Tópicos | fumantes

Os brasileiros que fumam destinam cerca de 8% da renda familiar per capita (por indivíduo), mensalmente, para a compra de cigarros industrializados. O gasto mensal chega a quase 10% da renda entre os fumantes na faixa etária de 15 a 24 anos, atingindo 11% entre aqueles com ensino fundamental incompleto. Os dados constam de pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que será apresentada nesta quarta-feira (31), na sede da instituição, no Rio de Janeiro, durante o lançamento da campanha "Precisamos de comida, não tabaco”, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A campanha marca o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio. A sondagem teve por base dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.

##RECOMENDA##

“De maneira geral, a variação maior ocorre no rendimento e não tanto no gasto. Para pessoas que têm escolaridade mais baixa, que moram em estados ou regiões em que a renda média é menor, o gasto com cigarro acaba tendo uma contribuição relativa maior”, destacou, em entrevista à Agência Brasil, o médico André Szklo, um dos autores do estudo, realizado pela Divisão de Pesquisa Populacional do Inca. Por isso, entre os fumantes de baixa escolaridade, o comprometimento do gasto com cigarro, em função da renda domiciliar per capita do domicílio onde reside, é maior do que entre fumantes que tenham escolaridade mais elevada.

A mesma coisa ocorre em regiões do país. No Norte e Nordeste, onde a renda média é menor, comparada com o Sudeste e Sul, o comprometimento do gasto com o cigarro acaba sendo maior também, indicou Szklo. Por sexo, o percentual alcança 8% para os homens e 7% para as mulheres.

Por regiões

As regiões Norte e Nordeste concentram os maiores gastos com o tabagismo, sendo o Acre o estado com o maior comprometimento de renda (14%), seguido por Alagoas (12%), Ceará, Pará e Tocantins (11% cada). Na Região Sul, Paraná e Rio Grande do Sul registram 8% de gastos com cigarros e Santa Catarina, 7%. No Sudeste, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentam gastos em torno também de 8%, enquanto São Paulo e Espírito Santo atingem 7%. Os menores índices de comprometimento de renda, em contrapartida, aparecem na Região Centro-Oeste, com Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal mostrando gastos de 6% cada. Mato Grosso e Goiás alcançam 9% cada.

André Szklo informou que essa contribuição é derivada de duas variáveis: quanto a pessoa está gastando em média, naquele mês, com cigarro, e o rendimento médio dos domicílios daqueles estados onde há um morador fumante. “Não necessariamente vai ser o mesmo (gasto) para todos os estados. Porque tem a relação de quanto você gasta e o rendimento médio do domicílio daquele estado, per capita’. Por exemplo, quando se nota que Mato Grosso do Sul tem contribuição menor, isso pode ser em função tanto de um rendimento maior domiciliar entre as famílias que têm pelo menos um fumante, como também um gasto proporcional menor desse fumante de Mato Grosso do Sul, não necessariamente porque ele está comprando menos cigarro, mas também pelo preço que está pagando pelo produto.

Preço mais barato

O pesquisador do Inca lembrou que Mato Grosso do Sul faz fronteira com o Paraguai, porta de entrada importante para cigarros que não pagam imposto, os chamados ilegais, cujo preço é menor do que o do produto legal. Depois do Paraguai, o Brasil é o país que tem o cigarro mais barato das Américas. “Desde 2017 que a gente tem uma queda real, isto é, já descontada a inflação, do preço do cigarro legal brasileiro. É um cigarro muito barato”. No gasto analisado pelo Inca, está incluído o gasto com cigarro legal e ilegal.

Como se consome um cigarro muito barato no Brasil, André Szklo disse que isso leva a pessoa a não parar de fumar e, também, que adolescentes e jovens, principalmente, acabem sendo motivados e conduzidos a começar a fumar, estimulados pelo preço muito baixo. O pesquisador alertou que o gasto com cigarro que está comprometendo a renda domiciliar poderia ser aproveitado de outra forma, como no consumo de alimentos saudáveis ou investindo em atividades de lazer, físicas, esportivas, de prevenção de uma série de doenças. Mas, ao contrário, ele está sendo direcionado para o consumo de cigarros.

A recomendação é que é preciso voltar a criar barreira, defendeu Szklo. “E essa barreira para o gasto com cigarro é voltar a aumentar o preço”. Na avaliação do pesquisador do Inca, aumentar as alíquotas que incidem sobre os produtos finais do tabaco e, consequentemente, sobre o preço final do cigarro, é a medida mais efetiva de saúde pública e controle do tabaco, para reduzir a iniciação e estimular a suspensão desse hábito. “Se a gente voltar a aumentar o preço do cigarro, os fumantes vão acabar gastando menos, porque vão parar de fumar”.

SUS

O estudo do Inca destaca a importância de ser criado de fato um imposto específico para produtos derivados do tabaco, de forma que se possa voltar a ter aumento de preço. Os recursos desse imposto devem ser canalizados para o Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, para tratamento de doenças relacionadas ao uso do tabaco. “O custo do tabagismo para o país representa muito mais do que é arrecadado em termos de impostos pela indústria do tabaco”. Segundo Szklo, a arrecadação chega a 10% do custo estimado de R$ 125 milhões por ano.

O médico do Inca insistiu que o estudo é um alerta para que se volte a aumentar o preço do cigarro, a fim de que os gastos dos brasileiros com a compra do produto deixem de ser feitos. “Para que os fumantes parem de fumar ou nem comecem a fumar e, com isso, a gente possa reduzir a iniquidade na distribuição de fumantes na população e, também, em termos de desfechos de saúde. Porque é exatamente nas populações de menor renda, nos estados mais pobres, entre as famílias de menor escolaridade, que o cigarro acaba comprometendo mais o rendimento domiciliar per capita".

Szklo reforçou que se os integrantes desses domicílios pararem de fumar ou nem começarem a fumar, esse dinheiro que hoje é gasto com cigarro poderá ser canalizado para outras ações de promoção da saúde das pessoas, além da compra de alimentos, que é o tema deste ano do Dia Mundial sem Tabaco.

A pesquisa mostra que se a pessoa não estiver gastando com tabaco, ela pode usar o dinheiro para comprar comida, sem cair, porém, na interferência da indústria de alimentos ultraprocessados, mas dando preferência a alimentos saudáveis. “Obviamente, se tiver menor consumo de tabaco, vai ter mais comida no prato do brasileiro, porque a pessoa pode destinar também uma parte da área empregada atualmente no cultivo de folhas de tabaco para alimentos como arroz e feijão, entre outros. O estudo alerta para que o país continue avançando no combate ao tabagismo”.

Ações

A campanha da OMS é liderada no Brasil pelo Inca. Ela destaca a importância de ações que incentivem a produção de alimentos sustentáveis em substituição ao cultivo do tabaco, além da diversificação da produção, da proteção do meio ambiente e da melhoria da saúde dos trabalhadores envolvidos com essa cultura.

Durante evento alusivo ao Dia Mundial sem Tabaco, o Inca exibirá estratégias que visam à redução do consumo. O órgão do Ministério da Saúde receberá, na ocasião, prêmio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em reconhecimento às ações que contribuem para a diminuição do consumo de produtos de tabaco no país. Em parceria com as secretarias estadual e municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o Inca promove ainda ação na Praça da Cruz Vermelha, região central da capital fluminense, destinada à sensibilização de tabagistas para que parem de fumar. Serão distribuídos materiais informativos à população. 

O número de fumantes diminuiu constantemente nos últimos anos, mas os esforços para combater o tabagismo devem continuar diante do ativismo da indústria do tabaco, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2020, 1,3 bilhão de pessoas consumiam tabaco no mundo, 20 milhões a menos do que há dois anos, segundo novo relatório da instituição.

A queda deve continuar até 2025, quando são esperados cerca de 1,27 bilhão de fumantes, ou seja, aproximadamente 20% da população mundial com mais de 15 anos.

Em 2000, a proporção era de quase um terço.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, comemorou o declínio, mas advertiu que "há um longo caminho a percorrer e a indústria do tabaco fará o que for preciso para defender os enormes lucros que obtém com a venda de seu produto mortal."

Segundo estatísticas da OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de fumantes a cada ano e 1,2 milhão de pessoas morrem devido ao tabagismo passivo.

O número de mortos continuará aumentando, apesar da redução no consumo, "porque o tabaco mata lentamente".

A OMS comemora o fato de 60 países estarem no caminho certo para atingir a meta de redução voluntária do consumo de 30% entre 2010 e 2025. É quase o dobro do que há dois anos.

"Estamos vendo grandes avanços em muitos países", disse Ruediger Krech, que dirige o departamento de promoção da saúde da OMS, ao afirmar que "essa conquista é frágil".

Segundo o relatório, com apenas US$ 1,68 de investimento per capita em medidas de acompanhamento para o abandono do tabagismo, 152 milhões de fumantes poderiam parar de fumar até 2030.

Embora os números - que não incluem os cigarros eletrônicos, que têm grande adesão - estejam diminuindo, o relatório aponta que 36,7% dos homens e 7,8% das mulheres no mundo continuavam usando o tabaco no ano passado.

A isso se somam 38 milhões de jovens entre 13 e 15 anos, ou seja, 10% do total de adolescentes dessa faixa etária.

Na Europa, 18% das mulheres continuam a usar tabaco, consideravelmente mais do que em todas as outras regiões do mundo, e "as mulheres europeias estão reduzindo seu uso mais lentamente" do que no resto do mundo.

A região oeste do Pacífico deve ter a maior taxa de consumo masculino em 2025 (45%).

O ponto final teve dia: 15 de maio foi quando Josélia Leite, de 51, e o filho Lucas Sousa, de 21, resolveram abandonar juntos o tormento do cigarro. Outro roteiro em comum na história desses brasilienses é que iniciaram o vício muito jovens. Ela, com 20. Ele, com 16. "Parei principalmente para que o Lucas não seguisse com esse vício. Não queria ser esse exemplo pra ele." Cada dia, desde aquela data, é uma luta para que o ponto final não se transforme em vírgula. Eles se conscientizaram porque tiveram informações que os efeitos do tabagismo, além de outros prejuízos à saúde, poderiam representar fatores de risco durante a pandemia do novo coronavírus.

Neste sábado (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, eles completam três meses e 14 dias de força de vontade e de certeza da decisão. "Às vezes, eu sinto muita falta. Mas me sinto bem melhor, e muito feliz porque o Lucas também parou", diz a servidora pública que chegou a fazer tratamento para parar de fumar pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. "Ainda bem que conseguimos parar. Naquele dia, acabaram os cigarros e, no dia seguinte, não tocamos mais em uma carteira. Antes, a sensação era de fadiga constante", lembra o rapaz. A história deles, de repetição de comportamento em relação ao vício, é considerada comum entre os especialistas, cada vez mais preocupados com a fragilidade dos adolescentes diante das ofertas de cigarro tradicional, e de outros produtos como os com sabor, eletrônico e o narguilé.

##RECOMENDA##

A psicóloga Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), chama a atenção para o fato de que os mais jovens acabam sendo seduzidos por propagandas frequentes e estratégias do mercado. "Os jovens ficam com ideia de que esses produtos alternativos fazem menos mal à saúde e que poderiam ajudar a parar de fumar. E isso não é verdade. Devemos ficar atentos às novas artimanhas das empresas tabagistas para conquistas de novos públicos."

A especialista reitera que a nicotina provoca dependência química que faz com que o usuário do tabaco se exponha também à covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. "Ser fumante causa prejuízo a qualquer momento. Mas agora ainda mais. As pessoas levam a mão à boca, por exemplo. Uma vez fumante, a pessoa tem o risco aumentado de desenvolver a forma mais grave da doença pela fragilidade respiratória que o hábito de fumar provoca".

O momento da pandemia fez como que as pessoas diminuíssem o acesso aos serviços de saúde, em função do momento. "Estamos estimulando que haja mais unidades de saúde pública dispostas a fornecer serviços de apoio aos fumantes. Pelo diagnóstico que fizemos, alguns estados têm fornecido serviços virtuais, individuais e também ao ar livre. Estamos nos reinventando para atender mais". A especialista entende que o país é um dos líderes no combate à doença, mas a venda dos produtos em redes sociais, por exemplo, é um inimigo. "Conseguimos avançar bastante e o Brasil é um modelo por ter uma política de controle desde a década de 1980. Tínhamos uma taxa de prevalência (no uso do cigarro) em torno de 34%. Na última pesquisa, temos 9,8% dessa prevalência."

O pesquisador André Szklo, também do Inca, ressalta que há uma tendência de crescimento de consumo de jovens nas últimas pesquisas e que é necessário fiscalizar as ações da indústria do tabaco e da aplicação da leis de combate. Ele recorda a importância de uma resolução da Anvisa que proíbe a exposição de cigarros ao lado de doces. "É um conjunto de causas que leva os mais jovens a experimentar o produto. Uma pesquisa que realizei mostra que nove em cada 10 adolescentes que tentam comprar o produto conseguem fazer isso no mercado. É uma porta aberta para eles avançarem na dependência". No Brasil, é proibido a venda de cigarros a menores de 18 anos.

Outra observação do pesquisador é que tem crescido a compra de cigarros eletrônicos. No Brasil, é proibido, mas vendido de forma clandestina, "Faz tão mal quanto o cigarro convencional. O narguilé, que é legalizado, é muito usado entre os jovens e com capacidade alta de gerar dependência."

André Szklo entende que os pesquisadores estão atentos ainda ao histórico das relações da covid-19, com jovens e o uso do cigarro. "A situação do isolamento social, estresse e o contato com adultos fumantes expõem o jovem. Em breve, teremos dados a respeito disso no Brasil em trabalho desenvolvido pela Fiocruz". Para ele, é necessário que haja uma conscientização deste público sobre os efeitos em um grupo com menos temor, incluindo prejuízos como mau hálito, diminuição de fôlego e impactos a questões estéticas e saúde sexual. Um artigo recente publicado no Journal of Adolescent Health, neste ano, avalia que o uso do cigarro eleva a possibilidade que adolescentes desenvolvam formas graves da covid-19.

Aos 25 anos, José Ricardo Oliveira havia deixado de fumar, mas a pandemia fez com que ele retomasse o vício , mantido desde os 19. Era um habitual usuário de narguilé. "Infelizmente, não consegui manter a distância da carteira de cigarro. Acho que foi o estresse do momento."

Além do estresse, a psicóloga Juliana Gebrim entende que as pressões sociais recrutam novos fumantes com tantos apelos da indústria. "Jovens passam por fase de identificação social e sensação de pertencimento. Muitas vezes, drogas lícitas e ilícitas são oferecidas para essas pessoas que estão mais vulneráveis e precisam de aceitação maior no meio em que vivem".

Por outro lado, para Andréa Oliveira, a luta foi árdua. Três anos de terapia, apoio da família e amigos, e a "certeza do que queria" fizeram com que ela, hoje com 42 anos, deixasse o vício no cigarro definitivamente em 2018. A comerciante, por causa da pandemia, tem ficado mais tempo no apartamento em que vive, na cidade de Valparaíso de Goiás (GO). "Visitar" a janela do apartamento não a desperta para o que era um hábito adquirido desde os 17 anos, acompanhada do maço de cigarros, o isqueiro e o cinzeiro.

"A janela não é mais um problema. Mas tenho consciência de que preciso ficar vigilante. A ansiedade desses dias me deixa abalada. Acho que vou precisar procurar ajuda de novo." O período de pandemia deve gerar atenção especial tanto para quem já deixou como para quem busca abandonar o tabagismo, segundo especialistas.

A neuropsicóloga Juliana Gebrim entende que momentos como esse podem prejudicar a saúde mental. "É preciso atenção porque a pandemia pode ser, sim, um desvio no caminho de pessoas que estavam pensando em largar o cigarro. A pandemia pode exacerbar questões de transtornos de ansiedade e também o desenvolvimento de doenças como a depressão. O isolamento provoca muito a exposição de algumas emoções que são conectadas pelo uso do cigarro", explica. A especialista detecta que as situações de tristeza e de insegurança poderiam fazer com que a pessoa volte a fumar.

Mesmo dentro de casa não é possível, no entender dela, que a circunstância de isolamento desencoraje para a prática do vício, em vista de que o ato está relacionado à impulsividade ativada por "gatilhos", que são as situações ou eventos que desencadeiam a vontade de fumar. Por isso, segundo a especialista, é necessário que as pessoas trabalhem as emoções. "Somente em um processo de muita autoconsciência a respeito do prejuízo para outras pessoas faria com que o fato de estar em casa, por si só, faça com que alguém evite o cigarro".

São considerados raros os casos em que as pessoas conseguem se livrar do vício sozinhas. "Mas mesmo assim temos que ficar atentos para os episódios em que as pessoas trocam uma compulsão por outra, que também poderá acarretar diferentes prejuízos."

Os tratamentos para os vícios no cigarro podem ser lentos e requerem paciência para as pessoas e o cuidado permanente com recaídas. "A psicoterapia, a psicologia e outros campos da saúde podem ajudar muito as pessoas que têm o vício. Fazemos primeiramente terapia de redução de danos e encontramos caminhos para circundar o alvo para encontrar a cura definitiva", afirma a profissional. 

Nem todo o consumo de cigarro ocorre de forma legalizada e essa é uma preocupação dos pesquisadores no tema. Os jovens ficam também à vontade para comprar onde não há avisos de proibição. Cigarros clandestinos são vendidos principalmente em periferias brasileiras por preços ainda mais em conta. Para colaborar com políticas públicas, uma parceria entre o Instituto Nacional de Câncer e a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) tem identificado há dois anos o uso de marcas ilícitas no Brasil por intermédio do lixo coletado. Os parâmetros usados para a classificação foram identificação de registro da marca na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e advertências sanitárias frontal, posterior e lateral na embalagem em acordo com a legislação nacional.

Ao todo, 11 profissionais da companhia de limpeza (entre garis de gravimetria e pesquisadores) atuam por parte da empresa com um centro de pesquisas aplicadas. “Com a parceria com o Inca, descobrimos que esses cigarros eram consumidos em áreas mais carentes”, diz a microbiologista Bianca Quintaes, da Comlurb.

A pesquisadora Alessandra Machado, do Inca, afirma que se trata de uma pesquisa inédita no Brasil de rastreio em prol da saúde de áreas mais necessitadas. “Estimamos agora não apenas pelo que o fumante diz, mas pelo que o lixo mostra. Nessa amostra, percebemos que mais de 90% dos produtos ilegais é de uma marca paraguaia. Não sabemos sobre o conteúdo do produto que entra ilegalmente no país. Entendemos que colaboramos para que áreas mais carentes, como a zona norte, dá pistas do que poderia ser implementado. Fatores socioeconômicos interferem no consumo e faz mais vítimas.” A iniciativa mostra que todas as pistas podem ser importantes para uma luta que faz mais do que fumaça aos mais jovens.

 

A relação entre tabagismo e covid-19 é o tema sugerido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e adotado pelo Brasil para comemorar, neste domingo (31), o Dia Mundial Sem Tabaco. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas, anualmente, em todo o mundo. Mais de 7 milhões dessas mortes são decorrentes do uso direto do tabaco e cerca de 1,2 milhão se devem ao fato de os não fumantes serem expostos ao fumo passivo.

A médica Tania Cavalcante, do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Costa (Inca), é mestre em saúde pública e coordena a política nacional de controle do trabalho, por meio da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco e de seus Protocolos (Conicq), da qual é a secretária executiva. Cento e oitenta e um países integram a Convenção Quadro, além do Brasil.

##RECOMENDA##

Falando à Agência Brasil, a sanitarista explicou que o país decidiu abordar o tema por essa linha da relação com o novo coronavírus porque entende que é preciso avançar mais no controle do tabagismo. “Porque os fumantes têm um risco maior de evoluírem com complicações, demandarem mais UTIs, respiradores mecânicos. Você vai ter uma pressão maior por conta do tabagismo nos sistemas de saúde”.

A secretária executiva da Conicq afirmou que o fumante integra o grupo vulnerável às complicações da covid-19. Estudos mostram que o fumante que contraiu a doença tem um risco duas vezes maior de ser internado em unidades de terapia intensiva (UTIs), de precisar de ventilação mecânica e de ir a óbito do que uma pessoa não fumante infectada.

Uma justificativa para isso é que doenças causadas pelo tabagismo, como câncer, doenças cardiovasculares (infarto, hipertensão), doenças pulmonares (enfizema, bronquite) e diabetes também relacionada ao hábito de fumar, todas aparecem como grupo de risco e de complicações pela covid-19, citou a especialista do Inca.

Coquetel tóxico

Tania Cavalcante ressaltou que a fumaça do tabaco é um”coquetel altamente tóxico”. São quase 7 mil substâncias tóxicas, cancerígenas, que o fumante exala todos os dias, praticamente o dia inteiro, destacou. Isso vai minando o sistema imunológico do fumante. Por isso é que o fumante já tem uma deficiência no sistema imunológico e maior risco de contrair infecções bacterianas, inclusive a tuberculose, e vírus. Esse é outro aspecto que torna o fumante vulnerável, de acordo com a especialista.

A secretária executiva da Conicq lembrou que a covid-19 evolui com uma série de alterações graves, entre as quais hipóxia (ausência de oxigênio no sangue), lesões nas partes internas dos vasos sanguíneos. “Isso gera uma resposta imunológica com uma reação inflamatória gigantesca, chamada tempestade de citocinas, e formação de trombos no organismo generalizada de forma aguda, rápida, que leva o paciente à falência múltipla de órgãos e a óbito”.

Analisando-se o que as substâncias tóxicas causam no corpo do fumante, verifica-se que é a mesma coisa que o vírus provoca, só que a evolução na pessoa que fuma é mais crônica, mais lenta. Então, quando o fumante contrai a infecção, ele já tem todos aqueles problemas que a covid gera. “Ele já entra em desvantagem nesse processo evolutivo grave da covid-19, porque já tem um terreno favorável para isso”, afirmou a sanitarista do Inca.

Citou também que o vírus, para se acoplar na célula, precisa de um receptor conhecido como enzima conversora de angiotensina 2, que aparece normalmente no corpo humano. “O vírus entra através dessa enzima. E quanto mais a gente tiver a expressão na célula dessa enzima, mais vulnerável a gente fica à invasão do vírus”. O que acontece com o fumante é que as substâncias tóxicas do cigarro aumentam a expressão dessa enzima na camada externa da membrana celular dos fumantes. “Aí, o fumante vai ter muito mais porta de entrada para o vírus do que uma pessoa que não fuma, de acordo com descobertas recentes. Isso explica porque o fumante é mais vulnerável à infecção e porque, quando infectado, ele é mais vulnerável às complicações”.

Recuperação

Ao parar de fumar, os receptores tendem a diminuir e a aparecer de forma normal. A hipóxia, que no fumante é causada pelo monóxido de carbono que ele inala na fumaça, em oito horas sem fumar já desaparece. As lesões que o fumante tem na parte interna dos vasos, bem como o processo inflamatório, desaparecem em 24 horas e a tendência de formação de broncos desaparece em duas semanas. Lá na frente, ele vai ter uma diminuição do risco de ter infarto, acidente vascular cerebral (AVC), trombose venosa profunda e tudo que está relacionado com o aumento de trombos na circulação,indicou a médica sanitarista.

“Deixar de fumar é vantajoso no curto prazo, até para as pessoas se protegerem da covid-19. É muito importante que as pessoas saibam disso, saibam desse risco e que, deixando de fumar, diminui muito o risco dessas complicações pela infecção da covid-19”. Pela recuperação dessas alterações, pode-se afirmar que o ex-fumante não está no mesmo risco que o fumante, a não ser que ele já tenha outras doenças, como enfizema. “Aí ele vai estar no risco de se infectar pela covid pelo enfizema. Não por conta do tabagismo. O mesmo ocorre se ele já tem problema de hipertensão ou diabetes, por exemplo”. Tania Cavalcante sustentou que quando a pessoa deixa de fumar, ela tira todo esse processo inflamatório. “E o processo inflamatório que a covid pode ocasionar já não vai ser tão intenso como o de um fumante”.

Medidas

Além de incentivar o fumante a deixar de fumar e buscar tratamento para largar o vício, a Conicq está trabalhando neste momento pela adoção de medidas para reduzir a iniciação de crianças e adolescentes no tabagismo, classificado como doença pela OMS desde a década de 1990. É considerada ainda uma doença pediátrica porque a maior parte das pessoas começa a fumar antes dos 18 anos de idade, ou seja, na adolescência, porque as estratégias de mercado são dirigidas a esse público-alvo, denunciou a mestre em saúde pública.

A inclusão de sabores nos cigarros facilita a fase da experimentação, além de aditivos que aumentam a liberação de nicotina e o poder que causa dependência. De acordo com a secretária executiva da Conicq, quase 20% das crianças e adolescentes brasileiros experimentam cigarros, apesar de ser proibido. Por isso, a Comissão está fazendo um apelo ao Congresso Nacional, no Dia Mundial sem Tabaco, para que os projetos de lei que se encontram em tramitação e que visam acabar com essas práticas, reduzindo a experimentação de crianças e adolescentes, sejam colocados como parte da agenda de enfrentamento da covid-19. ”Porque você vai diminuir o número de fumantes no Brasil, ajudar as pessoas a deixarem de fumar e adotar medidas que impeçam a iniciação do tabagismo entre os jovens”.

Número de fumantes

Tania revelou que atualmente, no Brasil, apesar de ter ocorrido uma queda significativa da proporção de fumantes no país acima de 18 anos de idade, passando de 35% em 1989 para 9,8%, em 2019, o número de fumantes no país atinge cerca de 20 milhões de pessoas. “É um número absurdo de fumantes. É quase sete vezes a população do Uruguai”. Esses fumantes brasileiros estão sob risco de contrair câncer e doenças cardiovasculares, que mais matam no Brasil, e agora também sob risco de serem contaminados e terem complicações da covid-29, congestionando a rede de saúde, as UTIs, reforçou.

Tania Cavalcante insistiu que a ideia é aproveitar o Dia Mundial sem Tabaco para chamar a atenção para o tabagismo, considerado uma pandemia desde 1986, pela Assembleia Mundial de Saúde. “E é uma pandemia que agrava a pandemia da covid-19 porque as pessoas têm a saúde frágil e maior propensão às complicações da doença e por isso, se contraírem o vírus, isso vai aumentar a demanda por atendimento, inclusive UTI e respirador mecânico”, insistiu.

Disse, ainda,que o tabagismo é uma doença altamente evitável. “O que precisa é impedir essas práticas de mercado quer fazem com que crianças e adolescentes experimentem, se tornem dependentes e não consigam mais parar de fumar, como se vê hoje”. O tratamento das doenças causadas pelo tabagismo provoca gastos da ordem de R$ 57 bilhões, contra arrecadação de impostos da ordem de R$ 13 bilhões, informou.

Impacto positivo

Entre os impactos positivos que o ato de deixar de fumar traz ao organismo, Tania Cavalcante destacou o ganho em termos de fôlego que a criatura vai passar a ter. “A pessoa já ganha fôlego, já vai ter, no curto prazo, melhoria do paladar e do olfato”. Também o cheiro da fumaça que penetra no corpo do fumante vai sumir aos poucos. “A família toda vai ganhar por conta do tabagismo passivo e quem não fuma se expõe a essa fumaça que é altamente tóxica e corre o risco de desenvolver câncer de pulmão”. O risco de ter doenças cardiovasculares, infarto, trombose, vai se igualar ao de não fumantes no prazo de um a dois anos após parar de fumar.

O risco de câncer de pulmão também cai à metade em cinco anos. Mesmo quem tem enfizema pulmonar, parando de fumar vai paralisar a evolução da deterioração do pulmão. Não vai evoluir para um quadro extremamente grave, onde a pessoa precisa ficar em oxigêncio e até em UTI. “Todo mundo mundo tem a ganhar, mesmo que já tenha algum dano causado pelo tabaco”.

Sensibilização

O diretor executivo da Fundação do Câncer, oncologista Luiz Augusto Maltoni, salientou a importância da sensibilização dos jovens, “para que eles não se iniciem no tabagismo e estejam atentos à propaganda enganosa do cigarro, em especial a questão do cigarro eletrônico que no Brasil é proibido, embora a gente saiba que existe o comércio ilegal”.

A entidade, em conjunto com outras instituições, como a Associação Médica Brasileira (AMB), vem trabalhando no sentido de alertar a população sobre os malefícios do cigarro e sua relação com a pandemia do novo coronavírus. Nas mídias sociais das entidades, os jovens, principalmente, podem ter acesso a perguntas e respostas e a vídeos que alertam para as consequências negativas do tabagismo no organismo humano, informou Maltoni.

 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), fumar aumenta o risco de contrair infecções bacterianas e virais, entre elas a Covid-19 causada pelo coronavírus. "Toda vez que os pulmões são comprometidos, facilita a infecção e a pessoa tem mais dificuldade para se recuperar", disse Yasmin Thanaval, professora do Departamento de Imunologia do Roswell Park Comprehensive Cancer Center em Buffalo, Nova York (EUA), em entrevista ao portal Vice.

Na falta de uma vacina ou tratamento direto para o coronavírus, a prevenção é a melhor defesa, o que significa lavar as mãos e não tocar o rosto, tossir no cotovelo, entre outros passos básicos, além do isolamento. Abandornar o tabagismo também é recomendável. "É a hora perfeita para parar de fumar", como orienta Drauzio Varella em seu canal no portal UOL.

##RECOMENDA##

Ainda segundo o Inca, entre os pacientes chineses diagnosticados com pneumonia associada ao coronavírus, as chances de agravamento da doença foram 14 vezes maiores os que tinham histórico de tabagismo em comparação com as que não fumavam. Esse foi o fator de risco mais forte entre os examinados.

Em relação ao narguilé, o instituto afirma que o risco de transmissão do vírus cresce substancialmente, já que a mangueira é passada de pessoa a pessoa e todas compartilham a mesma piteira. Assim, tal prática deve ser evitada, bem como com cigarros eletrônicos.

Alguns países da região do Mediterrâneo oriental, como Irã, Kuwait, Paquistão, Catar e Arábia Saudita, proibiram o uso do narguilé em locais públicos, como cafés, bares ou restaurantes, para prevenir a transmissão do coronavírus.

O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, anunciou neste sábado (18) que quer proibir o fumo em locais ao ar livre até 2030, na tentativa de frear a poluição na cidade italiana.

"Até 2030, não será mais permitido fumar ao ar livre. Mas imediatamente ou em breve, não poderá fumar nos pontos de ônibus e na fila de serviços", afirmou Sala, durante um evento em Isola.  O prefeito explicou que, segundo alguns estudos, o tabagismo é uma das causas que contribuem para a superação dos níveis de poluição na cidade, como os fogos de artifícios e fornos a lenha nas pizzarias. 

##RECOMENDA##

Durante coletiva de imprensa, Sala ressaltou que essa é a "visão" da prefeitura e que toda proposta ainda terá que passar pelo conselho da cidade. Já em relação à proibição nos pontos de ônibus e filas de serviços, a medida está incluída no Regulamento Ar-Clima, que será discutido em breve pelo Conselho de Milão.

A expectativa é que a nova regra seja aprovada até março. "Muitas obrigações devem ser introduzidas para que todos façam sua parte", concluiu Sala. 

Da Ansa

Os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, anunciaram nesta sexta-feira (27) que não vão criar áreas para fumantes no lado de fora das instalações esportivas.

Em uma breve nota, foi explicado que a decisão foi tomada "para evitar danos causados pelo fumo passivo". Anteriormente, a organização da competição já tinha anunciado uma proibição total de cigarros dentro das instalações esportivas.

##RECOMENDA##

- Acomodações para os Jogos - Na capital japonesa, ainda há escassez de acomodações disponíveis para os turistas que vão acompanhar a competição. Segundo cálculos feitos por autoridades, haverá um influxo de 8% maior que o previsto.

Com isso, será necessários mais de 14 mil quartos, que, no entanto, não existem. As autoridades japonesas já estão trabalhando para tentar resolver o problema. As Olimpíadas de Tóquio começarão no dia 24 de julho e o torneio será encerrado em 9 de agosto.

Da Ansa

Pela primeira vez em 18 anos, o número de fumantes no mundo está diminuindo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A queda é registrada entre homens, os maiores consumidores, e as mulheres.

##RECOMENDA##

As considerações do relatório mostram as tendências do tabagismo em um período de 25 anos, entre 2000 e as previsões até 2025.

*Emissora pública de televisão de Portugal

A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS), da qual o Brasil é signatário, contribuiu para acelerar a redução do número de fumantes, que já vinha ocorrendo no país em anos anteriores. A afirmação é da secretária executiva da Comissão Nacional para a implementação da Convenção, a médica Tânia Cavalcante, do Instituto Nacional do Câncer, no Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta sexta-feira (31). A convenção é o primeiro tratado internacional de saúde pública com o objetivo conter a epidemia global do tabagismo

De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2017 a prevalência de fumantes era 10,1%, enquanto em 2006 atingiu 15,7%.

##RECOMENDA##

“O Brasil é um dos países que teve queda mais significativa na prevalência de fumantes. O último dado Vigitel de 2017 -  ainda não foi lançado o de 2018 - mostra que a proporção de fumantes no Brasil era de 10% na população acima de 18 anos, o que é equivalente a 15 milhões ou 16 milhões de pessoas”, afirmou Tânia, em entrevista à Agência Brasil, acrescentando que esse não é um número desprezível porque tem impacto grande no sistema de saúde.

A convenção é um conjunto de leis, entre elas a de aumento de preços de impostos, a de restrição de vendas de cigarros a menores, de proibição de propaganda de cigarros e medidas educativas, como as campanhas de advertência sanitária nas embalagens do produto. O tratado foi ratificado pelo Congresso Nacional e promulgado pela Presidência da República em 2005.

“Entre 1989, quando tivemos o primeiro estudo, até 2008, que é pouco depois que o Brasil ratifica a convenção promulgada em 2005, a queda na prevalência de fumantes foi de 46%. No intervalo entre 2008 e 2013, esse índice foi de 20%. Em cinco anos, tivemos uma queda que foi quase a metade do que se alcançou nos 20 anos anteriores, quando a gente não tinha a convenção, mas algumas ações que já vinham colaborando para reduzir o tabagismo”, disse a médica.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 80% dos tabagistas começam a fumar antes dos 18 anos. Para Tânia, a iniciação de fumantes também sofreu impacto com a redução do tabagismo no Brasil. Em 2009, 24% das crianças e adolescentes experimentavam cigarros, enquanto em 2015 eram 19%. “Ainda é um número alto, embora seja muito mais baixo que em outros países”, acrescentou.

A coordenadora disse ainda que a decisão do governo de aumentar os impostos sobre o cigarro influenciou o consumo da população de renda mais baixa e das faixas mais jovens. “Aqui no Brasil se comprova o que as pesquisas do Banco Mundial já mostravam, que essa é uma das medidas mais efetivas para reduzir o tabagismo, especialmente entre os jovens, na prevenção da iniciação e nas populações com menor renda e escolaridade. A convenção agrega valores ao que já vinha sendo feito no Brasil desde meados da década de 90”, observou.

Segundo a secretária, a Comissão Nacional para a implementação da Convenção tem integrantes de vários órgãos de 18 setores do governo, incluindo a Advocacia-Geral da União (AGU), que no último dia 21 entrou com uma ação na Justiça do Rio Grande do Sul pedindo o ressarcimento, pelas empresas produtoras de fumo, dos gastos públicos no tratamento de doenças causadas pelo tabagismo. A ação é decorrente do cumprimento do Artigo 19 da convenção, que trata da responsabilização civil pelos danos. A Receita Federal também tem acento na convenção para tratar das questões tributárias.

A médica lembrou que o Brasil também ratificou o protocolo relacionado ao Artigo 15 do tratado, que se refere à eliminação do mercado ilegal de cigarros.

“Esse protocolo já tem a adesão de mais de 50 países, e a cooperação internacional é o eixo mais importante, porque hoje o que está por trás do comércio ilegal é o crime organizado, a corrupção e a lavagem de dinheiro. Então, é preciso que haja cooperação dos órgãos que têm o poder no tema, que passa a ser de segurança pública, mas também de saúde pública. O cigarro contrabandeado é tema de saúde pública porque facilita a iniciação do tabagismo de crianças e adolescentes, pois é muito mais barato”.

De acordo com a pesquisa colaborativa, coordenada pelo Departamento de Avaliação de Tecnologias em Saúde e Economia da Saúde do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (Iecs), 428 pessoas morrem por dia no Brasil em decorrência do tabagismo. Cerca de 12,6% de todas as mortes que ocorrem no país podem ser atribuídas ao consumo de cigarros. As mortes por doenças cardíacas respondem pela maior parte delas: 34,99 mil. Os dados são de 2015 e se referem a pessoas com mais de 35 anos.

Doenças

Entre as pessoas que adoecem por causas atribuídas ao tabagismo, as cardíacas atingem 477,47 mil. A pulmonar obstrutiva crônica vem em segundo lugar, com 378,59 mil casos, seguida de 121,15 mil com pneumonia, 59, 50 mil de acidente vascular cerebral, além de 73,5 mil diagnosticadas com câncer provocado pelo tabagismo. Desse total, 26,85 mil com câncer de pulmão.

Custos

A pesquisa mostrou ainda que as despesas médicas e a perda de produtividade atribuídas ao tabagismo alcançam R$ 56,9 bilhões, sendo R$ 39,4 bilhões de custos médicos diretos, o equivalente a 8% de todo o gasto com saúde e a R$ 17,5 bilhões em custos indiretos, em razão da morte prematura e da incapacidade.

Um novo estudo introduz uma informação polêmica no hall de reflexões sobre o uso da maconha. Publicada na revista científica Epigenetics, a pesquisa relata que o uso contínuo da droga pode acarretar em infertilidade.

Vinte e quatro homens, entre 18 e 40 anos, foram examinados. Metade usava maconha. A investigação detectou que o tetra-hidrocarbinol (THC), princípio ativo da maconha, teria provocado mudanças no DNA dos espermatozóides. Os fumantes também apresentaram uma menor concentração de espermatozóides do que os não usuários da erva. 

##RECOMENDA##

Como a amostragem analisada é pequena, estudiosos garantem que não se pode considerar a hipótese como definitiva. Outros fatores, como condição física, estilo de vida, qualidade do sono, podem afetar nas mudanças no DNA.

Outro estudo recente revelou que mulheres usuárias de maconha podem ter sua fertilidade reduzida devido à ovulação anormal e que o tempo médio de concepção é significativamente menor para mulheres que fumam maconha regularmente, em comparação com não-usuárias.

O Instituto de Pesquisa Datafolha revelou que 82% dos atuais fumantes optariam por uma solução menos danosa do que o cigarro, enquanto que 78% dos não fumantes recomendariam outras alternativas a terceiros, fumantes ativos ou passivos. Também segundo a pesquisa, a média declarada de consumo de cigarros no Brasil é de 13 unidades por dia para cada fumante.

O Datafolha mostra que 79% dos brasileiros são favoráveis a que o governo autorize a venda dele opções menos nocivas à saúde no Brasil, já disponibilizada por algumas empresas estrangeiras. É um dado em linha com a resposta de 80% dos entrevistados que concordam que os fumantes deveriam ter acesso a produtos de risco reduzido.

##RECOMENDA##

A comercialização desses produtos está banida no Brasil desde 2009, enquanto que em diversos países do mundo o tema tem avançado bastante. Agências como o Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos e a Agencia de Saúde Pública no Reino Unido (Public Health England) entendem que novas tecnologias de risco reduzido podem ter um papel importante na redução dos danos à saúde causados pelo cigarro, funcionando de maneira complementar às políticas públicas de cessação.

“É indiscutível que a maioria dos fumantes tem plena consciência dos danos causados pelo hábito de fumar cigarros. Contudo, muitos ainda continuarão fumando e sabem que sofrerão sérias consequências à sua saúde. A pergunta que se faz é, existindo soluções que tem o potencial de reduzir os danos à saúde, por que elas não estão hoje disponíveis aos adultos fumantes brasileiros? ”, argumenta Fernando Vieira, Diretor de Assuntos Corporativos da Philip Morris Brasil, empresa responsável pela contratação da pesquisa feita pelo Datafolha.

O estudo aponta, ainda, que o principal motivo que leva os fumantes a se interessarem por produtos de menor risco está ligado ao bem-estar: 76% dizem que fariam a troca porque querem ter menos problemas de saúde. No entanto, a pesquisa mostrou que o brasileiro ainda desconhece que alternativas ao cigarro e de menor risco já estão disponíveis no exterior: 75% dos entrevistados não sabem definir o que ou quais seriam produtos de risco reduzido e, deste total, apenas 1% já ouviu falar das soluções já existentes que usam o tabaco aquecido.

A pesquisa do Datafolha foi feita em julho com pessoas de 18 anos ou mais, a maioria na faixa de 25 a 59 anos. As 1982 entrevistas foram distribuídas por 129 municípios de todas as regiões do país para representar a população brasileira maior de idade, pertencente a todas as classes econômicas, de acordo com cotas de sexo e idade baseadas na PNAD 2016 (IBGE).

Por Tamires Melo

Os fumantes que recebem incentivos em dinheiro são muito mais propensos a abandonar o cigarro do que aqueles que recebem apenas dicas sobre como parar de fumar, sugere um estudo americano publicado nesta segunda-feira (30).

A abordagem poderia oferecer formas de reduzir o número de fumantes, que permaneceu estável em cerca de um quinto da população dos Estados Unidos nos últimos anos, de acordo com um estudo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) Internal Medicine.

O estudo clínico randomizado foi realizado com 352 pessoas em Boston, Massachusetts. Todos os participantes, em sua maioria mulheres afro-americanas, fumavam mais de 10 cigarros por dia e queriam parar. Alguns receberam um folheto e uma lista de recursos comunitários disponíveis para ajudar as pessoas a pararem de fumar.

Outros receberam a mesma lista de recursos, junto com sessões de aconselhamento extra de "patient navigators" (funcionários que oferecem orientação pessoal aos pacientes no sistema de saúde americano) sobre como parar, e também foram informados de que receberiam um pagamento em dinheiro se conseguissem abandonar o cigarro.

Os participantes não foram informados sobre o quanto eles receberiam para parar de fumar quando entraram no estudo, de um ano de duração. Na metade do estudo, os que tinham parado de fumar receberam US$ 250, e foram informados de que receberiam mais US$ 500 se não estivessem fumando ao final da pesquisa.

Quase 10% dos participantes do grupo de incentivo tinham parado de fumar aos seis meses, em comparação com menos de 1% daqueles que receberam um folheto. Aqueles que não tinham parado de fumar aos seis meses tiveram a chance de continuar tentando parar em troca de um pagamento. "Após 12 meses, 12% do grupo de intervenção tinham parado de fumar, em comparação com 2% do grupo de controle", afirmou o estudo.

A autora principal do estudo, Karen Lasser, professora de medicina na Universidade de Boston, disse que o estudo mostra que uma abordagem multifacetada que emprega incentivos funciona melhor.

"A maioria dos participantes que deixaram de fumar utilizou os recursos oferecidos pelos 'patient navigators', mas não está claro se estes recursos sozinhos atingiriam as mesmas taxas de abandono do tabagismo que observamos" com a ajuda dos incentivos, acrescentou.

O Brasil é o oitavo país no ranking elaborado pela revista científica The Lancet entre os que mais diminuíram o número de fumantes. Segundo o artigo, no período entre 1990 e 2015, a porcentagem de fumantes diários no País caiu 29% para 12% entre homens e 19% para 8% entre mulheres.

O estudo também constatou que, em 2015, aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo inteiro fumavam diariamente: um em quatro homens e uma em 20 mulheres. A proporção é um pouco diferente da que foi registrada há 25 anos: em 1990, era um em cada três homens e uma em cada 12 mulheres.

##RECOMENDA##

Já o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens), mas a redução coloca o país entre os campeões de quedas do volume de pessoas que consomem tabaco.

Por outro lado, de acordo com o estudo, países como Bangladesh, Indonésia e Filipinas não obtiveram mudanças significativas em 25 anos. Na Rússia, houve aumento no número de mulheres que fumam e tendências similares foram identificadas na África.

Para consultar a pesquisa realizada pela revista, acesse o site: http://thelancet.com/.

O Turcomenistão, ex-república soviética da Ásia Central, é o país em que menos se fuma no mundo, anunciou nesta terça-feira (21) a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan.

"Um estudo recente da OMS mostra que somente 8% da população fuma no Turcomenistão", declarou Chan, durante um fórum médico internacional em Asjabad, capital do país. "É a taxa nacional mais baixa do mundo. Os parabenizo por este progresso", ressaltou, citada pelos meios de comunicação estatais, dirigindo-se ao presidente do país, Gurbanguly Berdymujamedov.

Um dos países mais isolados do mundo, o Turcomenistão ratificou em 2011 a convenção da OMS para a luta antitabaco. Em 1990, 27% dos homens maiores de 15 anos e 1% das mulheres fumavam no país.

Mas, em 2000, as autoridades proibiram o fumo em locais públicos, edifícios governamentais e no exército. A publicidade de cigarro também é proibida. Dentista de formação, o atual presidente chegou ao poder em 2006 após a morte do ditador Saparmurat Niazov, que instaurou um grande culto de personalidade no país.

O ex-ditador, que lutava sem trégua contra o tabagismo, construiu uma escada de 36 quilômetros de extensão nas montanhas, perto da capital, e obrigava os membros do governo a percorrê-la uma vez por ano para melhorar sua saúde.

A nova lei antifumo está em vigor desde o último dia 3 de dezembro. Bem mais rígida, ela não permite mais a existência de fumódromos, nem que as pessoas consumam tabaco e similares em estabelecimentos como bares, clubes e restaurantes. 

Nesta quarta-feira (17), a Vigilância Sanitária do Recife se reuniu com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE) para esclarecer as mudanças contidas na lei. Segundo a gerente da Vigilância Sanitária do Recife, Adeilza Ferraz, os comerciantes mostram certa apreensão com as mudanças. “Eles estão preocupados com relação à abordagem. Nesses estabelecimentos as pessoas ficam bêbadas e podem ficar agressivas”, explica.

##RECOMENDA##

O presidente da Abrasel-PE, Walter Jarocki, destacou também que outra situação incomoda a entidade. É que, se alguém for flagrado fumando nesses estabelecimentos, de acordo com a lei nacional, a multa seguirá para o estabelecimento e não para o fumante, nos valores que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.  Como o Recife já possui lei para os processos administrativos sanitários, os valores são mais brandos, variando de R$ 40 a R$ 400 mil. “São penalidades pesadas, mas se está na lei a gente tem que se adequar”, lamenta Jarocki.

Sobre a evasão de clientes, Jarocki diz que ainda é cedo para prever alguma mudança. "Com a Lei Seca, o movimento baixou em 20%. Já com os fumantes não dá para saber, porque apesar de haver um percentual muito grande, ele tem diminuido", explica. 

A Vigilância Sanitária do Recife deu o prazo de 30 dias para que os comércios desmontem suas áreas para fumantes. Os clientes também não poderão fumar em varadas ou áreas com muro, grades ou qualquer tipo de restrição de espaço. 

[@#galeria#@]

Para o segurança Linaldo Camilo, 32 anos, fumante, a lei é exagerada. “Tudo bem proibir em local fechado, mas eu acho que um local como um toldo não deveria ser proibido. A pessoa vai ter que fumar no sol, na chuva...”, critica. A cozinheira Ticiane Prieto, 29, já apoia a decisão. “Quem não fuma não é obrigado a sentir o cheiro. É incômodo até para mim que fumo”, comenta ela, que diz já possuir o costume de ir para calçada quando queria fumar. O desenvolvedor Ilton Prazeres, 23, também se compadece dos não fumantes e aprova as mudanças. “Eu sei que incomoda muita gente”, conclui.

A nova lei antifumo foi sancionada em dezembro de 2011 e estava regulamentada desde maio de 2014. Ela também proíbe propagandas de cigarros nos pontos de venda. 

Desde pequena, a estudante Luciene Rodrigues sofreu com o câncer de pulmão do pai, causado pelo uso excessivo do cigarro. Ao ver, muitas vezes, ele em cima de uma cama lutando pela vida, a jovem disse pra si: “Nunca quero nem chegar perto de cigarro”. Atualmente com 24 anos, a estudante conseguiu cumprir a promessa que fez a ela mesma quando ainda criança.

“O sofrimento do meu pai foi uma lição e tanto pra mim. Eu vejo o cigarro como uma falsa felicidade, sabe? Do que adianta ter aquele prazer momentâneo e depois ter a saúde prejudicada?”, questiona Luciene. Hoje, o pai da jovem está curado. Mesmo assim, a estudante descarta qualquer possibilidade de contato com cigarro. “O exemplo que tive na família sempre abriu meus olhos. Acredito que dá para ser feliz longe do cigarro e ter uma saúde bem melhor”, conclui.

##RECOMENDA##

A estudante integra a lista de não fumantes no Brasil, cuja data é comemorada nesta segunda-feira (17). Este número, segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em 2013, cresceu 20% em todo País, nos últimos sete anos. Atualmente, a parcela de brasileiros não fumantes é de 88% da população. Em 2006, este valor correspondia a 85%, ou seja, cresceu em 3% o número de pessoas que não fumam no Brasil desde o ano de 2006.

O levantamento também mostra que a frequência de não fumantes é maior entre as mulheres. Hoje, o público feminino corresponde a 9%, contra 12% em 2006. Os homens, por sua vez, têm atualmente 15% da parcela total. Há cerca de oito anos eles eram 19%.

Há 10 anos a dona de casa Luzinete Siqueira, 64, resolveu deixar o cigarro de lado. A decisão, no entanto, não foi nada fácil, mas trouxe diversos benefícios. “Sempre que me dava vontade de fumar eu procurava alguma coisa pra fazer em casa ou ia chupar uma bala. As duas primeiras semanas foram muito complicadas, mas valeu a pena resistir ao cigarro. Hoje, eu me alimento bem melhor. Quando eu era viciada eu mal comia. Às vezes, só tomava café durante o dia e chegava a fumar até três carteiras de cigarro”, revela.

Siqueira só teve forças para abandonar o vício quando percebeu que, sempre ao acabar de fumar, sua boca ficava dormente. “Era uma sensação horrível. Eu me sentia muito mal”, lembra. A dona de casa fumou por 51 anos consecutivos e chegou a ter a saúde comprometida. “Tinha 13 anos quando experimentei cigarro pela primeira vez. Desde então, nunca mais parei. Só consegui abonar ele de vem em 2004, quando o médico me disse que eu estava com todas as taxas muito altas”, disse.

A dona de casa começou a fumar por influência do pai, já falecido, mas garante que se sente bem melhor hoje em dia, longe do cigarro. “Meu pai sempre disse que achava muito bonito mulher que sabia dirigir e fumar. Foi ele quem me deu meu primeiro cigarro. Mas, sinceramente, se eu soubesse que ele (cigarro) é tão ruim pra saúde, eu nunca teria experimentado. Me sinto mais saudável sem fumar”, afirma.

Para saber mais sobre o cigarro, o Portal LeiaJá conversou com o pneumologista do Hospital Jayme da Fonte, Guilherme Costa. Confira, abaixo, a entrevista:

LeiaJá - Quais os malefícios do cigarro?
Guilherme Costa - Existem pelo menos 50 doenças diretamente relacionadas ao consumo do tabaco.  A maioria com alta morbidade e/ou mortalidade. Estima-se que os fumantes perdem, em média, sete ou oito anos de expectativa de vida pelo fato de fumar. De cada dois fumantes, um morrerá por uma doença relacionada ao tabaco. São cerca de seis milhões de mortes por ano devido ao consumo do tabaco em todo o mundo. Cerca de 30% dos cânceres são relacionados ao cigarro e cerca de 35% dos óbitos por infartos do miocárdio são relacionados ao tabagismo. Além disso, cerca de 2% dos acidentes vasculares cerebrais, na faixa etária entre 50 e 70 anos, são atribuídos ao cigarro.

LJ - E os benefícios de parar de fumar? Quais são?
GC - Parar de fumar traz benefícios independente da idade, da carga tabágica consumida e da presença de alguma doença relacionada ao tabaco. Quanto mais precoce deixar o hábito de fumar, maiores serão os benefícios. Poucas horas após parar de fumar, a frequência cardíaca diminui. Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora. Depois de um ano, o risco de morte por infarto agudo do miocárdio se reduz a metade. Após décadas, se reduz a probabilidade de cânceres e novos infartos. Sem falar que o dinheiro “poupado” para compra do cigarro durante uma década pode comprar um carro novo.

LJ - O que o uso excessivo de cigarro causa no pulmão?
GC - Existem mais de 4.700 substâncias identificadas na fumaça do cigarro. Destas, cerca de 80 são carcinogênicos, isto é, tem potencial de desenvolver câncer por alterações moleculares do ciclo celular. Inúmeras desencadeiam padrões de inflamações no pulmão originando alterações estruturais no pulmão, levando a doenças como, enfisema, bronquite crônica, bronquiolites, doenças intersticiais pulmonares, câncer de pulmão ou pioram condição clínica de outras patologias pulmonares, tais como, asma, rinite. Alteram o sistema imunológico favorecendo surgimento de doenças infecciosas,, tais como, sinusites, pneumonias, tuberculose, entre outras.

LJ - Em seu ponto de vista, as propagandas negativas estampadas nas carteiras de cigarro melhoram algo?
GC - As propagandas na carteira dos cigarros tem um sentido de reflexão e tem se mostrado benéficos no sentido de ajudar as pessoas a pararem de fumar.











Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde indicou que Recife ficou abaixo da média nacional, de 11,3%, em relação ao número de fumantes. O número, na capital Pernambucana, caiu de 12%, em 2012, para 10,7%, no ano passado. A Secretaria de Saúde do Recife oferece tratamento para fumantes nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) por um tempo médio de seis meses.

Dados do Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco apontam que o tabagismo é o principal fator de risco para cerca de 50 doenças, entre elas mais de 10 tipos de cânceres, doenças cardiovasculares e enfisema, além das patologias buco-dentais. De acordo com os dados, mais de 300 pessoas procuram os grupos de Tratamento de Tabagismo, oferecido pela Secretaria de Saúde do Recife. Em cada um dos seis Distritos Sanitários da cidade, há uma unidade especializada no tratamento do álcool e outras drogas. 

##RECOMENDA##

“Nossa equipe é formada por médicos clínicos e psiquiátricos, que avaliam cada um deles, solicitam exames e até prescrevem medicamentos. Quando tem algum usuário que tem um problema mais grave, por exemplo, como um enfisema pulmonar, é encaminhado para um profissional especialista da rede”, explicou Izabel Cristina, assistente social e técnica de Saúde Mental.

Mais pessoas fumam no mundo todo hoje do que em 1980, à medida que o crescimento populacional dispara e cigarros ganham popularidade em países emergentes, como China, Índia e Rússia, embora as taxas de tabagismo tenham diminuído nas últimas décadas, alertaram cientistas nesta terça-feira (7).

Em todo o mundo, o número de fumantes subiu de 721 milhões em 1980 para 967 milhões em 2012. O número de cigarros fumados anualmente também aumentou 26% nas últimas três décadas. Segundo o informe, o aumento no número de fumantes ocorre apesar do declínio generalizado das taxas de tabagismo nas décadas recentes porque mais pessoas se conscientizaram dos riscos do tabaco para a saúde.

A China, por exemplo, tinha 100 milhões de fumantes a mais em 2012 do que há três décadas atrás (182 milhões a 282 milhões), embora a taxa de tabagismo tenha caído de 30% para 24% da população neste período, ressaltaram especialistas no estudo publicado no jornal da Associação Médica Americana. A Índia ganhou 35 milhões novos fumantes - elevando seu total para 110 milhões - mesmo com a queda da taxa de tabagismo de 19% para 13% da população.

A Rússia, onde cerca de um terço da população fuma, ganhou um milhão de fumantes desde 1980. Os dados foram publicados como parte de uma série de artigos relacionados ao tabagismo para coincidir com os 50 anos do primeiro relatório do US Surgeon General sobre os riscos do tabaco.

"Uma vez que sabemos que a metade de todos os fumantes acabará morrendo por causa do cigarro, um número maior de fumantes significará um aumento maciço das mortes prematuras em nosso tempo de vida", advertiu o co-autor do estudo, Alan Lopez, da Universidade de Melbourne.

O estudo, conduzido pelo Instituto de Métrica e Avaliação para a Saúde da Universidade de Washington, mediu dados de 187 países, e descobriu que a taxa mundial de tabagismo entre os homens era de 41% em 1980, mas desde então caiu para 31%, em média.

Entre as mulheres, a prevalência estimada de consumo diário de tabaco era de 10,6% em 1980 e em 2012 este percentual havia caído para 6,2%. Segundo a pesquisa, o declínio mais rápido teve início em meados dos anos 1990, mas o tabagismo voltou a aumentar entre os homens desde 2010.

"Esta desaceleração na tendência global (de redução do tabagismo) se deveu, em parte, ao aumento do número de fumantes desde 2006 em muitos grandes países, incluindo Bangladesh, China, Indonésia e Rússia", destacou o estudo.

"Os maiores riscos de saúde são mais propensos de ocorrer em países com alta prevalência e consumo elevado", destacou o estudo, citando entre estes países China, Grécia, Irlanda, Itália, Japão, Kuwait, Coreia, Filipinas, Uruguai, Suíça e Rússia.

Em 2012, as maiores taxas de tabagismo entre os homens foram registradas no Timor Leste (61%) e na Indonésia (57%), seguidos de Armênia (51,5%), Rússia (51%) e Chipre (48%). Os principais países com mulheres fumantes foram Grécia (34,7%) e Bulgária (31,5%).

A Áustria tinha uma taxa de tabagismo de 28,3%, seguida da França (27,7%) e da Bélgica (26,1%). Uma proporção maior de mulheres fumava na França em 2012 (28%) do que em 1980 (19%), enquanto a taxa de tabagismo entre os homens foi na direção oposta, caindo de 42% para 34%.

No total, a França tinha 14 milhões de fumantes em 2012, dois milhões a mais do que em 1980. O estudo também mediu quantos cigarros, em média, foram consumidos por pessoa em 2012, e descobriu que a Mauritânia teve o número maior, com 41 ou dois maços por dia.

"Uma vez que o cigarro permanece uma ameaça à saúde da população mundial, são necessários esforços intensificados para controlar seu uso", destacou o estudo. A pesquisa também analisou onde no mundo foram obtidos os maiores ganhos na luta contra o tabagismo desde 1980, particularmente em países onde mais de uma em cada cinco pessoas fumavam.

Islândia, México e Canadá tiveram os declínios mais significativos (3%), seguidos de Suécia, Noruega e Dinamarca.

Uma pesquisa realisada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2012), afirmou que a parcela da população recifense de fumantes reduziu 20%. A análise revelou ainda que os homens continuam fumando mais, em 2006, o índice era de 19% e passou para 13%, no ano passado. Já entre as mulheres, esse dado era de 11%, em 2006, reduzindo para 10%, em 2012.

O levantamento revela ainda que, na capital de Pernambuco, a frequência de fumantes passivos no domicílio é de 12%, sendo 13% em homens e 11% em mulheres. Além disso, a frequência entre pessoas que fumam 20 ou mais cigarros por dia em Recife é de 5%, sendo 7% homens e 3% mulheres.

##RECOMENDA##

Em relação ao número de adultos fumantes por cidade, a pesquisa mostra que a capital com a maior concentração é Porto Alegre (RS) com 18%, que também detém a maior proporção de pessoas que fumam 20 cigarros ou mais por dia (7%). Já a capital com o menor índice é Salvador (BA), onde 6% da população adulta diz ser fumante. Em Recife, a frequência de adultos fumantes é de 12%.

O Ministro da Saúde Alexandre Padilha, afirma que a queda do número de fumantes deve-se as ações de prevenção realizadas pelo governo. “Essa diminuição na quantidade de fumantes no país comprova que o Ministério da Saúde, em parceria com a sociedade, está no caminho certo ao investir em ações de prevenção e controle e também na oferta de tratamento para os fumantes. Estamos investindo cada vez mais na formulação de políticas públicas que promovam, continuamente, a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”, completa.

Enfrentamento 

Esse ano, a adesão ao programa para as equipes de Atenção Básica – feita pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) – contou com 24.515 equipes inscritas, em 4.371 municípios brasileiros. A meta é reduzir de 15% para 9% a proporção de fumantes na população adulta até 2022.

O Ministério da Saúde investe ainda na ampliação da assistência às pessoas que querem parar de fumar, oferecendo desde o acompanhamento do paciente por profissionais de saúde a medicamentos - entre adesivos, pastilhas, gomas de mascar e o antidepressivo bupropiona.

Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que 12% da população é fumante. É o menor porcentual registrado desde que o acompanhamento começou a ser feito. Na primeira análise, feita a partir de entrevistas telefônicas nas capitais do País com população acima de 18 anos, 15,6% das pessoas diziam fumar.

A população masculina apresenta maior porcentual de tabagismo: 12%. Atualmente, 9% das mulheres dizem fumar. Porto Alegre é a capital que concentra maior índice de fumantes: 18%. O trabalho indica ainda que a dependência do cigarro é mais frequente entre as pessoas com menos escolaridade. Na faixa de até oito anos de estudo, 16% são fumantes, quase o dobro da frequência observada entre as pessoas com mais de 12 anos de escolaridade: 9%.

##RECOMENDA##

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando