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Nesta terça (9) e quarta (10), a reforma política será o destaque nas discussões no plenário da Câmara, nas sessões extraordinárias. O assunto foi citado durante os discursos de posse no Congresso Nacional no início do ano legislativo, em fevereiro.

Entre as propostas está a de financiamento público das campanhas eleitorais, a que põe fim às coligações nas eleições proporcionais e a que propõe a coincidência de mandatos eletivos com eleições municipais, estaduais e federais no mesmo ano, com datas diferentes para votação.

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A pauta das sessões ordinárias está trancada por duas medidas provisórias: a 589/12, que permite a renegociação de dívidas previdenciárias de estados e municípios, e a 594/12, que amplia em R$ 85 bilhões o limite de financiamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), operado pelo BNDES.

Outros assuntos poderão ser definidos na reunião de líderes partidários no início da tarde desta terça.

A proibição de coligações nas eleições para deputado, um dos pontos da proposta de reforma política que a Câmara começará a debater nesta semana, provocaria mudanças profundas na composição de quase todas as bancadas partidárias já a partir de 2015. Os maiores beneficiados seriam os partidos mais fortes - apesar disso, as chances de aprovação são mínimas. Se as coligações estivessem proibidas na eleição de 2010, a atual Câmara dos Deputados seria muito diferente.

O PMDB e o PT teriam, cada um, 30 deputados a mais. Isso representaria um aumento de 38% e 35% no número de vagas peemedebistas e petistas, respectivamente. O PSDB também levaria vantagem, com sete cadeiras a mais, assim como o PV, com ganho de uma vaga. Todos os demais perderiam, sendo que seis partidos nanicos seriam varridos do Congresso e do mercado do tempo de TV nas campanhas eleitorais. As coligações nas eleições para deputado e vereador não são permitidas na grande maioria dos países democráticos - o Brasil é uma das exceções.

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Graças a esse instrumento, partidos menores conquistam mais cadeiras na Câmara ao pegar "carona" na votação dos partidos grandes com os quais se coligam. As caronas são necessárias para os pequenos e médios partidos porque eles têm mais dificuldades para alcançar o quociente eleitoral - patamar mínimo de votos para que uma legenda ou uma coligação consiga eleger representantes para a Câmara.

O quociente eleitoral é o resultado da divisão do total de votos válidos pelo número de vagas em disputa em cada Estado. No Ceará, por exemplo, o quociente foi de 193 mil votos na eleição de 2010. Seis partidos tiveram mais votos do que isso. Três não chegaram lá (PDT, PP e PTB), mas conseguiram eleger deputados mesmo assim, pois o patamar mínimo foi atingido pela coligação da qual faziam parte.

Mas por que os partidos maiores dão "carona" a outras legendas se isso significa ter uma representação menor na Câmara? Porque as coligações proporcionais (nas eleições para deputado) são uma das "moedas" nas negociações de alianças majoritárias (eleições para governador e presidente). Nessa lógica, partidos pequenos e médios cedem seu tempo de propaganda no rádio e na TV para candidatos majoritários de partidos mais fortes e, como uma das contrapartidas, exigem coligações nas eleições proporcionais. Assim, de carona no grandes, garantem vagas na Câmara e, consequentemente, mais tempo de televisão para negociar na eleição seguinte. Um ciclo vicioso na política hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Poucos meses após o fim do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e com lideranças do seu partido e de legendas aliadas aguardando recursos para escapar da prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para a discussão de uma reforma política. "Se o Congresso não aprovar a reforma, teríamos de ter uma Constituinte só para isso", disse o petista, durante o seminário "Novos Desafios da Sociedade", realizado em São Paulo.

Há uma previsão de que o Congresso avalie na próxima semana o projeto de reforma política relatado pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). Cético, Lula afirmou que não acredita na votação "porque as pessoas que estão lá querem continuar com o status quo".

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O ex-presidente cobrou que uma eventual reforma política torne crime inafiançável o financiamento privado de campanha. "Não pode ter mais partido de aluguel, legenda só para ganhar espaço na TV", disse. "É preciso ter partidos mais fortes e representativos e políticos que não têm medo de conversar com o povo", afirmou, reafirmando a defesa do financiamento público de campanha.

De forma indireta, Lula criticou as campanhas que levaram à Presidência da República Fernando Collor de Mello, hoje senador aliado ao governo petista da presidente Dilma Rousseff, e Jânio Quadros (1917-1992), eleitos com enfáticos discursos de combate aos corruptos. "Tome cuidado quando alguém defende o combate à corrupção como bandeira porque pode ser pior", aconselhou.

Já em relação à campanha que deu o primeiro mandato presidencial a Fernando Henrique Cardoso, Lula fez um raro elogio ao tucano, ao destacar que a bandeira de combate à corrupção não foi o fator preponderante na disputa eleitoral. "A primeira eleição do Fernando Henrique Cardoso foi um avanço para a democracia no País", afirmou.

O senado marcou para 21 de março a votação em plenário de propostas da reforma política que já tiveram sua tramitação concluída na Casa. Segundo informações da Agência Senado, vão a votação propostas que tratam do financiamento público de campanha, da exigência de referendo para alteração no sistema eleitoral e de mudança na data de posse de presidente da República, governadores e prefeitos. Uma quarta proposição, que altera regras para coligações partidárias, ainda está na fase de discussão no plenário e pode ir a votação no dia 21 caso não receba emendas.

O projeto que estabelece o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais foi aprovado no ano passado em decisão de caráter terminativo e poderia ter sido enviado à Câmara do Deputados, mas como houve interposição de recurso deverá ser votado no plenário. Há divergências sobre a permissão de doações por indivíduos ou empresas em anos eleitorais, mesmo se aprovado o financiamento público.

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A matéria sobre a mudança da data da posse de presidente da República para o dia 15 de janeiro e a de governadores e prefeitos para 10 de janeiro, recebeu emenda no plenário, já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), determinando que os mandatos dos deputados estaduais e distritais eleitos em 2014 sejam encerrados em 31 de janeiro de 2019.

A PEC 42/2011, que também está pronta para a votação em 21 de março, determina que qualquer alteração no sistema eleitoral dependerá de aprovação em referendo popular. Com isso, uma alteração do atual sistema proporcional para voto distrital, com lista aberta ou fechada, precisaria passar pelo crivo da aprovação popular antes de ser implementado.

A proposta que permite coligações eleitorais apenas nas eleições majoritárias, ou seja, para presidente da República, governador e prefeito, ainda pode ser incluída na pauta do plenário do dia 21 de março para votação em primeiro turno, mas precisa passar por cinco sessões de discussão, programadas para os dias 13, 14, 15, 20 e 21.

Todas as propostas de emenda à Constituição precisam passar por dois turnos de discussão e votação.

Brasília - Com a demora na aprovação do relatório final sobre a reforma política pela comissão especial que analisa a matéria, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) resolveu pautar e aprovar alguns projetos que modificam a atual legislação. Só esta semana, a CCJ aprovou oito projetos relacionados à legislação eleitoral. De acordo com o presidente da CCJ, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), as votações são uma tentativa de fazer com que a Comissão da Reforma Política ande efetivamente.

Entre os projetos aprovado pela CCJ está o que aumenta a pena máxima aplicada ao crime de compra de votos e o valor da multa cobrada. De acordo com o texto, a punição, que atualmente é de quatro anos de reclusão, passa a ser de três a seis anos.

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Outro projeto aprovado pela CCJ proíbe os governadores e os prefeitos de anteciparem ou postergarem feriados para coincidir com os finais de semana em que sejam realizadas eleições. A proposta tem como objetivo, segundo seu autor, deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), impedir a criação de um feriado prolongado que desestimule a participação do eleitor no processo eleitoral.

Também foram aprovados os projetos sobre a emissão de sinal sonoro pela urnas eletrônicas de votação, indicando o cargo a ser votado e o que proíbe a propaganda de candidatos a senador sem a apresentação dos dois candidatos a suplentes. Todos os projetos aprovado pela CCJ ainda dependem de apreciação do plenário da Câmara antes de serem encaminhados à apreciação do Senado.

A reforma ministerial, agendada para o ano que vem, já virou pauta da conversa da presidente Dilma Rousseff com os partidos da base aliada. Hoje à noite, a presidente recebe para um jantar no Alvorada o presidente do PT, o deputado estadual Rui Falcão (SP).

Do cardápio, além da mexida na Esplanada, constavam pelo menos mais dois assuntos: uma radiografia sobre os candidatos do PT e as alianças para as eleições municipais do próximo ano e a avaliação sobre o comportamento da base aliada e dos petistas nas votações importantes da reta final dos trabalhos do Congresso - Orçamento, DRU e Previdência Complementar dos Servidores.

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A reforma ministerial é o ponto mais encruado porque o PT não está gostando da ideia de perder ministros na fusão de algumas pastas planejada pela presidente. Já o PMDB, por meio do seu presidente, o senador Valdir Raupp (RO), reagiu provocando os petistas ao dizer que o partido "dá total apoio ao enxugamento da máquina (da Esplanada)". Ainda acrescentou: "É muito positivo e coerente agregar alguns dos 38 ministérios."

Segundo assessores da Presidência, Dilma quer aproveitar a desincompatibilização dos ministros que vão disputar as eleições municipais, no ano que vem, para fazer a reforma - é o caso do atual ministro da Educação, Fernando Haddad, que vai disputar a prefeitura de São Paulo. Além da troca desses ministros, Dilma confidenciou o plano de incorporar as mulheres no guarda-chuva do Ministério dos Direitos Humanos, dirigido por Maria do Rosário, que também abrigaria Igualdade Racial.

O PT resiste a essa fusão, alegando que esses ministérios representam "conquistas" dos movimentos sociais e custam pouco dinheiro do Orçamento. É provável que a presidente só mantenha a Secretaria de Políticas para as Mulheres por seu caráter simbólico.

O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim disse hoje que duvida que a proposta defendida por PT, PDT, PSB e PCdoB para a reforma política tenha o apoio integral de seu partido, o PMDB. "Vai ser difícil, acho muito difícil", afirmou Jobim, após debate sobre a reforma do código eleitoral, promovido hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na última sexta-feira, em encontro promovido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os quatro partidos decidiram que vão defender no Congresso o financiamento público de campanha e a manutenção do sistema proporcional. Os líderes das quatro legendas devem buscar o apoio do PMDB nesta semana.

O encontro da Fiesp reuniu, além de Jobim, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e José Antonio Dias Toffoli, juristas e advogados. Os debatedores chegaram à conclusão de que o sistema eleitoral atual está esgotado, mas levantaram dúvidas sobre a questão do financiamento público de campanha e o voto proporcional. A maioria defendeu o voto em lista e o voto distrital. "O sistema atual está esgotado e o financiamento público com deputados uninominais vai empurrá-lo para a ilegalidade", concluiu Jobim ao defender a criação de um sistema misto, com votação em lista fechada e distrital. Na palestra, o ex-ministro relatou as mazelas do atual sistema, em que os partidos buscam puxadores de voto e não candidatos com identidade partidária. "O que nos interessa no Brasil é a consistência partidária", afirmou o peemedebista.

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De acordo com ele, o eleitor também tem responsabilidade nas brechas que favorecem a corrupção no atual sistema. "O eleitor também é um grande demagogo, porque é comum ele pedir vantagens e o candidato não o atender. É uma relação promíscua em alguns casos. Em eleição para vereador, por exemplo, é muito comum", disse o ex-ministro, exemplificando pedidos de doação de camisas de futebol por eleitores.

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