Um adolescente de 17 anos foi vítima de estupro coletivo, nesta quarta-feira (5), dentro da Casa de Semiliberdade (Casem), no bairro de Indianópolis, em Caruaru, Agreste de Pernambuco. Seis pessoas são suspeitas de participar do crime, entre elas, dois maiores de idade.
De acordo com a Polícia Militar, os dois maiores já foram levados à audiência de custódia e, dependendo da decisão da Justiça, podem ser encaminhados para o presídio de Santa Cruz do Capibaribe, também no Agreste. Caso seja comprovada a participação dos menores no crime, eles perdem a semiliberdade e voltam para a medida de internação na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
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A Funase se pronunciou por meio de uma nota. Confira na íntegra:
De acordo com a Fundação de Atendimento Socioeducativo – Funase, um adolescente da Casa de Semiliberdade (Casem) Caruaru, relatou ter sido estuprado por outros cinco jovens assistidos pela Unidade, na madrugada da última terça-feira (4). Segundo a vítima, o fato aconteceu após a ronda noturna da Unidade.
Após tomar conhecimento do caso, a coordenação da Unidade encaminhou o jovem a uma unidade hospitalar, para realização de exames e atendimento necessários. Em seguida, o mesmo foi transferido para outra Unidade da Funase. De acordo com a equipe médica, o jovem passa bem.
Os socioeducandos acusados de cometer o ato foram identificados e, também, transferidos para outras casas da Fundação.
A Funase reitera que trabalha para oferecer tranquilidade e segurança aos socioeducandos, seus familiares e funcionários de todas as Unidades.
A falência da ressocialização de jovens infratores em PE
De acordo com o Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco (DCA/PE), entre 2012 e 2016, 28 adolescentes foram mortos dentro das unidades de internação de Pernambuco. Ainda de acordo com o DCA, os números alarmantes garantem que Pernambuco ocupe o 1º lugar do Brasil em extermínio de adolescentes sob a responsabilidade do Estado.
Para o Conselho Nacional de Justiça, o sistema socioeducativo pernambucano vigora em total desacordo com as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas (Sinase).
Fatores básicos para a ressocialização, como o tratamento digno, respeito à individualidade e liberdade, projetos de escolarização e profissionalização, manutenção de vínculos familiares, acesso ao lazer, à cultura e à convivência comunitária são quase que utopias nas unidades socioeducativas de Pernambuco.
Para Lourdes Viana, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), as unidades de Caruaru, no Agreste pernambucano, e de Abreu e Lima, no Grande Recife, são as piores. "Em uma análise que fizemos, registramos a ausência de um plano sociopedagógico de recuperação e de aceleração de aprendizagem", pontua.
Ela explica que a superlotação é um problema recorrente na Funase e que já foram solicitadas várias vezes a redução dos quantitativos que estão nos centros, principalmente no de Abreu e Lima, que consta com um número de internos muito superior ao capaz de abrigar. "A Funase tem que estudar novamente e rever um plano estrutural que inclui a construção de novas unidades para que nenhuma delas tenha a capacidade de atendimento superada".