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A cidade de Paranaguá, no litoral paranaense, pode ser a primeira do Estado a utilizar mosquitos geneticamente modificados para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. A prefeitura negocia uma parceria com a empresa Oxitec, detentora da tecnologia, para iniciar um projeto na cidade que enfrenta epidemia de dengue. A previsão é de que os trabalhos sejam iniciados em três meses.

Uma equipe da empresa já realizou uma apresentação do sistema à população local. De acordo com o prefeito Edison Kersten (PMDB), o chamado "Aedes do Bem" será mais um recurso a ser usado contra o mosquito transmissor na cidade. O município tem a maior incidência de dengue no Estado, com 14,6 mil casos confirmados e 24 mortes pela doença, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde.

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De acordo com o prefeito, inicialmente a soltura do mosquito transgênico será feita em uma área mais crítica da cidade, com cerca de 30 mil moradores.

Posteriormente, o projeto será estendido a toda a cidade, de 150 mil habitantes. A prefeitura pretende ceder um espaço à empresa para a produção do mosquito geneticamente modificado no próprio município.

A Oxitec já desenvolve um projeto com o Aedes transgênico em Piracicaba, interior de São Paulo. No bairro Cecap/Eldorado, a soltura do mosquito iniciada há um ano resultou na diminuição de 90% na incidência do Aedes selvagem. Com o resultado, a Oxitec avança agora para a próxima fase deste projeto.

Nela, as liberações do "Aedes do Bem" são ainda mais específicas, concentrando-se em locais dentro do bairro em que o nível do mosquito aumentou durante a estação chuvosa. Essas liberações servirão de base para uma supressão sustentada do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika. O projeto será ampliado à região central da cidade em data ainda não definida.

Os insetos geneticamente modificados liberados no ambiente são apenas os machos, que não picam as pessoas. Ao cruzar com a fêmea selvagem, esses insetos geram descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta, interrompendo o ciclo de reprodução do Aedes aegypti.

A presidente Dilma Rousseff visitou nesta sexta-feira, 19, uma fábrica de mosquitos transgênicos do Aedes aegypti. O método tem sido apontado como uma das alternativas na luta contra a proliferação do vírus da zika pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dilma conheceu o laboratório em Juazeiro (BA) onde mosquitos machos são alterados geneticamente e, quando soltos na natureza para se reproduzirem, transmitem um gene mortal que faz com que os mosquitos gerados morram ainda na fase de larva.

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"Explicando simplificadamente, é controle de natalidade aplicada a insetos", diz o diretor da Moscamed, Jair Fernandes Virginio. Segundo ele, esse método é parecido com a técnica do inseto estéril, que é usada desde a década de 1950 e consiste na produção em grande escala de mosquitos estéreis para liberá-los na área em que a espécie é uma praga.

Quando estes mosquitos se reproduzem com a fêmea natural, não são gerados filhotes ou, como acontece neste caso, esses filhotes não conseguem sobreviver.

Na fábrica de Juazeiro, a pesquisas com o Aedes acontecem desde 2010 em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e com financiamento do governo da Bahia, que já investiu quase R$ 6 milhões no projeto.

A técnica já foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e está em fase de testes. O projeto piloto foi instalado na cidade baiana de Jacobina e os resultados iniciais demonstraram uma redução média aproximada de 80% no número de ovos do mosquito.

Até a metade do ano, a Moscamed vai começar uma nova pesquisa com mosquitos estéreis fornecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Não há, no entanto, uma previsão de quando esse tipo de experimento poderá ser aplicado em larga escala no Brasil.

Virginio, porém, sustenta que, diante da epidemia de zika no mundo, é cada vez mais importante investir em estudos como esse, porque não se pode abrir mão de nenhuma tecnologia que ajude no combate ao mosquito que também transmite a dengue e a chikungunya.

"Nós temos que trabalhar com o somatório de todas as tecnologias. Eu brinco que, se alguém conhecer um menino bom de estilingue, tem de convidá-lo para participar do combate, porque nós não podemos preterir de nenhuma tecnologia", afirmou.

A criação de mosquitos vetores da malária geneticamente modificados é uma esperança para erradicar totalmente a grave infecção, causa de inúmeras mortes em todo o mundo. A taxa de transmissão entre mosquitos do gene modificado chega a 99,5%, indicaram os pesquisadores cujos trabalhos foram publicados nesta segunda-feira nos Anais da Academia de Ciências (PNAS) dos Estados Unidos.

"Estes resultados são muito promissores porque mostram que a técnica de edição genética pode ser adaptada para eliminar a malária", afirmou Anthony James, professor de biologia e genética molecular da Universidade da Califórnia em Irvine. O estudo representa um avanço real na técnica genética chamada CRISPR, que consiste em inserir genes que bloqueiam o parasita do DNA dos mosquitos Anopheles stephensi, principal vetor da malária na Ásia e assim garantir que este bloqueador se transmita para os descendentes.

Para comprovar que os mosquitos se transmitiam com efetividade os genes portadores de anticorpos, os cientistas agregaram uma proteína que mudava a cor de seus olhos para vermelho fluorescente. Assim, puderam garantir que quase 100% da nova geração de mosquitos tinha essa característica, o que demonstrou o sucesso da manipulação genética.

Chamando o experimento de "importante primeiro passo", James destacou que serão necessários outros estudos para confirmar a eficácia dos anticorpos. "Os mosquitos geneticamente modificados que criamos são apenas uma etapa, mas conseguimos demonstrar que esta tecnologia permite criar de maneira eficaz grandes populações de mosquitos geneticamente modificados", explicou.

A malária é um dos principais desafios de saúde pública no mundo, com mais de 40% da população em risco em diferentes regiões. A cada ano são registrados entre 300 e 500 milhões de novos casos de malária e quase um milhão de pessoas morrem anualmente em decorrência da doença, sobretudo crianças e mulheres grávidas da África subsaariana, segundo os Centros de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos (CDC, em inglês).

As autoridades de saúde dos Estados Unidos aprovaram nesta quinta-feira um tipo de salmão geneticamente modificado para consumo humano, o que torna este peixe o primeiro animal transgênico a aparecer na mesa dos norte-americanos.

A FDA (Food and Drug Administration), agência que controla os medicamentos e produtos alimentícios nos Estados Unidos, determinou "que a comida do salmão AquAdvantage é tão segura e nutritiva como a preparada com qualquer outro salmão do Atlântico não-geneticamente modificado, e que não há diferenças biológicas significativas no perfil nutricional do salmão AquAdvantage em comparação com outros salmões do Atlântico".

O peixe, chamado salmão AquAdvantage, foi criado pela AquaBounty Technologies, em Massachusetts. A decisão da FDA veio após anos de controvérsia sobre o peixe, que é um novo tipo de salmão do Atlântico injetado com um gene do salmão do Pacífico Chinook para fazê-lo crescer mais rápido.

A FDA concluiu que a empresa "está em conformidade com os requisitos regulamentares para a autorização, incluindo que a comida deste peixe é segura para o consumo", disse Bernadette Dunham, diretora do Centro de Medicina Veterinária da FDA.

O salmão AquAdvantage deverá ser criado apenas em tanques de duas fazendas específicas, no Canadá e no Panamá.

"A aprovação não permite que o salmão AquAdvantage seja criado ou cresça nos Estados Unidos".

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou nesta quarta-feira, 10, o pedido de liberação comercial de mosquitos transgênicos contra a dengue, desenvolvidos por uma empresa britânica, chamada Oxitec. Os mosquitos são geneticamente modificados para serem estéreis, de modo que, ao copularem com as fêmeas de Aedes aegypti na natureza, eles acabam por interromper a reprodução da espécie. Testes realizados desde 2011 em dois bairros de Juazeiro, na Bahia, reduziram em até 90% o número de insetos transmissores da dengue nessas localidades. A decisão da CTNBio, por 16 votos a 1, atesta que os mosquitos transgênicos são seguros, tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, autorizando a empresa a buscar o registro comercial para colocá-los no mercado - o que poderá levar um tempo indeterminado para acontecer.

A Oxitec já tem uma fábrica pronta para entrar em operação em Campinas, com capacidade para produzir 2 milhões de mosquitos transgênicos por semana, além de uma parceria com a empresa brasileira Moscamed, com sede em Juazeiro, que produziu os mosquitos para os testes de campo na Bahia. "Estamos muito satisfeitos com a aprovação", disse ao Estado o diretor global de negócios da Oxitec, Glen Slade. "Vencemos essa etapa fundamental, mas é só o início de um grande trabalho", completou ele, ressaltando que não está claro em qual ministério a empresa deverá solicitar o registro comercial do mosquito. Por ser o primeiro produto desse tipo aprovado no País - e no mundo -, não há um trâmite estabelecido. O mais provável é que o processo passe pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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"Seja como for, a aprovação pela CTNBio significa que devemos continuar a investir no Brasil", disse Slade. O objetivo da empresa é ter várias fábricas de mosquitos espalhadas pelo País, para atender a demandas localizadas com mais eficiência. Os mosquitos são frágeis e não podem viajar longas distâncias, por isso é importante que as fábricas estejam próximas das cidades que eventualmente serão atendidas pelo serviço.

Como funciona.

Os mosquitos transgênicos da Oxitec têm um gene a mais inserido em seu DNA que faz com que seus descendentes morram antes de chegar à fase adulta, ainda no estágio de larva. Apenas mosquitos machos são produzidos, pois são apenas as fêmeas que picam as pessoas e transmitem a dengue. Dessa forma, evita-se acrescentar mais mosquitos com potencial para transmitir a doença no ambiente. A estratégia consiste em liberar grandes quantidades desses mosquitos transgênicos na "natureza" (áreas urbanas), em número muito maior do que o de machos selvagens, de forma que os transgênicos estéreis tenham uma probabilidade muito maior de copular com as fêmeas daquela população. "Os resultados são muito promissores e mostram que a tecnologia funciona para reduzir a população de mosquitos", diz a pesquisadora Margareth Capurro, da Universidade de São Paulo, que coordenou os estudos de campo na Bahia. Com a redução do número de mosquitos, a expectativa é que o risco de transmissão da dengue também caia.

O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, criticou a decisão do primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, anunciada esta semana, de iniciar os estudos locais sobre a segurança alimentar de milho geneticamente modificado. Ayrault declarou que se houver algum problema em relação ao consumo humano do milho irá pedir a interdição de variedades do grão transgênico na União Europeia.

"Estão fazendo tempestade em copo d'água", disse Paolinelli. "É um produto com 15 anos de mercado, com segurança alimentar comprovada e aceitação recorde entre produtores e indústria", afirmou o ex-ministro da Agricultura, durante o Fórum Nacional de Agronegócios, em Campinas (SP).

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Na avaliação do presidente-executivo da Abramilho, é improvável que a União Europeia suspenda a importação de milho transgênico. Além disso, o cenário favorável à produção do grão, após a seca nos Estados Unidos, tranquiliza o produtor brasileiro. "O milho geneticamente modificado é provavelmente o maior exemplo de aceitação de biotecnologia na agricultura brasileira e mundial; em menos de cinco anos no mercado brasileiro, 80% das lavouras de milho já são transgênicas".

Na avaliação da Abramilho, no curto prazo a área de cultivo no Brasil de milho transgênico deve triplicar e atingir de 9 milhões a 10 milhões de hectares plantados.

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