Tópicos | cláusula de barreira

O Partido Pátria Livre (PPL) vai ser incorporado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A informação foi divulgada pela direção dos dois partidos em nota. A medida, que será concretizada durante uma reunião marcada para o próximo domingo (2), foi adotada para enfrentar o desafio dos partidos de superar a cláusula de barreira, que determina o tempo de propaganda gratuita e o repasse do fundo partidário a partir do desempenho das siglas nas urnas.

Em outubro, o PPL reelegeu um deputado federal e o PCdoB elegeu uma bancada de nove deputados. Os dois não atingiram o número mínimo exigido pela lei, eles precisariam eleger ao menos nove deputados federais de nove estados diferentes ou ter 1,5% do total dos votos para a Câmara Federal. De acordo com a nota, assinada pelos presidentes nacionais dos partidos Luciana Santos (PCdoB) e Sérgio Rubens (PPL), outro fato que reforçou para a junção das siglas foi a vitória de Jair Bolsonaro (PSL).

##RECOMENDA##

“A eleição de Jair Bolsonaro, da extrema direita, coloca em alto risco a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo brasileiro. Face a essa realidade, impõe-se a união das mais amplas forças políticas, sociais, econômicas e culturais para empreender a resistência e exercer a oposição, tendo como convergência a defesa da democracia, da Constituição de 1988, dos direitos dos trabalhadores e dos interesses nacionais”, afirma o texto.

“Diante desse quadro e visando a cumprir suas responsabilidades com o Brasil e seu povo, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Pátria Livre (PPL) iniciaram um elevado diálogo, buscando uma solução política e jurídica para atender às exigências, na forma da lei, de superação da cláusula de desempenho - e assim criar as condições para seguir cumprindo um papel relevante na busca de soluções para o Brasil, particularmente nesse período de resistência democrática em que ingressamos”, completa.

Ainda de acordo com a nota, a incorporação do PPL ao PCdoB “se efetivará simultaneamente em suas instâncias de decisão e deliberação”.

A Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, deve definir durante um encontro marcado para os dias 19 e 20 de janeiro os rumos que tomará depois de não ter alcançado, nas eleições deste ano, os critérios para cumprir a cláusula de barreira - que determina, por exemplo, o repasse do Fundo Partidário.

Durante o Congresso Extraordinário Nacional, os dirigentes e filiados irão deliberar sobre as duas possibilidades consideradas viáveis para a continuidade do partido nos próximos anos: a manutenção da Rede ou a fusão com outro partido que apresente convergências programáticas. A legenda estuda se unir ao PV, que foi vice de Marina Silva na disputa presidencial, para formar uma nova sigla.

##RECOMENDA##

A eleição geral de outubro foi a primeira da Rede. O partido elegeu um deputado distrital, sete estaduais, uma deputada federal e cinco senadores – resultado que garantiu à legenda o posto de segundo partido mais vitorioso na disputa pelo Senado. 

No entanto, o desempenho na Câmara não foi suficiente para cumprir a cláusula de barreira, ficando impedido de acessar o Fundo Partidário e o tempo gratuito de rádio e televisão para o partido na próxima eleição.

Com apenas uma deputada eleita e sem ter conseguido ultrapassar a cláusula de barreira, o partido de Marina Silva (Rede) avalia uma fusão com o PV. A possibilidade começou a ser aventada nos bastidores, uma vez que os verdes, coligados com Marina nacionalmente, elegeram quatro deputados federais e conseguiram se encaixar novas regras.

A ideia é defendida há algum tempo por alguns interlocutores, afinal a Rede surgiu de uma dissidência do PV, em 2011, quando Marina deixou a sigla após divergências internas. Neste ano, os dos partidos retomaram as conversas pela primeira vez desde então e lançaram Eduardo Jorge (PV) como vice da ex-ministra. Ele atua como a principal ponte entre as duas legendas.

##RECOMENDA##

Quando decidiram coligar nas eleições presidenciais, uma das propostas era criar um bloco parlamentar ambientalista na próxima legislatura do Congresso, em contraponto ao crescimento da bancada ruralista. Segundo interlocutores, a união dos dois partidos seria natural.

"Não há nada ainda formalizado, mas não se descarta (essa possibilidade). Temos uma pauta e agenda em comum. Não vejo nada contra", disse o senador Randolfe Rodrigues (AP). Ele foi um dos cinco eleitos da Rede ao Senado.

Um porta-voz adepto desta possibilidade conta que esse tipo de fusão é bem sucedido em diversos países, como no vizinho Uruguai. A Frente Ampla, da qual o ex-presidente Pepe Mujica faz parte, é uma coalizão de partidos e organizações da sociedade civil.

No domingo, após o resultado das eleições, Eduardo Jorge afirmou que a coligação Rede-PV reaproximou a área ambientalista no Brasil. "Essa reaproximação já foi uma vitória muito grande nossa", disse.

As conversas devem avançar nas próximas semanas, uma vez que os partidos tenham decidido sobre como se posicionar neste segundo turno, que é uma preocupação mais urgente das executivas. A direção nacional da Rede se reuniu na noite desta segunda-feira, em Brasília, para começar a debater um posicionamento.

Cláusula de barreira

As novas regras eleitorais determinam que um partido deve conseguir 1,5% de votos distribuídos por nove Estados ou eleger 9 deputados em 9 Estados. As siglas que não conseguirem atingir a marca são, na prática, sufocadas, com a falta de partido e relevância no Congresso.

O maior capital político da Rede está no Senado, onde elegeu uma bancada de 5 parlamentares. Marina, por sua vez, acabou em oitavo lugar na votação, com pouco mais de um milhão de votos.

De olho em 2018, as direções estaduais da Rede Sustentabilidade e do Partido Verde se reuniram para debater táticas de como as legendas vão se apresentar no próximo pleito. A eleição será crucial para a sobrevivência dos partidos, já que eles precisam superar a cláusula de barreira, aprovada recentemente no Congresso Nacional. O assunto foi um dos principais pontos do encontro que aconteceu na noite dessa quarta-feira (27).

"A eleição de deputados federais é uma das nossas prioridades, pois se os partidos políticos não conseguirem eleger pelo menos 9 deputados federais ou não atingirem o percentual de 1,5% do total de votos para a Câmara Federal, em 2018, não terão acesso à propaganda partidária nem ao fundo partidário e seus candidatos não poderão participar de debates", argumentou Roberto Leandro.

##RECOMENDA##

Apesar de os dois partidos já sinalizarem para o lançamento de candidaturas próprias ao Governo do Estado e ao Senado Federal, o presidente do PV, Carlos Augusto Costa, alega que isso não impede as conversações. "O PV e a Rede são parceiros em muitas lutas e têm afinidade programática e ideológica. Portanto, é natural sentarmos para debater a construção de um projeto de desenvolvimento sustentável para o estado e para o país", afirmou Carlos Augusto Costa. Os partidos devem voltar a se reunir em janeiro.

A chamada cláusula de desempenho barraria ao menos R$ 64,3 milhões do Fundo Partidário por ano, levando-se em conta os valores distribuídos ano passado aos partidos que não alcançaram 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2014. No total, 14 legendas perderiam acesso a recursos públicos, caso a regra que visa a reduzir o número de partidos com representatividade na Câmara dos Deputados passe pelo crivo da Casa.

Já aprovada pelo Senado, a proposta de emenda à Constituição (PEC) está pronta para ser levada ao plenário na Câmara, o que pode ocorrer nesta semana. Ela estabelece uma cota mínima de votos válidos ou parlamentares eleitos para a sigla ter direito ao Fundo Partidário e ao tempo de televisão e rádio, além de espaço físico nas dependências da Câmara. Como está proposta em uma PEC, a aprovação da norma vai exigir votos favoráveis de 308 deputados.

##RECOMENDA##

Uma das soluções pensadas para obter o apoio necessário é permitir que os partidos atingidos possam se unir em federações para manter tanto o fundo quanto o tempo de TV. Nessa opção, porém, a união deverá durar quatro anos e não apenas o período eleitoral.

Levantamento feito pela reportagem mostra que 17 dos 24 parlamentares eleitos pelos partidos que estão na berlinda já trocaram de legenda desde as eleições - e que quatro siglas não elegeram ninguém para ocupar as 513 vagas da Câmara: PCO, PCB, PPL e PSTU. Apesar disso, juntos receberam mais de R$ 7 milhões do Fundo Partidário em 2016. Neste ano, a expectativa é de que o fundo distribua um total de R$ 819 milhões aos 36 partidos existentes no Brasil.

Boa parte das legendas que seriam atingidas pela nova regra é mais conhecida por meio de seus "donos". O PRTB, por exemplo, costuma ser lembrado como o partido do Levy Fidelix; já o PSDC tem em José Maria Eymael sua estrela solitária, e até mesmo uma sigla ideológica, como o PSTU, tem apenas uma face pública, a de Zé Maria. "Sou contra a cláusula de barreira, mas a favor da cláusula de roubalheira. Com ela, esses partidos seriam todos fechados", disse Fidelix.

Fundado em 1994, o PRTB é uma sigla emblemática desse grupo. Fidelix já foi três vezes candidato a prefeito da capital paulista, duas vezes a governador de São Paulo e outras duas à Presidência. "Cada Estado tem uma estrela. Natural que o pai (referindo-se a ele mesmo) apareça mais, assim como acontecia com o doutor Ulysses Guimarães no PMDB. Sou a estrela maior porque sou o fundador."

Já quando o assunto é PSDC, que em breve deve se chamar apenas DC, o que vem à cabeça é a figura do "E, E, Eymael, um democrata cristão". "Já existem muitas barreiras. O tempo de TV, por exemplo, já é uma barreira. É preciso se debruçar sobre a igualdade de oportunidades na política brasileira", disse Eymael, que rechaça a possibilidade de se beneficiar economicamente do partido. O PSDC recebeu mais de R$ 4,5 milhões de Fundo Partidário no ano passado.

"Sou dono de uma das empresas de relações públicas mais antigas do País, já fui advogado tributarista, também vivo de renda e aplicações. Tenho um patrimônio construído, não estou na política para isso."

O PSTU também pode se enquadrar na nova regra, se aprovada - em 2014, recebeu 188 mil votos válidos, o que representa apenas 0,19% do total. "Tem partido com 12 minutos de TV, outros com 15 segundos. Essa situação aniquila a possibilidade de partidos disputarem em pé de igualdade", afirmou o presidente do partido, Zé Maria.

Embora não tenha deputados eleitos, o PSTU recebe mais de R$ 2 milhões por ano do Fundo Partidário. "Não ter representantes não significa que você não tenha votos. O dinheiro do fundo, entre outras coisas, pode ser usado para o aluguel e manutenção de sedes e diretórios", disse Zé Maria.

A do PSTU, por exemplo, fica em um prédio pequeno e sem identificação na Avenida Nove de Julho, no centro de São Paulo.

Fundado pelo suplente de deputado federal Luciano Bivar em 1998, o PSL é comandado pela mesma família. Quem está à frente do Livres, futura denominação da legenda, é o filho do parlamentar, o empresário Sergio Bivar, de 39 anos.

"Teremos um aplicativo para nos aproximar mais das pessoas e buscar o autofinanciamento. Essa é a solução, os filiados manterem o partido", afirma Sergio, contrário à PEC.

Modificações nas regras atuais também teriam impacto duplo em uma família de políticos mineiros. O PTdoB é presidido nacionalmente pelo deputado federal Luís Tibé (MG), e o PRP, que, em Minas Gerais, é comandado pelo pai do parlamentar, Tibelindo Soares Resende. "A gente não sabe direito o que vai acontecer", disse.

Entre os líderes dos nanicos existe apenas uma voz "quase dissonante", a de Adilson Barroso, presidente do PEN, que está prestes a virar Patriota. "Sou a favor que tivesse uma cláusula para os partidos que não querem crescer, partidos que querem permanecer pequenos de propósito", afirmou.

Questionado se a possível filiação do deputado Jair Bolsonaro (RJ) ao partido não iria ofuscar sua liderança, Barroso desconversa e diz que "Deus colocou Bolsonaro no caminho do PEN". Atrair figurões da política para seus partidos é mais uma solução para escapar da cláusula de barreira.

Regras

A cláusula de barreira ou de desempenho estabelece condições para que um partido tenha direito a recursos do Fundo Partidário e a fatia do tempo de TV e rádio. Essas condições estão relacionadas ao porcentual de votos válidos obtido nas últimas eleições e ao número mínimo de parlamentares eleitos.

Na PEC em discussão, as siglas teriam, nas eleições do ano que vem, de conseguir no mínimo 1,5% dos votos válidos distribuídos em pelo menos nove Estados, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada um deles. Ou conseguir eleger ao menos um deputado em nove Estados.

Essa espécie de cota mínima iria aumentando gradativamente até 2030, quando passaria a ser exigido mínimo de 3% dos votos válidos em pelo menos nove Estados, com mínimo de 2% em cada um deles, ou 15 deputados eleitos em nove Estados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A obstrução de pequenos partidos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara adiou a apreciação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/2016, que estabelece cláusula de barreira para as legendas que irão disputar as eleições de 2018 e põe fim às coligações proporcionais, mecanismo que permite que deputados sejam eleitos pelos votos da coligação. Com o início da ordem do dia no plenário principal da Casa, a votação desta manhã foi inviabilizada.

Relator da proposta de autoria dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o também tucano Betinho Gomes (PE), apresentou um parecer pela continuidade da tramitação da PEC. Não foi possível sequer ler o relatório. Se for aprovado o relatório do tucano, será instalada uma comissão especial para analisar a proposta.

##RECOMENDA##

As legendas com menor número de deputados alegaram que os grandes partidos têm pressa em aprovar a PEC para "se salvar". "O centro da questão é o seguinte: vamos eliminar os pequenos partidos para que no condomínio do poder continuem os mesmos de sempre", concluiu o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Segundo o deputado, a PEC coloca em risco a sobrevivência de legendas como Solidariedade, PSC, PV, PROS, PPS, PCdoB, PSOL, PHS, PTdoB, PSL, PRP, PTN, PEN, PSDC, PMN, PRTB, PTC, Rede e PMB.

O PCdoB foi um dos partidos a obstruir a apreciação da proposta alegando que era preciso aprofundar o debate e evitar o "rolo compressor". "Devemos debater mas não com uma espada sobre nossas cabeças", disse Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA).

O esforço da cúpula da Câmara é aprovar o parecer a tempo de as novas regras valerem para as eleições de 2018. A PEC - que também prevê a instituição da federação dos partidos, cria normas de fidelidade partidária e dá mais autonomia às legendas - foi aprovada em novembro passado no Senado. Nesta fase do trâmite legislativo, a CCJ apenas avalia se a proposta não ofende os princípios de juridicidade e constitucionalidade, não entrando na discussão de mérito da matéria.

A PEC tramita paralelamente às propostas de Reforma Política em discussão numa comissão especial desde 2016. Naquele colegiado, o foco das discussões são o financiamento de campanhas e o sistema eleitoral.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, defendeu em palestra na capital paulista o fim das coligações e a cláusula de barreira, que pode diminuir o número de partidos representados no Congresso. Ele disse que o Congresso precisa definir as mudanças até setembro ou outubro deste ano para que eventuais novas regras passem a valer nas próximas eleições presidenciais, em outubro de 2018. O ministro deu uma palestra nesta segunda-feira (6) sobre reforma eleitoral no auditório do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon) de São Paulo.

"Andaríamos bem se avançássemos com a questão da coligações e a cláusula de barreira. Também seria grande ganho desconstitucionalizar a questão do sistema eleitoral, para deixar que o próprio jogo político partidário e a formação da maioria permitam fazer experimentos institucionais", disse o ministro.

##RECOMENDA##

Atualmente, a legislação define as eleições de parlamentares como proporcionais. Pela ideia de Mendes, esta questão deveria ficar em aberto na Constituição e seria definida por legislação complementar.

Crítico do fim do financiamento privado nas eleições sem uma reforma mais ampla no sistema eleitoral, Gilmar Mendes afirmou que o País está atualmente "em um mato sem cachorro" e em um "limbo", pois proibiu as doações corporativas em um ambiente em que as doações particulares não se materializam. "Estamos em um mato sem cachorro, não temos financiamento coletivo e estamos com sistema de lista aberta."

Para ele, se não for discutida outra forma de financiamento eleitoral, as eleições presidenciais de 2018 poderão acontecer em um quadro de "anomia" e de "falta de controle". Mendes diz que é preciso pensar em uma "grande engenharia institucional que permita que os itens sejam minimamente regulados" para o financiamento e que as eleições não resultem em um quadro de abuso de poder econômico, como revelado pelas investigações recentes. O ministro destacou que é preciso definir também um teto para as doações, sejam de empresas ou de pessoas físicas.

Caixa 2

O ministro disse que as investigações recentes, inclusive a que julga o processo Dilma-Temer no TSE, mostraram que a forma de financiamento via caixa dois foi generalizada em todas as eleições.

Ele destacou, na palestra, o depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht ao TSE na semana passada. "Os senhores viram as declarações de Marcelo Odebrecht dizendo que doou para a campanha de Dilma Rousseff R$ 150 milhões, dos quais 80% pelo caixa dois. Num sistema de franquia, de abertura, ocorreu isso. E isso é pouco que se sabe desse contexto todo", afirmou.

O ministro afirmou que o julgamento da chapa Dilma-Temer vai servir para contar a história das campanhas presidenciais. "Espero que não se repita em 2018", disse referindo-se ao que está sendo descoberto. Perguntado sobre como recebeu as declarações dos empreiteiros que estão depondo ao TSE, Mendes disse que todo o Tribunal ficou surpreso com o volume de doações via caixa 2 que se tornou público até agora.

O Senado aprovou na noite desta quarta-feira (9) em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece cláusula de barreira para as legendas que irão disputar as próximas eleições de 2018. De acordo com o texto aprovado, os partidos terão que obter, no mínimo, 2% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados, em 14 unidades da federação, para terem representatividade no Congresso e acesso ao fundo partidário e ao programa gratuito de rádio e TV. O porcentual de desempenho sobe para 3% a partir de 2022.

"A PEC é uma resposta que o Senado dá à sociedade brasileira que não pode mais conviver com 35 partidos políticos registrados e mais de 30 partidos com solicitação de regularização no Tribunal Superior Eleitoral", afirmou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), um dos autores da proposta.

##RECOMENDA##

Durante a discussão no plenário, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chegou a apresentar uma sugestão para flexibilizar os porcentuais de desempenho. Na proposta do senador a cláusula seria de 1% em 2018, 1,5% em 2022 e 2% em 2026. No entendimento de Randolfe tais porcentuais poupariam legendas consideradas ideológicas como Rede, PSOL, PPS, PV e PCdoB. "O destaque que apresentamos é para que nesta mesma proposta seja feita uma ponderação, em nome do bom senso... Não é o liberou geral, é a preservação de legendas de conotação ideológica", afirmou Randolfe. Apesar de contar com apoio da bancada do PT, a iniciativa do senador foi derrotada pela maioria.

Um das alternativas às legendas consideradas "nanicas" é a possibilidade de se formar uma "federação partidária" para disputar as próximas eleições. De acordo com o texto aprovado, as federações deverão ser compostas por partidos com afinidade ideológica e programática e deverão ser mantidas no Senado, na Câmara, nas Assembleias Legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Caso uma das legendas que integre a federação resolva deixar o grupo antes do término de sua vigência, ela terá suspensa o repasse do fundo partidário e não contará mais com acesso gratuito partidário e eleitoral ao rádio e à televisão. Além da cláusula de barreira e da possibilidade de formação de federações, a PEC também estabeleceu o fim das coligações a partir de 2020, quando deverão ocorrer as próximas eleições municipais.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta segunda-feira, 1, o que a cláusula de barreira aprovada pela Câmara vai estimular o aparecimento de partidos, ao invés de desestimulá-los. Na semana passada, os deputados aprovaram uma proposta que estabelece uma cláusula de barreira "light", isto é, institui exigências mínimas para que partidos tenham direito ao tempo de televisão e a recursos do Fundo Partidário.

Pelo texto votado, poderão receber esses benefícios legendas que tenham eleito para o Congresso ao menos um deputado ou senador. A restrição tem pouco impacto, uma vez que 28 das 32 siglas registradas no Tribunal Superior Eleitoral têm representação na Câmara. Essa iniciativa, contudo, terá de ir a uma segunda votação na Câmara para depois seguir para o Senado, uma vez que se trata de proposta de Emenda à Constituição (PEC).

##RECOMENDA##

Para Renan, a medida aprovada "parece insuficiente". "Com essa cláusula, vamos estimular o aparecimento de partidos e não fazer com que os partidos façam o caminho de volta, que é o caminho da diminuição (do número das siglas)", afirmou ele, após solenidade de 70 anos da reinstalação da Justiça Eleitoral.

O peemedebista disse que pretende colocar as propostas da reforma política num calendário que permita que elas já sejam válidas para as próximas eleições.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando