O programa Opinião Brasil, que vai ao ar toda segunda-feira pela TV Leia Já, está sendo exibido de forma diferenciada esta semana. Com foco no consumo de drogas, o programa exibe até amanhã (16) uma série que teve início nesta última quarta-feira (14). Apresentado pelo jornalista Álvaro Duarte, o especial “Crack, dinheiro, dependente e família” conta com a participação de especialistas no tema, ex-dependentes, personagens anônimos.
Nesta quinta-feira (15) você confere a abordagem sobre o usuário, com a presença do pedagogo e educador social do Grupo Ruas e Praças, Antônio José da Silva, do pastor e responsável pelo Grupo de Recuperação Dom Paulo Ruiz Garcia, Valdemar Santana e mais uma vez do médico psiquiatra, Marcelo Machado.
##RECOMENDA##O Grupo Ruas e Praças é uma Organização não Governamental (ONG) e atua no centro da cidade do Recife desde 1987. O objetivo da ONG é retirar das ruas, através de atividades lúdicas, meninos e meninas que tiveram seus sonhos destruídos pelas drogas. Através do programa, crianças e adolescentes são conduzidos para o Centro Educacional Vida Nova – Sítio Capim de Cheiro -, localizado no Município de Caaporã, na divisa do estado de Pernambuco com o estado da Paraíba. Lá, eles recebem alimentação, tratamento e conseguem recuperar os sonhos e desejos deixados para trás.
Seguindo pela mesma vertente está o Grupo de Recuperação Dom Paulo Ruiz Garcia. O projeto atende dependentes químicos – do sexo masculino – que não têm condições de custear uma internação. Conforme o reverendo Valdemar Santana, no grupo a dependência é tratada através do trabalho cristão e holístico. O tratamento é oferecido através do evangelho e da ciência.
Ainda no segundo programa, o psiquiatra Marcelo Machado detalhou os sintomas apresentados por dependentes químicos. De acordo com o médico, o primeiro sinal é a falta de interesse nas atividades. O usuário abandona a escola, o trabalho e começa a se afastar dos amigos. Em seguida, ele demonstra uma mudança de horário. Se ele normalmente realizava uma atividade durante o dia ele passará a realizá-la durante noite.
A família também deve estar atenta ao desaparecimento de objetos. No começo o dependente some com pertences pessoais e depois ele se desfaz dos objetos da casa. Outro sinal é a mudança do grupo de amigos. O usuário de drogas passa a se relacionar com pessoas de outros meios.
Apresentados esses sintomas, a orientação do especialista é que os familiares ou amigos recorram a uma unidade de saúde para realizar um exame taxológico. Caso o resultado seja positivo o ideal é fazer uma avaliação e, se necessário, recorrer à internação.
O primeiro bloco será exibido nesta quarta-feira (14) e tratará sobre os projetos criados, a nível nacional, para combater essa epidemia. Um dos mais recentes planos elaborados é o “Crack, é possível vencer!”, lançado em dezembro passado pelo Governo Federal. Com o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários, o projeto prevê investimento de R$ 3,92 bilhões com atuação articulada entre o governo federal, estado e município.
Família - Por fim, o último bloco do programa, que será exibido na próxima sexta-feira (16), tratará sobre o acompanhamento das famílias dos dependentes químicos. Os entrevistados foram o responsável pelo Grupo de Apoio Carismático, João Alberto Tenório, e a coordenadora do Grupo Amor Exigente, Rubia Goulart.
O Grupo de Apoio Carismático trata as pessoas com qualquer tipo de compulsão. O trabalho é baseado nos Alcoólicos Anônimos (AA) e apóia tanto o doente quanto a família. Segundo João Alberto, o projeto consiste na participação onde cada um conta sua experiência de vida. O primeiro passo para o tratamento é a conscientização do problema. Dependentes e familiares devem assumir que precisam de ajuda. A partir do desejo da recuperação, a dependência é tratada e as famílias são restituídas.
Já o Grupo Amor Exigente orienta pais e familiares a lidarem com jovens ou adultos que sofrem de dependência química. O grupo promove encontros semanais divididos em três partes. Inicialmente é feita uma reflexão sobre a espiritualidade. No segundo passo, os participantes discutem a situação que vivem nas suas famílias. Para finalizar, são instituídas metas semanais, para que seja analisado o que pode ser mudado. Os dois grupos oferecem apoio e tratamento de forma gratuita.
Cena 1 - No primeiro dia da série, ontem (14), o secretário de Defesa Social (SDS), Wilson Damázio, o médico psiquiatra, doutor Marcelo Machado e a gerente do programa Mais Vida da secretaria municipal de Saúde do Recife, Angélica Oliveira trataram do tema de uma forma geral. O secretário da SDS, que também esteve presente na reunião de lançamento do plano de enfrentamento ao crack, explicou as formas de atuação do projeto, no âmbito do Governo.
Na área de tratamento para dependentes químicos, Angélica Oliveira falou sobre o programa “Mais Vida”. Presente no município desde 2003, o projeto atende usuários de drogas lícitas e ilícitas nos Centros de Apoio Psicossocial em Álcool e Outras Drogas (CSPSad, distribuídos por todo o Recife. O “Mais Vida” ainda disponibiliza abrigo em albergues terapêuticos, uma unidade de desintoxicação, um centro de referência para mulheres e seis consultórios de rua.
O médico psiquiatra e especialista em dependência química, Marcelo Machado, participou da discussão esclarecendo as dúvidas sobre o processo de desintoxicação dos usuários de drogas. Segundo o médico, o tempo de tratamento depende de inúmeros fatores, como o tipo de entorpecente consumido e o suporte social. O especialista explicou que os seis primeiros meses de abstinência são fundamentais para que o usuário consiga um bom sucesso nos demais dois anos de abstinência continuada. Ainda dentro deste bloco, apresentador e entrevistados debateram sobre o seguinte questionamento: “É possível vencer o crack?”.