Mal tomou posse no dia 1º de janeiro e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), começou a realizar atividades na cidade. Limpeza das ruas, assinaturas de cessões de terrenos para início de obras e até reuniões em pleno dia de domingo. Se por um lado as coisas estão acontecendo nesses primeiríssimos dias, por outro, é motivo de observação da oposição que visualiza a atitude do gestor como simbolismo e superficialismo de início de gestão.
Prometendo trabalhar de domingo a domingo, Geraldo nomeou seus 22 secretários um dia após a sua posse e disse que o trabalho era duro, mas que tinha montado uma equipe do tamanho das dificuldades. Apesar das declarações e dos primeiros trabalhados apresentados na cidade, a oposição não engoliu tão facilmente a postura do socialista e encara a atitude como simbólica e impressionante.
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Segundo o vereador Raul Jungmann (PPS), a posição ativa do prefeito é apenas uma forma de contestar a gestão anterior. “Isso é de início de gestão, é para dar uma imagem de agilidade e velocidade para contrapor a administração da inércia de João da Costa”, opinou Jungmann que exigiu mais atividades do gestor. “Limpar canais são medidas corretas, mas são epidérmicas, ou seja, superficiais. É preciso mexer de forma duradoura, não é apenas capinar e limpar, porque isso não mexe no grande pacto da desordem”, alfinetou.
O vereador também disse que uma das grandes dificuldades que o socialista precisa combater é o apadrinhamento dos erros da sociedade, por parte da bancada da Câmara Municipal. “O grande problema é que ele herdou uma base da bancada do prefeito João da Costa, e essa base é sócia da desordem que a cidade vive. Não é só João da Costa que tem culpa, mas a base política do vereador também contribui. Essa é a prova dos nove que ele tem que enfrentar”, descreveu Raul que ainda exemplificou a situação. “Se tem uma barraca fora do lugar ou uma desordem no mercado público sempre há um vereador por trás, que é o padrinho político que aceita o erro”, criticou Jungmann.
Já o vereador André Régis (PSDB), declarou que não há como saber se Geraldo permanecerá com esse pique intenso, mas concorda que ele pretende mostrar que sua gestão é diferente da anterior. “Acho que ele quer demonstrar uma ruptura da gestão de João da Costa, e essa posição é importante porque a gestão anterior foi medíocre e não atendeu ao mínimo necessário, do que a cidade precisava”, opinou, acrescentando que a atitude do socialista é simbólica e não sabe se será capaz de manter.
Para a ex-vereadora governista, e recém-nomeada secretária da Juventude e Qualificação Profissional, Marília Arraes (PSB), a expectativa é que o prefeito permaneça com esse ritmo, mesmo que tenha que comprometer a vida pessoal e familiar. “Com certeza ela vai continuar esse ritmo porque temos muitas coisas para fazer na cidade e que estavam com um andamento mais lento. Ele segue o modelo de Eduardo Campos e consegue passar isso para os secretários e para a Câmara também”, defendeu Marília.
A socialista também relembrou o exemplo do avô, Miguel Arraes, que abdicou da vida pessoal para servir a população quando ocupou o cargo de governador. “É cansativo, mas é uma opção, assim que aceitamos quando assumimos ser gestor. Temos que abrir mão de muitas coisas e com a colaboração da família e dos amigos que podem colaborar é mais fácil. Vivi isso em casa com meu avô Miguel Arraes, mas valeu a pena”, completou a socialista.