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Estudar nas grandes capitais brasileiras é o objetivo de muitos estudantes que moram em cidades do interior. Porém, se manter longe de casa gera altos custos financeiros e encontrar moradias nas metrópoles é uma tarefa difícil.
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Uma solução para quem não tem condições de comprar uma casa ou alugar uma residência é morar nas “casas dos estudantes”. Esses locais geralmente são vinculados a universidades e comportam alunos oriundos de cidades interioranas, sem grandes custos. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é uma das instituições de ensino que oferecem o serviço. De acordo com a assessoria de comunicação da instituição, existe uma casa para mulheres, com cerca de 80 alunas, uma unidade masculina, com capacidade para 190 estudantes, porém, essa está passando por uma reforma, que só deve ser concluída no início do ano que vem.
Uma casa mista (para homens e mulheres) também está sendo construída. Segundo a assessoria, a previsão é que a obra seja concluída em dois meses. Os estudantes, para conseguirem morar nesses locais, são submetidos a testes e avaliações sociais e financeiras. Duas vezes a cada semestre a UFPE abre o processo seletivo, que atualmente, tem inscrições disponíveis por meio da internet. Obrigatoriamente, todos os moradores devem ser naturais do interior.
Estudantes e diretoras
Na Casa do Estudante feminina da UFPE, localizada no bairro da Cidade Universitária, no Recife, existem várias regras. Uma diretoria formada por dez alunas cuida da administração do local e atenta para as normas. Algumas delas é a permanência de homens somente até a meia noite, divisão de tarefas, e manutenção de som agradável até às 23h.
Amanda Diniz (foto) é uma das diretoras e é natural da cidade de Lajedo. A estudante de biologia explica que as decisões da casa são tomadas a partir de assembleias realizadas com todas as alunas. Além disso, há comissões responsáveis por atividades diversas, como cozinhar. “A própria UFPE ajuda na limpeza e com a alimentação. Ainda recebemos uma bolsa de assistência financeira”, explica.
A casa possui espaços para estudo, alimentação, preparação de alimentos, dormitórios, entre outros. Ao todo, existem 16 quartos que podem comportar cinco pessoas cada. Segundo outra diretora da casa, Sandy de Oliveira, 21, apesar da boa condição de limpeza e estrutural da residência estudantil, algumas solicitações das estudantes ainda não foram atendidas.
“Nossa internet ainda é muito lenta e precisamos muito dela. É um recurso essencial para todas nós. Além disso, uma reforma iniciada na casa em 2011 não ficou da forma que queríamos. Pedimos, por exemplo, uma quadra com cobertura e um piso melhor. A cobertura até foi feita, mas, o piso continuou o mesmo e ainda retiraram as arquibancadas. Hoje, o espaço serve para estender roupas”, reclama.
Outra revindicação de Sandy, que é estudante de terapia ocupacional e natural da cidade de Salgadinho, é a demora da construção da casa mista. “Muitas meninas não conseguem passar na seleção pela pouca quantidade de vagas disponível. A solução para amenizar o problema é a construção da casa mista”, diz.
Como em todo local de convivência, existem divergências de opiniões entre as moradoras. As diretoras garantem que, de uma forma geral, as questões de indiferenças e problemas de afinidade não atrapalham seriamente a relação das estudantes. Uma estudante que não quis se identificar critica que muitas estudantes não cumprem as determinações da diretoria. “Aqui é cada um por si. Muitas meninas não fazem nenhuma tarefa. Existe aquela ideia de liberdade das novinhas que estão saindo de perto dos pais. Essas só querem saber de curtir”, opina.
Casa do Estudante de Pernambuco
Localizada no bairro do Derby, área central da capital pernambucana, a Casa do Estudante de Pernambuco (CEP) é uma organização social sem fins lucrativos que atende estudantes do interior há 83 anos. A instituição não tem vínculo com universidades ou faculdades, mas, recebe subsídios do Governo do Estado.
Em torno de 300 estudantes são atendidos atualmente pela CEP. Eles são beneficiados com alimentação, atendimento de saúde, e moradia, mas, esse último apenas para os homens. Mulheres são minoria (102) e não podem residir no local. A estrutura da casa conta com 40 apartamentos, banheiros, refeitório, salas de estudo, quadra esportiva, entre outros espaços. Alguns serviços como limpeza são terceirizados, porém, algumas coordenações, como a de saúde, são formadas pelos próprios estudantes, conforme suas áreas de atuação.
“A importância da Casa do estudante é muito grande. Nós acolhemos jovens sem recursos financeiros que, se não tivessem moradia, talvez não conseguiriam se formar”, conta o presidente da CEP, Alan Andrade. Segundo o presidente, uma das lutas dos estudantes é a aquisição de um anexo, localizado ao lado da CEP. O espaço servirá para a moradia feminina.
Depois de muita batalha, neste ano, os estudantes receberam da Superintendência do Patrimônio da União, um imóvel com 450 metros quadrados. Porém, o espaço está deteriorado e há a necessidade de uma reforma, estimada em cerca de R$ 350 mil.
De acordo com Andrade, o Governo do Estado informou que não existem recursos financeiros suficientes para a reforma neste ano. O poder público projeta um investimento no próximo ano, mas, não há garantia. A princípio, cerca de 50 alunas serão beneficiadas.
Dia a dia
Universitários, alunos de pré-vestibulares e estudantes do ensino médio residem na CEP. Como regra, todos devem ser oriundos de cidades do interior e são submetidos a testes parecidos com o da UFPE.
“A situação em relação a moradia é muito boa. Não tenho o que reclamar. Porém, o Governo do Estado precisa investir mais na CEP”, opina um dos estudantes, Jefferson Gomes, 18, natural da Mirandiba.
A organização dos quartos por parte dos estudantes não é tão prioritária. Porém, a administração da CEP tenta deixar tudo sob controle. O estudo também deve estar em dia para que os alunos continuem morando na casa. Uma reprovação, por exemplo, pode representar o fim da moradia.
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