Dançar. Acompanhado. E de preferência juntinho. Esse é o mote de uma das bandas de maior êxito nos últimos anos em Pernambuco, a Academia da Berlinda. Comemorando dez anos de carreira, o grupo fará um show no Clube Atlântico de Olinda neste sábado (5), com a participação do MC e do DJ da Cubana do Clube Bela Vista, localizado no Alto Santa Terezinha, além da presença do Som na Rural.
O LeiaJá conversou com quatro integrantes (Yuri Rabid, baixista; Hugo Gila, tecladista; Tom Rocha, percussionista; e Irandê, baterista) da Academia no território deles, o Sítio Histórico de Olinda. Eles falam do surgimento da banda, do show comemorativo, da identidade da banda, e adiantam em que pé está a preparação para o próximo disco, terceiro da banda, que já lançou Academia da Berlinda e Olindance.
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Como vai ser o show de comemoração aos dez anos de carreira?
Hugo – É a comemoração dos dez anos da Academia da Berlinda, fundada em 2004. A gente chamou Edinho Jacaré e Valdir Português, que são o MC e o DJ do Clube Bela Vista, no Alto Santa Terezinha. E a gente pensou em fazer o repertório na íntegra dos nossos dois discos, Academia da Berlinda e Olindance, vamos tocar todas as músicas e inserir duas que estarão no próximo disco: Manteiga no pão e Iaiá.
Irandê – A festa vai ser massa. Tem os Djs da Cubana da Bela Vista, que é um baile pra dançar mesmo agarradinho.
Yuri – E uma coisa importante é que depois do show da Berlinda vai estar Roger de Renor com a Rural lá. Ele é um parceiraço, é culpado também da banda ter acontecido. Vai ser uma celebração.
Hugo – Ninguém diz que passou dez anos. É a ‘boy band’ mais antiga de Olinda! (risos)
Como foi o início desta história? São poucas as bandas que conseguem completar um ciclo de dez anos de existência, e a Academia da Berlinda começou de forma despretensiosa, mas alcançou um década de existência.
Tom – A maioria dos integrantes já se conhecia desde criança, daqui da cidade alta (de Olinda), e foram ficando mais velhos, passaram a tocar em maracatus e cocos da cidade, se cruzavam. Chegou uma hora que olhou um pro outro e pensou: “vamos fazer uma festinha pra botar a moçada pra dançar, que esse negócio tá muito rock aqui, tá muita roda de pogo e ninguém tá se agarrando”(risos). A gente se juntou e pegou bregas setentistas, fizemos versões de artistas como Elino Julião, Alípio Martins, que a gente cresceu ouvindo, e nossos pais ouviam. Comenta-se que havia vários bailes no Recife, de boa música, para as pessoas dançarem. Fizemos o primeiro show numa casa ao lado da Licoteria, de brincadeira, todo mundo até de fantasia. O segundo numa casa na Rua do Bonfim, daí foi seguindo. Naturalmente vieram as músicas novas, autorais, e não parou mais. Esse negocinho já tá fazendo dez anos.
Yuri – No começo, a banda não tinha nem nome. A gente começou a fazer festas, na verdade. A ideia era fazer festas para que o pessoal dançasse. Depois é que surgiu o nome Academia da Berlinda, que foi Tom Rocha que colocou. A gente não tinha repertório de música própria e tocava música de vários artistas que a gente gostava. Aí chegou Catarina Dee Jah (DJ e cantora, esposa de Hugo Gila) com vários vinis.
Tom – Ela tem uma coleção infinita de vinis e isso já abriu mais os horizontes.
Yuri – A gente entrou nessa pesquisa, que surgiu como influência pra que a gente viesse a compor. E nesses vinis tinha muita coisa de lambadas incrementadas, lambadas internacionais, Aldo Sena, Elino Julião, essa galera do Pará, Pinduca – que lançou um disco aqui pela antiga Rozemblit, Raízes Nordestinas. E vem a influência do Norte do Brasil, essa coisa do Caribe, guaracha, carimbó, essa mistura toda.
E esse terceiro disco que está nascendo? Já tem o repertório, como está sendo feita a pré-produção?
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Como vocês encaram a coisa da identidade estética, vocês conversam sobre isso? Em algum momento sentiram necessidade de imprimir alguma marca que caracterizasse a banda?
Irandê – A Academia da Berlinda mudou o comportamento nessa parte de festa. Quando você bota Academia da Berlinda pra tocar numa festa as pessoas dançam agarradinho, e tem essa proposta.
Yuri – O primeiro momento em que aconteceu essa coisa de parar pra pensar esteticamente a música da banda foi do primeiro disco pro segundo. Porque no primeiro a gente gravou, mas não sabia o que ia sair dali. A gente não tinha ideia da forma da banda, e o primeiro disco deu forma à estética musical da banda. Pro segundo disco é que a gente parou e pensou. Foi quando a gente sentou, conversou e disse: “Vamos nos prender à ideia da dança”. Mas também ser livre né, no segundo disco a gente trabalhou mais a questão harmônica, as melodias. Outro momento é agora, a gente já sentou algumas vezes pra conversar sobre isso, porque vem o terceiro aí.
Hugo – Acho que o terceiro agora é o carimbo, entendesse? Tanto que tem Manteiga no pão, o novo hit que quer traduzir isso mesmo. Quem não gosta de manteiga no pão? (risos)
Irandê – Yuri, por exemplo, toca numa banda forró (Quarteto Olinda) e a gente tem essa coisa nordestina, da ciranda, que é um ritmo em que se pega nas mães das pessoas, o coco dá ‘imbigada’ né (risos). A gente mistura, não deixa pra trás de onde a gente surgiu. Eu toquei no Maracatu Camaleão com Yuri, que já fez conservário. Tom Rocha tocou no Nação Pernambuco, no Cabruêra, Hugo Gila já é mais do lado de Barra de Jangada, do reggae, Tiné tem uma história regional também muito legal, que ele é de Arcoverde.
Tom – Acho que o que em comum acordo se mantém é a ideia de fazer música pras pessoas dançarem, se divertirem. As músicas da gente tem uma dose de humor também. Às vezes a gente não encontra explicação para o som que gente faz, a gente simplesmente faz.
Qual é a relação da banda com a cidade de Olinda?
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E como é o retorno do público? A relação com o público também ajudou nesta certeza de que o caminho é fazer música para se dançar?
Irandê – Ajudou muito. Do feminino e masculino (risos), até hoje.
Yuri – A gente tem essa resposta do público porque a banda se constituiu assim, de fazer as músicas e ver ali a reação. Não que a gente faça uma música porque o público ‘a’ ou ‘b’ vai gostar. É mais por ver a identificação e fazer o que gosta também. Vamos tocar duas músicas novas agora e já vamos sentir um pouco. Nos outros discos teve música que não entrou porque tocamos nos shows e vimos que não era tanto a ideia. Mas também não tem como prever, teve música que a gente gravou e achou que não ia pegar, como Ivete, e de repente ela estourou.
Hugo – Isso acontece também porque vai ver o público é uma geração que está pensando a mesma coisa, porque a gente começou a fazer, mas não ia ter certeza que todos iriam querer dançar, principalmente a música que a gente estava fazendo. Imagina se a gente tocasse e o povo achasse maresia? O povo gosta porque às vezes circula pelos mesmos ares.
Com essa identificação com o público e a coisa de dançar agarradinho, vocês já receberam agradecimentos de pessoas que ‘se deram bem’ em shows da Academia da Berlinda?
Yuri – Demais.
Hugo – Tem muito casal que nasceu vendo o show da Academia da Berlinda.
Yuri – Agora para os dez anos de banda, a gente fez um teaser que é um pouco sobre isso, a gente queria mostrar um pouco da imagem do público, porque a gente sabe que enquanto a gente está fazendo o show tem mil coisas acontecendo ali e a gente queria partilhar um pouco disso. Tem uma menina que fala: ‘Conheci um menino, era afim dele e o chamei para um show. Ele me chamou pra dançar, mas não sabia, eu o ensinei e a gente está junto até hoje’.
Tom - A gente deve muito ao nosso público, não tenha dúvida disso. O público é o grande responsável por esses dez anos.
Serviço
Academia da Berlinda - 10 anos
Sábado (5) | 22h
Clube Atlântico de Olinda (Praça do Carmo - Olinda)
R$ 50 | R$ 30 + 1 kg de alimento (social) | R$ 25 (meia)
À venda nas lojas Avesso, Passadisco e no Eventick