidatos seriam ele, a ex-senadora Marina Silva, que tem o "recall" das últimas duas eleições presidenciais, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). "De 10% para cima, todos. Com 30%, nenhum", afirma.