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Para a maioria das pessoas comuns, a poluição atmosférica é mais perigosa do que o tabaco ou o álcool, e a ameaça é pior no Sul da Ásia, o seu epicentro global, apesar das melhoras registadas na China, afirma um estudo divulgado nesta terça-feira (29).

Apesar deste cenário, o financiamento para enfrentar este desafio é uma fração do destinado ao combate às doenças infecciosas, segundo uma pesquisa do Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago (EPIC).

O seu relatório anual sobre o Índice de Qualidade do Ar (AQI) mostrou que a poluição atmosférica por partículas finas - procedentes de emissões de veículos e industriais, incêndios florestais, etc. - continua sendo a "maior ameaça externa à saúde pública".

Se o mundo reduzisse permanentemente estes poluentes até o limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a expectativa média de vida de uma pessoa aumentaria 2,3 anos com base em dados coletados até 2021.

As partículas finas estão associadas a doenças pulmonares, cardíacas, derrames e câncer. Em comparação, o consumo de tabaco reduz a esperança de vida mundial em 2,2 anos, enquanto a desnutrição infantil e materna é responsável por uma redução de 1,6 ano.

A Ásia e a África suportam a maior carga devido a infraestruturas mais fracas e fundos mínimos para enfrentar a poluição atmosférica. Toda a África recebe menos de 300.000 dólares (1,4 milhão de reais na cotação atual) para esse fim.

"Há uma profunda desconexão entre onde a poluição do ar é pior e onde, coletiva e globalmente, estamos mobilizando recursos para resolver o problema", disse Christa Hasenkopf, diretora de programas de qualidade do ar do EPIC.

Embora exista uma associação financeira internacional chamada Fundo Global que investe 4 bilhões de dólares (19 bilhões de reais na cotação atual) por ano no HIV/aids, na malária e na tuberculose, não existe nenhum fundo equivalente para a poluição atmosférica.

"No entanto, na República Democrática do Congo (RDC) e nos Camarões, a poluição atmosférica encurta mais anos de vida de uma pessoa média do que o HIV/aids, a malária e outras ameaças à saúde", afirma o relatório.

- Bangladesh lidera o ranking -

O Sul da Ásia é a área mais afetada em todo o mundo. Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão são, nessa ordem, os quatro países mais poluídos pelas suas médias anuais de partículas finas, que são detectadas por satélite e são definidas como partículas com diâmetro inferior a 2,5 mícrons(PM2,5).

As concentrações de poluição são então incluídas no índice AQI, que mede o impacto na expectativa de vida.

Os habitantes de Bangladesh, onde os níveis médios de PM2,5 eram de 74 microgramas por metro cúbico, ganhariam 6,8 anos de vida se fossem reduzidos aos 5 microgramas por metro cúbico estabelecidos pela OMS.

Deli, a capital da Índia, é "a megalópole mais poluída do mundo", com uma média anual de 126,5 microgramas de partículas por metro cúbico.

A China "fez progressos de destaque em sua guerra contra a poluição atmosférica" que começou em 2014. A poluição caiu 42,3% entre 2013 e 2021. Se esta tendência continuar, cada chinês poderá viver mais 2,2 anos.

Nos Estados Unidos, regulamentações como a Lei do Ar Limpo ajudaram a reduzir a poluição em 64,9% desde 1970, o que aumentou a esperança de vida dos americanos em 1,4 ano.

Mas a crescente ameaça de incêndios florestais – associada às temperaturas mais elevadas e à menor quantidade de água devido às mudanças climáticas – aumentaram a poluição atmosférica no oeste dos Estados Unidos, América Latina e Sudeste Asiático.

Por exemplo, na temporada de incêndios florestais de 2021 na Califórnia, o Condado de Plumas recebeu uma concentração média de partículas finas mais de cinco vezes superior à relatada pela OMS.

A melhoria da poluição atmosférica na América do Norte nas últimas décadas é semelhante à da Europa, mas ainda existem grandes diferenças entre a Europa Ocidental e Oriental. A Bósnia é o país europeu mais poluído.

De acordo com o relatório de balneabilidade divulgado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), nove trechos de praias paraibanas estão impróprios para o banho. Ao todo, são seis áreas impróprias em João Pessoa, uma em Pitimbu, uma em Cabedelo e uma em Lucena.

O alerta é válido até o dia 25 deste mês, data da nova divulgação do relatório. A análise da balneabilidade da água foi realizada entre 14 a 17 de agosto.

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Os outros pontos monitorados pela Sudema, situados em Baía da Traição, Conde, Mataraca e Rio Tinto tiveram a qualidade das águas classificada como própria, sendo assim, estão liberadas para o banho dos visitantes.

Trechos impróprios para o banho:

João Pessoa

Arraial, em frente à desembocadura do Rio Cuiá;

Bessa I, em frente à desembocadura do Maceió do Bessa;

Cabo Branco, em frente a rotatória do Cabo Branco;

Farol do Cabo Branco, em frente a galeria de águas pluviais;

Manaíra, em frente a quadra de Manaíra;

Manaíra, em frente ao N° 315 da Av. João Maurício;

Manaíra, no final da Av. Ruy Carneiro;

Pitimbu

Maceió, em frente à desembocadura do riacho Engenho Velho

Lucena

Gameleira, Em frente à desembocadura do Riacho Araçá

Cabedelo

Ponta de Campina, em frente a galeria de águas pluviais

Nove em cada dez empresas brasileiras têm motivação para se engajar em uma jornada de descarbonização e conseguem calcular parte de suas emissões de carbono. O maior desafio nesse processo é a falta de regulamentação clara sobre o assunto. É o que mostra estudo realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Cebds) e pelo Boston Consulting Group (BCG) com 53 grandes empresas de setores como agronegócio, transporte, saneamento, mineração e energia.

"Essa percepção é de grandes empresas. Ter 92% motivados com jornada net zero (compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa) é um número grande. Atribuo muito ao fato de as altas lideranças perceberem as implicações das vantagens que têm em estar no Brasil, com matriz limpa e alta diversidade. O mundo inteiro tem, e aqui não é diferente, a pressão de investidores. Mas além da pressão dos investidores há a percepção de que no Brasil isso é muito interessante", afirma a presidente do Cebds, Marina Grossi.

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O principal fator de pressão para o engajamento no assunto vem de dentro: em 75% das empresas, são os maiores líderes que cobram o envolvimento em uma jornada de descarbonização e 64% relatam que há pressão dos investidores pelo mesmo movimento.

"O primeiro ponto importante do estudo é ter um mapeamento objetivo do setor privado para chegar ao net zero. Parece trivial, mas não é. A surpresa positiva é esse crescimento grande das empresas que passam a ter compromissos ambientais, mas ainda há um caminho a percorrer", afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.

"Algo que ouvimos bastante dos executivos que entrevistamos: a venda interna na empresa costuma ser mais fácil quando você embala uma iniciativa de sustentabilidade no viés de oportunidade. Tem espaço a avançar mas já é uma realidade", afirma Jonas Kulakauskas, do Cebds.

A oportunidade identificada nas empresas é mais relevante do que o risco para engajamento na jornada. A primeira é apontada como fator considerado por 62% das companhias. A segunda, por 40%.

O número de empresas brasileiras comprometidas com a metodologia criada pelo SBTi (Science-Based Targets initiative), que monitora metas ou compromissos de redução de emissões aprovados, cresceu 16 vezes entre 2019 e 2022, colocando o Brasil entre os cinco países com maior quantidade de reportes do setor privado no mundo. No entanto, só 24% das emissões nacionais têm emissão reconhecida por empresas e, segundo os compromissos assumidos no SBTi, menos de 0,1% das emissões serão reduzidas até 2030.

DESAFIOS. No levantamento do Cebds e do BCG, as empresas respondem que políticas públicas têm alta importância para aumentar a atratividade de investimentos verdes e 97% dizem que o mais importante é a regulação econômica, com relação ao mercado de carbono, por exemplo. Também dizem (92%) que faltam marcos setoriais, incentivos fiscais (88%) e falta de controle governamental, como políticas contra desmatamento (88%).

O segundo maior desafio é a dificuldade de engajar a cadeia de fornecedores, segundo 49% das empresas. Está aí o obstáculo para medir as emissões de carbono. Só 20% dos que responderam ao trabalho conseguem engajar a cadeia de valor de forma abrangente.

As chamadas emissões do escopo 3, aquelas pelas quais as empresas são indiretamente responsáveis, são as mais difíceis de apurar, segundo os consultados.

As informações são do Estado de S. Paulo

Um estudo publicado no Reino Unido destacou, nesta quinta-feira (18), que cientistas identificaram fungos e bactérias comedores de plásticos nos pântanos salgados da China, uma possível nova arma na luta contra os resíduos.

Os pesquisadores identificaram "fungos e bactérias que degradam o plástico nos pântanos costeiros de Jiangsu", no leste da China, afirma um comunicado do Jardim Botânico britânico Kew Gardens.

De acordo com o Kew Gardens, seus cientistas encontraram "um total de 184 espécies de fungos e 55 espécies de bactérias capazes de decompor" diferentes tipos de plásticos.

As amostras foram coletadas pelos profissionais do Kew Gardens em maio de 2021, em Dafeng, no leste da China, um local incluído na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Um pântano na China. Foto: Pixabay

O material coletado confirmou a presença de uma "plastífera" terrestre – um ecossistema ainda pouco conhecido dos dejetos plásticos na costa.

O Jardim Botânico britânico destacou que "os cientistas estão cada vez mais interessados em micro-organismos, como fungos e bactérias, para enfrentar alguns dos desafios mais urgentes da era moderna, incluindo a crescente onda de poluição por plásticos".

Estudos anteriores já haviam reconhecido o potencial dos micro-organismos para combater a poluição por plásticos.

Até o momento, foram identificadas "436 espécies de fungos e bactérias capazes de decompor o plástico", afirma a instituição.

"Os cientistas do Kew e seus parceiros acreditam que suas últimas descobertas podem levar ao desenvolvimento de enzimas eficazes projetadas para decompor biologicamente os resíduos plásticos", acrescenta.

O estudo é publicado duas semanas antes de negociações em Paris, as quais devem culminar em um tratado internacional juridicamente vinculante contra a poluição por plástico até o final de 2024

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em 2019, foram produzidas 353 milhões de toneladas de resíduos plásticos em todo o mundo. Deste total, 22% acabaram em lixões ilegais, foram queimados a céu aberto, ou descartados na natureza.

E, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a quantidade total de plástico nos oceanos aumentou 50% nos últimos cinco anos, apesar de as políticas nacionais de combate terem aumentado 60%.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje (30), Dia Internacional de Desperdício Zero, que a data tem como meta a conscientização sobre a importância de promover padrões sustentáveis ​​de consumo e produção.

Em mensagem pelo dia, ele lembrou que, todo ano, 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos são gerados, mas 33% não recebem tratamento adequado. A quantidade equivale a um caminhão de lixo cheio de plástico sendo despejado no oceano a cada minuto.

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Alimentos

Segundo Guterres, 10% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa vêm do cultivo, armazenamento e transporte de alimentos “que nunca são usados”.

Para mudar esse cenário, ele pede que o mundo invista maciçamente em sistemas e políticas modernas de gerenciamento de resíduos, que incentivem as pessoas a reutilizar e reciclar tudo, “desde garrafas plásticas até eletrônicos antigos”.

Desperdício

Para o secretário, é preciso “declarar guerra ao lixo” e os consumidores devem agir de forma mais consciente. Ele também cita empresas que precisam contribuir para uma “economia circular e sem desperdício”.

Segundo dados da ONU, o setor de resíduos é parte da tripla crise planetária de mudança climática, perda da biodiversidade e poluição. Os objetivos das iniciativas de desperdício zero são proteger o meio ambiente, aumentar a segurança alimentar e melhorar a saúde e o bem-estar humanos.

A Estratégia Global para Consumo e Produção Sustentáveis ​​pode orientar essa transição. Estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, Estados-membros e partes interessadas, o documento propõe a adoção de objetivos sustentáveis ​​de consumo e produção em todos os setores até 2030.

Lixo

O levantamento da ONU aponta que a humanidade gera cerca de 2,24 bilhões de toneladas de resíduos sólidos anualmente, dos quais apenas 55% são gerenciados em instalações controladas.

Todos os anos, cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos são perdidos ou desperdiçados e até 14 milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos ecossistemas aquáticos.

*Com informações da ONU News

A Alemanha contava, no fim de 2022, com pouco mais de um milhão de veículos totalmente elétricos em circulação, após uma aceleração no ano passado, graças às ajudas estatais para sua compra.

O número de carros elétricos nas ruas "superou a marca de um milhão, com 1.013.009 unidades" no final de dezembro, de acordo com um comunicado da Agência Federal do Automóvel (KBA, na sigla em alemão).

A progressão da frota foi de 63,8% em um ano, apoiada por um bônus de compra muito generoso, que foi revisado para baixo em janeiro.

Nos modelos híbridos recarregáveis, a frota chegou a 864.712 carros, o que representa um crescimento de 52,8% em um ano.

O número total de automóveis se manteve praticamente estável (+0,2%), com 48,8 milhões de unidades, enquanto os veículos em circulação com motores a diesel diminuíram quase 3%, e os a gasolina, em mais de 1%.

O governo de coalizão em torno do chanceler social-democrata Olaf Scholz estabeleceu a meta de ter 15 milhões de carros elétricos nas estradas alemãs até 2030.

Alguns especialistas, como Ferdinand Dudenhoffer, diretor do Centro de Pesquisa Automotiva de Duisburg, duvidam de que esse objetivo seja alcançado.

Em particular, será preciso reforçar a disponibilidade de estações de carregamento, mas já parece que a capacidade das redes de distribuição de alimentar simultaneamente um grande número de carros elétricos e outros consumidores de eletricidade, nos horários de pico, pode ser um problema de longo prazo.

Segundo a imprensa alemã, está sendo debatida uma lei para racionar o abastecimento de estações de recarga, em caso de necessidade.

Um grupo de trabalhadores do Recife foi flagrado, em vídeo, limpando pincéis sujos de tinta nas águas do Rio Capibaribe. Os homens estavam usando uma roupa padronizada amarela, similar à utilizada por funcionários da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Nas imagens, é possível ver um rastro de cor azul correr pelo rio, conforme o utensílio é lavado.

Os funcionários estavam em uma embarcação pequena, próximo à ponte Duarte Coelho, onde está o Galo da Madrugada, no bairro da Boa Vista. Eles realizavam, momentos antes, a pintura da ponte.

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LeiaJá buscou a Prefeitura do Recife (PCR) e a Emlurb para pedir um posicionamento sobre o ocorrido, além de verificar quais as orientações para o procedimento de limpeza dos utensílios da autarquia, e se são oferecidos equipamentos adequados para a realização da função. A reportagem enviou as imagens para a PCR, que apura internamente o caso.

"A Emlurb lamenta o ocorrido e informa que já notificou a empresa terceirizada e vai cobrar da mesma a identificação dos funcionários para reforçar as orientações e adotar providências", disse o órgão, em nota.

Respirar ar poluído por um longo período aumenta o risco de depressão, apontam dois novos estudos, que se somam às evidências crescentes de um efeito prejudicial da poluição na saúde mental.

A primeira pesquisa, publicada na semana passada na revista Jama Psychiatry, acompanhou cerca de 390.000 pessoas por 11 anos no Reino Unido. Os níveis de poluição a que foram expostas foram estimados segundo a localização de seu domicílio.

Os pesquisadores estudaram as taxas de partículas finas (PM2,5 e PM10), dióxido de nitrogênio (NO2) e óxido nítrico (NO), poluição causada em parte por centrais de combustíveis fósseis e pelo tráfego de veículos. “A exposição a longo prazo a múltiplos contaminantes foi associada a um risco maior de depressão e ansiedade", concluíram os cientistas.

O risco observado é não linear, ou seja, cresce fortemente acima de um nível de concentração relativamente baixo e tende a estagnar depois. “Sabendo que as normas de qualidade do ar de muitos países ainda excedem amplamente as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021, deveriam ser estabelecidas normas ou regulações de poluição mais estritas”, destacaram os autores do estudo.

O segundo estudo, publicado nesta sexta-feira na Jama Network Open, concentrou-se no efeito de partículas finas (PM2,5), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) em pessoas com mais de 64 anos. O objetivo era estudar as consequências da poluição atmosférica no desenvolvimento de uma depressão tardia.

Esses trabalhos usaram uma base de dados do Medicare, seguro de saúde pública reservado aos idosos nos Estados Unidos, e estudaram uma população de 8,9 milhões de pessoas, das quais 1,5 milhão sofrem de depressão.

“Observamos associações nocivas estatisticamente significativas entre a exposição a longo prazo a níveis elevados de poluição atmosférica e o aumento do risco de diagnóstico de depressão no fim da vida”, apontaram os pesquisadores. “Indivíduos desfavorecidos socioeconomicamente apresentaram um risco muito maior de depressão na velhice neste estudo”, ressaltaram. “Eles estão expostos tanto ao estresse social quanto às más condições ambientais, incluindo a poluição atmosférica.”

A associação entre poluição e depressão poderia ser explicada pela relação observada entre altas concentrações de poluentes e inflamações cerebrais, segundo os dois estudos. Esses trabalhos "se somam aos elementos cada vez mais numerosos que mostram que deveríamos nos preocupar com os efeitos da poluição na saúde mental", observou Oliver Robinson, professor de neurociências e saúde mental da University College London, que não participou das pesquisas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou, em um relatório nesta terça-feira (7), que as superbactérias resistentes a medicamentos estão proliferando em parte por causa da poluição dos setores farmacêutico e agrícola.

Segundo o texto divulgado, esses patógenos resistentes a medicamentos poderiam matar até 10 milhões de pessoas por ano até 2050.

"É cada vez mais evidente que o meio ambiente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento, transmissão e disseminação" da resistência aos medicamentos antimicrobianos (RAM), explica o relatório da Agência Ambiental da ONU.

A resistência aos antibióticos é considerada uma ameaça pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão teme que o mundo caminhe para uma era em que as infecções comuns sofram mutações e voltem a matar.

Eles estimam que um total de 1,27 milhão de mortes em 2019 podem ser atribuídas à infecções resistentes a medicamentos, informa o estudo.

Mais 10 milhões de mortes por ano podem ser registradas até 2050.

O abuso de antibióticos faz parte das causas dessa resistência de bactérias, parasitas e vírus em geral. Entretanto, também está “estreitamente relacionada com a tripla crise planetária de mudança climática, perda da biodiversidade e da natureza, assim como a poluição e o desperdício”.

Relacionada principalmente à indústria farmacêutica e à agricultura, a poluição permite que os antimicrobianos invadam o meio ambiente, a começar pelos rios.

“É um problema real, já que os rios são muitas vezes a fonte de nossa água potável”, disse à AFP o microbiologista Jonathan Cox, da Universidade Aston, na Inglaterra, que não participou do relatório da ONU.

“Trata-se de uma pandemia silenciosa”, enfatizou.

Entre as medidas para combater este problema, a ONU propõe a reciclagem da água utilizada nos laboratórios farmacêuticos e hospitais.

O Rio Tietê teve avanço na sujeira de suas águas entre 2021 e 2022. A mancha de poluição em um ano aumentou mais de 40%, passando de 85 quilômetros para 122 quilômetros nos 55 pontos de medição em sua bacia, de acordo com monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica. No mesmo período, a extensão da água de boa qualidade despencou de 124 quilômetros no ano passado para 60 na atual medição.

Entre os motivos da perda de qualidade da água estão a transferência de sedimentos contaminados acumulados no reservatório de Pirapora do Bom Jesus para o Médio Tietê. De acordo com o relatório Observando o Tietê 2022, esses sedimentos com altas cargas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) carregam remanescentes de esgotos e de fontes difusas de poluição, como lixo, defensivos agrícolas, fuligem de carros, entre outros.

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Gustavo Veronesi, coordenador da Mata Atlântica, diz que a retomada da atividade econômica após dois anos da pandemia de covid-19 também entra na conta, mas não pode ser vista como a única responsável por esse aumento. "Mesmo na pandemia, as pessoas continuaram gerando esgoto doméstico, as produções agrícolas continuaram acontecendo, mas, sim, ter mais pessoas na rua gerando poluição difusa que acaba indo para o rio contribui para o avanço da poluição", afirma.

Em 2021, a pandemia ainda prejudicou a medição, feita por grupos voluntários ao longo da bacia do Tietê. "Antes da pandemia, tínhamos mais de cem grupos nas bacias do alto e médio Tietê e que agora estão voltando", diz Veronesi.

O monitoramento foi realizado por 35 grupos voluntários da SOS Mata Atlântica, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, ao longo de 576 quilômetros do rio, desde a nascente, em Salesópolis, até a jusante da eclusa do Reservatório de Barra Bonita. O Tietê se estende por 1.100 km de sua nascente à foz, no Rio Paraná. "Esse resultado vem de pontos representativos", afirma Veronesi.

O relatório divulgado nesta quinta-feira, quando é lembrado o Dia do Rio Tietê, faz parte do projeto Observando os Rios, que conta com o apoio da Ypê. Dos 55 pontos de coleta, 34 estão situados ao longo do rio principal.

MELHORA

Em três deles foi constatada melhora na qualidade da água, todos na chamada região Tietê Cabeceira. Em cinco pontos houve piora: no trecho do Tietê entre Botucatu e Barra Bonita, a água passou de boa para regular e, em Laranjal Paulista, de regular para ruim. Em Santana de Parnaíba a classificação da qualidade foi péssima. Em Anhembi, Barra Bonita, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus, Salto e Tietê, os índices se mantiveram regulares. Em Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano, na Grande São Paulo, ruins.

Segundo Veronesi, quando se compara o dado atual com o que já foi a poluição do rio nos anos 90 a situação agora é bem melhor, mas nem por isso o retrato mais recente deve deixar de ser considerado preocupante. "Se a gente considerar todos os rios da bacia houve uma certa estabilidade. A piora mesmo foi no Tietê em si", diz o coordenador do SOS Mata Atlântica. "Há 20 anos, essa mancha de poluição era de mais de 500 km e foi regredindo, mas é triste ver que aumentou de 85 km para 122 km em um ano."

De acordo com Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, durante a pandemia, a medição foi prejudicada em razão da diminuição dos pontos e da frequência das análises. Em nota, a pasta do governo do Estado afirma que "outros estudos sobre a queda da poluição difusa na Grande São Paulo durante a quarentena, entre os quais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Cetesb, também mostram que não é possível comparar períodos atípicos."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo de Nova Délhi decretou o fechamento das escolas até nova ordem, pediu aos moradores que optem pelo teletrabalho e proibiu o acesso dos caminhões de mercadorias não essenciais à cidade, com o objetivo de conter os perigosos níveis de poluição na capital da Índia.

A cidade de 20 milhões de habitantes, uma das mais poluídas do mundo, é afetada a cada inverno (hemisfério norte) por uma densa camada de névoa tóxica.

No sábado, as autoridades de Nova Délhi anunciaram o fechamento das escolas durante uma semana e paralisaram as obras do setor de construção durante quatro dias.

Mas um decreto de terça-feira à noite da Comissão de Gestão da Qualidade do Ar determina que o fechamento das escolas prosseguirá até nova ordem.

O organismo também proibiu a entrada de caminhões não essenciais na cidade até 21 de novembro, a interrupção das operações de seis das 11 usinas térmicas em um raio de 300 quilômetros e impôs o teletrabalho para 50% dos funcionários públicos, com a recomendação para que as empresas privadas sigam o exemplo.

A ordem foi anunciada poucos dias depois de o governo de Délhi ter rejeitado um pedido da Suprema Corte da Índia para a declaração, pela primeira vez, de um "confinamento por poluição", que restringiria os deslocamentos da população.

Esta semana, o nível de poluição por partículas PM 2,5, as mais prejudiciais e responsáveis por doenças crônicas dos pulmões e coração, superou concentrações de 400 microgramas por metro cúbico em diversas partes da cidade.

Na semana passada, o nível chegou a 500, o que representa 30 vezes mais que o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Um estudo publicado na revista The Lancet em 2020 afirma que pelo menos 17.500 pessoas morreram em Nova Délhi em 2019 devido à poluição do ar.

Um relatório publicado em 2020 pela organização suíça IQAir informa que 22 das 30 cidades mais contaminadas do mundo ficam na Índia. E Nova Délhi é a capital mais poluída do planeta

Com o céu escurecido por uma nuvem de fumaça cinza, dificuldades respiratórias da população e monumentos desaparecendo por detrás da névoa, o governo indiano ordenou o fechamento de escolas por uma semana e a paralisação de obras de construção por quatro dias a partir desta segunda-feira (15), devido à situação crítica da qualidade do ar, classificada neste domingo como "muito ruim" pela principal agência de monitoramento ambiental da Índia, chamada Safar. Os funcionários públicos vão trabalhar de casa durante uma semana.

O céu da capital indiana está coberto neste domingo por uma espessa fumaça cinza e em muitos locais os níveis de poluição atingiram seis vezes além do limite de segurança.

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Imagens de satélite da agência americana Nasa também mostraram a maior parte das planícies do norte da Índia cobertas por uma névoa espessa. Entre as muitas cidades indianas que enfrentam o problema, Nova Délhi está no topo da lista todos os anos. A crise se agrava especialmente no inverno, quando as queimadas de resíduos agrícolas nos estados vizinhos coincide com temperaturas mais baixas, que geram uma fumaça tóxica.

Essa fumaça chega a Nova Délhi, onde causa poluição em uma cidade de mais de 20 milhões de habitantes e agrava uma crise de saúde pré-existente.

A autoridade eleita de mais alto escalão da cidade, Arvind Kejriwal, disse que um bloqueio total da cidade provavelmente seria declarado, mas a decisão seria tomada após consulta ao governo federal.

Os problemas com poluição não se limitam a Nova Délhi. Em outras áreas urbanas da Índia, a má qualidade do ar tem sido associada às emissões de indústrias sem tecnologia de controle de poluição e do carvão, que ajuda a produzir a maior parte da eletricidade do país.

Na cúpula do Clima em Glasgow, a Índia pediu no sábado (13) uma mudança de última hora para chegar a um acordo final nas negociações climáticas cruciais. O país pediu para que se usasse o termo "redução" ao invés do "abandono" da energia movida a carvão. Fonte: Associated Press.

Nova Délhi deve preparar medidas urgentes contra a poluição atmosférica, que atingiu níveis alarmantes nos últimos dias, informou o agência de controle da contaminação da Índia.

Neste sábado (13), os níveis de partículas finas em suspensão PM2,5 - as mais perigosas, com diâmetro inferior a 2,5 mícrons - superaram 300 microgramas por metro cúbico, mais de 10 vezes acima do limite diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A incineração em larga escala de resíduos agrícolas nos arredores - prática que foi proibida pela justiça - e as más condições meteorológicas explicam o pico de contaminação, que se traduz a cada inverno em uma nuvem densa que cobre a capital de 20 milhões de habitantes.

"A cidade deve estar completamente preparada para adotar medidas urgentes", afirmou a Comissão Central de Controle da Poluição, vinculada ao governo federal indiano.

Além disso, a comissão pediu aos moradores que "limitem suas atividades ao ar livre para minimizar a exposição".

Se o nível de PM2,5 permanecer acima de 300 por mais de 48 horas, as autoridades devem aplicar um plano de emergência que incluirá o fechamento das escolas do ensino básico, restrições ao tráfego de veículos e a paralisação de todas as obras de construção.

Nova Délhi já adotou tais medidas em 2019.

"Ventos fracos deixarão as condições meteorológicas muito desfavoráveis para a dispersão dos poluentes até 18 de novembro", advertiu a comissão.

Um relatório publicado em 2020 pela organização suíça IQAir informa que 22 das 30 cidades mais contaminadas do mundo ficam na Índia. E Nova Délhi é a capital mais poluída do planeta.

Em 2019, a poluição provocou 1,67 milhão de mortes na Índia, incluindo quase 17.500 mortes na capital, segundo a revista médica The Lancet.

A Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) irá apresentar o projeto-piloto considerado inovador para o tratamento de água poluída na capital pernambucana, os jardins filtrantes, no Circuito Urbano, uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), que será realizado nesta quarta-feira (27).

A iniciativa será explanada a partir do tema "projetos executivos de soluções baseadas na natureza (SBNs)". A iniciativa dos Jardins Filtrantes faz parte de um dos 17 caminhos estratégicos do planejamento de longo prazo da capital pernambucana, o Plano Recife 500 Anos, que é executada pela ARIES através do projeto CITinova, que será apresentada como um SBNs.

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Marcos Batista, presidente da ARIES, responsável por apresentar a iniciativa, revela que os Jardins Filtrantes é uma tecnologia já utilizada no Rio Sena, em Paris e é uma solução baseada na natureza "que possui princípios como poder ser medida, verificada e replicada, além de fornecer benefícios da biodiversidade".

Projetados para ocupar aproximadamente 7 mil m², os Jardins serão responsáveis pelo tratamento de cerca de 10% da vazão da água poluída que desagua no Rio Capibaribe. Eles serão instalados na foz do Riacho do Cavouco, localizada no Parque do Caiara, no bairro da Iputinga.

De acordo com um relatório publicado pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), 14% dos corais no Planeta Terra desapareceram entre os anos 2009 e 2018. A organização afirma que este é um dos estudos científicos mais precisos sobre os oceanos no mundo. Entre os maiores causadores do fenômeno estão a pesca predatória, a poluição e as mudanças climáticas em todo o planeta.

Segundo comunicado oficial da organização ambiental, a porcentagem perdida equivale a uma área de 11.700 km², uma quantidade maior que todos os corais vivos na Austrália, por exemplo. É importante ressaltar que os corais são uma espécie de abrigo para muitas formas de vida, como pequenos animais e plantas, além de servir como fonte de proteína e medicamentos, dos quais pelo menos 1 bilhão de pessoas dependem.

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Para que a pesquisa tivesse um diagnóstico mundial, foram coletados dados em mais de 12 mil locais oceânicos diferentes, em cerca de 70 países. E assim, pode-se observar episódios recorrentes, como o branqueamento dos corais, em virtude da alta temperatura dos oceanos. “Podemos reverter as perdas, mas temos que agir agora”, informou a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Parte do relatório também mostra que a situação atual, em partes, ainda é reversível, já que os corais de recife podem recuperar a saúde caso medidas sejam tomadas o mais rápido possível. Vale lembrar que apesar dessa condição, a recuperação dos corais se trata de um processo a longo prazo, uma vez que também é necessário reduzir os efeitos do aquecimento global, e as atividades predatórias como pesca e poluição.

 

 

De acordo com os dados levantados no relatório anual do Energy Policy Institute da Universidade de Chicago (EPIC), a poluição que circula no ar já pode ser considerada mais letal que o fumo. Eventos como os incêndios na Amazônia são tidos como agravantes para a má qualidade do ar do Brasil, e assim, levanta-se o questionamento sobre o que é possível fazer para evitar que a poluição continue afetando a saúde de milhões de pessoas.

De acordo com a médica otorrinolaringologista Milena Costa, a qualidade do ar que respiramos está diretamente relacionada à saúde respiratória e bem estar, e o excesso de poluentes funcionam como uma espécie de agressor às células presentes em todo o aparelho respiratório, desde o nariz até os pulmões. “Sendo assim, é muito importante evitarmos a exposição a esses poluentes de forma prolongada, assim como lançarmos mão de uma limpeza da mucosa nasal com soluções fisiológicas para lubrificação e higiene respiratória”, orienta a médica.

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Além de todo o sistema respiratório que pode ficar comprometido no contato com a poluição, Milena explica que a pele e os olhos também podem ser prejudicados nesse processo. Assim, é possível projetar que o contato com a má qualidade no ar pode estar associado a um mal funcionamento crônico, semelhante ao tabagismo, que pode resultar em lesões na pele por agressão prolongada de raios UV, além de outras lesões indesejadas dentro do sistema respiratório.

Políticas Públicas

Como medida de segurança pública que pode ser adotada, a especialista cita que deve haver um maior rigor nos controles de emissão de gás carbônico pelas indústrias e automóveis, principalmente em áreas urbanas. Além disso, uma melhora na qualidade do ar pode estar associada diretamente à redução de áreas de desmatamento, políticas de desenvolvimento de geração de energia sustentável.

 

 

Reduzir a poluição do ar aos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) poderia prevenir mais de 50.000 mortes por ano na Europa - aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (20), que pede uma ação rápida.

A OMS estima que a poluição do ar mata mais de sete milhões de pessoas por ano em todo mundo e também causa doenças e absenteísmo no trabalho.

O limite recomendado pela OMS para partículas finas PM2,5 é de 10 microgramas/m3 como média anual e, para o dióxido de nitrogênio (NO2), 40 μg/m3 como média anual.

A nocividade para a saúde das partículas finas foi demonstrada, especialmente nas áreas urbanas, contribuindo, por exemplo, para mortalidade e doenças cardiovasculares e respiratórias, transtornos na gravidez e no crescimento fetal.

Publicado na revista Lancet Planetary Health, o estudo calculou as mortes prematuras ligadas a esses dois poluentes em 1.000 cidades europeias.

Respeitar as recomendações da OMS permitiria evitar 51.213 mortes prematuras por ano, segundo os pesquisadores.

O estudo "mostra que muitas cidades continuam sem fazer o suficiente contra a poluição do ar", estima Mark Nieuwenhuijsen, do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal).

O número de mortes relacionadas com a poluição do ar varia de acordo com a cidade. As mais afetadas se encontram na Polônia, na República Tcheca e na planície de Padana (também conhecida como Vale do Pó), na Itália. Em contraste, a capital da Islândia, Reykjavik, Tromsø na Noruega, Umea na Suécia e Oulu na Finlândia são as menos expostas.

Em média, 84% da população das cidades está exposta a níveis superiores aos recomendados pela OMS para os PM2,5, e 9%, para o NO2.

Segundo Sasha Khomenko, coautor do estudo, é importante aplicar medidas adaptadas às condições locais, pois os níveis de poluição variam. Mudanças devem ser feitas no tráfego rodoviário, na indústria, nos portos e aeroportos, assim como no aquecimento a lenha e a carvão.

Um estudo sobre os níveis de poluição das grandes metrópoles em meio à pandemia constatou que o chamado lockdown, que fecha empresas atuantes nos segmentos não-essenciais, contribuiu pouco para a redução de gases tóxicos lançados na atmosfera. Embora as 11 cidades analisadas no levantamento encabeçado pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, tenham emitido menos poluentes, o número foi abaixo da expectativa dos cientistas.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Science Advances, os índices de dióxido de nitrogênio produzidos pelo tráfego de veículos, que chegaram a atingir redução média de 60% em estudos realizados entre 2015 e 2020, caíram apenas 30% na atual análise. O levantamento também confere uma alta da emissão de ozônio, prejudicial à saúde e às plantações. Segundo os pesquisadores, embora veículos poluentes como automóveis, caminhões e aviões tenham circulado menos durante a recomendação de isolamento social, outras fontes de poluição, como as caldeiras industriais, refinarias e usinas de energia não deixaram de funcionar e acabaram sendo os maiores responsáveis pelo lançamento dos gases tóxicos na atmosfera.

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O estudo elaborado pelos ingleses teve como base os índices de poluição captados em cidades como Berlim (Alemanha), Pequim e Wuhan (China), Madri (Espanha), Nova York e Los Angeles (Estados Unidos), Paris (França), Nova Déli (Índia), Milão e Roma (Itália) e Londres (Reino Unido).

O Relatório de Qualidade Ambiental (RQA) do Estado de São Paulo, produzido anualmente para disponibilizar informações sobre o quadro ambiental do Estado e divulgado no início deste mês, é alvo de críticas de ambientalistas. Representantes do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) de São Paulo encaminharam ao secretário paulista da área, Marcos Penido, um documento com sugestões de materiais para serem incluídos no levantamento. Segundo eles, as informações sobre a poluição atmosférica apresentadas no relatório são genéricas e não apontam os reais problemas enfrentados pela população.

A conselheira do Consema Patrícia Bianchi, especialista em Direito Ambiental, apontou que "a sociedade tem o direito às informações corretas sobre a qualidade ambiental de sua região, assim como são necessárias as providências urgentes pelas autoridades responsáveis". Um exemplo é o Polo Industrial de Capuava, em Santo André. A pesquisadora Maria Ângela Zaccarelli, médica endocrinologista que pesquisa os efeitos da poluição na população da região, comenta que "os moradores próximos ao Polo estão cada vez mais assustados e pedindo soluções, pois estão sofrendo as consequências das doenças provocadas pela poluição atmosférica". Apesar de abordar a presença de poluentes nas águas de abastecimento público, não foi determinada uma solução definitiva.

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As políticas públicas apresentadas não avançam em termos de análise quantitativa, diz o conselheiro Vilázio Lellis Jr., engenheiro agrônomo. Diante do volume de informações, o que é dito já é conhecido. "Não há o aperfeiçoamento das políticas públicas para correção das piores desconformidades ambientais existentes, como a presença de agrotóxicos na água de reservatórios para abastecimento humano", comenta Vilázio.

O tom genérico do relatório, assim, não dá espaço para apontar as reais medidas de proteção à população. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, "a falta de eficácia do relatório tem a ver com a falta de participação social no sistema de meio ambiente, já que o Consema tem sido ausente da discussão das políticas públicas de proteção ambiental". Ao não colocar a população como prioridade na construção do RQA 2020, a pesquisa torna-se ineficaz, estática e meramente burocrática, segundo Carlos, "sem apontar as reais intervenções necessárias na realidade para a melhoria da qualidade ambiental do Estado", afirma.

A justiça britânica reconheceu pela primeira vez nesta quarta-feira (16) o papel da poluição atmosférica em uma morte, de uma menina de nove anos que morava perto de uma rodovia movimentada e faleceu em 2013 em Londres.

"Minha conclusão é que a contaminação atmosférica contribuiu materialmente para a morte de Ella Adoo-Kissi-Debrah", anunciou o legista assistente do distrito de Southwark em Londres, Philip Barlow, após duas semanas de audiências do caso.

A criança faleceu em 15 de fevereiro de 2013, vítima de uma grave crise de asma depois de quase três anos de ataques repetidos e mais de 30 internações relacionadas com a doença.

Ela morava com a família a menos de 30 metros da South Circular, uma rodovia muito movimentada e frequentemente congestionada do sul de Londres.

Uma investigação inicial realizada em 2014 determinou que ela morreu por insuficiência respiratória aguda causada por asma severa.

Mas em 2018 o professor Stephen Holgate, especialista britânico em poluição atmosférica, apontou um "vínculo evidente" entre as internações da menina em serviços de emergência e os picos registrados de dióxido de nitrogênio (NO2) e de partículas em suspensão, os poluentes mais prejudiciais.

No início da segunda investigação judicial, no fim de novembro, o advogado da família, Richard Hermer, acusou as autoridades locais de demorar a adotar medidas contra o forte aumento da poluição do ar na região.

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