O primeiro debate entre os candidatos a governador de Pernambuco foi marcado por ironias e farpas entre Armando Monteiro (PTB) e Paulo Câmara (PSB). O embate, realizado nesta segunda-feira (3), em Caruaru, no Agreste, iniciou brando e com alfinetadas a atual gestão, no entanto durante o terceiro bloco o diálogo entre os postulantes acalorou numa discussão política entre quem tem condições necessárias para substituir a liderança do ex-governador Eduardo Campos (PSB), falecido no último dia 13, que comandou o estado até abril deste ano.
Durante a modalidade onde os candidatos faziam perguntas entre si, polarizando o debate Armando questionou Câmara sobre uma afirmativa de Campos quanto a legitimidade da presidente Dilma Rousseff (PT) como candidata. O petebista lembrou que o socialista havia frisado que a petista se candidatou em 2010 sem antes postular nenhum outro cargo eletivo e, por isso, segundo ele, a gestão do PT deu errado. “O que você avalia este posicionamento critico de Eduardo Campos quanto a Dilma e como você se vê neste perfil?”, indagou o petebista ironizando.
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Em resposta, Câmara justificou ter sido escolhido para a disputa sucessória do PSB por ter integrado a equipe que geriu o estado durante sete anos e quatro meses. “Fui acompanhado por muita gente que entendeu que poderíamos avançar. Fizemos muito por este estado. Crescemos até mais do que o Brasil. Tive a oportunidade de criar relações políticas necessárias e a honra escolhido por Eduardo Campos e por 21 partidos e isso me deu a legitimidade de comandar o processo”, rebateu. O socialista também frisou que vai governar, se eleito, junto com o prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT) e outros nomes. A legenda de Queiroz dá sustentação à candidatura de Armando.
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Nutrindo o discurso de que o estado precisa de um governador com “experiência e lastro político”, Armando alegou que o desenvolvimento de Pernambuco se deu por articulações políticas, onde inclusive ele participou. “Você tem o perfil de burocrata, quem conduziu este projeto foi um conjunto de forças políticas que eu integrei. Não é obra da burocracia”, alfinetou. “Lamentavelmente Eduardo, quando fez a indicação de forma direta, buscou o gerente, pois ele continuaria sendo líder. Agora ele se foi e o desafio é saber se você teria condições de substituí-lo verdadeiramente na liderança?”, disparou.
Rebatendo de forma irônica, Paulo Câmara frisou que saberá o que fazer. “Eduardo está onipresente em suas ideias e ideais. Ele me escolheu porque sabe que eu posso fazer mais e eu sei fazer. Sempre entreguei tudo que foi solicitado, resolvi problemas. Sou um gestor e sei me articular”, contra-atacou o candidato. “Tenho liderança sim para comandar Pernambuco e vou fazer em 4 anos um excelente governo”, vaticinou.
As mesmas propostas
O candidato do PSOL, José Gomes, aproveitou o debate com os rivais para asseverar o discurso de que Armando e Câmara defendem as mesmas diretrizes. Durante os blocos, Gomes questionou o petebista quanto a semelhança entre as propostas.
“Tenho colocado que nós vemos uma campanha do mesmo projeto político. Precisamos de uma mudança política e não poderão ser feitas pelo hipotético governo de Armando e de Paulo. Eles representam a continuidade. Atrás de milhões em publicidade está o mesmo programa”, criticou.
Argumentando sobre a necessidade de se criar uma “boa política”, Armando justificou que os problemas do estado desafiam a todos da mesma forma. “Eduardo Campos tinha estatura política diálogo nacional e a despeito do muito que ele realizou, Pernambuco tem problemas estruturais imensas. Se Eduardo não pode dar respostas a muitas demandas imagine se nós viéssemos a escolher alguém com um perfil mais baixo”, disse.