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O Cinema São Luiz foi palco para a abertura da 7ª edição do Festival Internacional Janela de Cinema, evento que exibe até 2 de novembro mais de 130 produções do Brasil e do Mundo, nesta sexta-feira (24). Pernambuco, como de costume, abriu oficialmente o festival com dois representantes: Sem Coração, parceria de Nara Normande com Tião, e Brasil S/A, do cineasta Marcelo Pedroso. Em anos anteriores a programação do evento foi aberta por filmes como Febre do Rato e Tatuagem.
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“Os filmes do Estado não estão no festival porque eles precisam de uma forcinha para serem conhecidos pelo público. Eles estão aqui porque são bons e o público entende a presença dessas produções ao assisti-las”, comentou Kleber Mendonça Filho, curador do festival, ao LeiaJá. O discurso da qualidade do cinema de Pernambuco continuou na fala do cineasta ao abrir oficialmente o Janela.
Janela Internacional de Cinema anuncia programação completa
O curta Sem Coração, feito por Nara Normande e Tião, foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem na Quinzena dos Realizadores de Cannes e trouxe ao público pernambucano uma história sobre liberdades e descobertas. O elenco, formado por não-atores, veio conferir na telona a produção, motivo de satisfação para Nara. “Para mim é emocionante exibir o filme no Recife, principalmente em um festival que acompanho desde a primeira edição”, contou a cineasta.
O elenco veio de Maceió e Porto das Pedras e para muitos era a primeira vez num cinema. “Achei muito legal participar do filme. Nunca pensei que ia fazer algo do tipo, mas apareceu a oportunidade e eu aproveitei”, disse Marcos Lopes, de 15 anos. Segundo o jovem, assistir a si mesmo na tela grande pela primeira vez será uma experiência muito legal. “Minha mãe vai adorar”, comentou.
Kleber Mendonça Filho, criador do festival, diz que a escolha dos filmes para abrir a programação não deu trabalho. “Os dois filmes são ótimos. Sem Coração é belíssimo, nunca exibido por aqui. Já Brasil S/A é político, mesmo sem levantar bandeiras”, comentou o cineasta.
A fila no cinema para assistir a abertura do festival foi grande, mas longe do stress da longa espera para conseguir ingressos antecipados. Brasil S/A foi um dos mais esperados e conta uma história barulhenta, dura e cruel do que se entende por progresso. O som do desenvolvimento dói nos ouvidos e nos olhos e é isso que o longa de Pedroso realça, com planos longos, acústica pesada e uma história irônica, bem aos moldes dos trabalhos anteriores do cineasta.
“O filme foi gestado no Recife, mas fala de todo o Brasil e mostra o dia a dia e as contradições que existem. Esse trabalho dialoga com Em Trânsito (curta anterior do cineasta, lançado em 2013), mas numa escala maior”, contou Pedroso. Segundo o cineasta, participar da abertura do festival é a oportunidade de dividir. “Estar no festival hoje é compartilhar com o público as inquietações que me fizeram criar o filme. Aqui (no São Luiz) há pessoas que também ajudaram a construir o filme, de maneira prática e ideológica”, afirmou o pernambucano, que levou para casa cinco prêmios no Festival do Rio, incluindo melhor diretor.
Para muitos, é a oportunidade de finalmente ver filmes do Estado que vem se destacando nacionalmente e em outros países. “Eu sempre venho ao festival. Gostei bastante da programação deste ano. Pra mim é legal poder ver Brasil S/A, filme que despertou meu interesse desde o ano passado”, contou a historiadora Veruska Lima. Entre os outros filmes na lista dela, Paris/Texas e Sangue Azul. “Acho importante o festival como um todo, principalmente por trazer tantas opções de filmes e pela contextualização de movimentos e estilos cinematográficos diferentes”, afirmou Veruska.
Para muitos cineastas, exibir seu filme no festival também pesa no lado afetivo. Leonardo Lacca, que exibe seu primeiro longa-metragem (Permanência) no Janela, participa do festival desde a primeira edição. “Eu acho fenomenal passar meu longa aqui. É exatamente onde queria exibir, na minha cidade e no Cinema São Luiz”, afirmou o cineasta. O filme conta a história de um fotógrafo pernambucano que vai participar da abertura de sua exposição na cidade de São Paulo e precisa ficar hospedado na casa de um antigo amor. A ideia do filme surgiu há cerca de 8 anos e começa sua carreira nos festivais agora, depois de ser exibido no Festival do Rio.
Para os interessados em conferir a produção local de cinema, o Janela de Cinema ainda exibe Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro; Prometo um dia deixar essa cidade, de Daniel Aragão; Sangue Azul, de Lírio Ferreira e A História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti.
Confira a programação da mostra competitiva do festival e também das mostras convidadas.