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O Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami. Uma portaria, assinada pela ministra Nísia Trindade, foi publicada nesta sexta-feira, 20, em edição extra do 'Diário Oficial da União'.

O território tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil e falta de acesso da população à saúde. Também nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciaram que devem ir à Roraima, neste sábado, 21, para acompanhar as ações diante da crise humanitária dessa população.

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De acordo com a portaria publicada nesta sexta-feira, um centro de operações foi implantado para coordenar uma resposta rápida ao cenário de emergência identificado no território Yanomami. Desde o início da semana, técnicos do Ministério da Saúde estão na terra indígena, onde habitam 30,4 mil pessoas, para fazer um diagnóstico das condições de vida da população local.

A proposta é fazer um levantamento da situação, identificar as demandas dos povos originários da região e estabelecer as ações a serem feitas para que os Yanomami superem um cenário de "crise humanitária", conforme descrito pela própria Sonia Guajajara. De acordo com a ministra, 570 crianças Yanomami "morreram de fome durante o último governo".

"O Ministério dos Povos Indígenas tomará medidas urgentes em torno desta crise humanitária imposta contra nossos povos", disse a chefe da pasta em uma postagem no seu Twitter, nesta sexta-feira. "A pedido do presidente Lula, visitaremos amanhã a Terra Indígena Yanomami para uma ação interministerial de emergência. Nossos parentes Yanomami enfrentam uma crise humanitária e sanitária. É inadmissível ver nossos parentes morrerem de desnutrição e fome", acrescentou Guajajara.

Um dos problemas que assolam a região são os constantes conflitos armados com garimpeiros, cujas atividades de garimpo em terras indígenas cresceram 495% entre 2010 e 2020.

No ano passado, Júnior Hekurari, líder indígena, relatou que pessoas da comunidade foram assassinadas em meio a esses confrontos.

A Polícia Federal, na época, não confirmou as mortes. Também em 2022, de acordo com o líder indígena, uma menina ianomâmi de 12 anos chegou a ser estuprada até a morte por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na área de Waikás.

Pautada em congressos internacionais, a floresta amazônica esteve sob as lentes das maiores nações do mundo no ano de 2022. Com recordes de desmatamento cobrindo os índices dos últimos 15 anos, a maior floresta tropical do planeta também foi cenário para perseguição a povos indígenas, garimpo ilegal, racismo ambiental e até mesmo violência sexual.

Foi em agosto deste ano também que o último indígena tanaru, o “índio do buraco”, foi encontrado morto em sua terra. A morte, por causas naturais, simbolizou o fim da etnia, pouco conhecida no país. Encontrado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) há 26 anos, o indígena que vivia sozinho na Terra Indígena (TI) Tanaru, em Rondônia. Ele era o último sobrevivente de sua etnia, cujo nome não é conhecido pela fundação. 

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Em maio, líderes indígenas afirmaram que duas crianças Yanomami, de um e cinco anos, teriam sido encontradas mortas na comunidade de Palimiú, após o ataque armado de garimpeiros contra indígenas, na Terra Indígena Yanomami em Roraima. 

Segundo as lideranças, mais de 20 mil garimpeiros ilegais invadiram o território Yanomami, matando indígenas, abusando sexualmente de mulheres e meninas e poluindo rios com o mercúrio usado para separar o ouro dos sedimentos. Maior terra indígena do país, o trecho da etnia fica localizado na Amazônia, ao longo da fronteira Brasil-Venezuela 

Desmatamento 

Em julho deste ano foi detectado que a Amazônia teve 3.988 dos seus 6.700 quilômetros quadrados da sua floresta destruídos ainda no primeiro semestre de 2022, com o maior desmatamento já registrado para o período desde 2016, no início da série histórica realizada pelos sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. O desmatamento deste ano equivale a quase o triplo do registrado em 2017, com quase 1.332 quilômetros quadrados desmatados na região. 

No intervalo de quase um ano, de agosto de 2021 a julho de 2022, a Amazônia teve o maior desmatamento já registrado em 15 anos, com 10.781 quilômetros de floresta destruída, área equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo. 

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A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) irá solicitar ao Senado a criação de uma comissão para acompanhar as investigações sobre denúncia de estupro e morte de uma menina yanomâmi em Roraima. Além disso, ela vai pedir uma audiência com a diretoria da Polícia Federal para conferir as providências tomadas em relação ao caso.

O ocorrido veio à tona na última segunda (29). Segundo a denúncia, a vítima é uma menina de 12 anos que foi estuprada e morta por garimpeiros em uma comunidade na região de Waikás, na Terra Indígena Yanomâmi.

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Sobre o caso, a senadora responsabiliza a omissão do governo federal sobre a frequência dessas ações. “Essas denúncias apontam que o estupro teria sido por parte de garimpeiros. O que traz sobre nós a grande responsabilidade do aprofundamento desta investigação. Não é errado dizer que a omissão que nós temos acompanhado pelo governo federal tem contribuído para que ações dessa natureza possam acontecer. Dentre elas a defesa, inclusive, da exploração mineral dentro das comunidades indígenas”, afirmou.

Neste último domingo (20) o filme documentário "A Última Floresta", dirigido pelo cineasta brasileiro Luiz Bolognesi, venceu o prêmio de público da mostra Panorama da 71ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, também conhecido como Berlinale. Em decorrência da pandemia de Covid-19, a premiação que costumava acontecer em fevereiro, foi dividida em duas partes, sendo que a primeira foi realizada virtualmente entre os dias 1° e 5 de março, enquanto a segunda etapa foi realizada dos dias 9 a 20 de junho.

O documentário conta a história dos indígenas da tribo Yanomami, que procuram preservar a cultura e as tradições que seus ancestrais tinham na relação com a floresta, como a caça e a pesca por meio do arco e flecha, enquanto um grupo de garimpeiros busca explorar o ambiente. A localização das gravações aconteceu na região onde vivem os indígenas, na fronteira dos estados de Roraima com o Amazonas.

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Em entrevista à imprensa de Berlim, o cineasta Bolognesi comentou que o filme é um retrato sobre a vivência de um povo que vive na floresta, ressaltando que a obra serve como forma de denúncia, uma vez que já ocorreram três ataques com tiros e bombas dos garimpeiros contra os indígenas, sem nenhuma providência tomada pelas autoridades para a proteção dos Yanomamis ou para aplicação de punição para os responsáveis pelo ataque.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Bolognesi dirige uma produção sobre povos indígenas. Em 2018 o cineasta também estava à frente da obra “Ex-Pajé”, que mostra os questionamentos de um pajé em relação a sua fé, quando passa a conhecer o homem branco. Este documentário foi vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Berlim e serviu de inspiração para produzir o filme sobre os Yanomamis.

 

 

 

A Justiça Federal determinou que a União mantenha efetivo armado, de forma permanente, na comunidade Palimiú, na Terra Indígena Yanomami no estado de Roraima, para evitar novos conflitos e garantir a segurança de seus integrantes.

A Polícia Federal informou que uma equipe de policiais está no local desde ontem (13) cumprindo a decisão, junto a integrantes do Exército e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

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O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF) na quarta-feira (12), na Ação Civil Pública ajuizada no ano passado, na qual pediu a total desintrusão de garimpeiros na região. Segundo o MPF, o objetivo é zelar pela segurança da população local e defender possíveis novos ataques por parte de garimpeiros. A decisão e os autos do processo estão sob sigilo.

Na decisão, expedida ontem (13) pela Justiça, foi estabelecido prazo de 24 horas para que a União informasse e comprovasse nos autos o envio de tropa para a comunidade, sob pena de multa. Também foi determinada à Fundação Nacional do Índio (Funai) que auxiliasse as forças de segurança no contato com os indígenas e no gerenciamento das relações interculturais.

A Funai informou que acompanha, junto às autoridades policiais, a apuração de conflito e que também presta apoio às forças de segurança no local para evitar conflitos e mantém diálogo permanente com a comunidade. “Cumpre ressaltar que o órgão vem mantendo equipes de forma ininterrupta dentro da Terra Indígena, por meio de suas Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs)”, diz a nota.

Histórico

A comunidade Palimiú, localizada no território Yanomami em Roraima, foi alvo de ataque de garimpeiros com armas de fogo na segunda-feira (10). De acordo com informações da Associação Yanomami Hutukara, ao menos cinco pessoas ficaram feridas, sendo quatro garimpeiros e um indígena.

Um relatório assinado por Elayne Rodrigues Maciel, coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana da Funai, aponta que os indígenas revidaram o ataque e que “não foi possível colher maiores informações sobre o fato, contudo é possível afirmar que este não foi o primeiro conflito naquela região e os indígenas temem novos ataques”.

A Hutukara denunciou que esse é o terceiro ataque em 2021. Na região de Palimiú, as lideranças indígenas já haviam denunciado em abril outro tiroteio por parte de garimpeiros, após a interceptação pelos indígenas de uma carga de quase 990 litros de combustível. Em fevereiro de 2021, a associação chegou a denunciar um conflito na aldeia Helepi, também na região do Rio Uraricoera, envolvendo grupos de garimpeiros armados.

Policiais federais também foram alvo de disparos no local, na terça-feira (11), quando estiveram na comunidade para apurar o ataque dos garimpeiros. No momento em que a equipe estava prestes a embarcar de volta a Boa Vista, uma embarcação de garimpeiros passou no Rio Uraricoera efetuando os disparos. A equipe se abrigou e respondeu a agressão. Não houve registro de atingidos de nenhum dos lados.

 

Um vídeo mostra o momento em que garimpeiros ilegais atiram contra a comunidade Palimiu, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na segunda-feira (10). As imagens mostram a chegada dos garimpeiros em lanchas. Após os disparos, crianças e mulheres correm.

Segundo o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami, três garimpeiros morreram durante o ocorrido e outros cinco ficaram feridos. Um indígena foi atingido de raspão na cabeça e passa bem.

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De acordo com relatos obtidos pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os garimpeiros chegaram em sete embarcações e começaram a atirar contra os indígenas. "A presença de cerca de 20.000 garimpeiros dentro da Terra Indígena (TI) Yanomami representa uma violência permanente contra os povos Yanomami e Ye’kuana e contra seu território", diz nota do Cimi.

A tensão na região se intensificou após os yanomamis apreenderem 990 litros de combustível em uma lancha de garimpeiros. As lideranças indígenas já haviam denunciado um tiroteio após a interceptação da lancha. 

Em junho de 2020, dois yanomamis foram assassinados na região do Parima por garimpeiros armados, segundo o Cimi. Os indígenas dizem que a presença do garimpo tem resultado no aumento dos índices de malária.

O garimpo é ilegal em terras indígenas. Para o Cimi, o governo federal, entretanto, tem sido o principal aliado da prática ilegal. 

"O presidente Bolsonaro tem manifestado abertamente em diversas ocasiões seu apoio e incentivo à atividade ilegal do garimpo dentro das terras indígenas. Recentemente, em vídeo publicado em redes sociais, manifestou a intenção de visitar garimpeiros dentro das terras indígenas da região norte do país para conversar com eles sem pretender prendê-los", assinala o conselho.

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