O desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), decretou o afastamento por 30 dias do prefeito de Florianópolis Gean Loureiro, no âmbito da Operação "Chabu", deflagrada pela Polícia Federal. Até recentemente filiado ao MDB, Loureiro foi preso nesta terça-feira, 18, por ordem de Paulsen por suspeita de ter sido beneficiário, ao lado de outros políticos e empresários, de informações secretas repassadas por um grupo de policiais da área de inteligência da própria PF e também da Polícia Rodoviária Federal.
A prisão de Loureiro foi decretada em regime temporário por cinco dias. O afastamento das funções de prefeito começa a valer "a contar do início da sua prisão".
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O desembargador impôs, ainda, outra restrição ao prefeito - ele fica proibido de manter contato, "por qualquer forma, presencial, telefônica, telemática, etc, pessoalmente ou mediante interposta pessoa, com os demais envolvidos na investigação".
Entre os alvos da "Chabu" com os quais Loureiro não poderá se comunicar, citados pelo magistrado, estão o delegado da PF Fernando Caieron e o ex-secretário da Casa Civil, Luciano Veloso Lima.
A Operação Chabu mira organização que violava sigilo de operações policiais em Santa Catarina. O grupo contava com uma rede de políticos, empresários e agentes da PF e da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo a PF, o grupo também contrabandeava equipamentos de contra inteligência.
Além do prefeito, são alvos da investigação o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron e outras cinco pessoas.
Desde cedo nas ruas, agentes da PF cumpriram ao todo 30 mandados, sendo 23 de busca e apreensão e sete de prisão temporária, expedidos pelo desembargador Leandro Paulsen.
Os crimes foram descobertos a partir da análise dos materiais apreendidos na Operação Eclipse, deflagrada em agosto de 2018.
A PF identificou que a organização criminosa formou uma rede de políticos, empresários e servidores da própria corporação e também da Polícia Rodoviária Federal lotados em órgão de inteligência e investigação.
Segundo a PF, o grupo "embaraçava investigações policiais em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas".
A investigação apurou ainda que a quadrilha vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e também contrabandeava equipamentos de contra inteligência para montar "salas seguras", à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas.
A PF investiga associação criminosa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa.
"Chabu"
A Polícia Federal indicou que o nome da operação, "Chabu", significa "dar problema, dar errado, falha no sistema".
"O termo é utilizado em festas juninas quando falham fogos de artifício e era empregado por alguns dos investigados para avisar da existência de operações policiais que viriam a acontecer", destacou a PF.
Defesas
Em nota, a prefeitura de Florianópolis informou que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. "As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à Prefeitura", afirma a assessoria de Loureiro.
A reportagem busca contato com as defesas do delegado Fernando Caieron e do ex-secretário de Estado da Casa Civil Luciano Veloso Lima, atualmente ocupando função na Biblioteca da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.