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O mosquito Aedes aegypti, transmissor de todas as arboviroses que atualmente circulam no país, inclusive a dengue, chegou a ser erradicado do território brasileiro por volta de 1950, como resultado de uma série de medidas para o controle da febre amarela. Entretanto, dadas as atuais proporções de infestação, é impossível sonhar com esse cenário novamente. “O Aedes veio para ficar”, alertou o infectologista Antonio Carlos Bandeira.

Formado pela Universidade Federal da Bahia e especialista em saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Bandeira descobriu, em 2015, a chegada do vírus Zika ao Brasil. A doença também é transmitida pelo Aedes aegypti. Em entrevista à Agência Brasil, o médico citou alterações climáticas, sobretudo o aumento das temperaturas, como fatores que colaboram para a explosão de casos de dengue este ano.

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O infectologista manifestou preocupação com o ressurgimento do sorotipo 3 da dengue no país – que não circulava de forma epidêmica há mais de 15 anos. “Mas, independentemente do sorotipo, preocupa a grande quantidade de casos que a gente tem. Porque uma grande quantidade de casos implica uma grande quantidade de complicações e uma grande quantidade de possíveis óbitos”.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil: Nas primeiras semanas de 2024, o número de casos de dengue mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2023, que já havia sido classificado como ano epidêmico. O que tem causado essa explosão de casos no Brasil?
Antonio Carlos Bandeira: Vários fatores têm causado essa explosão. O primeiro e mais importante têm sido as alterações climáticas. Houve agora, com o El Niño, nos últimos dois anos, uma combinação de muito calor no corredor que segue da Região Centro-Oeste e desce pela porção oeste das regiões Sudeste e Sul. Esse corredor climático acabou facilitando muito a disseminação do mosquito tanto para locais da Região Sudeste e, mais importante ainda, da Região Sul. Isso facilitou que o Aedes aegypti pudesse ser disseminado. Não só o Brasil, mas países circunvizinhos como Paraguai e Argentina viveram a mesma situação: uma chegada muito forte do Aedes aegypti. É um passo para começar a ter epidemias de dengue, chikungunya e zika.

Outro fator é o desmantelamento que houve, de certa maneira, nos últimos anos, de uma vigilância mais proativa no sentido de instituir medidas como larvicida ou o famoso fumacê. Temos períodos que ficaram sem larvicidas. E o terceiro fator é pegar a população que é exatamente dessas regiões que citei e que eram virgens de dengue. Diferentemente da Região Nordeste, em que as pessoas frequentemente tiveram episódios pregressos de dengue. Nesses casos, a pessoa fica um pouco mais resistente, apesar de ainda poder pegar a doença por outros sorotipos. No caso da Região Sul, está todo mundo ali sem nenhum tipo de proteção anterior. E a vacina só agora está sendo pensada.

Agência Brasil: O recente aumento das temperaturas em praticamente todo o país associado à grande quantidade de chuvas contribui de alguma forma para esse agravamento do cenário da dengue?
Bandeira: É, isso que faz com que a coisa complique. Você tem esse corredor de calor e ele fica oscilando com muita precipitação pluviométrica de forma intensiva. Isso facilitou demais. Calor e muita chuva intermitente são a combinação principal para a dengue. Por culpa, de certa maneira, do El Niño. O Aedes aegypti se reproduz mais rápido e vive mais quanto mais elevada é a temperatura. A situação é essa. Ele vive mais e se multiplica mais.

Agência Brasil: A dengue tem comportamento sazonal e sempre retorna de forma epidêmica de tempos em tempos. É comum termos dois anos consecutivos de epidemia se já considerarmos 2023 e 2024?
Bandeira: Estamos diante de populações virgens. A maioria dos casos de dengue que estamos tendo no ano passado e este ano é na Região Sudeste e Sul. Essa população que nunca teve dengue antes está muito suscetível.

Agência Brasil: O pico da dengue no Brasil geralmente acontece entre março e maio. Em função do início precoce de casos, já em outubro do ano passado, há chance de esse pico chegar mais cedo em 2024?
Bandeira: No ano passado, a gente teve uma situação completamente diferente porque tivemos, como de praxe, a dengue no início do ano. Em fevereiro, já tínhamos muitos casos. Mas, normalmente, as taxas começam a subir em fevereiro, março, abril e, em maio, começam a cair. No ano passado, essas taxas foram altas o primeiro semestre praticamente inteiro, até julho. E só foram começar a cair em agosto, já mostrando um comportamento diferente.

Talvez algumas regiões atinjam o pico de dengue antes, mas isso não é garantido. Nesses processos epidêmicos, cada estado, na verdade, tem um comportamento. Depende da precocidade com que se começa a detectar, usar larvicida em grande quantidade, fumacê, alertar a população. Cada estado tem uma intervenção diferente. Um está em calamidade pública e, em outro, a coisa é intensa, mas não é trágica. Cada local acaba tendo uma dinâmica diferente. Se você não fizer nada, o pico pode chegar antes sim.

Agência Brasil: O sorotipo 3 da dengue não circulava de forma epidêmica no Brasil há mais de 15 anos, mas voltou a registrar casos em 2023 e em 2024. Como esse ressurgimento pode agravar ainda mais as perspectivas para este ano?
Bandeira: Sem dúvida, o tipo 3 voltou a circular. A gente só não sabe se ele vai ser o responsável pela maioria dos casos. A gente não tem como saber isso neste momento. Já tivemos a introdução de sorotipos que começam a circular, mas não vão muito adiante. No passado, o sorotipo 4, por exemplo, começou, mas não dominou o espectro da doença. O sorotipo 3 realmente preocupa porque é mais um sorotipo para causar a doença. Por outro lado, pode ser que ele não seja dominante na maior parte dos estados do Brasil. O que a gente está vendo hoje é que os sorotipos 1 e 2 estão fazendo uma grande quantidade de notificação no Brasil como um todo.

Neste momento, independentemente do sorotipo, preocupa a grande quantidade de casos que a gente tem. Porque uma grande quantidade de casos implica uma grande quantidade de complicações e uma grande quantidade de possíveis óbitos.

Agência Brasil: O Aedes aegypti chegou a ser erradicado do território brasileiro por volta de 1950 como resultado de medidas para controle da febre amarela. É possível sonhar com esse cenário novamente, dadas as proporções atuais de infestação?
Bandeira: Jamais. Nunca mais. Não tem como. O Aedes veio para ficar e só faz aumentar. Começou em 1980 no Rio de Janeiro e, hoje, já está presente em praticamente todos os municípios do Brasil. É um mosquito altamente domiciliável. Nessas temperaturas elevadas, não tem como. E a tentativa de trazer aqueles mosquitinhos transgênicos, que realmente poderiam ajudar num determinado momento, hoje em dia, não tem como. Você teria que soltar mosquitos transgênicos aos bilhões no Brasil inteiro. A gente realmente perdeu o timing da coisa porque ficou parado. Ficou-se, todos os anos, esperando que a epidemia fosse embora. Mas o vírus não entende os apelos e os clamores humanos. Ele quer continuar. Veio pra ficar mesmo. A saída nossa agora é a vacina. Não tem outra.

Agência Brasil: O controle dos criadouros do mosquito, em tese, não é algo tão difícil de se fazer. O que falta? Mais campanha? Maior conscientização?
Bandeira: Cuba, que é uma ilhazinha minúscula quando comparada ao Brasil, não conseguiu erradicar os criadouros com um sistema político altamente centralizado. Para a gente, não tem como. É absolutamente impossível, não tem como. A única possibilidade seriam tecnologias novas, inovadoras mesmo. Mas até isso bate em uma situação de custo que pode ser muito elevado para o país todo. Serve para algumas regiões de epidemia, mas é impossível acabar com o Aedes aegypti. Não é factível, não é viável. Só em filme de Hollywood.

Agência Brasil: O Brasil ainda registra lixões e esgoto a céu aberto, além de uma grande quantidade de terrenos baldios sem fiscalização adequada. Como o senhor avalia as ações para controle do mosquito no país ao longo dos últimos anos? É preciso mudar de estratégia?
Bandeira: Acho que a gente tem que investir em pesquisa. Os governos, sejam eles federal, estadual ou municipal, precisam entender, de uma vez por todas, que o que resolve os nossos problemas é a pesquisa feita aqui dentro, para as nossas necessidades. É investimento massivo em pesquisa, pra gente poder descobrir novas drogas pra dengue, novas vacinas e assim por diante.

Em segundo lugar, a gente tem que ter coragem mesmo para pensar em atuar nas favelas. Você olha, por exemplo, o que acontece com a dengue. Geralmente, nas áreas urbanizadas, você tem uma taxa de dengue muito menor. Não deixa de ter, mas é menor. Quando você olha as favelas, essas aglomerações no Rio de Janeiro, em São Paulo ou em qualquer lugar do Brasil, esses locais concentram uma quantidade gigantesca de pessoas num espaço minúsculo. Isso vai facilitar muito a transmissão. Um mosquito vai picar 20, 30 pessoas e passar a dengue porque estão muito pertinho umas das outras. Não há recolhimento de lixo adequado, isso facilita água parada. A questão do saneamento básico é horroroso. Mesmo em águas sujas, o Aedes consegue se multiplicar. São áreas críticas para transmissão da doença.

Também são críticas para a criminalidade, para o tráfico de drogas, para doenças diarreicas, para tudo. A gente precisaria fazer um investimento. São 11 milhões de pessoas no Brasil que vivem nas favelas. Quero ver um PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] das favelas. Algum governante que tenha coragem de fazer isso. Para que você possa urbanizar. Não precisa deslocar a população para fora. Você vai urbanizar aquilo ali. Talvez tenha que desapropriar uma pequena quantidade de pessoas, mas passar ruas, saneamento básico, coleta de lixo, organizar o espaço urbano de forma que você possa fazer ações de saúde, larvicida, passar fumacê. Hoje em dia, se você tem um surto em qualquer favela do Brasil, você não consegue subir com o fumacê, passar larvicida. Não consegue fazer nada. Isso sim é atuar nas causas raízes dos problemas.

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) estudam uma nova técnica baseada em análises químicas por raios infravermelhos para agilizar em até 18 vezes e de baratear em até 116 vezes o monitoramento da presença do zika em mosquitos Aedes aegypti. Segundo a Fiocruz, a técnica, conhecida como 'espectroscopia no infravermelho próximo', é simples, tem alta taxa de precisão e dispensa uso de reagentes, o que a torna uma alternativa potencial ao tradicional método de análise genética chamado 'qPCR'.

O infravermelho é largamento usado pela indústria farmacêutica, na agricultura e na medicina. Ele tem sido alvo de estudos de cientistas da Fiocruz, da Austrália e Estados Unidos. Os resultados preliminares são considerados animadores e acabam de ser publicados na revista científica Science Advances.

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A primeira etapa do estudo exigiu a calibração do equipamento de infravermelho para que fosse capaz de distinguir mosquitos Aedes infectados de mosquitos não infectados com o vírus. Foram utilizadas 275 fêmeas criadas em laboratório, com metade sendo alimentada com sangue com zika – proveniente da linhagem circulante no Brasil, isolada, em 2015, pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC/Fiocruz. A outra metade das fêmeas, que funcionou como grupo controle, recebeu sangue não infectado.

A tecnologia de infravermelho foi usada para captar a intensidade de radiação da região do tórax e da cabeça dos mosquitos. “É no tórax que estão localizadas as glândulas salivares do Aedes. A verificação da cabeça permite constatar se ocorreu disseminação do vírus no corpo do mosquito depois da ingestão do sangue infectado. Isso é importante porque o Aedes apenas transmite o vírus na medida em que é capaz de liberá-lo na saliva durante a picada”, explica Rafael Freitas, pesquisador do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC/Fiocruz e coordenador da participação brasileira no estudo. Neste teste, a precisão do infravermelho ultrapassou 95%.

Na segunda etapa, foram utilizadas outras 412 fêmeas de Aedes. Enquanto metade recebeu sangue com zika, a outra metade cumpriu o papel de grupo controle. Neste segundo teste, além da análise na cabeça e tórax, também foi examinado o abdômen do inseto aos 4, aos 7 e aos 10 dias após a infecção. A verificação do abdômen é considerada importante visto que o intestino médio é o primeiro órgão do mosquito a entrar em contato com o vírus após sua ingestão durante a alimentação do inseto. Novamente, resultados positivos: a taxa de acurácia em relação à cabeça e ao tórax alcançou 97%; para o abdômen, 88%. “Notavelmente, a sensibilidade do ensaio é alta. O índice do abdômen pode ter apresentado uma taxa menor de acurácia, no entanto, precisamos levar em conta que esta parte do inseto não foi analisada no primeiro teste”, salienta Márcio Galvão Pavan, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária que atua no mesmo Laboratório.

 Custo

  Em comparação ao método tradicional, considerado de alto custo, demorado e invasivo, a nova técnica apresenta características proporcionalmente opostas. Considerando o custo dos reagentes utilizados no RT-qPCR e a remuneração paga a um profissional que precise analisar, por exemplo, 100 amostras, a técnica de infravermelho – que dispensa o uso de reagentes – apresenta um custo 116 vezes menor. Ainda, o novo método pode processar o mesmo número de exemplares em apenas 50 minutos, contra 900 minutos do método tradicional, sendo assim, 18 vezes mais rápido.

 Futuro

 Antes da implantação da técnica na rotina de análises, os cientistas precisarão incluir testes em mosquitos Aedes aegypti coletados na natureza já que, até o momento, foram realizados testes em condições artificiais, com a infecção do mosquito provocada em laboratório. A previsão é de que a técnica também seja avaliada para outros vírus, como dengue e chikungunya, assim como para a detecção do parasito causador da malária. As mudanças químicas que influenciam as diferenças observadas em insetos infectados e não infectados é outro ponto a ser compreendido.

O trabalho foi financiado pela Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos; programa Stars in Global Health, do Canadá; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

 Com informações da assessoria

A pia de brinquedo esquecida no quintal tem tudo o que o mosquito precisa: um recipiente com água parada, limpa e protegida do sol, à sombra de uma pitangueira. Um verdadeiro spa para as larvas de Aedes aegypti que se multiplicam ali. Duas crianças brincam na varanda, e apenas um quarteirão acima estão as florestas da Serra da Cantareira e do Horto Florestal, que teve sua população de macacos dizimada pela febre amarela no ano passado.

Se um dia a doença voltar a se disseminar por ambientes urbanos, é num cenário como esse que a invasão deve começar. Uma espécie de zona mista, onde a selva de concreto paulistana, infestada de mosquitos Aedes aegypti, se mescla com as florestas úmidas da Mata Atlântica, lar dos mosquitos Haemagogus e Sabethes, vetores da febre amarela silvestre.

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A bióloga Rafaella Ioshino, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), coleta dezenas de larvas e ovos de mosquito da pia de brinquedo. A aparência dos ovos e a maneira como as larvas se amontoam no tubo de ensaio são típicas do Aedes. "Elas não gostam de luz, por isso se aglomeram no fundo do tubo para criar um ambiente mais escuro."

Enquanto isso, nos fundos da casa, a coach Priscila Martos, de 33 anos, debruça-se sobre a pia da cozinha. Está abatida pela perda da mãe, Sandra, que morreu de febre amarela há pouco mais de um mês. Ela tinha 55 anos, e não estava vacinada. A família toda havia optado por não se imunizar, temendo possíveis reações adversas da vacina. "A gente busca fazer as coisas de uma forma mais natural", justifica Priscila.

Só depois que sua mãe adoeceu é que a família resolveu se vacinar. "Acabamos tomando por medo mesmo", diz o marido, Alexandre dos Santos. "Foi por milagre que (o vírus) não pegou mais ninguém por aqui.

A visita dos pesquisadores faz parte de uma investigação científica, para certificar que o vírus da febre amarela não está mesmo circulando entre os mosquitos nem entre as pessoas de áreas de risco como essa, na zona norte de São Paulo.

Como muitos casos de febre amarela são assintomáticos, existe a possibilidade de que a transmissão urbana da doença - quando o vírus é passado de pessoa a pessoa pelo Aedes aegypti - tenha ocorrido (ou esteja ocorrendo) de forma pontual nessas regiões, sem ser percebida. Nesse caso, uma detecção precoce seria essencial para a tomada de ações preventivas de saúde pública.

O plano é coletar mosquitos, larvas e, quando possível, amostras de sangue e urina de moradores que não tenham sido vacinados, para saber se estão carregando o vírus.

Zona de risco

A zona norte de São Paulo foi a mais afetada pelo surto de febre amarela que se espalhou pela região metropolitana desde o ano passado. O Horto Florestal chegou a ficar três meses fechado, depois que macacos mortos foram encontrados no parque, em outubro.

Desde então, a maior parte da população local foi vacinada, reduzindo drasticamente o risco de disseminação da doença. Ainda assim, a pesquisa poderá revelar se o vírus continua circulando na região.

Os cientistas capturam os mosquitos com uma espécie de aspirador de pó portátil, que eles passam pelos cantos da casa, embaixo das mesas, dentro de armários e outros lugares escuros onde os insetos se escondem durante o dia. Os mosquitos ficam presos numa redinha, e depois são transferidos para tubinhos plásticos.

"Pega tudo mesmo, e manda eles para o inferno", diz a aposentada Florinda de Jesus Souza, de 77 anos, moradora do bairro há quatro décadas. "É uma coisa terrível, um bicho tão pequeno matar uma pessoa."

Na casa da família Martos, os pesquisadores encontram dois mosquitos Aedes aegypti adultos. As larvas coletados no quintal podem ser de Aedes aegypti ou Aedes albopictus, uma outra espécie, típica de ambientes silvestres, mas que também circula por regiões periurbanas, e também pode transportar o vírus da febre amarela, segundo uma pesquisa recente do Instituto Evandro Chagas, no Pará.

Na maioria das casas visitadas, os resultados foram positivos, com moradores vacinados e atentos à eliminação de criadouros. Mas o mosquito é astuto, altamente resiliente, e aproveita qualquer brecha para se reproduzir.

Escondido

Em um bar da região, o dono Samuel Viana conta que não pôde se vacinar por causa de um problema nos rins. Como alternativa, caprichou no inseticida e no repelente, para manter o Aedes aegypti afastado.

Parece ter funcionado. Os pesquisadores não encontram nenhum mosquito dentro do bar. No topo da casa, porém, o olho treinado de um cientista encontra um ninho fervilhando de larvas, dentro de um buraco escuro de cano no chão da laje.

A presença de muitas larvas e poucos mosquitos é exatamente o que Rafaella esperava encontrar, considerando as condições meteorológicas da semana. "Tivemos alguns dias de frio, seguidos de chuva, e agora muito calor", explica ela, torrando sob o sol na laje, enquanto a enfermeira Maria Manoela Rodrigues, da Faculdade de Medicina de Jundiaí (uma das instituições parceiras do projeto), colhia sangue de Viana no andar de baixo.

Todas as larvas, ovos e mosquitos serão analisados para saber de que tipo são e se levam algum vírus dentro deles - seja de febre amarela, dengue, zika ou chikungunya. "Queremos determinar quais espécies estão infectadas e com o quê", diz a pesquisadora Margareth Capurro, do ICB-USP, uma das coordenadoras da pesquisa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A distribuição de repelentes para gestantes beneficiárias do Bolsa Família deve começar em março, mais de um ano depois do que havia sido prometido pelo Ministério da Saúde. A partir do dia 24, a empresa vencedora de um pregão promovido pela pasta deve entregar aos Estados as primeiras remessas do produto, considerado uma ferramenta importante para a prevenção da síndrome congênita provocada pelo zika.

Se confirmado o cronograma estabelecido pelo governo, os repelentes vão chegar em meio ao aumento de casos de doenças relacionadas ao Aedes aegypti. É justamente no verão que a incidência de dengue, chikungunya e zika se eleva. Além da zika, o temor é que este ano haja um aumento expressivo de casos de chikungunya, que pode provocar também doenças graves no bebê. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o ideal seria que o produto começasse a ser distribuído logo no início do verão.

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O primeiro anúncio de que o governo faria a distribuição de repelentes como forma de se tentar conter o avanço da microcefalia provocada pelo zika foi feito em dezembro de 2015. O então ministro Marcelo Castro afirmara que a medida seria estendida a todas as gestantes. Um mês depois da declaração, o alcance da estratégia foi reduzido para o grupo de grávidas atendidas pelo Bolsa Família e o prazo para o cumprimento da medida, adiado várias vezes.

A primeira data prevista para o cumprimento da promessa era fevereiro de 2016. Na época, o País registrava a marca de 508 bebês com confirmação de microcefalia e outros 3.935 casos em investigação. De lá para cá, houve uma troca de ministros da Saúde e um aumento significativo da doença. No último boletim sobre a má-formação, com dados até 31 de dezembro de 2016, os casos confirmados haviam saltado para 2.366. Havia ainda outros 3.183 investigados.

A distribuição de repelentes para gestantes beneficiárias do Bolsa Família é considerada importante sobretudo em razão do perfil das mães de bebês com síndrome congênita de zika. Uma análise feita pelo Ministério da Saúde, no ano passado mostrava que a taxa de prevalência de bebês com microcefalia era maior entre mães na faixa etária até 24 anos, de cor negra e com até sete anos de escolaridade.

A estimativa do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário é de que a estratégia de distribuição de repelentes contemple 484 mil gestantes, o mesmo número de mulheres grávidas atendidas pelo benefício em 2016. "Esse indicador é constante, daí nossa previsão", afirmou o secretário executivo do MDSA, Alberto Beltrame.

A entrega no dia 24 nos Estados, no entanto, é apenas o primeiro passo até a chegada do produto nas mãos das beneficiárias. Dos armazéns estaduais, os repelentes precisam ser levados às prefeituras que, por sua vez, vão decidir a melhor forma de distribuição.

Em alguns casos, ela poderá ser feita no posto de saúde onde a mulher faz o pré-natal. Em outros, nos centros de referência de assistência social. "A decisão será norteada conforme o entendimento local", disse Beltrame.

O governo estima que o produto comece a ser entregue às mulheres grávidas da Bolsa Família a partir de março. Beltrame observou, no entanto, que esse cronograma poderá sofrer alterações, caso haja algum atraso da empresa fornecedora. Pelo contrato, serão feitas sete entregas. A última deve ocorrer em até 300 dias depois da assinatura do acordo.

De acordo com Beltrame, Estados já foram informados sobre o quantitativo que irão receber, para que possam organizar a logística de distribuição. "Em nível local, uma relação de gestantes do Bolsa-Família será cruzada com a relação das gestantes em pré-natal, definindo desta forma o público alvo", disse.

Inicialmente, disse o secretário-executivo, havia uma discussão entre o governo se a distribuição deveria ser feita nos postos de saúde ou nos centros de atendimento social. O Ministério da Saúde defendia que a entrega fosse feita nos Centros de Referência de Assistência Social. O argumento era a de que a clientela atendida pelo benefício seria apenas gestantes do Bolsa Família e o Sistema Único de Saúde, por definição, é universal.

O pré-natal, por outro lado, é feito nas unidades de saúde. A alternativa encontrada foi deixar a decisão a critério das prefeituras. "Elas têm sob seu comando tanto a Secretaria Municipal de Saúde quanto a de Assistência Social, além de conhecer, como ninguém, a realidade local", disse Beltrame.

O ano de 2016 representou um recorde de mobilização de militares nas chamadas ações subsidiárias. Essas atuações consistem em apoio a eventos comunitários, ações cívico-sociais e campanhas de saúde pública.

No ano passado, em meio ao aumento de casos de doenças transmitidas pelo mosquito, a mobilização nacional de combate ao Aedes aegypti fez com que fossem às ruas 67,6 mil militares do Exército. O mutirão ocorreu com objetivo de identificar e extinguir focos do inseto em diversas cidades. Os homens de farda já participaram de outras iniciativas municipais com o mesmo objetivo, como em janeiro de 2016 em São Paulo.

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O recorde anterior de envolvimento de militares nessas ações havia sido em 2011, quando 11,8 mil foram acionados.

A quantidade de operações desenvolvidas no ano passado também foi a mais alta dos últimos dez anos: 27. No ano em que menos participou dessas atividades, o Exército desenvolver 14 operações, em 2006.

Em dez anos, foram desenvolvidas 245 operações, com emprego de 132 mil pessoas. As naturezas das atuações aqui também são diversas, indo desde escavação de poços e distribuição de água no interior de Estados do Nordeste a apoio a comunidades indígenas da região amazônica por intermédio dos pelotões especiais de fronteira.

Entre as ações subsidiárias desenvolvidas pelo Exército ainda está a execução de obras de engenharia em diversas regiões do País, como parte dos esforços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, chikungunya e zika, espalhou-se no Estado de São Paulo a partir de um triângulo formado pelas cidades de Araçatuba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, na região noroeste do Estado.

Nos anos 1990, essa era a principal área de permanência do mosquito em São Paulo, segundo estudo do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente. Em seguida, o mosquito ocupou as áreas urbanas da região metropolitana de Campinas e da Baixada Santista, encontrando condições ideais para sua proliferação.

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O transmissor, no entanto, ainda mantém alta incidência no noroeste do Estado. "É onde o mosquito se sente em casa", diz o pesquisador Rafael de Castro Catão, autor do estudo.

O trabalho, que compõe sua tese de doutorado, indica ainda as regiões onde o mosquito conseguiu menor penetração, como o sul paulista, incluindo o Vale do Ribeira, as cidades das encostas da Mantiqueira, como Bragança Paulista, Atibaia e Campos do Jordão, e a região da Serra do Mar.

As áreas em que o mosquito melhor se adaptou ao ambiente não são, necessariamente, aquelas com maior número de casos das doenças, segundo o pesquisador. Diferentemente do que aconteceu com o vetor, a doença se difundiu por saltos, em que a hierarquia urbana, associada às características ambientais, como temperatura e altitude, orientaram a difusão.

"Cidades de porte maior do interior do Estado, e em áreas com temperatura e altitude favoráveis, receberam a doença antes da sua região de entorno e a espalharam na sua rede mais próxima", explica.

Catão analisou o movimento da dengue, associado à intensidade dos casos, e constatou que o mosquito ocupou primeiro as áreas mais propícias e depois se espalhou para as de maior população rural, mais altas e mais frias, consideradas menos favoráveis para difundir a doença.

O mapeamento começou a ser feito em 1990 com registros dos casos nos centros de saúde, por meio da notificação compulsória, e que são consolidados nos municípios e no Estado.

Foram levados em conta apenas os casos confirmados. "Mapeamos o número de casos por município e, posteriormente, analisamos a taxa de incidência por 100 mil habitantes. Para o Aedes aegypti, usamos dados municipais da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) desde a aparição do mosquito", diz.

Mapeamento

Catão usou técnicas de mapeamento espaço-temporal para entender a direção, velocidade e o processo de difusão do transmissor. "Os mapas possibilitam o cruzamento com mais variáveis, como clima, densidade geográfica, proximidade de rodovias, população urbana, permitindo visualizar padrões espaciais e possíveis respostas no tocante à intensidade e à difusão", diz.

As cidades de Bauru e Marília, no centro-oeste, e as do Vale do Paraíba, apesar de serem de difusão recente do mosquito, apresentam alta incidência, que pode ser explicada tanto pela maior adaptabilidade do vetor quanto pela falta de ações de controle.

A Grande São Paulo, apesar de ter grande número de casos, não registra alta incidência por causa da densidade populacional. Até 2012, último ano analisado, poucos municípios paulistas não tinham o vetor, mas vários ainda não apresentavam a doença por causa das condições menos propícias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Anunciado em janeiro como um grande trunfo para o diagnóstico rápido de zika, chikungunya e dengue, o kit três em um desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz ainda não foi distribuído para laboratórios públicos.

O atraso de mais de três meses no cronograma apresentado com orgulho pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Castro é fruto de uma decisão - considerada para alguns, como óbvia - de que a ferramenta, antes de ser colocada em uso, precisa de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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"Não era esse o acordo inicial", afirmou o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli. Ele argumenta que o produto não seria usado com fins lucrativos e, por isso, dispensaria tal exigência.

A mudança na orientação aconteceu depois de o Ministério da Saúde divulgar a compra e a distribuição de 500 mil exames ainda neste ano. A ideia inicial era de que os primeiros lotes estariam disponíveis na rede pública já em fevereiro. A notícia na época foi considerada como um alento, sobretudo diante do aumento de casos de microcefalia e zika no País. O kit, dizia Castro, além de fornecer resultado do teste em três horas era significativamente mais barato. Pelos métodos tradicionais, reagentes importados custam entre R$ 800 e R$ 2 mil. Com o novo kit, o custo será de R$ 80.

Stabeli afirma que, se tudo correr como o previsto, o kit será liberado pela Anvisa no fim deste mês - para isso, seria necessário que a análise fosse feita em 15 dias. "Temos a previsão de que isso será possível." O vice-presidente da Fiocruz avalia que, com a exigência imposta, tempo foi perdido. "Perdeu-se uma oportunidade de se usar o produto quando ele era mais necessário", avalia.

O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que a exigência de registro na Anvisa não poderia ser dispensada. O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis da pasta, Cláudio Maierovitch, diz que o registro não é mera formalidade, mas garantia sobre a qualidade do resultado obtido.

Testes realizados atualmente para diagnóstico de zika são feitos praticamente de forma artesanal. Os exames procuram identificar fragmentos do vírus em amostras coletadas de pacientes com a suspeita da infecção. A qualidade dos testes é assegurada por equipes dos laboratórios encarregados.

Maierovitch compara o teste com a preparação de um bolo. O exame atualmente usado é como um prato feito artesanalmente, onde a equipe é encarregada de fazer a mistura dos reagentes, de fiscalizar cada etapa até o resultado final. "O kit é diferente. É como uma mistura para bolo de caixinha. Ela já vem pronta. Quem o prepara não sabe quantos ovos foram usados, quanto de farinha e tem pouca interferência sobre a qualidade final do produto. Daí a necessidade de se fazer uma verificação prévia, na Anvisa, para assegurar que todos tenham acesso a um produto adequado", comparou Maierovitch.

Técnicos da Anvisa ouvidos pelo Estado disseram que, desde o anúncio em janeiro, já estava claro que o kit deveria ser avaliado pela agência. Na época, classificaram o evento como uma comemoração para uma promessa, não para um fato. De acordo com técnicos, houve otimismo de sobra e precaução de menos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A cidade de Paranaguá, no litoral paranaense, pode ser a primeira do Estado a utilizar mosquitos geneticamente modificados para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. A prefeitura negocia uma parceria com a empresa Oxitec, detentora da tecnologia, para iniciar um projeto na cidade que enfrenta epidemia de dengue. A previsão é de que os trabalhos sejam iniciados em três meses.

Uma equipe da empresa já realizou uma apresentação do sistema à população local. De acordo com o prefeito Edison Kersten (PMDB), o chamado "Aedes do Bem" será mais um recurso a ser usado contra o mosquito transmissor na cidade. O município tem a maior incidência de dengue no Estado, com 14,6 mil casos confirmados e 24 mortes pela doença, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde.

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De acordo com o prefeito, inicialmente a soltura do mosquito transgênico será feita em uma área mais crítica da cidade, com cerca de 30 mil moradores.

Posteriormente, o projeto será estendido a toda a cidade, de 150 mil habitantes. A prefeitura pretende ceder um espaço à empresa para a produção do mosquito geneticamente modificado no próprio município.

A Oxitec já desenvolve um projeto com o Aedes transgênico em Piracicaba, interior de São Paulo. No bairro Cecap/Eldorado, a soltura do mosquito iniciada há um ano resultou na diminuição de 90% na incidência do Aedes selvagem. Com o resultado, a Oxitec avança agora para a próxima fase deste projeto.

Nela, as liberações do "Aedes do Bem" são ainda mais específicas, concentrando-se em locais dentro do bairro em que o nível do mosquito aumentou durante a estação chuvosa. Essas liberações servirão de base para uma supressão sustentada do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika. O projeto será ampliado à região central da cidade em data ainda não definida.

Os insetos geneticamente modificados liberados no ambiente são apenas os machos, que não picam as pessoas. Ao cruzar com a fêmea selvagem, esses insetos geram descendentes que morrem antes de atingir a fase adulta, interrompendo o ciclo de reprodução do Aedes aegypti.

O verão já acabou, o pico da epidemia de dengue passou, e os cientistas já não têm dúvidas sobre a capacidade do vírus da zika de causar microcefalia em bebês. Mas o problema está longe de ser resolvido, e não é hora de baixar a guarda. Pelo contrário: é justamente no inverno que o combate ao mosquito Aedes aegypti - e às doenças transmitidas por ele - precisa ser intensificado.

Quem dá o alerta são os pesquisadores Margareth Capurro e Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), que fizeram as palestras de lançamento da série USP Talks, ontem, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. A proposta é feita em parceria com o Estado.

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Especialista em mosquitos transmissores de doenças, Margareth comparou a luta contra o Aedes aegypti a uma guerra, que exige o uso integrado e coordenado de várias armas para ser vencida - incluindo desde os métodos mais simples, como colocar areia em pratinhos de plantas, até o uso de intervenções biotecnológicas, como mosquitos transgênicos.

Com relação ao vírus da zika, Zanotto disse que ainda há muitas incógnitas que precisam ser solucionadas para se montar uma estratégia de combate específica contra ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dados preliminares do novo boletim de dengue, zika e chikungunya mostram que o ritmo de transmissão dessas doenças começou a apresentar uma discreta queda no País. "Os indicadores levam a crer que a curva de transmissão começa a baixar", afirmou o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. Isso significa que as taxas das doenças continuam a aumentar, mas em um ritmo menor do que nas últimas semanas.

Balanço também preliminar de microcefalia indica que no Nordeste o número de nascimento de bebês com a má-formação começa a cair. "Se isso de fato se concretizar, podemos ter efeito benéfico a médio prazo. Talvez consigamos evitar a grande epidemia de nascimento de bebês com microcefalia esperada para a Região Sudeste."

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os programas de combate ao mosquito Aedes aeegypti entraram em "colapso" e que a crise do vírus zika mostra que governos terão de garantir esgotos adequados em favelas. Em um discurso nesta sexta-feira, 8, em Genebra, a diretora da OMS, Margaret Chan, insistiu que a atual emergência global está ligada à pobreza e falta de investimentos.

"A emergência do zika está ilustrando um novo pacote de vulnerabilidades ligadas ao desenvolvimento inadequado da saúde", disse. "Ou seja, um acesso ruim à serviços de saúde sexual e reprodutivo, a falta de água encanada e saneamento em favelas urbanas, além do colapso global dos programas de controle de mosquitos."

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No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, declarou em janeiro que o País estava perdendo a guerra contra o mosquito. A presidente Dilma Rousseff o desautorizou no dia 27 de janeiro: "Não estamos perdendo não". Mas, dois dias depois, ela mudaria o tom. "Nós estamos perdendo a luta contra o mosquito. Não vou dizer que estamos ganhando, mas nós vamos ganhar esta guerra", disse a presidente.

Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo revelou com exclusividade que a OMS abandonou sua hesitação em relação ao impacto do zika na má-formação de embriões e declarou que já existe um "forte consenso" sobre a ligação com a microcefalia.

Em novos dados apresentados nesta semana, a entidade aponta que a proliferação continua. No total, casos já foram identificados em 62 países desde 2007. Em seis países, a OMS identificou casos suspeitos de microcefalia em bebês que tiveram suas mães contaminadas pelo vírus. Além do Brasil, os casos suspeitos estão já na Colômbia, Panamá, Cabo Verde, Martinica e Polinésia Francesa.

A OMS admite que ainda não encontrou uma nova forma de lidar com o vetor da doença. Nas últimas semanas, Genebra tem sido palco de uma proliferação de reuniões entre especialistas para tentar identificar novas metodologias, como a de colocar no meio ambiente mosquitos geneticamente modificados.

Os registros de casos suspeitos de zika e chikungunya dispararam no Rio. Os números da zika passaram de 4.289 em 22 de março para 24.600 em 1º de abril - um aumento de quase seis vezes. Desses, 17.799 casos foram confirmados e 105 descartados. Os casos de chikungunya dobraram. Eram 235 até 22 de março e passaram a 469. Do total, 123 confirmados e 22 descartados.

O aumento do número de casos já era esperado pelo secretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe. "Historicamente, o Rio de Janeiro tem picos de transmissão no mês de abril. Já esperamos um aumento maior de casos para este mês", afirmou.

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Chieppe ressaltou, no entanto, que ainda é cedo para analisar o aumento dos casos de zika, doença que teve o primeiro registro no Estado há um ano e só se tornou de notificação obrigatória há dois meses. "Essa notificação é muito recente. Estamos no início do processo de avaliação. Pode ser que municípios estejam lançando só agora dados do início do ano, quando a notificação ainda não era compulsória", afirmou.

O salto nos números de zika e chikungunya em apenas dez dias ocorreu também porque municípios têm entregue com atraso as informações. Essas doenças, que se tornaram de notificação compulsória somente em fevereiro, ainda não constam do formulário online do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Algumas prefeituras têm reunido os dados em planilhas de Excel. Em 30 de março, por exemplo, não houve atualização das informações de zika e chikungunya por causa disso.

"Tem havido dificuldade para o lançamento de dados no Sinan. Ocorrem atrasos das prefeituras para enviar as informações", disse Chieppe.

Foram notificados 36.797 casos de dengue até 5 de abril, aumento de 16% em relação à semana anterior. Uma pessoa morreu. No mesmo período de 2015, foram registrados 18.159 casos de dengue. Ao longo do ano, 71.791 registros da doença e 23 mortes. Segundo Chieppe, há epidemia em municípios na Região Serrana e no Noroeste Fluminense. Foram instalados centros de hidratação em Campos (Norte Fluminense), Nova Friburgo e Cordeiro ( Região Serrana), Iguaba e Araruama (Região dos Lagos). "Obviamente que no cenário de crise financeira, podemos ter sobrecarga no atendimento de algumas unidades. Mas já avaliamos os municípios, mapeamos locais que poderão receber centros de hidratação para garantir o fluxo adequado dos pacientes com dengue", afirmou Chieppe.

Desenho animado, vídeos em 3D, literatura de cordel e muita música. Essas são algumas das estratégias que o Ministério da Saúde vai utilizar em uma nova campanha para tentar mobilizar também as crianças no combate ao Aedes aegypti.

O órgão federal lança nesta quarta-feira (30) uma série de seis vídeos educativos voltados para o público infantil com o objetivo de informar os pequenos e suas famílias sobre zika, dengue e chikungunya e dar orientações de como evitar a reprodução do mosquito que transmite essas doenças.

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Batizada de "Crianças contra Zika", a campanha têm clipes musicais feitos com diferentes técnicas de animação e cujas canções foram compostas e interpretadas por artistas convidados. Fazem parte do time André Abujamra, Arnaldo Antunes, Hélio Ziskind, Marisa Orth, Palavra Cantada, Xis e Zeca Baleiro. Também participa do projeto a cineasta Baboo Matsusaki, que integrou a equipe de produção do filme 'O Menino e o Mundo', indicado ao Oscar 2016 como melhor longa de animação.

Os vídeos serão divulgados nas redes sociais e veiculados semanalmente durante a programação infantil do SBT, emissora parceira do ministério no projeto. Já as canções serão lançadas e distribuídas posteriormente em lojas virtuais e serviços de streaming de música.

Há cinco anos, a dona de casa Rosana Vaz de Oliveira Miguel, de 58 anos, tem a mesma rotina: de manhã e à tarde, ela vasculha os vasos de planta que enfeitam a varanda de sua casa, em Sarapuí, interior de São Paulo, em busca de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti. Os recipientes de lixo úmido e reciclado ficam fechados e até restos de flores que podem acumular água são recolhidos. "Fazia isso quando nem se falava em dengue, imagine agora."

A cidade, de 9.027 habitantes, na região de Sorocaba, é uma das poucas do Estado que não registraram, neste ano, casos de dengue, febre chikungunya e vírus zika, doenças transmitidas pelo mosquito. Isso não significa que não há risco: no primeiro semestre do ano passado, Sarapuí teve 89 casos positivos de dengue e o mosquito ainda circula na cidade, segundo o diretor de Saúde do município, Marcos Paulo Machado. "Nas buscas por criadouros, encontramos e eliminamos larvas do mosquito, então é preciso continuar a vigilância", disse.

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Desde 2011, a cidade promove mutirões contra a dengue. Numa das ações, a prefeitura conseguiu que um grande depósito de pneus velhos fosse eliminado. O antigo depósito de lixo também foi desativado. Sarapuí, agora, coleta os resíduos e encaminha para um aterro sanitário particular, instalado em Iperó, município próximo. O trabalho de orientar a população é constante, segundo o diretor. A cidade foi dividida em setores abrangendo os cerca de 2,8 mil imóveis e os sete agentes não têm dificuldade para entrar nas casas. "Até hoje, não registramos recusas", disse Machado. Neste mês, eles passam a trabalhar também aos sábados.

Por falta de pacientes, as três unidades de saúde, entre elas a Unidade Mista de Pronto-Atendimento, que funciona também nos fins de semana, estão quase sempre vazias. Faixas nos principais acessos e folhetos distribuídos nas escolas reforçam os alertas. "No desfile do aniversário da cidade, neste domingo, o combate ao Aedes vai ser o tema principal", afirmou o diretor.

Sustos

Mesmo assim, os sustos são frequentes, segundo ele. Ontem, um morador da zona rural procurou atendimento em Salto de Pirapora, a cidade mais próxima, com sintomas parecidos com dengue. "Felizmente, fizeram vários exames e já descartaram as doenças do Aedes." Em fevereiro, dois moradores voltaram de viagem com febre, mas não era dengue.

O risco maior, segundo o diretor, deve-se ao fato de Sarapuí depender de cidades maiores e próximas que têm casos de dengue e das outras doenças, como Sorocaba e Itapetininga. "Nossos moradores viajam para essas cidades para estudar, fazer compras ou em busca de atendimento médico especializado."

Sorocaba, a 50 km, é o destino mais procurado e teve epidemia de dengue em 2015, com mais de 50 mil casos. Neste ano, a cidade registrou também casos de zika e chikungunya. Por isso, Maria Georgina Felix, que embarcava ontem numa ambulância da prefeitura de Sarapuí rumo ao Hospital Regional de Sorocaba, levava um frasco de repelente na bolsa. "Não viajo sem ele", disse.

O mecânico José Augusto Pontes também seguia para o hospital sorocabano com ramos de citronela no bolso. "É melhor do que repelente", afirmou. Já a aposentada Anésia Bonini, de 66 anos, disse que a dengue ainda não chegou a Sarapuí neste ano por sorte. "Tem muito lixo espalhado, a gente reclama e não acontece nada." Outro morador, o auxiliar de escritório Moisés Barreto, de 37 anos, mostrou uma rua tomada por erosões profundas e com água parada. "Isso aqui, para o mosquito, é o paraíso." Em sua casa, porém, ele disse que toma todos os cuidados.

De acordo com o diretor de Saúde, a cidade foi castigada por um temporal na quarta-feira e o mau tempo ainda não permitiu que os estragos fossem reparados. "O mosquito precisa de alguns dias para procriar e não vamos dar esse tempo a ele."

Estado

Em janeiro, conforme dados do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, 92 dos 645 municípios paulistas não registraram casos de dengue. O levantamento de fevereiro não estava concluído até ontem, mas pelo menos 40 dessas cidades já haviam reportado casos de dengue, zika ou chikungunya.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirmou nesta quarta-feira, 9, a primeira morte causada pelo vírus da chikungunya no Estado. A vítima é uma idosa de 88 anos que faleceu em 21 de fevereiro, no Recife.

Segundo a secretária-executiva de Vigilância à Saúde, Cristiane Penaforte, a idosa apresentou os primeiros sintomas da doença no dia 11 de janeiro e chegou a receber atendimento hospitalar por três vezes. Em uma das ocasiões, foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de uma unidade pública de Saúde.

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A confirmação laboratorial foi feita por meio de duas técnicas diferentes que deram resultados positivos para a presença de anticorpos de chikungunya e de fragmentos do vírus. O óbito foi registrado no boletim apresentado na última terça-feira com os dados das enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, chikungunya e zika).

Os registros dizem respeito aos casos notificados entre 1º de agosto de 2015 e 5 de março de 2016. Até o momento há 84 óbitos por suspeita de doenças transmitidas por mosquitos.

A identidade da paciente está sendo mantida em sigilo a pedido da família. Ela era moradora do bairro da Ilha do Leite, um dos campeões em registros dessas doenças na capital pernambucana, ocupando o 4º lugar no ranking do Recife.

Balanço

Comparado com o balanço divulgado na semana passada, houve um aumento de mais de mil casos suspeitos de zika no Estado. O número saltou de 3.746 para 4.849 casos notificados. Em relação à chikungunya, as notificações aumentaram de 6.076 para 9.160 casos. De agosto até março, as notificações de dengue chegaram a 31.481 (4.210 confirmados), distribuídos em 179 municípios, o que representa um aumento de 131,70% em relação ao mesmo período de 2015.

O mosquito Aedes aegypti, atual inimigo número um da saúde no País por transmitir dengue, febre chikungunya e vírus zika, também pode ter um lado benéfico. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, interior paulista, encontraram substâncias anti-inflamatórias na saliva do inseto capazes de controlar sintomas de doenças intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa.

Os testes positivos foram feitos em camundongos, mas a expectativa é de que se repitam em seres humanos - próxima fase da pesquisa. O estudo começou há quatro anos, a partir da observação de que o mosquito anestesia a pele do hospedeiro ao picá-lo para se alimentar de sangue. Ao estudar os componentes da saliva, os pesquisadores chegaram aos elementos anti-inflamatórios.

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De acordo com a pesquisadora Cristina Ribeiro de Barros Cardoso, coordenadora da equipe, foram usados nos testes mosquitos sem infecção por qualquer tipo de vírus. O material extraído das glândulas salivares foi aplicado em camundongos que tiveram a colite ulcerativa e a doença de Crohn induzidas. "Logo nas primeiras aplicações notamos a melhora dos sintomas e, ao final, a doença foi totalmente inibida."

Apesar de ressaltarem que os estudos continuam e é cedo para falar em terapêutica para humanos, os pesquisadores estão otimistas. Além das respostas positivas, chamou a atenção o fato de o extrato da saliva não ter sido tóxico para as células do corpo tratado. Os efeitos colaterais são problema nos medicamentos para a colite e outras enfermidades intestinais. De acordo com a pesquisadora, ainda são necessários testes pré-clínicos específicos para confirmar que o extrato salivar do mosquito pode ser usado com segurança em seres humanos.

Zika

Em Sumaré, foi confirmado no fim de semana o primeiro caso de zika em gestante. A paciente está na 13ª semana de gravidez, mas o bebê não apresentou alteração relacionada com a microcefalia. Ainda está em investigação se a contaminação aconteceu na própria cidade. É o segundo caso de contaminação pelo vírus no município, mas o anterior envolveu um homem de 52 anos.

Dengue

O promotor de Justiça da Saúde de Presidente Prudente, Mário Coimbra, afirmou nesta segunda-feira, 7, que a cidade pode ter chegado a vinte mortes por dengue este ano, o que ele considera uma "catástrofe sem precedentes". Segundo ele, os números não são oficiais, mas podem ser confirmados nas próximas semanas, já que os resultados oficiais demoram para sair.

Ele disse que o Ministério Público considera que as mortes eram evitáveis e que os gestores públicos serão responsabilizados. A prefeitura de Presidente Prudente informou que não se manifestaria sobre as afirmações do promotor. Em boletim divulgado no dia 29 de fevereiro, a prefeitura informou que a cidade tem 3.273 casos confirmados e outras 5.076 notificações de dengue. Para a prefeitura, oficialmente são cinco mortes confirmadas e quatro em investigação.

A estratégia parece contraditória e rendeu boatos na internet: espalhar mosquitos para combater a dengue. Mas pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a liberação de Aedes aegypti contaminados com a bactéria Wolbachia, que impede a multiplicação de vírus no inseto, pode ser uma alternativa às tentativas fracassadas de eliminar de vez o mosquito.

Seis meses depois dos primeiros lançamentos de mosquitos que não transmitem doenças, oito em cada dez insetos capturados nas áreas que participam da pesquisa têm a Wolbachia. Significa que a população de Aedes aegypti está sendo substituída por outra que não vai prejudicar a população. "Ao analisarmos a saliva do mosquito com Wolbachia, é muito significativa a redução da carga viral. Em alguns casos, chega a bloquear 100%, 90% do vírus da dengue. Recentemente, fizemos testes com chikungunya e zika. Os resultados preliminares são bastante positivos. Mostram que a presença da Wolbachia tem grande capacidade de bloqueio do zika", afirmou o pesquisador Luciano Moreira, coordenador no Brasil da pesquisa Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. O estudo, que não tem fins lucrativos, também é feito simultaneamente em Austrália, Indonésia, Colômbia e Vietnã.

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Na natureza

A Wolbachia está presente em 70% dos insetos na natureza, como a mosca da fruta e o pernilongo. Sem manipulação genética, os pesquisadores infectam o ovo do Aedes aegypti com microinjeções. A liberação, no Brasil, foi feita de duas formas: em Tubiacanga, na zona norte do Rio, os pesquisadores soltaram mosquitos nascidos em laboratório; em Jurujuba, Niterói, no Grande Rio, foram colocados dispositivos com ovos do mosquito, que nasceram ali mesmo. Em ambos os casos, a população com Wolbachia cresceu.

Os moradores dos bairros são orientados a manter os hábitos de sempre: usar repelentes, inseticidas, matar os mosquitos com raquetes elétricas, abrir as janelas caso o fumacê passe na rua. Os técnicos da Fiocruz colocam armadilhas em algumas casas e semanalmente visitam os endereços, recolhem os mosquitos e fazem uma triagem - separam os Aedes de outros insetos. Os mosquitos da dengue e da zika são enviados para o Instituto René Rachou, ligado à Fiocruz, em Belo Horizonte, e cada um deles passa por análise de DNA para identificar se tem a bactéria. Nas primeiras semanas depois da soltura dos insetos, 10% dos analisados tinham a Wolbachia. Ao fim de 20 semanas, eram 65%. Agora, o índice alcançou 80%.

"Mostra que o mosquito se adaptou ao ambiente, se reproduziu ali e a fêmea está passando a bactéria para os seus filhotes. É uma estratégia autossustentável. Na Austrália, os primeiros insetos foram soltos em 2011 e os pesquisadores não voltaram para novas solturas. Mas o monitoramento mostra que 95% da população continua com Wolbachia. E é uma estratégia bastante compatível com outros métodos: mesmo se usarem inseticida, ou se aparecer vacina no mercado. Qualquer outro tipo de método de controle é bem compatível com o que a gente faz", afirmou Moreira.

Boatos

Outro ponto positivo para a estratégia é o fato de a Wolbachia já estar presente na natureza. "É um método seguro. A bactéria nunca foi encontrada em vertebrados", explica o pesquisador, que se preocupa com boatos espalhados nas redes sociais. "Houve vários boatos. A resposta é informação na hora certa para as pessoas, para não haver mal-entendido."

Outros dois bairros do Rio podem ser os próximos a receber mosquitos com Wolbachia: Urca, na zona sul, e Vila Valqueire, na zona norte. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o aquecimento do planeta deve levar a uma ampliação das zonas do planeta com a presença do mosquito Aedes aegypti, responsável por ser o vetor de doenças como zika e dengue. A análise foi apresentada nesta quinta-feira (3) pela diretora-geral da entidade, Margaret Chan, em um debate na ONU.

"Mais da metade da população mundial vive em áreas onde os mosquitos Aedes aegypti, o principal vetor de zika, dengue e chikungunya, estão presentes", disse. "A elevação de temperaturas ameaça expandir esse espaço geográfico ainda mais." Nesta quinta-feira (2) um grupo de pesquisadores brasileiros apresentou em Brasília o estudo Riscos de Mudanças Climáticas no Brasil e Limites à Adaptação, em que também abordam a situação do Aedes.

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Para ela, em termos de saúde pública, as mudanças climáticas podem ser "a questão decisiva" no século 21. "Os humanos são, sem dúvida, a espécie mais ameaçada pelas mudanças climáticas", insistiu Margaret.

Segundo ela, a OMS estima que 7 milhões de mortes acontecem a cada ano por conta da poluição do ar. A elevação das temperaturas só deve incrementar esse problema. "2015 já foi o ano mais quente da história e, em 2016, devemos bater o recorde de novo", disse. "Surtos de cólera explodiram."

Para a diretor-geral, "mudanças climáticas deram para a dengue uma expansão de sua área geográfica". "E agora pode acontecer o mesmo com a malária. Especialistas apontam que, até 2050, as mudanças climáticas podem causar 250 mil mortes adicionais por ano, além de malária, diarreia, ondas de calor e má nutrição", apontou.

Em seus debates internos, a OMS tem aproveitado a onda de surto de vírus zika pelos países latino-americanos para reforçar as pesquisas sobre o Aedes. Para os departamentos que se ocupam há anos da dengue dentro da OMS, porém, o reconhecimento do problema é "tardio".

A OMS tem sugerido que governos latino-americanos reforcem o controle sobre o mosquito, insistindo em planos detalhados e na necessidade de que as iniciativas sejam mantidas por um longo período.

Ribeirão Preto já prevê falta de dinheiro para enfrentar a dengue e a zika. O secretário Municipal de Saúde, Stênio Miranda, anunciou ontem que já são mais de 27 mil casos suspeitos das duas doenças neste ano e o número pode ser bem maior.

"Os funcionários estão com dificuldade para processar as informações." O balanço é de 15 de fevereiro. Por semana, há mais de 5 mil novos casos. Segundo o secretário, eles têm um custo alto, pois o atendimento, muitas vezes, inclui internação.

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A prefeitura, segundo Miranda, remanejou verbas para bancar as despesas, mas ele acredita que em pouco tempo faltará dinheiro. "Provavelmente, não teremos." A cidade registra até 800 casos suspeitos das doenças por dia. "Como o paciente é atendido por mais de uma vez, foram cem mil consultas em dois meses." Ao todo, estão confirmados 5.848 casos de dengue e 14 de zika em gestantes.

Dracena. A Secretaria de Saúde de Dracena confirmou o primeiro caso de zika no oeste paulista. Até então, a região só tinha suspeitas da doença. O vírus foi diagnosticado em um paciente de 36 anos que estava no Hospital Regional de Presidente Prudente - cidade que teve notificados 8.349 casos de dengue neste ano (com dez mortes), dos quais, 3.273 são registros positivos da doença. (Colaborou José Maria Tomazela)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Representantes do laboratório da Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (Bahiafarma) e do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) anunciaram ontem uma parceria para o desenvolvimento do kit para diagnóstico rápido dos vírus da zika, da dengue e da chikungunya. Este será o primeiro do Brasil a detectar a presença dos vírus no organismo humano, ativo ou não, e determinar se a pessoa está imune às três doenças.

Além de detectar os vírus no organismo, a tecnologia vai determinar se a pessoa está imune às doenças. "Para mulheres em idade fértil e grávidas será um avanço significativo ter esse conhecimento", diz o médico e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Fernando Kreutz, diretor do Grupo FK-Biotec.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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