Tópicos | Ygor Coelho

O brasileiro Ygor Coelho foi eliminado ao perder para o japonês Kanta Tsuneyama por 2 a 0 na segunda rodada da fase de grupos do torneio de simples masculino do badminton nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

No Musashino Forest Sports Plaza, na capital japonesa, o carioca de 24 anos foi derrotado com parciais de 21-14 e 21-8 em 41 minutos de jogo.

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Na primeira rodada, na segunda-feira, ele estreou com vitória sobre Georges Julien Paul, das Ilhas Maurício, por 2 a 0 (parciais de 21-5 e 21-16) em um triunfo inédito para o Brasil nesta modalidade.

Ygor já havia feito história ao ser o primeiro atleta brasileiro a disputar o torneio de badminton em uma edição de Olimpíada, na Rio-2016.

Ygor Coelho lembra com clareza das vezes em que deu "susto" em pessoas nos clubes mais tradicionais de São Paulo. Certa vez estava na fila da lanchonete. Uma senhora olhou para trás e não escondeu o preconceito. "Nossa, pensei que fosse um bandido", disse ela ao perceber a raqueteira nas costas do atleta negro. Ygor é a principal referência brasileira no badminton e estava competindo no clube.

Atos de discriminação se repetiram em outros clubes e bairros elitizados. "Estava andando na calçada em direção ao local de competição. Via pessoas entrando dentro de lojas de repente, um pouco assustadas. Dentro de um clube, vi um casal à frente, que mudou de trajeto quando me viu", recorda o carioca de 24 anos, em entrevista ao Estadão.

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Em todas estas situações, Ygor reagiu da mesma forma: "Fiquei paralisado, sem reação". Para ele, a falta de reação se justifica em parte pela falta de informação sobre discriminação. "Estou aprendendo sobre racismo, acho que eu não sei muita coisa ainda sobre o assunto", diz, apesar de sentir na pele a força do preconceito.

Diante da urgência do assunto, iniciativas ainda tímidas aparecem em diversas modalidades esportivas. Perto da Olimpíada de Tóquio, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) resolveu ir mais fundo. Criou um curso de enfrentamento ao racismo, a ser lançado no dia 6 de abril. Será obrigatório para qualquer brasileiro, seja atleta, membro de comissão técnica ou dirigente, que queira disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos deste ano.

"As práticas racistas não se sustentam mais. O racismo é algo que não é mais tolerado na nossa sociedade. Temos que trazer informação para que ele não ocorra mais, mesmo que seja de maneira velada. Sabemos que é desta maneira que ele se apresenta geralmente. E às vezes até de maneira aberta", diz Rogério Sampaio, diretor-geral do COB.

O curso terá duração de 30 horas e será totalmente online e gratuito. Será possível se inscrever no próprio site da entidade. Trata-se de mais uma iniciativa do COB em combater a discriminação no mundo esportivo. Em março, a entidade lançou o curso de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte, também em formato online.

"(A discriminação) Nunca dá para levar na boa. Racismo me deixa sem palavras. Acho que um curso pode proporcionar esse conhecimento, vamos entender como funciona. Tem coisas que estão dentro do nosso vocabulário, palavras e expressões, como a ‘a coisa tá preta’... Se a gente se policiar, vamos viver num mundo melhor. Vamos ter voz", comenta Ygor Coelho, que diz nunca ter sido alvo de racismo na Dinamarca, onde mora há quase três anos. Somente no Brasil.

O curso sobre racismo teve como embrião Lives realizadas em agosto sobre o tema, com a participação de atletas da ativa e já aposentados e especialistas, como a professora e filósofa Djamila Ribeiro. Ela é a principal referência do curso, que terá também a participação da ex-ginasta Daiane dos Santos e do coordenador do Programa de Ciências Humanas e Sociais da Unesco, Fabio Eon. "Fiquei bastante feliz com o convite. É a primeira vez que dou um curso assim tão específico, voltado para o esporte", diz a autora do best-seller "Pequeno Manual Antirracista" ao Estadão.

Djamila escreveu a apostila do curso junto do professor Tiago Vinícius. O material, que será recebido pelos alunos, será a base das aulas gravadas em vídeo. "Será tudo muito didático. Trazemos desde os primeiros conceitos, passando pelo que é o racismo estrutural, racismo recreativo. Trazemos também uma lista de atletas que se posicionam na questão racial, com ilustrações. Uma das pessoas homenageadas é a atleta Melânia Luz, a primeira mulher negra brasileira a competir nos Jogos Olímpicos", explica.

Para a especialista, o curso vai trazer esclarecimentos sobre o racismo para negros e brancos, o que deve contribuir para a redução de casos de discriminação no esporte. "A apostila vai levar esse conhecimento para as pessoas que já estão tão acostumadas (com o racismo) que não se informam sobre. É importante denunciar e cobrar para que as pessoas se informem sobre racismo. Um dos capítulos do meu manual é sobre isso: se a gente não se informa, não constrói intelectualmente reflexões críticas sobre isso e acabamos reproduzindo as mesmas práticas."

O COB não revela números, por questões de confidencialidade, mas denúncias de racismo chegam ao seu canal de ouvidoria e são apurados pela área de Compliance e podem chegar ao Conselho de Ética. "O COB faz investigação e julgamento administrativos, o que pode ser crime é encaminhado para o órgão público competente. Já aconteceram casos assim", conta Nelson Valsoni, que alega não poder dar detalhes sobre os casos. Mas revela que, de 2019 para 2020, houve aumento de 25% na procura pelos canais de ouvidoria, tanto para denúncias de desvios éticos ou discriminação quanto para tirar dúvidas.

O Código de Ética da entidade prevê advertência, multa de R$ 10 mil a R$ 100 mil, suspensão por até cinco anos e até banimento do esporte olímpico para atletas e dirigentes que venham a ser condenados por racismo. "Não tenho dúvidas de que muitas vezes os negros foram prejudicados e tiveram dificuldades para se desenvolver no meio esportivo", diz Rogério Sampaio.

O Brasil se emocionou em 2016 com Ygor Coelho, carioca que aprendeu a jogar badminton em um projeto social criado por seu pai na favela da Chacrinha, no Rio de Janeiro, e foi nosso primeiro representante na modalidade nos Jogos Olímpicos. Pouco mais de quatro anos depois, o atleta não planeja apenas estar presente na Olimpíada de Tóquio, mas ir além.

Ygor não precisou das cotas reservadas ao país-sede para disputar os Jogos do Rio-2016. Hoje ele ocupa a 49.ª posição no ranking. No entanto, observado o limite máximo de participantes por país, o brasileiro sobe para o 22.º lugar no ranking específico de classificação para os Jogos, que atribui no máximo duas vagas a cada país. O brasileiro, que estaria em Tóquio se o ranking fosse encerrado hoje, é também o primeiro das Américas.

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"Meu objetivo é estar entre os 20 primeiros quando o ranking estiver fechado, para ser cabeça-de-chave e ter maiores chances de avançar além da fase de grupos. Meu sonho é a medalha olímpica e não sinto que esteja longe dela", disse o atleta de 24 anos, que mora desde 2018 em Aaarhus, na Dinamarca, onde defende o Højbjerg Badminton Club.

No último quadriênio, Ygor alcançou grandes conquistas - faturou o bicampeonato no Pan da Modalidade (Havana-2017 e Cidade da Guatemala-2018) e a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019. No Mundial de 2018, em Nanquim, na China, conseguiu alcançar as oitavas de final, com direito a uma vitória sobre o indiano Haseena Sunil, então 11.º colocado no ranking mundial. "Se ganhei do 11.º do mundo, acredito que tenha potencial para ser Top 10 do mundo", deduziu o atleta.

Ao longo desse processo, Ygor padeceu com uma deterioração significativa do labrum, cartilagem que envolve a articulação do quadril. Trata-se de um problema similar ao que foi responsável pela aposentadoria precoce do tenista Gustavo Kuerten. "Li a biografia do Guga e acho que tivemos problemas parecidos mesmo. Mas naquela época (2008) era necessário abrir todo o quadril. No caso, fiz duas cirurgias fazendo apenas dois furinhos", contou o jogador, que se submeteu ao procedimento em agosto e já se diz totalmente recuperado. "Meu treinador (Mickael Kjeldsen) até me disse, esta semana, que se surpreendeu por eu estar bem rápido e forte. Felizmente voltei bem e sem nenhum problema".

No início deste ano, Ygor anunciou o fim da parceria de dois anos com a treinadora dinamarquesa Nadia Lyduch, que filmava suas partidas e, baseada na capital Copenhague, lhe prestava consultoria, sendo remunerada pelo Comitê Olímpico do Brasil. "Estava com dois treinadores e às vezes as informações se chocavam", disse.

Muito mais forte e agressivo em comparação com o jogador que se viu no Riocentro, nas disputas olímpicas de 2016, Ygor hoje se vê como outra pessoa em quadra. Na avaliação do português Marco Vasconcelos, o treinador da seleção brasileira, nem todas as mudanças foram positivas, no entanto.

"Devido à forma como se desenvolveu como jogador, na Chacrinha, o Ygor tem características muito próprias, que não se devem mexer. O badminton dele era feito com muita antecipação, e golpes neutros, as chamadas fintas, que se fazem com a munheca. Com o tempo, ele deixou de usar esses recursos, achando que os adversários aprenderam a ler esses movimentos. Acho que ele poderia manter aquelas características, e utilizá-las em determinados momentos do jogo, como um elemento-surpresa", afirmou.

Ygor diz que concorda com o lusitano e discorda dele ao mesmo tempo. "Eu tinha um jogo mais paciente e usava mais recursos técnicos mesmo, mas ainda utilizo as fintas. A diferença é que agora jogo muito mais no estilo dinamarquês, dominando a rede", comentou.

A busca por desenvolvimento técnico no país nórdico foi uma raquetada certeira de Ygor. Antes, ele treinou por quase dois anos na França, com um período no Instituto Nacional do Esporte, onde foi orientado pelo treinador dinamarquês Peter Gade, ex-número 1 do mundo. Hoje, três dinamarqueses se intrometem no Top 20 do mundo - os outros 17 são asiáticos. "Os asiáticos têm uma outra mentalidade, uma cultura diferente do badminton. Eles correm muito mais. O que fazem é algo muito mais perto de um atletismo com raquete", descreveu Ygor.

As fintas do jogo de Ygor são produto do estilo malemolente concebido pelo pai do jogador, Sebastião de Oliveira, que criou o projeto Miratus na favela da Chacrinha. Para estimular o desenvolvimento da coordenação motora da criançada, o professor de Educação Física criou o Bamon, técnica que auxilia a condução dos treinos e o condicionamento físico. No Miratus, as crianças fazem evoluções na quadra, com as raquetes nas mãos, no ritmo do samba.

Enquanto torce para o filho alcançar seus sonhos, o irrequieto Sebastião quer replicar a Associação Miratus em diferentes comunidades do Rio, sejam elas comandadas por milicianos ou por diferentes organizações criminosas, incluindo a Maré e a Cidade de Deus. "A Miratus não foi feita para o Ygor. Ele é um talento que cresceu demais e é muito maior do que a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos. Trata-se de um exemplo de trabalho e de superação que foi buscar a realização do seu sonho na Dinamarca. Nosso projeto agora vai ter uma etapa diferenciada. Quero abrir três núcleos apenas com as meninas. Acho que nós, homens, temos uma dívida muito grande com as meninas. Os meninos ficam mais à vontade para brincar na rua e desenvolver a coordenação motora. Já elas estão ajudando em casa nessa idade, fazendo comida, olhando os irmãos. Quero contribuir para o desenvolvimento esportivo delas".

Curiosamente, foi justamente uma mulher que motivou Ygor a se agarrar ao badminton. "Lembro que a Renata Faustino ganhou o prêmio Brasil Olímpico de 2009. Isso me motivou bastante a perseguir esse objetivo. Sete anos depois, eu estaria disputando uma Olimpíada".

O brasileiro Ygor Coelho conquistou nesta sexta-feira a primeira medalha de ouro do Brasil no badminton em uma edição de Jogos Pan-Americanos. Em Lima, no Peru, o carioca de 22 anos superou o canadense Brian Yang por 2 sets a 0, com parciais de 21/19 e 21/10. Na quinta, o Brasil já havia conquistado quatro bronzes na modalidade.

Ygor era um dos favoritos ao ouro. Não por acaso. Ele fora campeão pan-americano da modalidade em 2017 e também no ano passado. Em 2016, foi o primeiro brasileiro a competir no badminton nos Jogos Olímpicos do Rio.

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"Ainda não caiu a ficha. Agarrei muito bem as minhas oportunidades, lutei, fui para fora do País, me lesionei esse ano... Conquistar esse ouro foi sensacional", celebrou Ygor, que lembrou o que passou por sua mente no momento do triunfo na final. "O que passou pela minha cabeça foi toda minha dificuldade, toda minha história no esporte."

Ygor começou sua trajetória no badminton no projeto social Miratus, criado pelo seu próprio pai, Sebastião, na Comunidade da Chacrinha, no Rio de Janeiro. "Agradeço toda a estrutura do Comitê Olímpico do Brasil, à Alessandra, minha psicóloga, que me deu muitos trabalhos mentais, deixou minha cabeça pronta para essa conquista."

Atualmente, o jogador brasileiro vive e treina na Dinamarca, onde conta com o apoio da treinadora local Nadia Lyduch, contratada em uma parceria entre o COB e a Confederação Brasileira de Badminton.

Ygor Coelho, carioca de apenas 19 anos, desbancou o experiente Daniel Paiola, de 26, e será o representante do Brasil no badminton nos Jogos do Rio. Quando o ranking olímpico fechar, daqui a duas semanas, Ygor será o primeiro brasileiro a se classificar para disputar uma Olimpíada. Irá ao Rio inclusive sem precisar do convite destinado ao país-sede.

Nessa domingo (17), Ygor, atualmente o 69.º colocado do ranking mundial, conquistou o título mais importante da sua curta carreira, no Challenger do Peru. Venceu na final o canadense Martin Giuffre, de quem Daniel Paiola perdeu ainda na primeira rodada.

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Com o resultado, ganhou 4 mil para somar aos 23.845 que já tem. Daniel soma 17.685 e não vai subir na próxima atualização do ranking, na próxima quarta-feira, uma vez que o desempenho ruim no Peru será descartado entre seus 17 resultados nas últimas 52 semanas - só 10 contam para o ranking.

Até o fim do período de classificação, os dois só competem em mais um evento que vale pontos para o ranking mundial: o Campeonato Pan-Americano por Equipes, de 25 a 27 de abril, em Campinas (SP). Mas a competição distribuiu pontos correspondentes a 10% da pontuação de cada atleta no ranking, e não fará diferença na disputa entre eles. Ambos não se inscreveram para os torneios desta semana e o Campeonato Pan-Americano, de 28 de abril a 1.º de maio, também em Campinas, não conta para o ranking.

Pelos critérios de classificação para o Rio-2016, todos os atletas do Top 16 do ranking mundial vão aos Jogos (com limite de dois por país) e as demais vagas são distribuídas com limite de um por nação. Isso faz com que, considerando os descartes, Ygor ocupe atualmente a 33.ª de 36 vagas nos Jogos. Quando o ranking for atualizado, pode subir para por volta da 25.ª.

A Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) não irá oficializar a classificação de Ygor para os Jogos até que o período de classificação se encerre, no dia 5 de maio, quando for publicada a última atualização do ranking. A entidade admite que Ygor não pode mais ser ultrapassado matematicamente. A convocação do melhor do ranking é mandatória.

FEMININO - Entre as mulheres, a disputa está disputadíssima. Lohaynny Vicente soma 22.993 pontos, contra 22.599 de Fabiana Silva. As duas caíram na estreia no Peru e, por conta dos descartes, não terão esse resultado considerado para o ranking mundial.

As duas competem Challenger do Taiti, a partir de quinta-feira. A conta é simples: quem for mais longe estará na Olimpíada. Se elas chegarem à mesma fase ou forem eliminadas de cara, a vaga será de Lohaynny. Como ela aparece em 34.º no ranking olímpico, corre o risco de precisar do convite para estar no Rio-2016.

A tabela do Taiti já é conhecida. Fabiana estreia contra quem vencer entre a belga Lianne Tan (66.ª do mundo) e a australiana Joy Lai (93.ª). Lohaynny começa uma rodada antes, contra a italiana Jeanine Cicognini (58.ª). Se passar, pega a russa Ksenia Polikarpova (48.ª).

Nas três competições por duplas (masculinas, femininas e mista), o Brasil não conseguiu classificação. A briga era pela vaga destinada às Américas, principalmente no feminino. As irmãs Lohaynny e Luana Vicente estão em 39.º, enquanto as americanas aparecem em 26.º lugar.

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