O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, se irritou nesta sexta-feira (8) com a movimentação de pessoas em uma área boêmia da cidade e ameaçou "fechar" a região caso não haja uma mudança de comportamento da população.
No entardecer da última quinta-feira (7), imagens mostraram pessoas confraternizando - muitas delas sem máscaras de proteção - em Navigli, área que abriga os antigos canais de Milão e que hoje é conhecida pela agitada vida noturna.
##RECOMENDA##Gravações registraram cidadãos milaneses sentados despreocupadamente nas margens dos canais, menos de uma semana depois do relaxamento da quarentena pelo governo nacional.
Desde a última segunda-feira (4), os italianos podem sair de casa para visitar parentes e relações afetivas e para comprar comida para viagem em restaurantes e bares, mas reuniões de amigos e aglomerações, mesmo que pequenas, continuam proibidas.
"Ou as coisas mudam hoje - não amanhã, é um ultimato -, ou fecharei Navigli e os serviços de retirada [de restaurantes]", disse o prefeito de Milão, acrescentando que as imagens de quinta são "vergonhosas".
"É até um pouco deprimente para mim ter de explicar novamente qual é a situação, mas digo mais uma vez: não estamos apenas em uma crise sanitária, estamos também em uma profundíssima crise socioeconômica. Milão precisa voltar a trabalhar, a trabalhar!", ressaltou Sala.
O prefeito ainda disse que não permitirá que o "1% de milaneses sem cabeça" prejudique os "outros 99%". A cidade de Milão é um dos principais focos de contágio na pandemia do novo coronavírus na Itália, e a província homônima é líder de casos em termos absolutos no país, com 20,9 mil, de acordo com a Defesa Civil.
Em índices relativos, no entanto, é a 21ª colocada (de um total de 107), com 643 casos para cada 100 mil habitantes. O ranking é liderado por Cremona, também na Lombardia, com 1.721 contágios/100 mil hab.
No fim de fevereiro, o prefeito Sala chegou a apoiar uma campanha que dizia que a capital financeira da Itália não podia parar. O vídeo viralizou na web em meio à escalada dos casos no país e após o governo ter decidido confinar as 11 cidades que haviam registrado os primeiros contágios por transmissão interna.
A peça exalta os "milagres" feitos "todos os dias" pelos habitantes de Milão e seus "ritmos impensáveis" e "resultados importantes". "Porque, a cada dia, não temos medo. Milão não para", diz o vídeo. Sala, no entanto, reconheceu ter errado ao apoiar a campanha.
Da Ansa