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Um homem negro de 37 anos teve os pés, os pulsos e o pescoço acorrentado pelo médico Márcio Antônio Souza Júnior, na zona rural de Goiás, município a 140 quilômetros de Goiânia.

No vídeo divulgado na internet pelo próprio acusado, ele ironiza: "Ai ó, falei para estudar, ele não quer. E vai ficar na minha senzala".

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Com a repercussão do caso, foi aberto um inquérito para investigar o crime de racismo.

O responsável pela apuração é o delegado da cidade, Gustavo Cabral. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o registro foi compartilhado nesta terça-feira, 15, na página pessoal do médico.

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Em uma tentativa de se retratar, Márcio Antônio fez um novo vídeo no Instagram justificando que o episódio se tratava de uma brincadeira: "e aí, camarão! O povo está enchendo o saco. O que você fala disso?", o homem responde: "tem nada de escravidão, não gente."

No mesmo dia, um terceiro vídeo foi gravado pelo médico: "Gostaria de pedir desculpas se alguém se sentiu ofendido, foi uma encenação teatral".

A polícia informou que o homem acorrentado é funcionário do médico há três meses.

COM A PALAVRA, O MÉDICO MÁRCIO ANTÔNIO SOUZA JUNIOR

A reportagem do Estadão tentou entrar em contato com o suspeito, mas até a publicação deste texto não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação

Um grupo de estudantes do curso de medicina da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, viralizou nas redes sociais, nesta sexta-feira (20), ao publicar uma foto em uma antiga fazenda de escravos, em Louisiana.

A imagem é uma representação da ‘resiliência ancestral’, segundo os participantes do clique, que aparecem em frente ao local usando jalecos brancos. A antiga ‘senzala’, hoje é ocupada por um museu que conta a história do local.

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Na publicação, compartilhada por uma das participantes do clique, a estudante Sydney Labnat diz: “Somos verdadeiramente os sonhos mais loucos dos nossos antepassados. Como médicos em treinamento, estávamos nos degraus do que antes era um local de escravos para nossos ancestrais. Essa foi uma experiência tão poderosa e sinceramente me levou às lágrimas. Para os negros que seguem uma carreira na medicina, continue. Para toda a nossa comunidade, continue se esforçando”. A jovem finalizou o post dizendo: “A resiliência está em nosso DNA”.

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Nesta quarta-feira (20), manifestantes que participam da marcha do Dia da Consciência Negra no Recife queimaram o livro Casa Grande e Senzala, do sociólogo Gilberto Freyre. Para os presentes, esse livro é o símbolo do racismo e da negação da importância da população negra.

A obra foi lançada em 1933 e, desde então, gera polêmica. Além dos negros, alguns críticos acusam Freyre de não ter retratado fielmente a relação entre dominadores e dominados na época da escravidão.

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Gi Vatroi, motivadora da ação, afirma que Gilberto Freyre foi um dos responsáveis pelos estereótipos do que é ser negro no Brasil e que também fomentou o racismo. "Casa Grande Senzala é uma negação dos nossos espaços", aponta Vatroi.

Confira os registros da manifestação

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