O estado do Alabama, no Sudeste dos Estados Unidos, agendou para a noite de quinta-feira (25) a execução do preso Kenneth Smith, de 58 anos, condenado pelo assassinato de uma mulher em 1988. O método de execução será asfixia por nitrogênio, inédito no sistema prisional do país. A forma de abatimento escolhida pela administração do estado tem recebido críticas e sido assemelhada à tortura por organizações. Em novembro de 2022, Kenneth passou pela primeira tentativa de execução com um método padrão no Alabama e outros estados, a injeção letal. No entanto, o homem sobreviveu às tentativas, sendo o segundo e último a conseguir tal feito.
A asfixia (hipóxia) por nitrogénio é bastante comum em suicídios assistidos na Europa. Smith receberá uma máscara e administrará um fluxo de gás nitrogênio, privando-o efetivamente de oxigênio até a morte. A execução, prevista em uma decisão do R. Austin Huffaker Jr., de 10 de janeiro de 2024, é a mais recente reviravolta na batalha sobre a pena de morte nos Estados Unidos. A conta de estados que aboliram a lei da pena de morte está quase empatada, com o último estado a fazer a alteração sendo Washington, em 2023.
##RECOMENDA##Após a mudança em Washington, a situação da execução penal nos EUA passou a ser a seguinte: 23 estados a extinguiram; 24 estados mantêm suas leis; e três estados mantêm a lei, mas com exceções.
ONGs condenam decisão do Alabama
Críticos da pena de morte argumentam que as autoridades penitenciárias do Alabama estão fazendo de Smith uma cobaia para um experimento não comprovado e "macabro". Autoridades estaduais alegam que a morte por hipóxia com nitrogênio é indolor porque faz com que a pessoa perca rapidamente a consciência. Com uma pressão de médicos e críticos à pena de morte, conseguir medicamentos letais ficou mais difícil no país, e estados chegam a considerar, além da asfixia por nitrogênio, o uso de pelotões de fuzilamento.
Segundo a administração, os próprios advogados de Smith identificaram a hipóxia por nitrogênio como preferível à administração problemática de drogas injetáveis letais no estado. No entanto, a representação de Smith chegou a emitir um pedido de suspensão da execução, o que foi rejeitado pelo juiz no último dia 10. Agora, eles podem apelar para o Supremo Tribunal do país, que tem histórico de suspensões aprovadas em cima da hora.
De acordo com o New York Times, que obteve contato com Kenneth Smith por e-mail, o preso tem medo do procedimento dar errado. “Estou preocupado por termos dito ao Alabama que esses riscos podem acontecer – vão acontecer – assim como os avisamos no ano passado”, disse ele. “E eles não farão nada para evitar que esses perigos aconteçam".
A execução
O preso condenado será conduzido de sua cela no Centro Correcional William C. Holman até a câmara de morte da prisão, que fica em Atmore, no Alabama. Cinco repórteres poderão testemunhar a execução. Smith será colocado em uma maca e uma máscara será colocada sobre seu rosto, e então ele terá dois minutos para dizer suas últimas palavras. Em seguida, o diretor da prisão ou um assistente iniciará o bombeamento do gás na máscara do homem por pelo menos 15 minutos.
Kenneth Smith está enfrentando execução por esfaquear até a morte a senhora Elizabeth Sennett, em março de 1988. Ele recebeu US$ 1 mil (R$ 4,9 mil) do marido da mulher e mandante do crime, o pastor Charles Sennett, para cometer o homicídio. Os jurados que condenaram o preso votaram 11 a 1 para poupar a sua vida e, em vez disso, condená-lo à prisão perpétua, mas um juiz rejeitou-os e condenou-o à morte.