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O papa Francisco aproveitou os votos de Natal à Cúria para atacar os membros que se apresentam como "mártires do sistema", uma repreensão que parece particularmente dirigida ao cardeal conservador alemão Gerhard Müller, ex-guardião do dogma no Vaticano.

O pontífice, que lançou uma grande reforma na Cúria (governo do Vaticano), enfrentando grande resistência, dirigiu nesta quinta-feira (21) seu tradicional cumprimento de Natal aos cardeais e bispos.

Para este ano, o papa argentino criticou o comportamento daqueles nomeados para fazer avançar sua reforma, mas que "não compreendem a magnitude de sua responsabilidade" e são "traidores da confiança".

"Eles se deixam corromper pela ambição e uma glória vil e quando são delicadamente afastados, se auto proclamam mártires do sistema, dizem 'o papa não me informou', falam 'da velha guarda' ao invés de fazerem uma mea culpa", criticou o papa.

Francisco também enfatizou a importância de "ir além dessa lógica desequilibrada e indigna de conspirações ou pequenos círculos que na realidade representam - apesar de todas as suas justificativas e boas intenções - um câncer que leva à autorreferencialidade, que se infiltra nos órgãos eclesiásticos".

Durante o verão, o poderoso cardeal Gerhard Müller não foi renovado à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão herdeiro da inquisição e responsável por garantir o dogma.

O cardeal, prefeito por cinco anos, expressou seus desacordos com o papa por sua linha mais flexível para com os fiéis divorciados e casados ​​novamente, o que provocou a ira dos tradicionalistas.

Sua congregação também foi criticada diretamente pela leiga irlandesa Marie Collins, que abandonou a comissão papal de combate à pedofilia, citando uma falta de cooperação "vergonhosa".

O cardeal Müller, que costuma dar declarações aos jornais, queixou-se do tratamento autoritário do papa. "O papa informou-me em um minuto de sua decisão de não prolongar meu mandato", disse ele, acrescentando que "não me deu motivos".

Mais recentemente, falou do risco de "um cisma de uma parte do mundo católico, desorientado e desapontado" se o papa não ouvir aqueles que têm duvidas sobre suas decisões.

As alfinetadas do papa parecem também ser destinadas ao ex-controlador financeiro do Vaticano, Libero Milone, um contador italiano e laico que acusou a velha guarda da Cúria de demiti-lo para conter os esforços do papa.

O Vaticano, por sua vez, afirmou que Milone foi expulso por ter espionado a privacidade de altos funcionários da Santa Sé.

O papa Francisco fez duras críticas nesta segunda-feira à burocracia do Vaticano, criticando como o desejo pelo poder a todo custo de algumas pessoas, que vivem vidas duplas de forma hipócrita e sofrem de "Alzheimer espiritual" e as faz esquecer que deveriam ser alegres homens de Deus.

Os cumprimentos de Natal de Francisco aos cardeais, bispos e padres que dirigem a Santa Sé não foram uma alegre troca de desejos de fim de ano. Em vez disso, o papa apresentou uma lista de 15 pecados da Cúria, que Francisco disse esperar ver expiados no próximo ano.

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Ele deu alguns exemplos, como o "terrorismo da fofoca" que pode "matar a reputação de nossos colegas e irmãos a sangue frio". Como panelinhas podem "escravizar seus integrantes e se tornar um câncer que ameaça a harmonia do organismo" e eventualmente matar por "fogo amigo". Os que vivem vidas duplas de forma hipócrita foram descritos pelo papa como pessoas com "um típico vazio espiritual, medíocre e progressivo, que nenhum grau acadêmico pode preencher".

"A Cúria é convocada sempre para melhorar-se e crescer em comunhão, santidade e conhecimento para cumprir a sua missão", disse Francisco. "Mas mesmo ela, como qualquer organismo humano, pode sofrer de indisposições, disfunções, doenças."

Francisco, que é o primeiro papa latino-americano e nunca havia trabalho na Cúria, dominada por italianos, não se intimidou ao reclamar sobre a fofoca, o carreirismo e as intrigas do poder burocrático que afligem a Santa Sé. Mas, na medida em que sua agenda ganha força, ele parece ainda mais encorajado para destacar o que aflige a instituição.

Os cardeais não pareciam felizes. O discurso foi recebido com aplausos mornos e poucos sorriam na medida em que Francisco listava, uma a uma, as 15 "doenças da Cúria", que ele elaborou, com notas de rodapé e referências bíblicas.

Os cumprimentos de Natal acontecem num momento tenso para a Cúria, a administração central da Santa Sé, responsável pela igreja, que tem 1,2 bilhão de fiéis.

Francisco começou sua lista com "a doença de sentir-se imortal, imune ou mesmo indispensável". Então, ele citou uma a uma: ser vaidoso, querer acumular coisas, ter um "coração endurecido". Cortejar os superiores para obter ganho pessoal e ter uma "expressão facial de funeral", além de ser muito "rígido, inflexível e arrogante", especialmente em relação a subordinados, uma possível referência a um comandante da guarda suíça, recentemente demitido, que era muito duro com seus recrutas na opinião do papa.

Francisco criticou os que trabalham muito e planejam as coisas com muita antecedência, já que os que não têm tempo para a família são estressados demais e os que planejam muito não se permitem ser surpreendidos pela "frescura, fantasia e novidade" do Espírito Santo.

"Como é bom para nós ter um saudável senso de humor", disse ele.

No final do discurso, Francisco pediu aos prelados que rezem para que os "ferimentos e pecados de cada um de nós tem sejam curados" e que a igreja e a própria Cúria sejam mais saudáveis. Fonte: Associated Press.

O papa Francisco iniciou nesta segunda-feira (24) sua reforma da Cúria romana com a criação de uma Secretaria da Economia para coordenar a polêmica gestão financeira e administrativa do Vaticano, uma etapa crucial para seu projeto.

O organismo coordenará todas as estruturas administrativas e financeiras da Santa Sé e será presidido pelo cardeal australiano George Pell, atual arcebispo de Sydney e um dos purpurados que faz parte do G-8, o grupo de assessores do pontífice encarregado de estudar a reforma do governo central da Igreja.

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Trata-se da primeira medida importante que o papa latino toma para reformar a Cúria romana depois de uma série de escândalos e intrigas na gestão das finanças da Santa Sé. "A nova secretaria terá a autoridades sobre todas as atividades econômicas e administrativas da Santa Sé e da Cidade do Vaticano", indica a entidade em um comunicado oficial.

A Secretaria de Economia contará com 15 membros - oito padres e sete laicos - de várias nacionalidades e renomados especialistas em finanças, segundo o comunicado. Os membros deverão ser provenientes de diferentes países para que seja um "reflexo da universalidade" da Igreja, o que é uma clara indicação de que Francisco quer evitar que a gestão e o controle financeiro concentrem-se nas mãos de prelados italianos.

A criação da secretária foi decidida também por recomendação de uma comissão de 15 cardeais, que examinaram "os problemas organizacionais e econômicos" do Vaticano depois de uma série de escândalos de corrupção e abuso de poder nas finanças da Santa Sé. A corrupção e a desordem imperante por décadas na administração do Estado são denunciadas desde os anos 80, com a quebra do então maior banco da Itália, o Ambrosiano.

O Instituto de Obras para a Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, principal acionista do Ambrosianos e questionado pela lavagem de dinheiro e intrigas internas, ficará a cargo da nova secretaria, o que constitui uma espécie de terremoto na gestão das finanças da Igreja.

As mudanças adotadas por Francisco, que nunca trabalhou na Cúria, têm como objetivo principal "melhorar o emprego dos recursos e dos programas, em particular aqueles dirigidos aos pobres e marginalizados", segundo o comunicado do Vaticano.

O papa tomou esta decisão através de um "motu próprio", documento assinado de próprio punho e letra pelo pontífice, que será publicado pelo L'Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, informou o porta-voz padre Federico Lombardi.

A criação da secretária foi decidida também por recomendação de uma comissão de 15 cardeais, que examinaram "os problemas organizacionais e econômicos" do Vaticano depois de uma série de escândalos de corrupção e abuso de poder nas finanças da Santa Sé.

O prefeito da Secretaria de Economia, o cardeal Pell, iniciará suas tarefas o mais rápido possível, segundo a nota.A decisão do Papa foi tomada ao final do primeiro consistório e após a proclamação dos primeiros 19 cardeais do pontificado de Francisco, iniciado em 13 de março de 2013.

Uma resposta concreta às exigências dos cerca de 150 cardeais que participaram do consistório. Os objetivos da reforma são "simplificar, melhorar, coordenar e planejar", de acordo com fontes do Vaticano.

Francisco criou três comissões para resolver a questão econômica: um para investigar o IOR, outra para rever o conjunto econômico e administrativo da Santa Sé e uma terceira para racionalizar e intensificar a vigilância nas finanças do Vaticano. Na semana passada, duas delas apresentaram os seus relatórios para o G-8 e o Papa.

O Papa também autorizou receber assessoria de grandes empresas privadas estrangeiras, incluindo a KPMG, Ernest&Young, Promontory, McKinsey, PWC (PricewaterhouseCoopers), para facilitar a modernização de seus organismos. Um "controlador-geral", com poderes para intervir em todas as instituições, será nomeado diretamente pelo Papa. Seu nome ainda não foi indicado.

A reforma da contestada gestão das finanças do Vaticano é um dos maiores desafios para o pontífice. O Banco do Vaticano administra 19.000 contas pertencentes principalmente ao clero católico, com cerca de 7 bilhões de euros, e também lida com o dinheiro de congregações religiosas.

O Papa Francisco afirmou neste sábado que a Cúria Romana não deve ser "uma alfândega burocrática, controladora e inquisidora" nem um lugar de "fofocas" em seu primeiro discurso para os membros deste organismo, o governo da igreja.

"Quando a atitude não é de serviço às igrejas particulares e a seus bispos, então cresce na estrutura da Cúria uma pesada alfândega burocrática, controladora e inquisidora", denunciou o Papa argentino ao criticar as atitudes de condenação e controle, em vez de perdão e de abertura às diversas igrejas locais.

Neste discurso muito aguardado na grande sala Clementina do Palácio Apostólico, Francisco não mencionou - como o seu antecessor Bento XVI em seu primeiro discurso à Cúria em 2005 - os problemas da Igreja nos cinco continentes, as suas orientações doutrinais e os desafios que ela enfrenta na sociedade contemporânea.

Seu discurso concentrou-se no perfil que devem ter os membros da Cúria, recentemente atingida por escândalos (de corrupção, sexuais, traições), e que Francisco deseja reformar profundamente com a ajuda de uma comissão de oito cardeais.

"A santidade na Cúria também significa fazer objeção de consciência às fofocas. Nós insistimos no valor da objeção de consciência, mas talvez devêssemos também exerce-la para nos opormos a uma lei não escrita que reina em nosso ambiente, que, infelizmente, é a da fofoca", disse o Papa, um ano após o escândalo do vazamento de documentos confidenciais, conhecido como "Vatileaks".

"A fofoca atrapalha a qualidade das pessoas, do trabalho e do meio ambiente", insistiu Francisco, reiterando um de seus frequentes apelos contra a frivolidade, desde que foi eleito Papa em março.

"Pode vir a calhar meditar sobre o papel de São José, tão calado e tão necessário ao lado da Virgem Maria", assegurou o Papa.

Sem fazer críticas específicas, o Papa citou as "características" que em sua opinião devem possuir um membro da Cúria, que reúne cerca de 2.000 pessoas, entre laicos e religiosos.

Antes de tudo, "o profissionalismo, que significa competência, estudo, atualização... Este é um requisito fundamental para trabalhar na Cúria", afirmou.

"Quando não há profissionalismo - prosseguiu - lentamente deslizamos em direção a uma região de mediocridade" e "os expedientes acabam se tornando em meros relatórios de 'clichês".

Francisco deu destaque à vocação do "serviço" à Igreja e acrescentou que a "santidade" implica, em sua opinião, nomeadamente, "profunda humildade" e "amor fraterno nas relações com os colegas".

Segundo revelaram vários vaticanistas na sexta-feira, a personalidade do Papa Francisco, sua popularidade, seu estilo pouco apegado às regras rígidas da Igreja irritam alguns círculos internos do Vaticano.

Em uma entrevista à rede de TV católica EWTN, o cardeal tradicionalista americano Raymond Burke, amigo próximo de Bento XVI, lamentou amargamente o fato de Francisco não defender de forma mais veemente a defesa da família e da vida, e que se limita a exortar com mais frequência os sacerdotes de todos mundo a condenar o aborto.

O cardeal americano, membro da Congregação dos Bispos, uma espécie de Ministério do Interior que nomeia a hierarquia da Igreja, foi recentemente destituído do cargo, junto com outro cardeal influente da mesma entidade da Cúria Romana, o espanhol Antonio Maria Rouco, presidente ultraconservador da conferência dos bispos espanhóis, a quem foi aceita a aposentadoria.

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Depois de obter a assinatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), nessa quarta-feira (14), a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se reuniu com o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido e também teve a assinatura do religioso em prol da criação do partido Rede Sustentabilidade. A reunião breve que durou cerca de 30 minutos, ocorreu nesta quarta-feira (15), na sede da Cúria Metropolitana, no bairro das Graças no Recife.

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Marina Silva afirmou que o diálogo foi uma visita fraterna e um momento de relembrar algumas ações da Igreja voltadas para o meio ambiente. “Recordamos um pouco o que foi a Campanha da Fraternidade 2011 em que a CNBB tinha escolhido a vida do planeta com base em Romanos 8:22 (livro bíblico) que diz que a natureza geme esperando ser resgatada”, citou a militante.

A ex-senadora comentou outros assuntos abordados com o representante da Igreja também voltados para o meio ambiente. “Obviamente falamos dos desafios de como fazer com que a vida seja boa também aqui na terra, respeitando uns aos outros e respeitando a natureza enfim”, disse.

Já Dom Fernando, demonstrou satisfação em ter recebido Marina na Cúria. “Fiquei muito feliz de receber a ex-ministra aqui, e ex-senadora também, pessoa que eu admiro muito e agora tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e tratar um pouquinho das nossas preocupações. Nós falamos um pouco da questão da seca aqui no Nordeste”, declarou o arcebispo acrescentado ter falado ainda sobre questões sociais e religiosas e ainda sobre Suape.

O religioso se colocou a disposição e elogiou a iniciativa da criação do partido Rede e Sustentabilidade. ”Eu pude me inteirar com o projeto da rede que está sendo implementado e acho interessantíssima essa proposta. Estamos dispostos a colaborar na medida do possível para que dê certo o projeto, e consiga o mais rápido possível realizar esse sonho”, afirmou.

Questionada durante entrevista se tinha colhido a assinatura de Dom Fernando, Marina respondeu negativamente, mas elogiou a receptividade do arcebispo. “A manifestação democrática dele já é suficiente. A gente sabe que a igreja tem um papel superpartidário e é bonito porque eu tenho dito que eu não faço do púpito palanque nem do palanque púpito. E isso é muito importante”, argumentou a ex-senadora que ao término da conversa com os jornalistas colheu a assinatura do religioso antes de se despedir.

Agenda – Na programação para o dia de hoje, a ex-ministra passará o final da manhã e o início da tarde cedendo entrevistas a rádios locais. No final da tarde, por volta das 17h30, ela se reunirá com pastores de igrejas evangélicas no hotel onde está hospedada na cidade de Olinda. “Mais tarde vou ter uma conversa com pastores evangélicos e eu faço questão que seja um espaço onde as pessoas saibam que estão indo ali para conversar um assunto político, e não misturar com a igreja”, garantiu.

Na parte da noite, a partir das 18h30, Marina Silva cumprirá a última agenda no Recife. Ela se reunirá com a militância no hotel onde está hospedada.

Assinaturas – Segundo o membro da comissão executiva da Rede Sustentabilidade em Recife, Roberto Leandro, só no debate que a ex-senadora participou nessa quarta-feira (14), na Universidade Católica de Pernambuco foram colhidas cerca de 1.000 assinaturas. Na Cúria, além de Dom Fernando, o presidnete da Comissão Arquidiocesna para a Comunicação Spocial, Pe. Luciano Brito, também asisnou o documento. Para registrar a nova legenda no Tribunal Superior Eleitoral é necessário apresentar ao órgão até o mês de outubro de 2013, 500 mil assinaturas.

O cardeal d. Cláudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero, elogiou a escolha dos oito cardeais nomeados pelo papa Francisco para ajudá-lo a governar a Igreja e preparar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus (Bom Pastor) sobre a Cúria Romana, que, em sua opinião, deverá passar por uma reforma urgente e necessária. "É preciso redesenhar a Cúria Romana para torná-la mais ágil e leve, porque ela cresceu muito, de puxadinho em puxadinho, com a criação de conselhos e comissões que lutam para ter mais prestígio", disse d. Cláudio, respondendo a uma pergunta, na tarde desta terça-feira, 16, em conversa com jornalistas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP).

O cardeal salientou o fato de nenhum dos membros nomeados para o grupo de conselheiros pertencer à Cúria, o que dá a eles mais independência para levar sugestões ao papa. Também foi positivo, segundo d. Cláudio, terem sido escolhidos representantes de todos os continentes. No caso das Américas, onde é mais expressivo o número de católicos, Francisco nomeou um cardeal dos Estados Unidos, um da América Central e outro da América do Sul.

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