Tópicos | Preço alto

Durante passeio de moto em Brasília neste domingo (25), o presidente Jair Bolsonaro irritou-se com o pedido de um homem, não identificado, sobre o preço do arroz. O chefe do Executivo fez um passeio hoje por regiões do Distrito Federal acompanhado dos ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e Braga Netto, da Casa Civil.

Enquanto se preparava para sair da Feira Permanente do Cruzeiro, o mandatário ouviu uma cobrança relacionada à alta no preço do arroz, registrada desde o início de setembro. "Bolsonaro, baixa o preço do arroz, por favor. Não aguento mais", disse o homem.

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O presidente respondeu prontamente e em tom irritado: "Quer que eu baixe na canetada? Você quer que eu tabele? Se você quer que eu tabele, eu tabelo. Mas vai comprar lá na Venezuela". Em seguida, sem receber outro comentário do homem, que deixou o local, Bolsonaro disse: "Fala e vai embora". Pouco depois, o mandatário também saiu do local e retornou ao Palácio da Alvorada.

Desde a alta no preço do produto, que é um dos principais componentes da alimentação diária dos brasileiros, Bolsonaro tem negado a possibilidade de tabelamento de preço. O valor do grão chegou a dobrar depois do aumento da demanda interna e externa, influenciado pela pandemia da covid-19.

Em falas anteriores, Bolsonaro argumentou que o tabelamento de preços já foi feito no passado e não deu certo. "Não posso é começar a interferir no mercado. Se interferir, o material sobra na prateleira, isso que é pior", afirmou para apoiadores no dia 16 de setembro.

A disparada no preço do arroz fez o governo em setembro anunciar a redução total, até o fim do ano, da alíquota de importação para uma cota de 400 mil toneladas de arroz. Sobre o assunto, o chefe do Executivo afirmou em declarações anteriores que a expectativa é normalizar o preço do grão até o fim do ano.

Inflação

Na sexta-feira, 23, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação oficial. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) atingiu 0,94% em outubro, maior resultado para o mês desde 1995. No ano, o índice acumula alta de 2,31% e em 12 meses atingiu 3,52%.

Os preços dos alimentos e bebidas tiveram a maior alta entre os grupos pesquisados, chegando a 2,24%. Os alimentos para consumo no domicílio subiram 2,95% em outubro, depois do avanço de 1,96% em setembro. A alta foi puxada por itens como o óleo de soja (22,34%), o arroz (18,48%), o tomate (14,25%) e o leite longa vida (4,26%).

Bolsonaro já relacionou a alta no preço do arroz com uma "corrida aos supermercados" e também com a política de isolamento. No dia 14 de outubro, o mandatário destacou para apoiadores que o "homem do campo", que não parou de trabalhar durante a pandemia, garantiu o abastecimento de arroz, mesmo que com preço elevado.

"Acabaram com os empregos, aí sobe o preço do arroz, né? Fique em casa, pô. Já pensou se o homem do campo tivesse ficado em casa? Não teria nem a R$ 30, R$ 35 o pacote de cinco quilos. Não teria arroz", disse na ocasião.

(Colaborou Marcos Pereira)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou, nesta quinta-feira (9), sobre a alta do preço do arroz e a falta do alimento nas gôndolas de supermercados. O comunista criticou a adoção de um "estado mínimo" e observou que uma das causas do problema é a alta do dólar.

"Solução para falta de arroz ou explosão do seu preço não é importação. Isso é paliativo. Questão central é o papel regulador e fomentador do governo federal, via órgãos como CONAB e BB. Essa ideia de 'estado mínimo' só conduz a desastres. Estado tem que ser presente e eficiente", escreveu o governador no Twitter.

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Para Dino, apesar do problema enfrentado pelo país, onde já há registro do preço do pacote de cinco quilos de arroz custando R$ 40, o presidente não sabe que caminho adotar para reverter o quadro.

"Uma das causas do problema com alimentos que estamos atravessando é o dólar nas alturas. E nem adianta perguntar qual o caminho a Bolsonaro. Ele nada sabe e de nada entende, como já declarou várias vezes. E ainda vão cortar o auxílio emergencial? Absurdo", emendou, sem poupar alfinetadas.

A variação expressiva do preço da gasolina e do etanol em Salvador, na contramão do restante do país, em setembro, ocorreu porque os postos aumentaram os preços após meses consecutivos de queda. A explicação é do Sindicato dos Combustíveis da Bahia (Sindicombustíveis Bahia). Enquanto na média do país a gasolina ficou 0,5% mais barata e o etanol, 0,7%, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) captou alta de 10,98% e 12,2%, respectivamente, na capital baiana.

Na mesma linha da argumentação do Sindicato, também a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que monitora os mercados municipais, informou que o aumento de preços foi pontual no mês e não reflete a fotografia do mercado local em todo o ano. Segundo a agência, até então, não havia motivo para que os postos de Salvador fossem investigados sobre uma possível formação de cartel. Mas, a partir de agora, a agência reguladora passará a acompanhar o comportamento dos preços na capital e, se houver indicação de que os revendedores de combustíveis estão combinando preços, o caso poderá ser enviado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para análise, informou a ANP, por meio de sua assessoria de imprensa.

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No Cade, não há qualquer registro público de investigação dos postos de Salvador. No entanto, sua assessoria informa que não é descartado que o Conselho esteja promovendo algum processo sigiloso.

Em setembro, o litro da gasolina custava, em média, R$ 3,076 para o consumidor final de Salvador, enquanto, na média do Brasil, estava a R$ 2,963. Neste mês, houve novo aumento. De acordo com o levantamento realizado pela agência reguladora, os postos da capital baiana aumentaram mais uma vez os preços em outubro, para R$ 3,078 por litro, novamente acima da média nacional, de R$ 2,949 por litro. Mas, até agosto, o cenário era outro. Em Salvador, o litro da gasolina custava R$ 2,695 enquanto, na média do país, estava em R$ 2,960.

"Houve uma guerra concorrencial na cidade de maio a agosto. Quando um dono de posto baixa o seu preço, todos os demais seguem o mesmo movimento. Até que, em um momento, um não aguenta mais a situação e sobe o preço, decisão, mais uma vez, seguida por todos os outros. Foi isso o que aconteceu. Mas esse foi um cenário pontual, em setembro. A alta captada pelo IPCA na reflete a fotografia do mercado de Salvador em todo o ano", argumentou o presidente do Sindicombustíveis Bahia, José Augusto Costa.

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