O meia Kaká revelou que quase abandonou a carreira de jogador profissional pouco depois de sua volta ao Milan, em setembro do ano passado. Logo após ter seu retorno anunciado pelo clube italiano, o brasileiro sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda em duelo contra o Torino. Era sua primeira partida oficial após um período conturbado no Real Madrid, onde pouco atuou. Ali, ele pensou em parar de jogar.
"Na hora que me machuquei eu falei: 'Não sei se eu quero mais jogar futebol não'. Eu tinha me preparado para fazer tudo o possível para jogar a Copa (do Mundo de 2014), aí me machuco logo no primeiro jogo oficial. Aí falei assim: 'Ah não, chega, deu'", revelou o brasileiro em entrevista à TV Globo.
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Kaká rapidamente se convenceu de seguir atuando, mas admitiu que se recusou a receber salário durante o tempo em que ficou afastado pela lesão. "Liguei para o Adriano Galliani (diretor do Milan), conversei com ele e falei com ele que não queria receber. Ia parecer que eu vim para um lugar confortável para lavar minhas mãos e não fazer nada. A partir dali comecei a fazer minha recuperação e de lá para cá, nenhum problema físico."
Feliz no Milan, Kaká tenta reencontrar seu melhor futebol, mas admite que ainda está rendendo apenas "70% ou 75%" de sua capacidade. Mesmo assim, o meia mantém o sonho de disputar a Copa do Mundo desse ano, no Brasil, mesmo que seja para ficar no banco de reservas. O técnico Luiz Felipe Scolari já avisou que tem observado o jogador e deixou em aberto a possibilidade de convocá-lo no futuro.
"Não vejo esse tipo de problema de você fazer parte de um grupo. Em 2002 joguei meia hora, mas também tinha 20 anos. Vi que a importância de um grupo é muito maior do que essa vaidade de jogar 30, 40 minutos, ou não jogar, isso faz pouquíssima diferença", comentou. "Eu acho que numa Copa esse tipo de vaidade não encaixa em um grupo campeão. Eu não tive problema nenhum em ficar três anos no banco do Real."
Os cinco anos de Real Madrid, aliás, se transformaram no momento mais difícil da carreira de Kaká. Contratado em 2009 como um dos maiores nomes do futebol mundial, por 65 milhões de euros, o meia nunca se adaptou ao novo clube e ficou longe daquele jogador que brilhou no Milan entre 2003 e 2008. Para piorar, uma sequência de lesões impedia que ele tentasse se recuperar.
O próprio Kaká admite a dificuldade que atravessou na época e diz que buscou na família forças para se reerguer. "Eu chegava em casa chateado e as crianças eram uma motivação para continuar jogando, treinando. Mas foram momentos muito difíceis, cheguei a ir treinar sem vontade nenhuma, vontade zero. Esta foi minha situação no Real Madrid."