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Após a flexibilização nas medidas de segurança contra a Covid-19, o país passa por um aumento no número de casos, considerado por especialistas como uma quarta onda. De acordo com os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país registrou aumento de 122% no número de casos, indo de 14 mil para 31 mil entre 20 de maio e 2 de junho.

Diante dessa realidade, alguns lugares estão retomando o uso das máscaras em locais fechados, como as universidades públicas do Rio de Janeiro, escolas em Mugi das Cruzes em São Paulo, além dos prédios do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), entre outros. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) de Pernambuco, não há uma estimativa dessa possível volta da obrigatoriedade do uso das máscaras em locais abertos e fechados no estado.

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LeiaJá escutou dois infectologistas que opinaram sobre a necessidade ou não da volta da obrigatoriedade do equipamento de proteção, como forma de controlar o aumento de casos da doença. Segundo o infectologista clínico e professor do curso de Medicina na Unisa, Marco Antônio Iazzetti, com a pandemia houve uma boa consciência sanitária da população em relação a higiene pessoal.

"Com relação ao uso das máscaras no cenário atual eu vejo o seguinte, não sei se a obrigatoriedade será retomada ou não, vai depender do que as autoridades sanitárias do país observarem. O que tenho percebido é que com a pandemia houve uma consciência muito boa da população em relação a sua higiene, etc. Além de tudo, temos que considerar a situação vacinal do nosso país, onde a imensa maioria da população está vacinada com mais de duas doses, sabemos a importância da vacina."

Por fim, o especialista afirmou que ainda é possível aguardar antes de determinar nova exigência de máscaras.. "Eu acho que no momento ela pode ser esperada, enquanto as autoridades avaliam os dados que estão sendo colhidos. Mas o mais importante é a consciência que a população adquiriu após a pandemia. Você pode observar que muita gente continua usando máscara em locais fechados, sem nenhum tipo de constrangimento e obrigatoriedade. Acho que isso é muito mais importante, conscientizar a população sobre a higiene, conscientizar sobre o uso das vacinas", finalizou.

Em contrapartida, a médica infectologista Marcela Vieira Freire acredita que é uma necessidade urgente a volta da obrigatoriedade das máscaras em ambientes fechados. "A interrupção do uso de máscara em ambientes fechados foi desaconselhado mesmo antes de termos esse último pico de casos porque as máscaras reduzem de forma drástica a transmissibilidade. Considero que é urgente a utilização de máscaras em ambientes fechados principalmente, além de transportes públicos, táxis, e transportes por App", enfatizou.

Os casos de Covid-19 se multiplicaram nos últimos dias no Brasil, o que traz temores sobre o impacto de uma quarta onda no país, um dos que mais registraram mortes durante a pandemia.

Nesta quinta-feira (2), o Ministério da Saúde registrou 41.273 novos contágios em 24 horas. Duas semanas antes, o número diário estava em 10.415, de acordo com dados oficiais.

Diversos especialistas falam do início de uma quarta onda de coronavírus no país, faltando poucos dias para o início do inverno, que afeta especialmente as regiões mais ao sul.

"Nós tivemos a conjunção de alguns fatores, a retirada das máscaras em locais fechados, o nosso outono/inverno que tem uma maior circulação de vírus respiratórios, a entrada de subvariantes da ômicron [...] e a pouca adesão das doses de reforço" explicam este aumento, analisou Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O número de mortes diárias, no entanto, não disparou e o último registro indica 127 óbitos.

Quase 667.000 pessoas morreram de covid no Brasil, onde cerca de 80% da população vacinável já recebeu as duas doses (ou dose única) dos imunizantes contra a covid-19. Já em relação à dose de reforço, pouco mais de 50% da população maior de 12 anos foi inoculada.

O governo do presidente Jair Bolsonaro pôs fim, há quase duas semanas, ao estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional causado pela crise sanitária da covid-19, que vigorou durante dois anos por causa da pandemia.

Contudo, especialistas criticaram essa medida devido à ameaça que a covid ainda apresenta e pelo eventual surgimento de novas variantes, potencialmente resistentes às vacinas.

As duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, suspenderam em março a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados, com algumas exceções, como no transporte público no caso da capital paulista.

Contudo, o estado de São Paulo voltou a recomendar o uso de máscaras em espaços fechados após um aumento de 120% nas internações diárias por covid em maio.

A Argentina começa a enfrentar a quarta onda de Covid-19, afirmou nesta segunda-feira (16) a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, diante de um aumento acentuado do número de infectados, embora sem um crescimento do número de mortos ou internados.

“Começamos hoje na Argentina a quarta onda da Covid-19, que nos encontra em uma situação totalmente distinta”, declarou a ministra durante um encontro com os ministros provinciais da Saúde na localidade patagônica de Villa La Angostura.

No balanço semanal divulgado neste domingo (15), foram notificados 33.989 casos, 92% a mais do que os 17.646 casos da semana anterior. O número de internados permaneceu estável, passando de 295 para 300 em todo o país. Na última semana, 47 pessoas morreram de Covid, enquanto 76 perderam a vida na semana anterior.

Com uma população de 45 milhões de pessoas, a Argentina soma 9.135.308 casos da doença e 128.776 mortos desde o começo da pandemia, segundo dados oficiais. Carla Vizzotti descartou planos de retomar os confinamentos.

Semanas atrás, a Argentina começou a aplicar a quarta dose de vacina nos maiores de 50 anos. Um total de 83% dos argentinos tomaram duas doses, enquanto 49% receberam uma ou duas doses de reforço.

O mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia do novo coronavírus. A avaliação é da diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão. Ela abordou a situação da pandemia em conferência na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

“Estamos vendo a ressurgência de casos de Covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E isso que há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”, declarou Mariângela Simão.

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Segundo ela, o vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis. Mas em razão da vacinação houve uma dissociação entre casos e mortes, pelo fato da vacinação ter reduzido os óbitos decorrentes da Covid-19. Ela lembrou que a imunização reduz as hospitalizações mas não interrompe a transmissão.

A diretora avaliou que os novos picos na Europa se devem à abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão, além do uso inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões.

“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”, pontuou a diretora-geral adjunta da OMS.

Um problema grave, acrescentou, é a desigualdade no acesso às vacinas no mundo. “Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”, analisou.

Outro obstáculo é a concentração em poucos países que dominam tecnologias utilizadas para a produção de vacinas, como o emprego do RNA mensageiro, como no caso do imunizante da Pfizer-BioNTech.

Mariângela Simão considera que o futuro da pandemia depende de uma série de fatores. O primeiro é a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural. O segundo é o acesso a medicamentos. O terceiro é como irão se comportar as variantes de preocupação e do quão transmissíveis elas serão.

O quarto é a adoção de medidas sociais de saúde pública e a aderência da população a essas políticas. “Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis”, projetou.

A diretora da OMS defendeu que além das medidas de prevenção é preciso assegurar a equidade no acesso a vacinas, terapias e testagens. “É vacinas, mas não somente vacinas”, resumiu.

Américas e Brasil

Ao avaliar a situação das Américas e do Brasil, Mariângela Simão afirmou que as Américas vêm tendo um comportamento de transmissão comunitária continuada, com ondas repetidas.

Quanto ao Brasil, ela avaliou que o programa de vacinação está andando bem. Mas, a partir da situação na Europa, se mostrou receosa com o futuro da pandemia no Brasil pelas discussões em curso sobre o carnaval.

“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.

Congresso

O Congresso Brasileiro de Epidemiologia teve início nesta segunda-feira (22) e irá até a sexta-feira (26). O evento é uma promoção da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e contará com diversas palestras, debates e apresentações de trabalhos científicos. Mais informações em https://zandaeventos.com.br/epi/index.php.

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