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Em comemoração aos 45 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), quilombolas, pequenos agricultores, posseiros e famílias ameaçadas de despejo se organizam em mutirão para colher toneladas de alimentos a serem destinadas para famílias em situação de fome durante a pandemia da Covid-19. A ação, batizada de “Repartir a terra, partilhar o pão”, ocorre na zona da mata, agreste e sertão dos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Tânia Souza, agente pastoral e coordenadora da CPT Nordeste 2, destaca que o gesto de solidariedade estabelece um diálogo com a cidade e demonstra a importância dos povos do campo. “Pessoas que lutaram e que ainda lutam pelo direito à terra e ao território, que ocuparam ruas e praças, agora estão fazendo esse gesto com o povo que vive nas cidades. Estão provando a necessidade e a importância da Reforma Agrária e da democratização de territórios. Se temos a terra repartida, teremos o pão partilhado”, enfatiza.

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Fundada em plena ditadura militar, no dia 22 de junho de 1975, a CPT foi uma resposta às situações de exploração e violência a que estavam submetidos trabalhadores rurais e comunidades camponesas no país. O mutirão das comunidades camponesas e agentes pastorais nos estados que compõem o Regional Nordeste 2 da CPT, poderá ser acompanhado pelo site da instituição.

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Após três anos de trabalho, o grupo Amigas Solidárias, em parceria com a Universidade da Amazônia (Unama), entregou concluído o abrigo Luz da Fraternidade, no bairro da Cabanagem, em Belém. O espaço vai acolher moradores de rua, oferecendo higiene pessoal e alimentação.

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O abrigo tem 12 quartos em alojamentos divididos entre homens e mulheres. O grupo Amigas Solidárias organizou vários eventos ao longo dos anos para a construção da casa. De acordo com a representante do Amigas Solidárias, Kátia Hons, também foi possível atender projetos paralelos que buscaram auxílio do grupo.

Para o próximo ano, a ideia é analisar mais quatro projetos. “Para começarmos a fazer o investimento com os nossos eventos, como o Show de Talentos, que é realizado na Estação das Docas. Sem o apoio da Unama, que foi uma das primeiras a acreditar nesse projeto, nada seria possível”, afirmou.

O Abrigo Luz da Fraternidade é uma associação de caráter filantrópico, sem fins lucrativos,  cuja finalidade é atender de forma integral os necessitados e desvalidados de toda ordem, sem distinção de raça, cor, condição social ou convicção política, de qualquer idade, que estejam em situação de carência sócio-econômica. Ouça, abaixo, reportagem da Rádio Unama FM 105.5.

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Todo mês de dezembro é tempo de migração. Dos bairros do Coque, Joana Bezerra, Santo Amaro, das comunidades de Olinda; os pequenos grupos familiares convergem ao Cais de Santa Rita, na área central do Recife, e se instalam. À espera das doações características do período natalino. Eles têm casas, têm onde morar, mas às vezes falta o básico nas vestimentas e na alimentação. “O povo passa de carro, xinga, manda ir trabalhar, chama de vagabundo. Se a gente está aqui, é porque precisa”.

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Ana Paula, 36 anos, foi quem primeiro falou com a equipe de reportagem. Não quis dizer sobrenome, nem tirar foto, mas a timidez ia embora quando se lembrava das afrontas sentidas na pele, na rua, “tratada como se fosse ladrão”. Confessou que frequenta anualmente o tradicional ponto de doação desde os 13 anos. Atualmente, está desempregada e sem receber o seguro. “A gente está aqui pra receber qualquer coisa. Quem sou eu pra exigir o que eu quero?”, comenta Ana Paula, grávida do décimo filho. Os outros nove acompanham a mãe no Cais.

Os “vagabundos” do Cais de Santa Rita – como são chamados por muitos – tiveram os pertences recolhidos pela Polícia, na última semana. “Sexta-feira (12) vieram aqui, não quiseram nem saber se tinha menino pequeno, já chegaram pegando nossas caixas, nossas coisas. Eu mesmo levei uma porrada nas costas (com um cassetete), porque subi no caminhão para pegar os sapatos novos que o marido comprou para os meninos”, narra Jéssica Maria de Lima, moradora de Santo Amaro. Prestou queixa e ameaçou chamar a imprensa. Os produtos foram devolvidos.

São cerca de 150 pessoas – a maioria desempregada - alojadas entre os antigos armazéns do Cais. Quase do mesmo tamanho dos caixotes, as crianças correm de um lado para o outro, sem parar, mas nunca em direção aos carros, na pista. “Eles já sabem que carro mata”, diz Jéssica. Quando chove, se abrigam com uma lona preta segura por pregos fincados nas paredes do armazém. Ana Paula, por exemplo, não dorme à noite. “Fico olhando os meninos enquanto eles dormem. Só durmo de manhã, ou depois do almoço”.

A única que autoriza uma fotografia é Maria da Penha da Cruz, mãe de Ana Paula, avó dos nove que perambulam pelo Cais. “É a delegada”, se intitula a senhora de 64 anos. Apesar da brincadeira, lamenta o modo como são tratados. “Na minha idade, se eu não precisasse, eu estaria em casa repousando, fazendo qualquer outra coisa”. Além das doações que costumam ser feitas à noite, os inquilinos temporários do Cais de Santa Rita lavam carros, catam lixo e pedem nos semáforos.

As mulheres garantem que os menores não fazem os serviços, mas a reportagem flagra o trabalho infantil nos sinais. Questionadas se levam as crianças para sensibilizar a população para as doações, negam. “Não temos com quem deixar. Todos da família, muitas vezes, estão aqui, então não tem parente para deixar as crianças”.

Às 18h30, um jovem passa e pergunta “que horas vai sair na tevê”. Jéssica explica que é “pela internet”. Despedem-se e torcem para que as doações aumentem, porque o ano está mais fraco do que o passado. Alguns saem para o outro lado do armazém. Um casal dorme, com um recém-nascido entre si. Falta uma semana para o Natal. 

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