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A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão virtual finalizada na sexta-feira (21), determinou o fim da superlotação em unidades do sistema socioeducativo de cinco estados: Pernambuco, Bahia, Ceará, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A decisão foi unânime, concedendo o que foi solicitado em Habeas Corpus (HC) de 2017 da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES). Defensorias de outros estados pediram a inclusão na ação, por isso a decisão atinge cinco estados.

Em seu voto, o ministro relator Edson Fachin apresenta alternativas para diminuir a superlotação nas unidades que operam acima da capacidade. São elas: adoção de capacidade máxima, sendo preciso liberar um adolescente para entrar outro quando a unidade estiver lotada; reavaliação de adolescentes internados por infrações sem violência ou grave ameaça; transferência para unidades que não estejam lotadas.

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Caso as medidas anteriores sejam insuficientes ou não sejam possíveis, os adolescentes deverão cumprir medidas socioeducativas em meio aberto, como aplicação de advertência, regime de semiliberdade ou prestação de serviços comunitários. Se ainda assim não for possível encerrar a superlotação, o ministro sugere as internações domiciliares com monitoramento.

Além de decretar o fim da superlotação, Fachin estabeleceu o limite de 100% da lotação das unidades socioeducativas. Anteriormente, o mesmo ministro havia definido este número em 119%.

O relator não estabelece uma data específica para o fim da superlotação, mas sugere a criação de um Observatório Judicial de socioeducação para monitorar o cumprimento da decisão.

Em seu voto, Fachin traz dados de 2018 apontando que nove das 27 unidades da Federação têm taxa de ocupação acima dos 100%. São as seguintes: Acre (153%), Bahia (146%), Ceará (112%), Espírito Santo (127%), Minas Gerais (115%), Pernambuco (121%), Rio de Janeiro (175%), Rio Grande do Sul (150%) e Sergipe (183%).

"Nesse sentido, ainda que existam clamores ou sentimentos sociais na contramão do que se vem de assentar, pelo que já se expôs, é inafastável concluir que os deveres estatais de proteção nessa seara não podem ser simplificados, reduzidos e/ou perspectivados como mera exigência de ampliação do rigor e da severidade na imposição e execução das medidas socioeducativas aos adolescentes em conflito com a lei", escreveu Fachin.

O voto do relator foi acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski. O quinto integrante da Turma, Celso de Mello, está afastado por motivos de saúde.

O ministro Edson Fachin atendeu pedido feito por Defensorias Públicas de quatro Estados e determinou que adolescentes que estão internados em unidades superlotadas deverão ser transferidos. Caso não haja vaga, eles poderão ser beneficiados com a internação domiciliar ou outra medida de meio aberto, como a liberdade assistida. Poderão ser contemplados com a decisão jovens cujo ato infracional não tenha sido praticado sob violência ou grave ameaça. A decisão já valia para unidades do Estado do Espírito Santo e agora passa a valer também para unidades da Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Num ato de luta pelas possibilidades da reintegração social, socioeducandos entregaram nesta quinta-feira (7) corações - confeccionados por eles mesmos - no Marco Zero, Bairro de Recife, na tentativa de chamar a atenção da sociedade para o fato de que eles merecem ser vistos como qualquer outro cidadão. Essa ação é uma iniciativa da Casa de Semiliberdade (Casem) de Areias, espaço ligado à Funase (Fundação De Atendimento Socioeducativo), que abriga cerca de 45 jovens que cometeram algum ato infracional.

“Com a chegada do fim de ano, nós começamos a pensar como poderíamos provocar os meninos na sociedade, a partir daí surgiu essa ideia de entregarmos os corações no centro do Recife”, revelou Lilian Fonseca, psicóloga da unidade. Como representatividade do amor, a escolha do coração foi bem pensada pelos integrantes desse evento. “Todas as vezes que falamos de afeto e sentimentos, quando pedimos para qualquer adolescente nomear isso, vez ou outra aparece o coração; seja tatuado no corpo, na representação da família e qualquer ação de ligação com o outro”, pontuou a psicóloga.

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“Uma ação como essa é bom para distrair a mente, tirar desse mundo onde só está acontecendo coisa ruim”, explicou W., menor que participou do ato. “A gente quer mostrar que não somos o que muita gente pensa. Não somos maloqueiros e fazemos isso como um ato de solidariedade. Já bolei até uma frase: coração do amor, pegou se apaixonou”, comentou G., outro jovem participante do evento.  “Queremos mostrar a sociedade que nós temos caráter, queremos mudar, não ser mais como já fomos. A gente quer fazer curso, concurso e mostrar que somos capazes de fazer acontecer”, complementou L.D., que tem um sonho de ser advogado.

Nas falas e ações desses menores, é possível observar o quão impactante foi a marginalização na vida deles para que viessem a cometer uma infração. “Muitos desses adolescentes quando chegam nos Casem, vem sem perspectivas de vida e uma falta de equiparação da idade junto com o ano letivo escolar, por exemplo. Quando encaminhados para esse espaço de semiliberdade, os psicólogos, pedagogos, assistente social e toda uma equipe tenta mostrar as possibilidades de vida para esses meninos”, disse o pedagogo Sthenio Magalhães. “Tanta coisa já foi negada que esses menores não sabiam nem que podem frequentar um cinema público, por exemplo  Até nas escolas que encaminhamos os socioeducandos, existe um preconceito muito grande do próprio professor".

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Entrega dos Corações

O Marco Zero do Recife foi a escolha para esse ato, que iniciou às 10h da manhã desta quinta-feira (7), tendo seu ponto maior a entrega de um dos corações para os policiais que estavam fazendo a segurança do entorno. “Acho muito importante um ato como esse, já que é uma forma de pedir desculpas pelos erros já cometidos. Poderia ser meu irmão, meu amigo e uma ação como essa é muito positiva para a reintegração deles. Eu não esperava por isso”, comentou Gabriela Adria, 18 anos, que andava pelo local antes de ser surpreendida e saber quem eram as pessoas que estavam entregando a confecção.

A estudante Aline Gomes estava no Marco Zero para tirar fotos que farão parte de sua formatura do ensino médio. Não contava que nesta quinta (7) se depararia com esse evento e chegou a se surpreender. “Eu acho muito importante isso para que as pessoas percebam esses meninos e não discriminem por um erro que cometeu”, relatou. A ação contou com cerca de 40 pessoas, entre socioeducandos e coordenadores. Um dos menores se vestiu de Papai Noel e dançou ao som do maracatu, tudo para chamar a atenção de quem passava pelo local.

Marginalização

Quando indivíduos vivem em condições de abandono social, ele é caracterizado como um marginal, ou seja, está à margem da sociedade. Mesmo mediante à alguns avanços sociais que o Brasil passou, milhares de pessoas ainda vivem marginalizadas pela falta de visibilidade e imersos na pobreza que assola o país; confinando os indivíduos a uma posição inferior na sociedade. É importante salientar que o marginal não escolhe integrar esse “grupo”; isso fica inerente a eles, que são empurrados pela desigualdade social e econômica.

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Um interno da Fundação Casa fugiu após passar por uma consulta médica na Santa Casa de Sorocaba, na manhã desta quarta-feira, 12. Ainda no hospital, ele aproveitou um momento de distração dos agentes e saiu correndo. Perseguido, o rapaz teria invadido a Escola Estadual Senador Vergueiro, no mesmo bairro. Policiais militares entraram na escola e procuraram o fugitivo nas classes, deixando os alunos em pânico. As aulas chegaram a ser suspensas e os alunos do ensino fundamental foram liberados na presença dos pais.

O período letivo só foi retomado à tarde. Um helicóptero Águia, da Polícia Militar, acionado para auxiliar nas buscas, fez voos rasantes pelo bairro. A PM chegou a pedir aos moradores que trancassem portas e janelas e se mantivessem dentro de casa. A informação de que o interno estava algemado não foi confirmada. Até o início da tarde, a Fundação Casa não tinha informação se o fugitivo tinha sido localizado.

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Para o Ministério Público Federal, as propostas de alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com sanções mais rígidas para os adolescentes que cometem ato infracional não vão reduzir a criminalidade. “As experiências com o agravamento de penalidades têm se mostrado insuficientes para combater a prática de crimes por adolescentes", disse o procurador da República, Jefferson  Aparecido Dias, durante um seminário nesta segunda-feira (4) na Câmara dos Deputados, voltado para o debate sobre as medidas socioeducativas, aplicadas aos adolescentes que cometem ato infracional (conduta tipificada como crime no Código Penal).

Dias citou o exemplo da Lei de Crimes Hediondos, que aplica penas mais severas a crimes como tortura, tráfico de drogas e terrorismo, para dizer que mesmo após a sanção da lei em 1990, não houve a diminuição desses tipos de crimes. "Efetivamente não houve redução. Algumas pessoas dizem que o jovem não é punido e não é verdade. O que elas querem [com a mudança no ECA] é tornar a situação dos adolescentes pior que a dos adultos", disse.

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Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de 2011, mostram que 70% dos adultos presos reincidiram na prática de crimes. Enquanto que o percentual de adolescentes reincidentes, em 2010, segundo o CNJ, ficou em 12,8%. “É prematuro desistir do ECA porque ele sequer foi aplicado como se deve e me parece contraditório descartar uma lei sem testá-la", argumentou Dias.

O MPF distribuiu uma nota técnica em que se posiciona contra a redução da maioridade penal e defende a aplicação integral do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), aprovado em 2012 pela presidenta Dilma Rousseff. Para o MPF, a internação de adolescentes tem tido mais caráter punitivo em detrimento do modelo socioeducativo. "Percebe-se que a lógica da punição sobressai à da educação e ressocialização do adolescente infrator", diz um trecho da nota.

Dias destacou que é preciso enfrentar a questão da dependência de drogas por parte dos adolescentes e oferecer um tratamento adequado aos adolescentes com transtornos mentais. Dados do CNJ mostram que 80% dos adolescentes que estão em unidades de internação são usuários de maconha, cocaína ou crack. "O governo internalizou que a questão da droga é mais uma questão de saúde pública, mas responde com medidas de segurança. É uma contradição", disse.

Segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), o debate visa a dar subsídios para a Comissão Especial da Câmara que avalia mudanças no ECA. Mais de dez projetos de lei tramitam no Congresso Nacional com propostas de mudanças no ECA.  O tema é controverso e tem causado polêmicas.

Entre as propostas estão o Projeto de Lei 7.197/02, do ex-senador Ademir Andrade, que trata da aplicação das medidas socioeducativas previstas no ECA a adolescentes que praticaram atos infracionais durante a infância ou maiores de 18 anos que o fizeram durante a adolescência. Outra iniciativa, proposta pela deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), o Projeto de Lei 5.454/13, aumenta de três para oito anos o tempo de reclusão dos adolescentes que cometerem infrações caracterizadas como crimes hediondos, podendo ficar internados até os 26 anos. 

“Estamos ouvindo todos os operadores do direito, as entidades que cuidam das questões ligadas à criança e ao adolescente com o foco não apenas na redução da maioridade penal, mas sim na verificação da necessidade de uma legislação mais efetiva. Isso em relação principalmente ao que tange ao período de internação para os adolescentes que praticam ato infracional grave, que hoje é de até três anos, e alguns cogitam a ampliação desse período para até oito anos, no caso de crimes hediondos”, disse Sampaio.

Pela manhã, a presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Maria Izabel da Silva, reiterou a posição contrária ao agravamento das penas. Segundo Maria Izabel, o ECA e o Sinase definem regras e punições suficientes. "O estatuto já prevê responsabilização a partir dos 12 anos e é mais duro com crianças e adolescentes que precisam esperar, reclusos, a sentença do juiz, do que o Código Penal, que abre possibilidade de adultos aguardarem o julgamento em liberdade", disse.

Nesta quinta-feira (25) uma Casa de Semiliberdade (Casem) da unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) será inaugurada na cidade de Petrolina, no Sertão de Pernambuco.

A nova unidade vai ter capacidade para abrigar 20 adolescentes do sexo masculino, dos 12 aos 18 anos para cumprir as medidas socioeducativas no período de reclusão ou de atividades externas.

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O local tem modelo residencial com seis quartos, quatro banheiros, cozinha, área de lazer, sala de jogos, de televisão, de leitura, refeitório e área administrativa.

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