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O avanço da direita nas eleições municipais de 2016, com a significativa derrota da esquerda nas grandes cidades no primeiro turno, é parte de um movimento maior, mundial, e marca o fim do período de poder do PT no País, avalia o candidato do PSOL a prefeito do Rio, Marcelo Freixo.

Freixo diz que a candidatura de Marcelo Crivella (PRB) é parte desse cenário de crescimento conservador. Em contraste, se apresenta como parte do contraponto. Sua campanha deixou o tom ameno e passou a atacar Crivella por sua aliança com o PR do ex-governador Anthony Garotinho e pela atuação do adversário na Igreja Universal do Reino de Deus. A seguir, trechos da conversa de Freixo com o jornal O Estado de S. Paulo.

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O que explica a derrota da esquerda nas grandes cidades?

Acho que alguns fenômenos são mundiais. Tem, por um lado, o avanço de uma direita bastante conservadora, em lugares como França, Alemanha... O que é o (candidato republicano a presidente Donald) Trump nos Estados Unidos, com um porcentual altíssimo de intenção de voto. E, ao mesmo tempo, tem experiências muito ricas. O prefeito de Londres é muçulmano. O Partido Trabalhista de Londres tem um ingresso enorme de uma juventude que nunca tinha entrado (na legenda). Tem o Podemos (na Espanha), tem a candidatura do Bernie Sanders nos Estados Unidos... Ao mesmo tempo em que tem um avanço conservador, tem também algo novo acontecendo. Acho que o Rio espelha um pouco isso. Tem essa candidatura do Crivella e tem a nossa. A eleição brasileira mostrou isso. É um ciclo que se encerra, que é o ciclo da era do PT, com tudo que isso representou. Um desgaste muito grande para a imagem da esquerda, que precisa ser reconstruída.

Como entender a derrota do PMDB, após dez anos de hegemonia e de o prefeito promover uma Olimpíada bem-sucedida?

Não é pouco comum prefeito perder eleição depois de (ser anfitrião de) Olimpíada. Acho que Eduardo (Paes) acertou em umas coisas, errou em outras. Ele acerta no BRT, erra na terceirização da regulação da saúde, acerta na expansão da Clínica da Família...

O senhor tem sido muito atacado por questões como droga, aborto, além de muita boataria...

É o método de ação de quem faz política com terror. Eu sabia que o segundo turno teria uma campanha com métodos que não são os nossos. Eu vou para a televisão e digo (a Crivella): 'Você tem de explicar a aliança com Garotinho'. Não estou inventando. É diferente de eles espalharem que vou liberar a droga, que vou acabar com a PM, que vou vestir a Guarda Municipal de rosa, que vou distribuir livros ensinando crianças de quatro, cinco anos a fazer sexo... É um nível muito baixo de fazer política. Quem tudo faz para chegar ao poder tudo faz no poder.

Por que o foco no Garotinho?

Há uma aliança formal do Garotinho com Crivella no primeiro turno. A aliança deles é PR com PRB. O vice (Fernando Mac Dowell) é indicado do Garotinho. O meu temor é a volta do Garotinho. Garotinho foi expulso eleitoralmente do Rio de Janeiro pelo carioca. Não adianta o Crivella dizer que o vice dele é um técnico, quando o vice dele é um técnico, que eu respeito, mas é indicado pelo Garotinho, é do PR. O Crivella quer me convencer que o Garotinho o apoia e não quer nada em troca. Então, realmente a capacidade de conversão do Crivella está muito sofisticada. Do Garotinho espero tudo, tudo de ruim.

Se a prefeitura tivesse de intervir mais, onde seria?

Transportes. Não é estatizar. Não tem o menor cabimento a prefeitura se tornar dona de linha de ônibus. Mas a prefeitura tem de ter um sistema de regulação. Tem de dizer quais linhas vão funcionar, onde vão começar e terminar. Não pode ter ônibus que sai de Campo Grande e vai para Bonsucesso e aí o empresário decide que esse ônibus vai parar em Madureira. Aí o passageiro que ia para Bonsucesso tem de descer em Madureira para pegar outro ônibus. E uma viagem que poderia durar uma hora e meia vai durar duas horas e meia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A guerra virtual que tomou conta da campanha no Rio de Janeiro no segundo turno chegou nessa sexta-feira (7) à Justiça comum. O candidato do PSOL, Marcelo Freixo, entrou com processo contra o pastor Silas Malafaia, que o acusou de defender o incesto, a pedofilia e o sexo com animais em vídeos postados na internet.

O parlamentar acusa o religioso, que é aliado de Marcelo Crivella (PRB), por injúria, calúnia e difamação no Tribunal de Justiça do Rio. No âmbito eleitoral, o socialista ingressou com notícia crime por injúria e propaganda eleitoral irregular. "As calúnias e difamações que estão sendo feitas pelo outro lado não condizem com o debate democrático", disse Freixo. Para Malafaia, o candidato quer criar uma "cortina de fumaça" com as ações.

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Boatos

Desde o fim do primeiro turno, os candidatos Freixo e Crivella dobraram os esforços para desconstruir informações contra eles que circulam nas redes sociais. Ambos criaram plataformas virtuais com esse propósito. Ao total, eles desmentem 27 informações que classificam como boatos, sendo 18 sobre Freixo e 9 sobre Crivella.

Dentre as referências a Freixo está a que ele pretende legalizar o aborto e o uso de maconha caso seja eleito, ou que quer acabar com a Polícia Militar. O candidato do PSOL teve ainda um perfil falso no Twitter (@MarceloFrexo, sem i) com postagens replicadas como se fossem dele.

Crivella vive situação parecida com um vídeo em que diz que "os negros gostam de cachaça, prostituição e macumba". Em seu site e no Facebook, o candidato postou o vídeo na íntegra, mostrando que a frase havia saído do contexto. "É uma vergonha que usem de forma desonesta uma declaração minha", escreveu.

Acostumada a produzir vídeos curtos, já que no primeiro turno o tempo de TV era de 11 segundos, a equipe de TV do candidato a prefeito do Rio Marcelo Freixo (PSOL) tem um desafio neste segundo turno: ocupar os 20 minutos diários de propaganda na TV a que cada candidato tem direito. Serão dois blocos de dez minutos para cada um dos concorrentes (Freixo e Marcelo Crivella, do PRB), veiculados às 13 horas e às 20h30.

"Dez minutos são um latifúndio", dizem os colaboradores de Freixo, cujo espaço na TV é agora 53,5 vezes maior que o da primeira etapa da eleição.

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A equipe de Crivella enfrenta o mesmo desafio: o candidato tinha 1 minuto e 11 segundos no primeiro turno e agora seu tempo ficou 7,45 vezes maior. Cada candidato tem direito ainda a 35 minutos diários de inserções ao longo da programação, com durações de 30 a 60 segundos. O horário eleitoral tem de voltar ao ar até 15 de outubro, mas pode começar antes se houver acordo entre partidos e Justiça.

Estratégias

Alguns vídeos feitos para a internet pela equipe de Freixo no primeiro turno serão aproveitados na TV, até para expor o apoio de artistas como Caetano Veloso, Marieta Severo e Wagner Moura. Mas a prioridade é exibir a vida de Freixo. "O tempo na TV vai permitir apresentar Freixo a quem não conhece e a quem ouviu falar de forma distorcida", diz Marcelo Salles, um dos coordenadores de comunicação da campanha.

"Não é fácil sair de 11 segundos para 10 minutos, mas ninguém queria ficar em 11 segundos também. Temos muita coisa para mostrar, a gente faria o programa de dez minutos todos os dias, não tem problema. Mas a gente acha exagerado e caro. Com cinco minutos a gente consegue", diz Freixo.

Estrategista da campanha de Crivella e diretor de conteúdo do programa de TV do candidato, Marcello Faulhaber também trabalha para ocupar os 20 minutos diários. "A equipe deve aumentar um pouco, e talvez usemos material feito originalmente para a internet. Mas o foco será o mesmo: mostrar os problemas da cidade e as soluções propostas. Fizemos muita pesquisa para chegar a esse conceito, de que é hora de cuidar dos moradores, pois a gestão atual priorizou obras e esqueceu da qualidade dos serviços", diz Faulhaber.

Questionado se o maior espaço na TV será usado para convencer os eleitores de que a Igreja Universal do Reino de Deus, que Crivella integra, não vai interferir no eventual governo do candidato, Faulhaber é enfático: "Não queremos responder a preconceitos. Vamos mostrar a vida do Crivella e suas realizações, para as pessoas saberem que a vida dele vai muito além da igreja. Vamos exaltar seu perfil conciliador e mostrar como ele está preparado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato à prefeitura do Rio pelo PSOL, Marcelo Freixo, disse nesta terça-feira, 4, que o apoio do PT é "bem-vindo", mas demonstrou não querer a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sua campanha. Lula não dividirá o palanque com Freixo nem aparecerá em seu horário eleitoral. Nesta segunda-feira, 3, o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu em encontro com Lula o apoio irrestrito à candidatura de Freixo e de Edmilson Rodrigues, em Belém.

"O debate é municipal. A nacionalização do debate aconteceu, o PMDB foi derrotado. Isso é importante. A derrota do PMDB tem relações com o debate nacional. Agora é hora de aprofundar o debate na cidade, as diferenças da concepção de cidade. Agora é hora de um debate sobre o programa", afirmou o candidato, ao negar a participação efetiva do ex-presidente na campanha.

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No primeiro turno, a candidata do PCdoB, Jandira Feghali, fez defesa enfática da presidente Dilma Rousseff, e levou o tema do impeachment para o programa de tevê. Dilma chegou a vir ao Rio fazer campanha com Jandira. A candidata terminou em sétimo lugar, com apenas 3,34% dos votos.

"Qualquer apoio no segundo turno é bem-vindo. A Jandira já apoiou, já falei com (Alessandro) Molon (ex-candidato da Rede a prefeito). O PV tem reunião essa semana, Rede tem reunião amanhã. Vamos formar um grande leque progressista de apoio ao nosso programa. Segundo turno é veto ou é voto. Não é aliança. Ou você vota ou veta", afirmou Freixo. Ele ressaltou que o apoio não pressupõe troca de cargos.

Nesta quarta-feira, 5, um grupo de dissidentes da Rede anuncia o apoio a Freixo. Entre eles, estão o antropólogo Luiz Eduardo Soares e o sociólogo Liszt Vieira, fundadores do partido. O senador Randolfe Rodrigues (AP) e o vereador Jefferson Moura, ambos da Rede, participam do encontro. "Eles vão me apoiar. A gente quer um grande campo progressista", afirmou.

A disputa entre os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) no segundo turno do Rio não vai expor apenas as diferenças partidárias e de propostas para a cidade. Será também um confronto sobre costume e comportamento. Os dois candidatos têm posições opostas sobre temas como drogas, aborto, religião, família e direitos dos cidadãos LGBT. Em reuniões de avaliação e estratégia, os dois lados concordam que esses temas terão peso maior no segundo turno.

De um lado está o senador de tendência conservadora que procurou fazer uma campanha ecumênica, mas é uma das maiores lideranças do PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. No outro, o deputado estadual do PSOL que não abre mão de bandeiras como "o direito de a mulher decidir sobre o próprio corpo", citado no programa de governo, e o conceito de família que inclui casais do mesmo sexo.

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No campo político, Crivella é preferido do eleitorado de centro-direita e deverá receber o apoio do candidato derrotado do PSC, Flávio Bolsonaro, filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Freixo se coloca à esquerda do PT e, no segundo turno, tem a seu lado os candidatos derrotados do PCdoB, Jandira Feghali, e da Rede, Alessandro Molon. O senador foi a favor do impeachment de Dilma Rousseff. O PSOL fez coro à denúncia do "golpe" e ao movimento "Fora, Temer".

Na disputa pelos votos de candidatos de centro como Pedro Paulo (PMDB), Indio da Costa (PSD) e Carlos Roberto Osório (PSDB), Freixo e Crivella apostam no contato direto com o eleitorado, embora já tenham aberto diálogo com os antigos adversários, à exceção do peemedebista. Um dos raros pontos em comum entre Freixo e Crivella foi a comemoração por terem derrotado o PMDB e a decisão de não buscar o apoio do partido.

Diálogo

"Nossa avaliação é de que cúpulas partidárias não têm incidência direta sobre o eleitorado. Nosso programa, nossas propostas envolveram a participação de 5 mil pessoas e finalmente teremos dez minutos por dia (na TV) para apresentá-las à população. Freixo está aberto a dialogar, só não dialogamos com Pedro Paulo e os Bolsonaro, porque somos como água é azeite", disse o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ).

Sobre temas ligados a comportamento e direitos humanos, o deputado disse que "vai ser bom demarcar posição também nesse campo". Ele dá um exemplo: "A concepção de família no padrão ocidental e cristão é muito conservadora e não dá conta de uma sociedade como a brasileira e a carioca".

O vereador reeleito do PRB João Mendes de Jesus, pastor da Universal, disse não ver problemas no debate sobre temas como legalização de droga e aborto. "Os dois candidatos têm posições bem definidas. A população vai decidir. O senador Crivella sustenta suas posições com um grau de conhecimento muito profundo. Mas ele é leve e suave. O que pregamos é que a população fique em paz."

Para o vereador, Crivella terá oportunidade de se apresentar melhor ao eleitorado de classe média que tende a votar em candidatos mais "modernos".

Jesus afirmou também que, embora o diálogo com a cúpula do PMDB-RJ esteja fechado, acredita que "setores do partido vão caminhar com Crivella". "Crivella procurou atacar o PMDB da Lava Jato, mas há um grupo de gente seriíssima." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato Marcelo Freixo (PSOL) disse que não quer fazer uma "guerra santa " ou "cruzada religiosa" na disputa pelo segundo turno com Marcelo Crivella (PRB), que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A jornalistas, contou que o adversário do segundo turno ligou para ele assim que saiu a pesquisa de boca de urna, parabenizando-o. Além disso, Crivella teria dito para Freixo, em tom de brincadeira: "derrotamos o PMDB".

O postulante do PSOL promoveu a sua primeira reunião de campanha após o primeiro turno às 9 horas desta segunda-feira (3) na Glória, na zona sul do Rio. "O segundo turno começa do zero a zero. Será uma batalha entre programas. Vou estudar o do Crivella, que é pequeno. Mas não vou fazer uma cruzada religiosa, uma guerra santa. Temos a nossa preocupação com o estado laico e achamos que o papel da política é um, e o da religião é outro", afirmou o candidato.

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Freixo também disse que vai conversar com adversários do primeiro turno Carlos Osório (PSDB) e para Indio da Costa (PSD). Porém, voltou a declarar que não pedirá apoio ao candidato do PMDB, Pedro Paulo, nem a Flávio Bolsonaro (PSC). "Vou apresentar o meu programa a Indio e Osório para que eles possam migrar para a gente. Com o PMDB não, porque temos propostas de governo muito distintas", comentou.

Apesar de não querer conversar com Bolsonaro, Freixo estima que muitos votos do candidato do PSC possam migrar para ele. "Não vou conseguir das pessoas de extrema direita, mas eleitores que votaram no Bolsonaro pensando na ética podem votar em mim", disse.

O candidato também afirmou que pretende fazer campanha na zona oeste, onde há áreas dominadas por milícias, grupos que combateu como deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). "Em Rio da Pedras, que tem milícia, fui o mais votado. É sintomático. Jamais vou me curvar a nenhum grupo miliciano. Mas é claro que a campanha requer cuidados", comentou.

O parlamentar voltou a exaltar a sua vitória em cima do PMDB, do prefeito Eduardo Paes. "É uma frustração para o PMDB ter perdido nessas condições para mim, que tinha apenas 11 segundos de propaganda e poucos recursos. É uma derrota histórica para o PMDB e vitória para a gente. Tivemos muitos votos na zona sul, que já era esperado, mas também na zona norte. Isso que fez a gente ganhar", afirmou.

O candidato Marcelo Freixo (PSOL), que irá disputar o segundo turno pela prefeitura do Rio de Janeiro com o candidato Marcelo Crivella (PRB), afirmou que o resultado das urnas neste domingo, 2, é uma resposta a um partido golpista, se referindo ao PMDB. No primeiro turno, Freixo superou o candidato Pedro Paulo (PMDB), mesmo partido do presidente da República, Michel Temer, e do atual prefeito, Eduardo Paes.

"Derrotamos o PMDB em homenagem à democracia", disse Freixo, que participa de um ato público no bairro da Lapa, tradicional local de manifestação da esquerda no Rio de Janeiro. "Ninguém segura mais a gente", completou o candidato, sendo aplaudido pela população no local, que gritava "Fora Temer".

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Na votação deste domingo, Crivella liderou com quase 28% dos votos, enquanto Freixo ficou com 18%. Em entrevista coletiva, o candidato Marcelo Crivella disse que já começou a procurar os adversários em busca de apoio. "Vou procurar todas as forças políticas e tentar convencê-las de que chegou a hora de cuidar das pessoas", afirmou o candidato do PRB, citando o slogan de sua campanha.

Os dois únicos candidatos a prefeito com mais de mil doadores de campanha no País, Marcelo Freixo (PSOL) e Pedro Paulo (PMDB), disputam a prefeitura do Rio em condições muito diferentes, embora estejam tecnicamente empatados, com outros três adversários, em segundo lugar nas pesquisas eleitorais. Até domingo (25), Pedro Paulo tinha R$ 7,9 milhões em doações declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 13 vezes e meia os R$ 577,4 mil arrecadados por Freixo.

No caso do candidato do PMDB, que havia recebido recursos de 1.758 pessoas até a semana passada, as empresas, agora proibidas por lei de contribuir com campanhas, foram substituídas por grandes empresários. Muitos têm algum tipo de vínculo com a prefeitura.

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Entre todos os candidatos a prefeito do País, Marcelo Freixo é o líder disparado no número de doadores de campanha: 3.461, até a sexta-feira, 23. Após registrar a candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o representante do PSOL lançou um site específico para a arrecadação, associado à campanha "eu financio Freixo". Artistas como Caetano Veloso, Marieta Severo, Gregório Duvivier, Zezé Polessa e Patrycia Travassos gravaram vídeos, ao lado de voluntários anônimos da campanha, para divulgar o financiamento coletivo. "Estamos unindo pessoas que acreditam em outra forma de fazer política, coletiva, transparente", diz a atriz Marieta Severo.

Em mensagem aos eleitores, Freixo lembrou que, desde 2014, o PSOL não aceita doações de empresas. Em 2012, quando o partido ainda recebia doações de empresas, Freixo diz ter recebido colaboração "de 600 pessoas e apenas três empresas".

Entre os principais doadores de Freixo estão os atores Vladimir Brichta e Mateus Solano, com R$ 4 mil cada um. O escritor e teólogo Frei Betto e a atriz Eliane Giardini doaram R$ 1 mil. Caetano Veloso colaborou com R$ 100, segundo prestação de contas enviada ao TSE.

Conexões

Sócio do grupo Hypermarcas, Marcelo Henrique Limírio Gonçalves, que doou R$ 200 mil à campanha de Pedro Paulo, é um dos donos do Hotel Nacional (São Conrado, zona sul), que, em obra, aguarda aprovação da Secretaria Municipal de Urbanismo para a construção de novas torres (13 andares cada). A secretaria informou que analisa o pedido.

Roberto Kreimer, doador de R$ 100 mil, é dono da Kreimer Engenharia, construtora do AquaRio, aquário na zona portuária erguido em terreno cedido pela prefeitura e que será aberto ao público em novembro.

Também doaram a Pedro Paulo a empresária Gabriela Lobato (R$ 50 mil), da BR Marinas, que administra a Marina da Glória, uma concessão da prefeitura, e Azis Chidid Neto (R$ 113 mil), do grupo Assim Saúde, que atente os servidores municipais.

"Fiz a referida doação espontaneamente, por entender que a candidatura de Pedro Paulo representa a continuidade de uma gestão em que acredito", disse Gabriela Lobato por meio da assessoria de imprensa. "A liberdade para apoiar candidaturas em eleições é um dos pontos basilares de um estado democrático de direito. A única premissa é o respeito às regras de norteiam as eleições."

Também por meio de sua assessoria, Kreimer disse apenas que "a doação foi feita dentro da lei, com transparência" e que "os valores estão declarados e são públicos".

Pedro Paulo recebeu R$ 150 mil do ex-secretário estadual de Saúde Sergio Côrtes, que mora nos Estados Unidos. O candidato do prefeito Eduardo Paes (PMDB) também recebeu colaborações de 57 servidores municipais, no valor de R$ 5 mil cada, somando R$ 285 mil. Pedro Paulo diz não ter "preconceito" no recebimento de doações, "desde que sejam feitas dentro da ética e da lei". O fato de alguns empresários terem ligações com a prefeitura não é impeditivo das doações, afirma.

"A lei não impede doações de pessoas vinculadas a empresas com qualquer ligação com governos. Estou captando sem qualquer preconceito em relação a A, B ou C", disse o peemedebistas. Sobre os servidores, Pedro Paulo diz que eles "abraçaram a causa" de sua campanha. "Eles me conhecem como gestor e me veem como alguém que vai tratá-los com respeito e sem demagogia."

Além da arrecadação 13 vezes e meia maior que a de Freixo, Pedro Paulo tem quase 20 vezes mais tempo de TV. São 3,5 minutos para o candidato do PMDB, que disputa em coligação de 15 partidos, e 11 segundos para o deputado do PSOL, coligado apenas com o PCB. O Datafolha aponta Freixo com 10% e Pedro Paulo com 9%. No Ibope, os dois têm 9%. O líder é Marcelo Crivella (PRB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, reafirmou a esperança de levar a eleição para o segundo turno, apesar do favoritismo do atual prefeito, Eduardo Paes, candidato à reeleição. "As urnas podem surpreender", disse Freixo neste sábado após o último ato antes da votação, um abraço simbólico ao Estádio do Maracanã.

Segundo Freixo, o estádio em obras para a Copa do Mundo de 2014, na zona norte do Rio, foi escolhido para o ato porque tem identificação com a juventude. "Essa campanha teve na juventude sua marca maior. Foi uma campanha pedagógica do início ao fim", afirmou Freixo em rápido discurso antes de os militantes promoverem o abraço simbólico.

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O candidato também conclamou a militância a seguir na posição de "resistência" mesmo em caso de derrota nas urnas, com o acompanhamento das obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas de 2016 como uma das atividades necessárias.

Freixo também rebateu declarações do prefeito Eduardo Paes, que classificou neste sábado seus adversários como a "turma da confusão", que "fez muito mal para a cidade", e "aquela gente que usa o Rio como trampolim para lutas ideológicas que nada têm a ver com os interesses da cidade".

"A agenda ideológica nunca interessou para ele (Paes). Basta ver a quantidade de partidos dos quais ele já participou. A agenda ideológica vale sim para a gente, independentemente de eleição, e essa é uma diferença entre a gente. Para ele, é tudo mercado, para nós os valores são muito importantes", disse Freixo, que criticou o apoio de líderes políticos a Paes. "Se ele (Paes) foi se reunir com os caciques, estamos aqui com o povo, na aldeia", completou.

A organização da campanha estimou que pelo menos 2 mil pessoas participaram do ato, porque este seria o contingente mínimo para ficar em volta do estádio de mãos dadas.

Ao fim da manifestação, a mãe de Freixo, Alenice, de 72 anos, passou mal e foi retirada de carro do local. A assessoria de Freixo informou que ela está bem. Paulo Pinheiro, médico e candidato a vereador pelo PSOL, que fez um primeiro atendimento a Alenice, afirmou que ela provavelmente teve uma queda de pressão.

O show de Caetano Veloso e Chico Buarque rendeu pelo menos R$ 200 mil para o candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo. O valor estimado pela produção do evento e o pelo partido é o total arrecadado com a venda dos 900 ingressos da apresentação que lotou o Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, na noite de terça-feira. Representa 46,5% dos R$ 430 mil que Freixo havia arrecadado até o início do mês. Eleitores declarados do candidato do PSOL, Caetano e Chico vão doar seus cachês. Só será descontado o aluguel do teatro.

As dificuldades de Freixo não são apenas financeiras. A última pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quarta, mostra que o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que busca a reeleição, continua liderando as intenções de voto por larga vantagem. Embora o candidato do PSOL esteja em ascensão, saindo de 13% para 18%, o peemedebista venceria no primeiro turno se o pleito fosse hoje. Ele está com 54%, com elevação de um ponto porcentual em comparação à pesquisa anterior.

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Rodrigo Maia (DEM), com 4%; Otávio Leite (PSDB), com 3%; Aspásia Camargo (PV), com 2%; e Cyro Garcia (PSTU), com 1%, completam o quadro na cidade do Rio. Todos em empate técnico. Fernando Siqueira (PPL) e Antonio Carlos (PCO) não atingiram 1%. Brancos e nulos somam 9% e os eleitores indecisos são 8%.

Os recursos obtidos no show ainda serão repassados para a campanha de Freixo. As limitações financeiras e estruturais do candidato do PSOL ficam ainda mais evidentes quando se compara suas planilhas com as de Paes (PMDB). Na segunda prestação parcial apresentada à Justiça Eleitoral, o peemedebista registrou R$ 6,99 milhões em contribuições para a campanha.

Freixo tinha no advogado e amigo pessoal João Tancredo, que atua na área de direitos humanos, seu principal doador até agora. Foram R$ 260 mil em quatro contribuições registradas no mês de agosto. Na campanha do prefeito, a Multiplan Empreendimentos Imobiliários, incorporadora residencial e comercial e dona de vários shoppings pelo País, aparece com a contribuição mais volumosa, com R$ 500 mil.

Paes, no entanto, ainda registrou R$ 5,5 milhões, o que representa 78,5% do total de suas receitas, na modalidade que ficou conhecida como doação oculta. Trata-se de recursos que aparecem como repasse partidário - o que impossibilita rastrear a origem dos recursos. R$ 2 milhões vieram da Direção Nacional do PMDB. Os outros R$ 3,5 milhões constam como repasses do Comitê Financeiro Municipal Único, que banca despesas da campanha do prefeito e de candidatos à Câmara Municipal.

Dos R$ 430 mil já arrecadados, Freixo usou R$ 140 mil com pagamento de pessoal e R$ 59,5 mil para pagar despesas de produção de programa de rádio e TV. Paes teve como gasto principal com pessoal: R$ 1,7 milhão. Suas despesas com publicidade somam R$ 868 mil.

Showmício - Alertado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), que já avisara que sua presença no evento configuraria showmício, que é vedado pela legislação, Freixo não compareceu ao show. Uma equipe de sete pessoas da Justiça Eleitoral gravaram o show, mas, de acordo com coordenador da fiscalização da propaganda do TRE-RJ, juiz Luiz Fernando Pinto, não foram constatadas irregularidades.

Apesar do teatro estar lotado de simpatizantes, as manifestações de apoio foram mínimas e discretas. Caetano chegou a agradecer à plateia por festejar com ele a chegada da "primavera carioca". O termo, usado para batizar o show de terça, é repetido com frequência por Freixo, numa analogia entre a sua campanha e os movimentos de revolta que ocorreram em países árabes no ano passado.

Caetano e Chico cantaram três músicas juntos: "O X do Problema", de Noel Rosa, "Medo de Amar", de Vinícius de Moraes, e "A Voz do Morro", de Zé Kéti. Os dois gravaram depoimentos que são repetidos com frequência nos programas eleitorais de Freixo.

O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, comprou briga com a cúpula das escolas de samba e abriu a primeira polêmica da eleição carioca. Freixo defendeu que a Secretaria Municipal de Cultura assuma o controle do carnaval e só transfira recursos para as escolas que tiverem enredos com "contrapartida cultural".

Em entrevista à TV Globo, Freixo citou o caso do Salgueiro, que receberá patrocínio da revista Caras para o enredo "Fama", no desfile do ano que vem. "Que sentido faz a prefeitura patrocinar um enredo sobre a Ilha de Caras?", questionou Freixo na TV, sem citar nomes.

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A presidente do Salgueiro, Regina Celi Fernandes, reagiu e lançará, na noite deste sábado, durante o ensaio da escola, um "Manifesto a favor da plena liberdade de expressão". Ela convidou companheiros de todas as escolas a reforçarem o coro dos descontentes.

Marcelo Freixo é crítico dos enredos feitos sob medida para receberem patrocínios privados. Também ataca o atual sistema, em que o desfile é administrado pela Riotur, a empresa municipal de turismo, e a Liga Independente das Escolas de Samba, comandada pelos dirigentes das escolas, alguns ligados ao jogo do bicho. Este ano, cada escola do Grupo Especial recebeu R$ 1 milhão da prefeitura.

Nesta sexta, Freixo pôs mais lenha na fogueira. Depois de negar que sua proposta seja uma forma de censura aos enredos, propôs também mudanças nas regras de venda de ingressos para o desfile e na escolha dos jurados, duas tarefas que cabem à Liesa. "A Liesa não pode substituir o poder público. É um bom debate. Só não aceito a pecha de censura. Não existe dirigismo. As escolas encolhem o enredo que quiserem. Mas qual é a contrapartida? Qualquer edital de qualquer setor da área de cultura que precisa de dinheiro público exige contrapartida cultural. Por que falar isso para as escolas de samba vira escândalo? E tem que ter prestação de contas", disse o candidato.

Freixo elogiou o Salgueiro, "por ter conseguido sobreviver ao jogo do bicho" e disse que poderia ter citado outros exemplos. "Qual é a contrapartida de um enredo sobre iogurte? Eu tenho coragem de travar esse debate", afirmou, em referência ao desfile deste ano da Porto da Pedra, que caiu para o Grupo de Acesso.

Dois candidatos a prefeito, Otávio Leite (PSDB) e Aspásia Camargo (PV), criticaram a proposta de Freixo sobre os enredos. Aspásia falou em "censura prévia" e Otávio Leite considerou "lamentável e autoritária".

No manifesto a ser lançado neste sábado, o comando do Salgueiro critica a "visão dirigista" de Freixo, sem citá-lo diretamente. "Infelizmente há no horizonte uma ameaça potencial à plena liberdade de expressão no Carnaval do Rio. Um candidato a prefeito defende (...) que só devem receber recursos da prefeitura as escolas de samba que tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura (...)Quem determinará se um enredo tem ou não "relevância cultural"? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão", diz o texto.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, evitou incendiar a polêmica. Afirmou que o carnaval não pode "correr o risco de aventuras" e se disse à disposição de Freixo para esclarecer as dúvidas do candidato. O presidente da escola União da Ilha do Governador, Ney Filardi, divulgou "nota de repúdio" à proposta de Freixo.

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