Tópicos | Gilberto Dimenstein

O jornalista Gilberto Dimenstein morreu nesta sexta (29), aos 63 anos, em São Paulo. Dimenstein lutava contra um câncer de pâncreas, com metástase no fígado, desde 2019. Com uma carreira de mais de quatro décadas, ele já havia passado pelos principais veículos de comunicação do país e era o fundador do site Catraca Livre. 

Dimenstein descobriu o câncer no último ano e chegou a dar entrevistas falando sobre a doença. Em um relato escrito para o jornal Folha de São Paulo, ele disse  o quão transformador um diagnóstico como o que ele teve pode ser. “Câncer é algo que não desejo para ninguém, mas desejo para todos a profundidade que você ganha ao se deparar com o limite da vida. Não queria ter ido embora sem essa experiência”. 

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A notícia de sua morte foi bastante comentada na internet e vários colegas de profissão lamentaram sua partida. A jornalista Míriam Leitão disse: “A perda de Gilberto Dimenstein é gigante para o jornalismo. Ele revolucionou a forma de fazer o nosso ofício. Fez sucesso muito jovem, sempre foi um inteligente analista da vida nacional. Depois foi abrir novas fronteiras como o Catraca Livre”. A colunista e apresentadora Vera Magalhães também prestou sua homenagem: “Uma perda imensa para o jornalismo brasileiro. Um homem íntegro, inspiração para minha geração, que lutou até o fim contra uma doença cruel. Que descanse em paz e que seus familiares e amigos encontrem conforto naquilo que acreditam e uns nos outros”. .

O jornalista Gilberto Dimenstein, que costuma fazer sátiras e críticas políticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e membros aliados ao Planalto, entrou em um embate com a deputada federal e líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann (PSL).

Em um texto seu, Dimenstein faz uma alusão supositória à parlamentar ser usuária da maconha. “Suponhamos que eu escrevesse aqui de forma categórica: Joice Hasselmann é maconheira. Mas sem apresentar uma única prova. O que vocês diriam? Diriam (e com razão) que sou um jornalista irresponsável – um pilantra profissional”, iniciou o jornalista.

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Mais à frente em sua publicação, Gilberto Dimenstein mostrou que fazia uma crítica a notícias de veracidade duvidosa espalhada pela deputada sobre sua vida, mesmo ele tendo pedido que ela parasse de espalhar as informações.

“Suponhamos mais: ofendida (e com razão) Joice pedisse algum indício para sustentar minha acusação. Não provo nada. E, para completar, não desminto.É exatamente essa atitude que a deputada está, neste momento, tendo comigo. Ela me chamou de ativista comunista. Tenho horror ao comunismo – como tenho horror a qualquer ditadura”, complementou.

“Pedi a Joice que mostrasse um único indício de que sou comunista. Não seria difícil achar: um artigo, por exemplo. Apenas isso, um artigo. Preferiu manter o que disse. O que é uma pilantragem. Até entendo que não é fácil pedir ética de uma jornalista condenada pelo conselho de ética do Sindicato do Paraná por ter plagiado dezenas de reportagens. Mas posso garantir ser menos improvável Joice fumar maconha do que eu ser comunista. Aliás, no caso dela até pode ter um uso medicinal”, finalizou Dimenstein.

Após a publicação do jornalista, Hasselmann se mostrou furiosa e disse que vai fazer ele responder criminalmente pelo texto e que a aposentadoria do jornalista está próxima.

“Seu verme. Velho nojento. Tenho TODOS OS PRINTS, inclusive os q vc - COVARDE - apagou. Você vai se ver com a lei em toda a sua extensão. Quero ter o prazer de doar seu dinheiro, o da indenização, para entidades que combatem fake news. Seja bem-vindo à aposentadoria”, escreveu Hasselmann em seu perfil no Twitter.

Em seguida, o jornalista terminou por rebater a deputada: “Agora realmente fiquei preocupado com os ataques de Joice Hasselmann. Pela sua proximidade com o poder, ela já deve ser especialista em vermes e velhos nojentos. Não adianta mudar de assunto e esbravejar: só pedi que você prove que eu sou comunista”.

Danilo Gentilli foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a indenizar Gilberto Dimenstein caso não apague de suas redes sociais algumas publicações consideradas ofensivas ao jornalista. O valor diário da multa é de R$ 1 mil. O apresentador do The Noite ainda pode recorrer da decisão nas próximas 48 horas.

O documento afirma que “Há prova inequívoca [...] que o réu divulgou mensagem que desabonam a imagem do autor. Tal indício justifica a sua pretensão para que o réu retire a publicação ofensiva, sob pena de aplicação de multa diária.” 

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Em seu Facebook, Gilberto Dimenstein escreveu "Se não ensinarmos que liberdade de expressão é direito, mas ofensa é crime, todos estarão ameaçados em seus direitos individuais" e anunciou que o dinheiro ganho através do pagamento da multa será doado para a Orquestra Sinfônica de Heliópolis. 

O processo teve como causa principal comentários de Gentilli no Facebook que se referiam ao jornalista como “Repugnante”. A fala do humorista foi direcionada a uma publicação do Catraca Livre, que é administrado por Dimenstein. A reportagem em questão fazia críticas a uma postagem do apresentador do The Noite no Instagram, na qual ele compara sua assistente de palco, Juliana Oliveira, a um chocolate. Na época, Juliana se pronunciou dizendo não ter visto problema nenhum na publicação do apresentador.

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