Campeã mundial no Rio de Janeiro em 2013, Rafaela Silva ficou mais perto de outra consagração em casa, precisando de apenas uma vitória para garantir a primeira medalha do Brasil nos Jogos, depois de avançar de forma convincente às semifinais.
No caminho do ouro, a brasileira terá pela frente a atual vice-campeã Corina Caprioriu, da Romênia.
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Nas três lutas que disputou na manhã nesta segunda-feira, na categoria até 57 kg, a carioca de 24 anos empolgou a torcida, vencendo a primeira por ippon e as outras duas com wazari.
Cada vez que entrava no tatame, a mesma cena se repetia: o público cantava "olê, olê, olê, olá, Rafa, Rafa". Cada ataque era comemorado como um gol de futebol, mas a brasileira sempre mantinha o semblante fechado, com concentração máxima, quando centenas de pessoas gritavam seu nome.
Na estreia, Rafa enfrentou a mesma adversária contra a qual iniciou sua campanha em Londres-2012, a alemã Myriam Roper.
Apesar desse retrospecto, Roper é uma atleta qualificada, que também subiu ao pódio no Mundial de 2013, quando ficou com o bronze.
Isso não impediu Rafaela de se impor de forma arrasadora. Com apenas 14 segundos de luta, a brasileira conseguiu derrubar a adversária e marcar um wazari, levando a torcida ao delírio.
Com a vantagem, ela poderia muito bem ficar controlando a luta, mas não faz parte da mentalidade de menina nascida e criada na Cidade de Deus, a poucos quilômetros do Parque Olímpico. Trinta segundos depois, Rafa partiu de novo para o ataque e encerrou a luta com um ippon espetacular.
- Talento e agressividade -
No segundo combate, Rafa enfrentou outra adversária duríssima, a coreana Kim Jandi, número 2 do ranking mundial, mas mostrou mais uma vez todo seu talento.
O início da luta foi bastante disputado e as duas atletas levaram um shido por falta de combatividade, com pouco mais de um minuto de luta.
Rafaela passou a ser mais agressiva e foi premiada por um wazari, faltando 1 minuto e 12 segundos para o fim do combate.
Os segundos finais foram tensos, com a brasileira levando dois shidos. Se levasse mais um, seria desclassificada. A torcida cantou a contagem regressiva e vibrou intensamente quando o soou o gongo.
Nas quartas, a vítima da vez foi a húngara Hedvig Karakas, medalhista de bronze no Mundial de Roterdã-2009.
Foi contra a húngara que Rafa viveu o pior momento da sua carreira, nos Jogos de Londres-2012, quando foi desclassificada por conta de um golpe ilegal e em seguida foi vítima de injúrias raciais nas redes sociais.
Depois da desilusão, ela passou por um quadro de depressão e cogitou abandonar o judô. O duelo com a húngara foi uma grande oportunidade de vencer seus demônios.
Depois de um início tenso, com um shido para cada judoca, Rafa conseguiu encaixar o golpe decisivo a pouco mais de dois minutos do fim.
Karakas até esboçou uma reação, mas a judoca da casa conseguiu se manter firme, bloqueando todos os ataques e impondo sua força física.
No masculino, Alex Pombo foi eliminado logo na primeira rodada pelo chinês La Saiyinjirgala, ao levar um yuko controverso no último segundo de luta.