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O filme do diretor romeno Radu Jude "Bad luck banging or loony porn", que denuncia a hipocrisia da sociedade contemporânea com uma história baseada no vazamento de uma 'sextape', recebeu nesta sexta-feira (5) o Urso de Ouro da Berlinale, celebrado em formato virtual devido à pandemia de coronavírus.

A atriz alemã Maren Eggert venceu o primeiro prêmio de interpretação de "gênero neutro" do festival por seu papel em "I'm your man".

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Com a categoria, o Festival de Berlim acabou com a tradicional distinção entre melhor ator e atriz.

"Bad luck banging or loony porn" começa com uma sequência de vários minutos de pornô "amador". O vazamento da "sextape" protagonizada por uma professora resulta em uma história vibrante que busca comparar a obscenidade de um vídeo pornô com a da sociedade atual.

O filme ri de passagem da Igreja, do exército, dos novos ricos e dos ex-comunistas na Romênia.

"É um filme muito bem elaborado e em alguns momentos selvagem, inteligente e infantil (...) vibrante e ataca o espectador: não deixa ninguém indiferente", explicou o júzir.

O cineasta Radu Jude já havia sido premiado com o Urso de Prata de melhor direção em 2015 por "Aferim!".

O longa-metragem "Una película de policías", do mexicano Alonso Ruizpalacios, recebeu o Urso de Prata de melhor contribuição artística.

Os prêmios foram anunciados em uma cerimônia on-line pelo júri, cujos membros foram os únicos que se reuniram em Berlim para assistir os filmes em uma sala de cinema.

Porém, um dos seis membros, o iraniano Mohammad Rasulof, vencedor da edição 2020 com "There is no evil", participou do evento de Teerã, onde o governo da República Islâmica o mantém em prisão domiciliar.

A 71ª edição da Berlinale aconteceu com um programa reduzido de cinco dias, à espera de uma segunda parte em junho, com exibições ao ar livre abertas ao público e a festa de premiação.

Lista de Premiados da 71ª edição da Berlinale:

- Urso de Ouro de melhor filme: "Bad luck banging or loony porn" de Radu Jude (Romênia)

- Grande Prêmio do Júri, Urso de Prata : "Wheel of Fortune and Fantasy" de Ryusuke Hamaguchi (Japão)

- Prêmio do júri, Urso de Prata: "Mr Bachmann and His Class" por Maria Speth (Alemanha)

- Urso de Prata de melhor direror : Dénes Nagy, por "Natural Light" (Hungria)

- Urso de Prata de melhor interpretação (prêmio de gênero neutro): Maren Eggert por seu papel em "I'm your man" (Alemanha)

- Urso de Prata de interpretação em papel coadjuvante (prêmio de gênero neutro): a húngara Lilla Kizlinger por seu papel em "Forest - I See You Everywhere"

- Urso de Prata de contribuição artística: Yibrán Asuad pela montagem de "Una película de policías" de Alonso Ruizpalacios (México)

- Urso de Parta de roteiro: "Introduction" de Hong Sangsoo (Coreia do Sul)

Um filme que descreve o percurso cheio de obstáculos de uma menor de idade para abortar nos Estados Unidos é o favorito neste sábado (29) ao Urso de Ouro do Festival de Berlim.

Os premiados desta 70ª Berlinale, primeiro grande festival de cinema da Europa antes de Cannes e Veneza, serão revelados a partir das 19h00 GMT (16h00 de Brasília). Será um júri presidido pelo ator Jeremy Irons que escolherá o sucessor de "Synonymes" do israelense Nadav Lapid, Urso de Ouro 2019.

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Favorito dos críticos, de acordo com a revista Screen, "Never rarely sometimes always", de Eliza Hittman, segue o caminho de Autumn (Sidney Flanigan), uma estudante do ensino médio da Pensilvânia, que vai para Nova York com a prima para abortar.

Uma jornada sem pathos, enfatizando a solidariedade feminina, com personagens masculinos mantidos à distância. A cena mais marcante do filme é aquela em que uma assistente social questiona Autumn sobre possíveis abusos que ela poderia ter sofrido, em uma escala que varia de "nunca" a "sempre", que dá o título ao filme.

"Existem assuntos muito importantes hoje, mas temos que fazer nossas escolhas com base na história, na maneira como o filme funciona com o público", alertou o presidente do júri, Jeremy Irons, questionado em preâmbulo do movimento #MeToo.

Após o ressurgimento de uma entrevista em que ele fez comentários considerados sexistas, Irons aproveitou o primeiro dia do festival para expressar seu total apoio ao direito ao aborto, ao casamento gay e aos movimentos que defendem as mulheres contra o assédio.

Se Eliza Hittman ganhar o Urso de Ouro, será a sétima mulher na história da Berlinale a receber essa distinção, confirmando a ideia de um festival trabalhando para uma representação mais feminina.

Mas a competição é dura, com outros trabalhos que causaram forte impressão como "Rizi", do taiwanês Tsai Ming-liang, que entregou um filme sem diálogos sobre o encontro entre dois homens com seu ator favorito Lee Kang-Sheng.

Fábula aquática e história de amor, "Undine", do alemão Christian Petzold, com Paula Beer, e Franz Rogowski seduziu a Berlinale, bem como "First Cow" da americana Kelly Reichardt. Figura do cinema independente, ela revisita os códigos do Velho Oeste com uma história de amizade entre dois homens no Oregon (noroeste dos Estados Unidos) em 1820.

A surpresa também pode vir de "DAU. Natasha", muito controverso por causa de suas cenas de sexo e violência. O filme sulfuroso do russo Ilya Khrzhanovsky faz parte do seu monumental projeto experimental DAU, onde filmou 400 voluntários por dois anos em uma réplica de uma cidade científica soviética na Ucrânia. Uma experiência que deu origem a quinze filmes focados na experiência totalitária.

"A maioria das cenas de todo o projeto é 'hardcore', não apenas neste filme", alertou Carlo Chatrian, o novo diretor artístico da Berlinale, em conjunto com Mariette Rissenbeek.

A dupla substituiu o alemão Dieter Kosslick, depois de 18 anos no comando, e na tentativa de ampliar a diversidade.

Esta 70º edição também é marcada por revelações sobre o passado nazista de um ex-diretor da Berlinale, que forçou os organizadores a transformar o Prêmio Alfred-Bauer em Urso de Prata.

O longa "Todos os mortos", dos diretores Caetano Gotardo e Marco Dutra, concorre neste domingo (23) ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, mostrando o racismo e a violência contra a comunidade negra no Brasil vistos a partir do processo histórico.

Ambientado no século XIX, após a abolição da escravatura e o surgimento da República, o filme se passa em uma época na qual, segundo os diretores, "perdeu-se a oportunidade" de unir os povos indígenas, antigos colonos e escravos.

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Em São Paulo, uma família de mulheres ex-proprietárias de uma grande plantação de café a beira da ruína não sabe como se adaptar a esse novo momento sem os privilégios de antes, enquanto os seus antigos escravos tentam resgatar suas raízes e tradições a partir da liberdade.

"Nessa época foram colocados os pilares da sociedade brasileira", comentou Marco Dutra à AFP.

"Ainda que muitas teorias respeitadas afirmem que o Brasil foi criado a partir da mistura de identidades, a realidade é outra: é um país muito racista", acrescentou o diretor.

Ao longo dos 120 minutos do longa, surgem sons contemporâneos, como os de um avião e de ambulâncias, incoerências que o espectador começa a entender à medida que o filme avança.

A violência física contra a comunidade negra, que continua "sendo perpetuada pelo estado e pela elite branca", segundo Caetano Gotardo, é outro assunto tratado a partir da perspectiva histórica.

"A maioria dos assassinatos no Brasil são de jovens negros. A violência está presente. Porém, não queiramos ser fatalistas, porque há pessoas que seguem resistindo", disse.

Para os diretores de "Todos os mortos", o debate sobre a identidade brasileira se polarizou com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência.

"Esse governo reforça a ideia de que no Brasil há pessoas boas e ruins, de que há coisas que devem prevalecer e outras desaparecer. Devemos continuar discutindo a partir da moderação", afirma Gotardo.

"Todos os mortos" disputa pelo Urso de Ouro na Berlinale, cuja lista de vencedores será anunciada no próximo 29 de fevereiro, e lidera a lista de 19 produções brasileiras selecionadas para diferentes sessões do festival de Berlim.

O cinema sul-americano está sofrendo perdas de patrocínio sob o governo Bolsonaro, que extinguiu o Ministério da Cultura e diluiu as pastas do órgão em diversas secretarias.

"Claro que precisamos dos subsídios, lutaremos por ele, mas seguiremos filmando aconteça o que acontecer, nem que seja com os nossos celulares", ressaltou Dutra.

Mesmo remando contra a maré por enfrentar diversos obstáculos, o cinema brasileiro segue em destaque no exterior. É que 19 obras produzidas no Brasil foram indicadas ao prêmio Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim, na Alemanha. Entre as produções está o longa-metragem "Todos os Mortos" (2020), selecionado para a categoria de Melhor Filme. Com direção de Caetano Gotardo, a obra será apresentada neste domingo (23) na capital alemã e pode se juntar a produções como "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles, e "Tropa de Elite" (2007), de José Padilha, que venceram a disputa nos anos de 1998 e 2008.

Ainda sem data para estrear no Brasil, "Todos os Mortos" se passa o ano de 1899, onze anos após a assinatura da Lei Áurea, que aboliu os escravos no país. A história relata a vida de Iná Nascimento, mulher que ainda teve que viver a escravidão por um período longo e que lutou para cuidar da familiares em um tempo de hostilidade. O longa é produzido por ex-alunos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

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Veja a lista com as outras 18 indicações em produções e coproduções em que o Brasil concorre em uma das principais premiações da indústria cinematográfica mundial:

Mostra Geração - "Alice Júnior" (2019), de Gil Baroni; "Irmã" (2019), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes; "Meu Nome É Bagdá" (2019), de Caru Alves de Souza; "Rã" (2019), de Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti.

Mostra Panorama - "Cidade Pássaro" (2020), de Matias Mariani; "O Reflexo do Lago" (2019), de Fernando Segtowick; "Vento Seco" (2019), de Daniel Nolasco; "Nardjes A." (2019), de Karim Aïnouz (Coprodução: Argélia, Alemanha, França e Brasil); "Un Crimen Común" (2019), de Francisco Márquez (Coprodução: Argentina, Suíça e Brasil).

Mostra Fórum - "Luz nos Trópicos" (2019), de Paula Gaitán; "Vil, Má" (2020), de Gustavo Vinagre; "Chico Ventana Tambien Quisiera Ter un Submarino" (2019), de Alex Piperno (Coprodução: Uruguai, Argentina, Holanda, Filipinas e Brasil).

Mostra Fórum Expandido - "(Outros) Fundamentos" (2019), de Aline Motta; "Apiyemiyeki?" (2020), de Ana Vaz; "Jogos Dirigidos" (2019), de Jonathas de Andrade; "Letter from a Guarani Woman in Search of Her Land Without Evil" (2019), de Patricia Ferreira; "Vaga Carne" (2019), de Grace Passô e Ricardo Alves Jr.

Mostra Encontros - "Los Conductos" (2019), de Camilo Restrepo (Coprodução: França, Colômbia e Brasil).

A 70ª edição do Festival de Cinema de Berlim tem uma grande participação brasileira em várias mostras.

- Mostra competitiva pelo Urso de Ouro -

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"Todos os mortos", de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Brasil, França)

- Encounters -

Nova mostra competitiva consagrada a propostas estéticas inovadoras.

"Los Conductos", de Camilo Restrepo (coprodução Colômbia, França, Brasil)

- Panorama -

Se define como "explicitamente queer, feminista e política".

"Cidade Pássaro", de Matias Mariani (Brasil, França)

"Nardjes A." (documentário), de Karim Ainouz (Brasil, Argélia, França, Alemanha, Catar)

"O reflexo do lago" (documentário), de Fernando Segtowick (Brasil)

"Un crimen común", de Francisco Márquez (coprodução Argentina, Brasil, Suíça)

"Vento Seco", de Daniel Nolasco (Brasil)

- Fórum -

Mostra mais experimental.

"Chico ventana también quisiera tener un submarino", de Alex Piperno (coprodução Uruguai, Argentina, Brasil, Holanda, Filipinas)

"Luz nos trópicos", de Paula Gaitán (Brasil)

"Vil, má", de Gustavo Vinagre (Brasil)

Ficção e temas atuais se encontrarão na 70ª edição do Festival de Berlim, que começa nesta quinta-feira com 18 filmes na disputa pelo Urso de Ouro, incluindo uma produção brasileira, e uma nova mostra dedicada a novas formas de fazer cinema.

As atrizes Sigourney Weaver e Margaret Qualley - filha de Andie MacDowell - serão responsáveis pela abertura de um dos festivais de cinema mais importantes da Europa, ao lado de Cannes e Venezm, com "My Salinger Year", uma história sobre a criação literária e a ambição profissional que será exibida fora de competição.

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O brasileiro "Todos os mortos", de Marco Dutra e Caetano Gotardo, ambientado no fim do século XIX, poucos anos após o fim da escravidão, concorre ao Urso de Ouro, ao lado de filmes como "Siberia", do veterano Abel Ferrara, e "First Cow", da americana Kelly Reichardt.

Outro destaque na mostra oficial é "The roads not taken", da britânica Sally Potter, na qual Javier Bardem interpreta um deficiente auxiliado pela filha (Elle Fanning).

"Hardcore"

Outros filmes que desejam suceder "Synonymes", vencedor do Urso de Ouro do ano passado, são "There is no evil", do dissidente iraniano Mohamad Rasoulof, e "DAU. Natasha", um dos filmes do polêmico projeto do russo Ilya Khrzhanovskiy, que recriou uma cidade soviética na qual filmou a vida de 400 pessoas, repleta de violência e pornografia.

"A maioria das cenas deste projeto são hardcore, não apenas este filme", disse o novo codiretor do festival, Carlo Chatrian, antecipando a polêmica.

No conjunto, a mostra deste ano observa o mundo atual "sem ilusão, para abrir os nossos olhos", destacou.

A premiação será anunciada em 29 de fevereiro pelo júri presidido pelo ator britânico Jeremy Irons e que tem a presença do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho ("Bacurau").

A britânica Helen Mirren receberá o Urso Honorário. Uma das homenagens mais emblemáticas da Berlinale, o Prêmio Alfred Bauer, foi cancelado há algumas semanas, após a revelação do passado nazista do primeiro diretor do festival.

O jornal Die Zeit publicou que Bauer - diretor da mostra entre 1951 e 1976 - foi um alto funcionário do departamento cinematográfico de propaganda criado por Joseph Goebbels, ministro de Adolf Hiltler, além de ter espionado grandes figuras da indústria do cinema durante o III Reich.

Os novos diretores da Berlinale, Chatrian e Mariette Rissenbeek, também anunciaram a criação da mostra "Encounters", que exibirá obras mais ousadas de cineastas "inovadores".

Fora de competição, a ex-candidata democrata à presidência americana Hillary Clinton é esperada na capital da Alemanha para apresentar a minissérie autobiográfica "Hillary". A Pìxar exibirá seu novo filme de animação "Onward" ("Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica" no Brasil) e a atriz australiana Cate Blanchett a série "Stateless".

 Cinema brasileiro "em seu melhor momento" 

O Brasil terá uma forte presença no festival. Dezenove filmes do país foram selecionados para a Berlinale, destaca Kleber Mendonça Filho.

"Estamos no melhor momento da história do cinema brasileiro, apesar de sua indústria estar sendo desmantelada quase diariamente", declarou o cineasta, crítico do presidente da extrema direita Jair Bolsonaro e de seus cortes na cultura.

Na mostra "Panorama" serão quatro filmes, incluindo o documentário "Nardjes", do diretor Karim Aïnouz, premiado ano passado em Cannes por "A Vida Invisível".

Outro documentário, "O reflexo do lago", de Fernando Segtowick, que mostra a vida de pessoas que moram nas proximidades da hidrelétrica de Tucuruí, também foi selecionado.

A Berlinale revela neste sábado (16) o seu filme vencedor com duas produções favoritas: uma crônica chinesa sobre a antiga política de filho único e um drama israelense, que fala sobre um expatriado em Paris. Enquanto isso, o único filme ibero-americano, "Elisa y Marcela" (Espanha), não convenceu a crítica.

O júri liderado pela atriz francesa Juliette Binoche, e do qual também é membro o cineasta chileno Sebastián Lelio, escolherá qual longa-metragem levantará o Urso de Ouro, o primeiro grande prêmio do ano dos festivais europeus.

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Um filme ficou de fora da disputa alguns dias antes de sua estreia mundial, "One second", do consagrado cineasta chinês Zhang Yimou. A Berlinale informou que a retirada do filme, ambientado durante a Revolução Cultural - um período-chave para as autoridades chinesas - se deu por motivos "técnicos".

Enquanto isso, a também produção chinesa "So long, my son", de Wang Xiaoshuai, comoveu o público levando-o às lágrimas com um drama alegórico sobre duas famílias cujos destinos se cruzam durante 30 anos de mudanças radicais em seu país.

"A história pode ser lida como uma crítica mordaz à política de filho único no país, recentemente abandonada. Há também cenas poderosas que ilustram os efeitos dolorosos da mudança desenfreada ao capitalismo na década de 1980 e início de 1990", escreveu o South China Morning Post.

"Mas isso não distrai Wang de seu objetivo, que é mostrar como as pessoas comuns lidam com a dor e os dilemas morais".

- Sete diretoras na disputa -

"So long, my son" é favorito junto com "Synonyms", de Nadav Lapid. O filme, em grande parte autobiográfico e sexualmente explícito, conta a história de um israelense que se muda para Paris para escapar da situação política em seu país.

A crítica aplaudiu especialmente a atuação de seu protagonista, Tom Mercier, que estreou nesta produção e, segundo o Hollywood Reporter, lembra um "jovem Tom Hardy, incluindo a habilidade de atuar sem roupa".

Na disputa mais feminina das 69 edições da Berlinale, com filmes de sete mulheres cineastas, destacou: "Deus existe, o nome dela é Petrunya", da diretora da Macedônia do Norte Teona Strugar, muito aplaudida pelo público.

O filme é baseado na história real de uma mulher que se une a um ritual religioso reservado aos homens: uma imersão em um rio para retirar uma cruz de madeira.

Ao contrário, o filme "Elisa y Marcela", da espanhola Isabel Coixet, referência na Berlinale, onde a cineasta já foi nove vezes, decepcionou grande parte da crítica.

O filme em preto e branco, o primeiro produzido pela Netflix em competição na Berlinale, resgata o primeiro casamento homossexual na Espanha, ocorrido em 1901 entre duas professoras. "Esta história fascinante de um casal de lésbicas espanholas que enganou um padre para se casarem tem um tratamento chato e inadequado", criticou a Variety.

"Ao quere enviar uma mensagem" sobre os direitos dos homossexuais, "Coixet faz um filme privado de nuances emocionais que fizeram com que 'Brokeback Mountain' e 'Carol', para citar duas produções influentes sobre os homossexuais, fossem tão comoventes e que prendem", segundo o Hollywood Reporter.

- Chilena "Lemebel", premiada com Teddy Award -

A seção paralela Panorama também anunciará o prêmio que a cada ano o público entrega ao melhor filme e para o qual concorrem uma dezena de filmes latino-americanos, incluindo "Divino Amor", do brasileiro Gabriel Mascaro, e "Temblores", do guatemalteco Jayro Bustamante.

Na mesma seção, por sua vez, destaca-se "Lemebel", da chilena Joanna Reposi, premiada com o Teddy Award de melhor documentário sobre LGTBQ+, anunciado em paralelo à Berlinale.

Reposi, amiga pessoal do falecido artista chileno Pedro Lemebel, reconstituiu sua vida com base em arquivos, depoimentos e uma longa entrevista nos últimos anos de sua vida. Renomado escritor e artista plástico, Lemebel foi uma referência na luta pelos direitos dos homossexuais em seu país.

O Festival de Cinema de Berlim anuncia neste sábado (16) a produção vencedora do Urso de Ouro de sua 69ª edição. Veja a seguir a lista dos vencedores dos últimos 10 anos:

- 2009: "Fausta (A teta assustada)", de Claudia Llosa (Espanha/Peru)

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- 2010: "Bal", de Semih Kaplanoglu (Turquia/Alemanha)

- 2011: "A separação", de Asghar Farhadi (Irã)

- 2012: "César deve morrer", de Paolo e Vittorio Taviani (Itália)

- 2013: "Instinto materno", de Calin Peter Netzer (Romênia)

- 2014: "Carvão negro", de Diao Yinan (China)

- 2015: "Táxi Teerã", de Jafar Panahi (Irã)

- 2016: "Fogo no mar", de Gianfranco Rosi (Itália)

- 2017: "Corpo e alma", de Ildiko Enyedi (Hungria)

- 2018: "Não me toque", de Adina Pintilie (Romênia)

O Festival de Berlim inicia nesta quinta-feira sua 69ª edição, com a maior seleção de diretoras em sua história na disputa pelo Urso de Ouro.

Fora de competição, o destaque é "Marighella", primeiro filme dirigido pelo ator brasileiro Wagner Moura, famoso em todo o mundo por interpretar Pablo Escobar na série "Narcos".

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Protagonizado pelo ator e cantor Seu Jorge, o longa-metragem é baseado na biografia do guerrilheiro Carlos Marighella.

Entre as diretoras, uma das mais aguardadas é a espanhola Isabel Coixet, com "Elisa y Marcela", filme que conta a história do primeiro casamento homossexual registrado na Espanha. Além disso, a produção é a primeira da Netflix a disputar o Urso de Ouro.

Além de Coixet, outras seis diretoras foram selecionadas pela Berlinale para a competição oficial, de um total de 17 cineastas, ou seja 41%, um recorde para o evento e um percentual muito maior que o registrado na última edição do Festival de Cannes (14%).

O vencedor do Urso de Ouro será anunciado em 16 de fevereiro. No ano passado, a romena Adina Pintilie venceu a competição com "Touch me not".

- Binoche no júri -

O tapete vermelho da Berlinale, o mais político e socialmente engajado dos festivais europeus, receberá Christian Bale, Diane Kruger, Tilda Swinton, Catherine Deneuve, Jonah Hill, Chiwetel Ejiofor e Casey Affleck, além de Juliette Binoche, presidente do júri.

A atriz francesa, à frente de outros cinco jurados, incluindo o cineasta chileno Sebastián Lelio, celebrou a forte presença feminina.

"Muitos homens não percebem que as mulheres tiveram que ficar na segunda fila durante gerações", disse Binoche em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel.

O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, "garantiu que selecionou bons filmes, não porque foram dirigidos por mulheres", completou.

O longa-metragem "The kindness of strangers", dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig, abre o festival nesta quinta-feira. Rodado em Nova York, o filme mostra uma mulher (Zoe Kazan) que tem dois filhos e depende da ajuda de amigos para seguir adiante.

Outro filme muito aguardado é "Grace à Dieu", do francês François Ozon, sobre a história real de um padre processado na França por ter abusado sexualmente de crianças.

Pessoas exploradas no trabalho e o avanço do extremismo são alguns dos temas recorrentes no programa da Berlinale, que inclui 400 filmes de todo o mundo.

- Forte presença do Brasil -

As mostras paralelas terão uma presença marcante de filmes brasileiros.

Na mostra Panorama serão exibidos "Divino Amor", de Gabriel Mascaro, e "Greta", de Armando Praça. Entre os documentários estão "Estou me guardando para quando o carnaval chegar", de Marcelo Gomes, e "La Arrancada", de Aldemar Matias.

Depois de 18 anos esta será a última edição de Kosslick à frente do festival.

Carlo Chatrian, atualmente diretor do Festival de Locarno, e Mariette Rissenbeek, diretora holandesa do German Film, instituto que promove os filmes alemães no exterior, assumirão o comando do Festival de Berlim.

Em sua despedida, além do maior número de filmes dirigidos por mulheres na história da mostra oficial, Kosslick também ofereceu ingressos aos líderes do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha para que assistam o documentário "Who will write our history?", sobre o gueto de Varsóvia.

O filme "Touch me not", uma exploração sobre o sexo e a intimidade dirigida pela romena Adina Pintilie, ganhou o Urso de Ouro neste sábado (24) no Festival de Berlim.

"Touch me not" é um longa no meio do caminho entre a ficção e o documentário, baseado em personagens que tentam penetrar na intimidade de formas inesperadas.

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A 68a edição do Festival de Cinema de Berlim também premiou "Las herederas", do paraguaio Marcelo Martinessi, com o Urso de Prata de melhor atriz para Ana Brun e com o Urso de Prata Alfred Bauer, como filme que abre novas perspectivas.

A produção de Martinessi, que retrata uma mulher homossexual burguesa já na idade madura em busca de um novo começo, fez história, já que é o primeiro filme do Paraguai em competição na Berlinale.

Wes Anderson ganhou o Urso de Prata de melhor diretor por "Ilha de cachorros", um dos favoritos da crítica, e o francês Anthony Bajon foi recompensando com a estátua de melhor ator por seu trabalho em "La Prière".

"Museo", do mexicano Alonso Ruizpalacios, com Gael García Bernal, levou o prêmio de melhor roteiro.

Já a polonesa Malgorzata Szumowska conquistou o Grande Prêmio do Júri por "Twarz".

A 68º edição do Festival de Cinema de Berlim apresentará 19 filmes na competição pelo Urso de Ouro, que será anunciado em 24 de fevereiro.

O Brasil está representando por "Las herederas", de Marcelo Martinessi, uma coprodução com o Paraguai, Alemanha, Uruguai, Noruega e França.

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- "3 Days in Quiberon", de Emily Atef, Alemanha/Áustria/França

- "Season of the Devil", de Lav Diaz, Filipinas

- "Damsel", de David e Nathan Zellner, Estados Unidos

- "Don't Worry, He Won't Get Far on Foot", de Gus Van Sant, com Joaquin Phoenix, Estados Unidos

- "Dovlatov", de Alexey German Jr., Rússia/Polônia/Sérvia

- "Eva", de Benoît Jacquot, com Isabelle Huppert, França/Bélgica

- "Daughter of mine", de Laura Bispuri, Itália/Alemanha/Suíça

- "Las herederas", de Marcelo Martinessi, Paraguai/Alemanha/Uruguai/Noruega/Brasil/França

- "In the Aisles", de Thomas Stuber, Alemanha

- "Isle of Dogs", de Wes Anderson, Grã-Bretanha/Alemanha

- "Khook", de Mani Haghighi, Irã

- "My brother's name is Robert and he is an idiot", de Philip Gröning, Alemanha/França/Suíça

- "Museo" de Alonso Ruizpalacios, com Gael García Bernal, México

- "La prière", de Cédric Kahn, França

- "The Real Estate", de Axel Petersen, Suécia/Grã-Bretanha

- "Touch me not", de Adina Pintilie, Romênia/Alemanha/República Tcheca/Bulgária/França

- "Transit", de Christian Petzold, Alemanha/França

- "Mug", de Malgorzata Szumowska, Polônia

- "U - July 22", de Erik Poppe, Noruega

22 curta metragens de 18 países, entre eles 3 brasileiros, estão concorrendo ao Urso de Ouro e de Prata na 68º edição do Festival de Berlim, que tem início em 15 de fevereiro, de acordo com os organizadores do festival.

Os curtas também estão concorrendo ao melhor curta europeu Audi Short Film Award, na quantia de 20 mil euros.

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Os filmes brasileiros que estão concorrendo são “Alma Bandida", de Marco Antônio Pereira, e "Terremoto Santo", de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, além da coprodução "Russa", do português João Salaviza e do brasileiro Ricardo Alves Jr.

O setor “Berlinale Shorts” está querendo histórias de ficção que ultrapassam as “convencionais” e aceita novos jeitos criativos para novas formas dramatúrgicas que destaquem a tensão e o suspense.

O setor ainda disponibilizará um programa social dedicado ao 50º aniversário da Revolução de 1968 com 12 filmes da Alemanha, Áustria, Suécia e Estados Unidos que "mostram estratégias estéticas que ainda hoje seguem sendo atuais".

O conselho internacional de curtas será composto pelo cineasta português Diogo Costa Amarante, ganhador do Urso de Ouro de melhor curta-metragem na edição passada do Festival, o produtor americano Mark Toscano e a diretora e cientista sul-africana Jyoti Mistry.

Por Beatriz Gouvêa

O filme "On body and soul", da cineasta húngara Ildiko Enyedi, que conta uma história de amor ambientada em um matadouro, levou neste sábado o Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale.

O júri, presidido pelo holandês Paul Verhoeven, atribuiu o prêmio máximo da mostra a este filme sobre um homem e uma mulher que se desejam, mas só conseguem se comunicar através de um sonho que compartilham.

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Segue a lista de premiados nas principais categorias do Festival de Berlim:

- Urso de Ouro de melhor filme: "On Body and Soul", Ildiko Enyedi (Hungria)

- Urso de Prata (Grande prêmio do Júri): "Félicité", Alain Gomis (França, Senegal, Bélgica, Alemanha, Líbano)

- Urso de Prata de melhor diretor: Aki Kaurismaki por "The other side of hope" (Finlândia, Alemanha)

- Urso de Prata de melhor atriz: Kim Min-hee por "On the beach at Night Alone", de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)

- Urso de Prata de melhor ator: Georg Friedrich (Áustria) por "Bright Nights", de Thomas Arslan (Alemanha, Noruega)

- Urso de Prata de melhor contribuição artística: "Ana, mon amour", de Calin Peter Netzer (Romênia, Alemanha, França)

- Urso de Prata de melhor roteiro: "Una mujer fantastica", de Sebastian Lelio (Chile, EUA, Alemanha, Espanha)

- Prêmio Alfred Bauer em memória do fundador do festival para um filme que abre novas perspectivas: "Spoor", de Agnieszka Holland (Polônia, Alemanha, República Checa, Suíça, Suécia, Eslováquia)

- Prêmio de melhor documentário (novidade 2017): "Ghost Hunting", de Raed Andoni (Palestina)

- Prêmio de Melhor primeiro filme: "Summer 1993", de Carla Simon, Espanha

- Urso de Ouro de melhor curta-metragem: "Cidade Pequena", de Diogo Costa Amarante (Portugal)

- Urso de prata de curta metragem: "Ensueño en la Pradera" (Sonho na Pradaria, em tradução livre), de Esteban Arrangoiz Julien (México)

Um filme finlandês em defesa dos refugiados e o chileno "Una mujer fantástica" (Uma mulher fantástica, tradução livre), um apelo à tolerância, são os favoritos ao Urso de Ouro, que será anunciado neste sábado no Festival de Cinema de Berlim, marcado pelas críticas a Donald Trump.

A classificação da revista especializada Screen e a imprensa alemã concentram suas apostas em "The other side of hope" (O outro lado da esperança, tradução livre), do finlandês Aki Kaurismaki, e no filme de Sebastián Lelio.

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Resta saber a decisão do júri, presidido pelo diretor holandês Paul Verhoeven ("Instinto Selvagem", "Elle"), que será divulgada às 18h00 GMT (16h00 de Brasília).

Dezoito filmes aspiram ao Urso de Ouro, assim como aos da Prata, que premiam o melhor ator e atriz, entre outras categorias.

Tradicionalmente militante, a Berlinale deste ano se converteu em um palco contra o protecionismo e o desejo de Donald Trump de restringir as entradas nos Estados Unidos.

"Vocês têm que saber que há muitas pessoas no meu país que estão dispostas a resistir", disse a atriz americana Maggie Gyllenhaal, integrante do júri.

"Temos que garantir que nos conectamos com todas as parcelas dos Estados Unidos que estão resistindo", disse por sua vez o ator mexicano e integrante do júri Diego Luna, em um ato de rejeição às barreiras, realizado simbolicamente diante do Muro de Berlim.

O espírito inconformista se refletiu em muitos filmes apresentados durante o Festival, que começou no dia 9.

"O outro lado da esperança", que obteve as melhores pontuações da crítica, narra o encontro entre Khaled, um refugiado sírio que está, contra a sua vontade, na fria Finlândia, e um homem divorciado de sua mulher alcoólatra que o ajudará.

O jornal britânico Daily Telegraph admirou este filme "maravilhoso e comovente" protagonizado pelo ator sírio Sherwan Haji.

O público continuará "assistindo a este filme por muito tempo depois que (o presidente sírio Bashar) al-Assad tiver entrado para a história", disse o alemão Die Welt.

No ano passado, o júri liderado por Meryl Streep recompensou "Fogo no Mar", que falava sobre os refugiados e os habitantes que os recebem diariamente na ilha italiana de Lampedusa, que atualmente disputa o Oscar de melhor documentário.

- Transexualidade -

Quatro anos depois que seu filme "Gloria" levou o Urso de Prata de Melhor Atriz (Paulina Garcia), o chileno Lelio volta a brigar pelos maiores prêmios da Berlinane com um retrato de uma mulher transexual, um hino à tolerância.

Recompensado com o prêmio Teddy do festival, destinado aos filmes que se concentram na temática LGBT, "Uma mulher fantástica" conta a história de Marina, a quem o seu entorno, condicionado pelo preconceito e ignorância, a impede de se despedir dignamente de seu parceiro Orlando, que morreu repentinamente.

"A intenção é pegar alguém rejeitado pela sociedade e filmar esta pessoa da forma mais elegante e íntima possível. É um ato de amor cinematográfico", disse o diretor chileno, que vive em Berlim.

Marina é interpretada pela atriz transexual Daniela Vega, e um eventual prêmio de melhor atriz seria um acontecimento sem precedentes.

"Joaquim", do brasileiro Marcelo Gomes e baseado na figura histórica de Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes", que lutou contra o colonialismo português nos século XVIII, também concorre na competição oficial.

O filme "é um apelo à resistência, para uma sociedade mais justa", disse Gomes, que apresentou uma carta em nome de 11 cineastas brasileiros na qual denunciam que a cultura no Brasil está ameaçada pelo governo do presidente Michel Temer.

O Urso de Ouro de Melhor Filme será entregue neste sábado à noite. A entrega ocorrerá durante a 67ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale. Veja a lista dos últimos 20 vencedores:

- 1997: "O povo contra Larry Flint", de Milos Forman (Estados Unidos)

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- 1998: "Central do Brasil", de Walter Salles (Brasil)

- 1999: "Além da linha vermelha", de Terence Malick (Estados Unidos)

- 2000: "Magnólia", de Paul Thomas Anderson (Estados Unidos)

- 2001: "Intimidade", de Patrice Chéreau (França)

- 2002: "Domingo sangrento", de Paul Greengrass (Grã-Bretanha/Irlanda), e "A viagem de Chihiro', de Hayao Miyazaki (Japão)

- 2003: "Neste mundo", de Michael Winterbottom (Grã-Bretanha)

- 2004: "Contra a parede", de Fatih Akin (Alemanha/Turquia)

- 2005: "U-Carmen eKhayelitsha" (Carmen na África), de Mark Dornford-May (África do Sul)

- 2006: "Em segredo", de Jasmila Zbanic (Bósnia-Herzegovina)

- 2007: "O casamento de Tuya", de Wang Quan'an (China)

- 2008: "Tropa de elite", de José Padilha (Brasil/Argentina)

- 2009: "Fausta (A teta assustada)", de Claudia Llosa (Espanha/Peru)

- 2010: "Bal", de Semih Kaplanoglu (Turquia/Alemanha)

- 2011: "A separação", de Asghar Farhadi (Irã)

- 2012: "César deve morrer", de Paolo e Vittorio Taviani (Itália)

- 2013: "Instinto materno", de Calin Peter Netzer (Romênia)

- 2014: "Carvão negro", de Diao Yinan (China)

- 2015: "Táxi Teerã", de Jafar Panahi (Irã)

- 2016: "Fogo no Mar", de Gianfranco Rosi (Itália)

O documentário "Fuocoammare" (Fogo ao Mar), do italiano Gianfranco Rosi, sobre o drama dos refugiados que chegam à ilha de Lampedusa, ganhou neste sábado (20) o Urso de Ouro de melhor filme do Festival de Berlim.

"Espero que este filme sirva para fazer as pessoas tomarem consciência de que as pessoas não podem continuar morrendo no mar para fugir de uma tragédia", disse Rosi ao receber o prêmio.

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O Urso de Prata de melhor direção ficou com a francesa Mia Hansen-Love pelo filme "L'Avenir". O Grande Prêmio do Júri foi para "Morte em Sarajevo", do bósnio Danis Tanovic.

A dinamarquesa Trine Dyrholm ficou com o Urso de Prata de Melhor Atriz por seu papel em "Kollektivet" (A comunidade), do também dinamarquês Thomas Vinterberg. O Urso de Prata de Melhor Ator foi para o tunisiano Majd Mastoura em "Hédi", o primeiro filme em árabe apresentado na mostra competitiva do Festival de Berlim em duas décadas.

O Brasil estava representado com três filmes na mostra Panorama - "Curumim", documentário de Marcos Prado; "Mãe Só Há Uma", de Anna Muylaert; e "Antes o Tempo Não Acabava", de Sérgio Andrade e Fábio Baldo - mas o premiado na seção paralela da Berlinale foi "Junction 48", do israelense Udi Aloni.

A seguir, a lista dos ganhadores nas principais categorias do Festival de cinema de Berlim:

- Urso de Ouro de Melhor filme - "Fuocoammare", Gianfranco Rossi (Itália/França)

- Grande Prêmio do Júri (Urso de Prata) - "Morte em Sarajevo" (Smrt u Sarajevu), Danis Tanovic (França/Bósnia)

- Prêmio Alfred Bauer (Urso de Prata a longa-metragem com novas perspectivas) - "Hele Sa Hiwagang Hapis" (A Lullaby to the Sorrowful Mistery), Lav Diaz (Filipinas)

- Urso de Prata de Melhor Atriz - Mia Hansen-Love, "L'Avenir" (França/Alemanha)

- Urso de Prata de Melhor Ator - Majd Mastoura, "Hédi" (Tunísia)

- Urso de Prata de Melhor Roteiro - Tomasz Wasilewski, "United States of Love" (Zjednoczone stany miłości), (Polônia/Suécia)

- Urso de Prata de contribuição artística - Mark Lee Ping-Bing, câmera em "Crosscurrent" (Chang Jiang Tu), de Yang Chao (China)

- Melhor filme de estreia - "Hédi", Mohamed Ben Attia (Tunísia)

- Urso de Ouro de melhor curta-metragem - "Balada de um Batráquio", Leonor Teles (Portugal)

- Mostra Panorama (Prêmio do Público) - "Junction 48", Udi Aloni (Israel)

Dezoito filmes disputam este ano o Urso de Ouro do 66º Festival de Berlim, que acontece de 11 a 20 de fevereiro.

A seguir a lista de filmes da Berlinale:

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- "24 Wochen" ("24 semanas") de Anne Zohra Berrached, Alemanha

- "Alone in Berlim" (Sozinho em Berlim") de Vincent Perez com Emma Thompson e Brendan Gleeson, Alemanha/França/Grã-Bretanha

- "Boris sans Beatrice" ("Boris sem Beatrice") de Denis Côté, Canadá

- "Cartas da guerra" de Ivo M. Ferreira, Portugal

- "Chang Jiang Tu" (Contracorrente) de Yang Chao, China

- "Genius" de Michael Grandage com Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman, Guy Pearce, GB/EUA

- "Ejhdeha Vared Mishavad!" (Um Dragão Chega) de Mani Haghighi, Irã

- "Fuocoammare" (Fogo no Mar) de Gianfranco Rosi, Itália/França (documentário)

- "Hele Sa Hiwagang Hapis" (Canção de ninar ao mistério doloroso) de Lav Diaz, Filipinas/Cingapura

- "Inhebbek Hedi" (Hedi) de Mohamed Ben Attia, Tunísia/Bélgica/França

- "Kollektivet" (A comunidade) de Thomas Vinterberg, Dinamarca/Suécia/Holanda

- "L'avenir" de Mia Hansen-Love com Isabelle Huppert, França/Alemania

- "Midnight Special" de Jeff Nichols com Michael Shannon, Kirsten Dunst e Adam Driver, EUA

- "Quand on a 17 ans" de André Téchiné com Sandrine Kiberlain, França

- "Smrt u Sarajevu" (Morte em Sarajevo) de Danis Tanovic, França/Bósnia

- "Soy Nero" de Rafi Pitts, Alemanha/França/México

- "Zero Days" de Alex Gibney, EUA (documentário)

- "Zjednoczone Stany Milosci" (Estados Unidos do Amor) de Tomasz Wasilewski, Polônia/Suécia

Após o Urso de Ouro, talvez seja o mais prestigiado prêmio do Festival de Berlim. O Alfred Bauer Preiss tem status de Urso de Prata e recompensa um filme ou autor que contribui para o desenvolvimento da arte e da linguagem do cinema. Em 2012, o vitorioso foi o português Miguel Gomes, de "Tabu". Este ano, o Alain Resnais de "Amar, Beber, Cantar". Em 2013, foi o canadense Denis Coté, de "Vic + Flo Viram Um Urso". O filme que estreou nesta quinta-feira, 19, é outro bom exemplo da originalidade e criatividade do cinema de língua francesa do Canadá.

"Vic + Flo" conta a história de duas mulheres que se conheceram na penitenciária. Vic foi solta primeiro e veio se instalar nesse chalé no campo. Logo em seguida chega Flo. Ambas ainda estão em liberdade vigiada e há um oficial que controla se andam na linha. Só que vem também o passado de ambas e as coisas se complicam. A história toma outro rumo, leva a um desenlace brutal. Em Berlim, o diretor Coté contou que a trama de lesbianismo terminou por se impor. "Comecei a pensar na história como de dois homens. Afinal, os personagens se conhecem da cadeia. Fazendo pesquisas, descobri que o número de mulheres heteros que desenvolvem vínculos homossexuais na cadeia e depois não querem voltar aos parceiros masculinos supera o de homens que permanecem no vínculo homossexual. Mas sabia que o assunto seria polêmico. Em toda parte, tem sempre uma lésbica que me questiona sobre a abordagem do meu filme."

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Para Coté, tanto faz que sejam mulheres, ou homens. "Os nomes são neutros. Vic e Flo servem para homens e mulheres. E o urso? É só para criar estranhamento. É um filme infantil, sobre animais? É sobre pessoas que se amam." E ele faz uma revelação que parecerá estranha ao espectador que talvez se desconcerte com o desfecho. "Desde a escritura do roteiro, pensava sempre na forma como elas poderiam permanecer juntas. Talvez não seja a melhor ideia de um happy end para a maioria do público, mas, para mim, é."

É curioso que "Vic + Flo" esteja entrando simultaneamente com "O Homem Duplicado", que Denis Villeneuve adaptou do livro de José Saramago. Quem tem o mínimo de informação sobre a produção do Canadá sabe que existe um cinema canadense francês, de Quebec, e outro de língua inglesa, de Ontario (capital: Toronto). O cinema canadense francês produz cerca de 40 filmes por ano e já tem seus autores consagrados - Xavier Dolan, Denis Coté. O de língua inglesa flerta com Hollywood. Villeneuve é quebecois, mas migrou para o cinema de língua inglesa. O cinema de Quebec é mais original, mas o que é isso, em 2014? Na coletiva após a premiação em Berlim, Coté desabafou: "Tentei ler as críticas, mas quando li que Vic + Flo tenta ser original a qualquer preço, desisti".

Coté foi crítico - por acaso, como explica. "Já fazia curtas quando me convidaram para falar no rádio sobre os filmes de que gostava. Quando vi, estava editando uma revista de cinema. Foi um período muito interessante. Podia dar uma página sobre Abbas Kiarostami e uma nota sobre o blockbuster da vez. Isso me valeu não poucos inimigos." Para Coté, sua originalidade não está na história, até porque não é o que mais lhe interessa. "O que me move são esses personagens fora de esquadro, que se envolvem em situações que escapam ao controle. Como seria a história padrão de Vic + Flo? Elas se encontrariam na floresta, talvez iniciassem uma vida de superação ou se matassem, mas tanto num caso como noutro o desenvolvimento seria previsível. Quando digo que meu final é romântico, as pessoas se surpreendem. Romantismo não precisa ser meloso, com violinos de fundo."

Pierrette Robitaille, que faz Vic, é comediante. Na TV e no teatro, tem fama de palhaça. Coté escreveu para ela e para Romane Bohringer. "Queria uma atriz francesa. Romane tem currículo no cinema de arte. Era perfeita." Flo continua atraída por homens, o oficial da condicional é gay. "Isso torna as coisas mais complexas, e é bom para a ficção", diz o diretor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

VIC + FLO VIRAM UM URSO

Título original: Vic+Flo Ont Vu un Ours. Direção: Denis Côté. Gênero: Drama (Canadá/2013, 95 min.). Classificação: 16 anos.

O Urso de Ouro conquistado no Festival de Berlim pelo filme chinês "Black coal, Thin Ice" provocou curiosidade e perguntas nesta segunda-feira no país asiático, onde o longa-metragem ainda não estreou, e, entre as dúvidas, está uma eventual censura oficial.

O filme do diretor Diao Yinan narra a história de um ex-policial que se apaixona por uma suposta assassina. Tem enigmáticos 'flashbacks' e se passa nos anos 90 no norte da China. O diretor, até então um cineasta de obras experimentais e autorais, mostrou neste thriller sua faceta mais "comercial".

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Liao Fan, o protagonista, recebeu o Urso de Prata de melhor ator. Após a premiação, o filme foi o mais pesquisado na área de cinema do Sina Weibo, o equivalente chinês do Twitter. "Por quê os filmes que ganham prêmios são os que nunca são divulgados?", questiona um internauta. "Com o tema sensível e o forte conteúdo, não sei se permitirão que seja exibido na China, ou se terá muitos cortes", afirma outro.

Apesar das dúvidas, o governo anunciou na imprensa oficial que "Black Coal, Thin Ice" estreará na China em abril ou maio.

O ganhador do Urso de Ouro de melhor filme, do 64º Festival de Cinema de Berlim, ficou com "Carvão negro, gelo fino", do diretor chinês Diao Yinan.

Confira abaixo a lista dos vencedores do Urso de Ouro desde 1994:

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- 1994: "Em nome do pai", de Jim Sheridan (Irlanda/Grã-Bretanha)

- 1995: "A isca", de Bertrand Tavernier (França)

- 1996: "Razão e sensibilidade", de Ang Lee (EUA)

- 1997: "O povo contra Larry Flint", de Milos Forman (EUA)

- 1998: "Central do Brasil", de Walter Salles (Brasil)

- 1999: "Além da linha vermelha", de Terence Malick (EUA)

- 2000: "Magnólia", de Paul Thomas Anderson (EUA)

- 2001: "Intimidade", de Patrice Chéreau (França)

- 2002: "Domingo sangrento", de Paul Greengrass (Grã-Bretanha/Irlanda), e "A viagem de Chihiro", de Hayao Miyazaki (Japão)

- 2003: "Neste mundo", de Michael Winterbottom (Grã-Bretanha)

- 2004: "Contra a parede", de Fatih Akin (Alemanha/Turquia)

- 2005: "U-Carmen eKhayelitsha" (Carmen de Khayelitsha), de Mark Dornford-May (África do Sul)

- 2006: "Em segredo", de Jasmila Zbanic (Bósnia-Herzegovina)

- 2007: "O casamento de Tuya", de Wang Quan'an (China)

- 2008: "Tropa de elite", de José Padilha (Brasil)

- 2009: "A teta assustada", de Claudia Llosa (Espanha/Peru)

- 2010: "Um doce olhar", de Semih Kaplanoglu (Turquia/Alemanha)

- 2011: "A separação", de Asghar Farhadi (Irã)

- 2012: "César deve morrer", de Paolo e Vittorio Taviani (Itália)

- 2013: "Instinto materno", de Calin Peter Netzer (Romênia)

- 2014: "Carvão negro, gelo fino", de Diao Yinan (China)

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