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As operadoras de maquininhas independentes de cartão de crédito reagiram à ofensiva judicial da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que apresentou ao Banco Central (BC), ao Ministério Público e à Justiça de São Paulo denúncias contra as credenciadoras e seus representantes. As instituições financeiras acusam a existência de um esquema fraudulento nas vendas a prazo, batizado de parcelado sem juros "pirata".

Seria uma cobrança "dissimulada" de juros no cartão, travestida de parcelado sem taxas - uma forma de as maquininhas se apropriarem das receitas com juros sem o risco da inadimplência, que continuaria restrito ao banco emissor.

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Na visão das empresas, porém, trata-se apenas de uma narrativa dos grandes bancos para reduzir a competição nesse mercado bilionário, que foi tomado por um clima beligerante em meio ao impasse sobre o juro do rotativo, a linha de crédito mais cara do País. As taxas foram limitadas pelo Congresso Nacional, mas o tema ainda carece de regulamentação, em torno da qual não há consenso entre os elos da cadeia.

Em nota, a Associação Brasileira de Instituições de Pagamento (Abipag), que representa as maquininhas independentes, afirmou desconhecer quaisquer denúncias dirigidas aos seus associados, mas disse que representações eventualmente protocoladas no BC "evidenciam a má-fé e ignorância do suposto denunciante e servem de subterfúgio para inviabilizar a concorrência de mercado e atacar concorrentes independentes".

FERRAMENTA TECNOLÓGICA

A Stone, que integra a Abipag e é alvo de uma das denúncias da Febraban, diz que "sempre se pautou pelo cumprimento rigoroso da legislação e regulações vigentes" e que "reitera o seu compromisso com o estímulo à competição de mercado e com o empreendedor brasileiro".

Já a Associação Brasileira de Internet (Abranet) cita uma ofensiva dos bancos para restringir a modalidade Parcelado Sem Juros (PSJ) e diz que eles têm sido sistematicamente derrotados.

Segundo a Abranet, o "parcelado comprador", citado nas denúncias da Febraban como parcelado "pirata", é uma ferramenta tecnológica oferecida aos estabelecimentos comerciais que permite ao vendedor calcular os valores a receber por suas vendas, de acordo com os diferentes meios de pagamento utilizados, os prazos e os custos envolvidos.

"Esta solução, já amplamente utilizada pelo mercado, foi desenvolvida no contexto da Lei 13.455/17, que prevê a possibilidade de o vendedor diferenciar o preço de bens e serviços em decorrência do meio de pagamento utilizado pelo comprador e/ou em decorrência do prazo de pagamento da transação", afirmou a Abranet, que disse estar certa de que o BC reconhecerá a legalidade dos procedimentos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Não é raro uma indústria virar do avesso por uma inovação tecnológica. No setor das maquininhas de pagamento, a reviravolta chegou de uma vez só com o Pix, sistema de pagamento do Banco Central. A visão de especialistas é de que o Pix deve eliminar a necessidade do "intermediário" entre quem paga e quem recebe. E isso coloca em xeque o próprio futuro do setor de meio de pagamento. As empresas, portanto, terão de agregar mais serviços aos comerciantes - como softwares de administração de contas e estoques - para continuar relevantes para os clientes.

"As empresas ganharão pelo serviço prestado, e não mais por transação", afirma Edson Santos, um dos maiores conhecedores do setor de meios de pagamento no Brasil. Segundo ele, companhias como a Stone, que em 2020 comprou a empresa de tecnologia Linx, já de olho nessa mudança, estão melhor posicionadas para a nova fase. Resistir a essa mudança, segundo ele, pode significar o fim da linha para esses negócios. Conforme pesquisa recente do Instituto Propague, a Cielo segue líder de mercado, seguida de perto pela Rede, do Itaú Unibanco. Depois vêm a Getnet (do Santander), Stone, Vero e PagSeguro.

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Apesar da chegada do Pix ter chacoalhado o setor, os líderes de setor não têm demonstrado grandes mudanças. Uma das razões, segundo Santos, é porque o Pix ainda enfrenta alguns desafios no varejo, e a maquininha segue importante para o estabelecimento receber os pagamentos pelo cartão. "O Pix ainda não pegou o suficiente (no varejo). E todo mundo espera que o outro faça antes", diz Santos.

Uma das poucas mudanças, até agora, é a oferta da funcionalidade do Pix na maquininha, permitindo que o lojista gere um QR-Code para a transferência. "Essa é uma tentativa de se manter a maquininha viva", comenta o especialista.

A experiência de quem usa o Pix diretamente no comércio também precisa melhorar. Hoje, quando o lojista aceita Pix, o cliente usa a chave do estabelecimento para efetuar o pagamento - mostrando a tela com a transação ao atendente ou enviando o comprovante por WhatsApp.

No entanto, já há startups trabalhando para deixar essa experiência mais fluida, para ajudar na adoção do Pix pelo comércio com a utilização de software que permite a aceitação do meio de pagamento pelo caixa de forma direta, ou seja, com confirmação da transferência imediata.

Outras empresas começam a oferecer o Pix parcelado (uma forma da dar crédito ao cliente), que poderá vir a substituir o cartão de crédito - essa opção já cresce em aceitação, especialmente no e-commerce. Hoje, essa modalidade já alcançou o volume do pagamento em boleto, forma de pagamento que era uma "dor" para os varejistas online, já que a desistência entre efetuar a compra e efetivo pagamento era alta.

Especialista no mercado financeiro, Boanerges Freitas destaca que o Pix mudou as peças do jogo do setor, mas que as credenciadores resistem em mudar e inovar. "Claro que elas vão ter perda de receita ao sair do cartão para o Pix, mas é melhor ter essa perda e manter o cliente", diz o especialista, lembrando que há anos têm alertado seus clientes dessa necessidade de diversificação de serviços.

"A empresa terá mais conhecimento sobre o varejista, sendo o meio de pagamento dele, e poderá, com isso fidelizá-lo por meio de outros serviços e rentabilizar o negócio", comenta.

Saindo da zona de conforto

A Rede, credenciadora do Itaú Unibanco, diz que está atenta à mudança de regras do mercado. Diretor da empresa, Angelo Russomano conta que a empresa está debruçada no desenvolvimento de novas funcionalidades, algumas delas envolvendo o Pix.

Segundo o executivo, um ponto que a Rede tem olhado atentamente é o auxílio à digitalização dos varejistas, o que inclui a automação da frente do caixa, inclusive para integrar o pagamento pelo Pix. "Essa é a maior demanda dos varejistas. Se o Pix for melhor para os estabelecimentos, a gente tem de investir", afirma Russomano, que há 30 anos atua no mercado de meios de pagamento.

Alta dos juros deu tempo extra às empresas

Com a escalada dos juros neste ano, com a Selic perto de 14% ao ano, as empresas deixaram um pouco de lado a briga por preços, reduzindo taxas cobradas de comerciantes e prestadores de serviço. Com isso, ganharam fôlego extra de caixa e tempo extra para arrumar a casa para tempos difíceis que inevitavelmente virão.

Sociedade entre Banco do Brasil e Bradesco, a Cielo conseguiu recuperar suas margens. A líder do setor viu seus resultados melhorarem e sua ações subirem, apesar das dúvidas que ainda pairam sobre o setor em um prazo mais longo. Procurada, a Cielo não concedeu entrevista.

Em relatório a clientes, o BTG Pactual disse que as grandes empresas do ramo, como a Cielo, conseguiram se reequilibrar depois de um período de pressão com a entrada de fintechs e neobancos no segmento de pagamentos, com a oferta de taxas mais baixas. Apesar disso, o banco alertou que o alívio pode durar pouco: "Não descartamos um cenário de concorrência mais acirrada quando as taxas de juros começam a diminuir. No geral, nenhum jogador conseguiu criar muito valor fora do negócio principal de pagamentos", diz o documento.

Embora o mercado critique o setor pela resistência em abandonar as maquininhas, Julia Corrêa de Vasconselos, líder da área de banking da Stone, diz que a empresa vem, sim, trazendo novidades aos clientes, como uma solução de gestão financeira. O serviço da Stone, ofertado em parceria com a Linx, permite que o pagamento feito via QR-Code pelo consumidor seja associado a uma nova fiscal automaticamente, garantindo o controle financeiro do estabelecimento.

A Caixa Econômica Federal anunciou que os beneficiários do auxílio emergencial já podem utilizar os recursos em pagamentos de compras em maquininhas de cartão a partir desta quinta-feira, 28. Participam do projeto, conforme o presidente do banco, Pedro Guimarães, todos as adquirentes que conseguiram preparar sua operação e ainda a bandeira de cartões Elo.

A Coluna do Broadcast antecipou com exclusividade, no dia 19 de abril, que a Caixa trabalhava no projeto em conjunto com Cielo, de Bradesco e Banco do Brasil, Rede, do Itaú Unibanco, e Getnet, do Santander Brasil.

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"Abrimos a possibilidade de pagamentos em supermercados, lanchonetes, redes de farmácias, em qualquer lugar via o celular", explicou Guimarães, em coletiva de imprensa, no período da tarde desta quinta-feira.

Mais de três milhões de estabelecimentos físicos já estão aptos a receberem pagamentos nas maquininhas com recursos do auxílio emergencial de R$ 600,00.

As transações serão feitas por meio da tecnologia QR Code, os quadradinhos que se popularizaram durante a pandemia, e o cartão de débito virtual de cada usuário.

Para que os recursos do auxílio emergencial possam ser utilizados em compras nas maquininhas de cartão, as contas poupanças, abertas pela Caixa para pagamento do benefício, foram transformadas em carteiras digitais.

Não será preciso colocar senha para efetuar as transações. O pagamento será feito por meio da leitura do QR Code com o celular e os beneficiários poderão acompanhar os gastos em seu extrato no aplicativo Caixa Tem. Os recursos serão debitados das contas por meio do cartão de débito.

O presidente da Caixa disse que a novidade, a qual chamou de 'revolução', ajudará a reduzir a ida dos beneficiários às agências do banco. "Será muito melhor para todos os brasileiros e vai permitir redução das idas nas agências porque os beneficiários poderão gastar sem precisar tirar dinheiro", avaliou.

De acordo com Guimarães, a primeira parcela do auxílio emergencial já foi paga a 57,9 mi de pessoas, em um total de R$ 40,8 bilhões. Quando acrescida ainda a segunda parcela, esse valor chega a R$ 74,6 bilhões.

A Cielo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, adaptou uma de suas maquininhas para aceitar pagamentos com o cartão de débito virtual do auxílio emergencial, que está sendo pago pela Caixa Econômica Federal. O Carrefour Brasil será o primeiro varejista a oferecer a solução, que estará disponível em 480 pontos de venda a partir da próxima semana.

A novidade pode ajudar a diminuir as longas filas que têm se formado nas agências da Caixa por conta do pagamento do auxílio emergencial, no valor mensal de R$ 600. Dos mais de 50 milhões de brasileiros aprovados e que já estão recebendo a primeira parcela do benefício - serão ao menos três meses, 80% foram até o banco sacar os recursos. Somente 20% fizeram transferências eletrônicas ou pagamentos em compras virtuais.

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O problema é que boa parte das pessoas que estão recebendo o benefício não tem conta em banco. Para viabilizar o acesso aos recursos, a Caixa desenvolveu contas poupanças digitais, uma espécie de carteira virtual, e tem creditado o pagamento nelas. Como não há um cartão físico para efetuar o pagamento de compras, para essas pessoas, a única alternativa é ir até uma agência. "A solução reduz a necessidade de os beneficiários enfrentarem longas filas para sacar os recursos nos bancos, diminuindo riscos de contaminação", afirma o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli.

O pagamento de compras com o auxílio emergencial será feito em uma espécie de maquininha inteligente, a LIO. Lançada há alguns anos, ainda é pouco utilizada no varejo brasileiro. A Cielo tem cerca de 100 mil terminais inteligentes frente a um total de maquininhas de cerca de 1,5 milhão espalhados pelo Brasil.

Para adaptar a LIO, a Cielo desenvolveu um aplicativo que viabiliza a transação. Por meio dele, os vendedores inserem os dados do cartão de débito virtual da Caixa na maquininha tais como número, validade e código de segurança, e o pagamento é concluído em segundos. "Os brasileiros poderão usar o saldo do cartão diretamente em compras nos estabelecimentos comerciais", explica o presidente da Cielo.

A Cielo negocia a oferta das maquininhas para a captura de transações com o pagamento com recursos do auxílio emergencial em outras redes de varejo. Há conversas adiantadas para uma parceria com uma rede de drogarias. A companhia não abre, contudo, o nome de futuros parceiros.

Como usar

No Carrefour, primeiro a oferecer a maquininha no varejo, a solução da Cielo estará disponível a partir da próxima quarta-feira, dia 6, em seus hipermercados e supermercados. Em lojas de conveniência, drogarias e postos de combustíveis, chega na sexta-feira, dia 8.

O presidente do Carrefour Varejo no Brasil, Luis Moreno, diz que esta é mais uma iniciativa da companhia para atender à população em meio à pandemia e viabilizar o acesso a alimentos e itens essenciais. O grupo varejista adaptou um plano de emergência para reduzir riscos de contágio em sua rede, que é a maior do País, conforme o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Além disso, o Carrefour Brasil contratou 5 mil funcionários para reforçar as equipes durante a pandemia e congelou o preço de 200 itens de sua marca própria por ao menos dois meses. "Estamos comprometidos a atender aos consumidores com toda a segurança e nossas lojas estão preparadas com rígidos protocolos de higiene", diz Moreno.

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