O empresário Wesley Batista, do Grupo J&F, que controla a JBS, retificou um depoimento que havia feito no âmbito do Inquérito 1190, no Superior Tribunal de Justiça, e afirmou que propinas no montante de R$ 6,5 milhões foram destinadas ao governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB) e não ao ex-chefe do Executivo André Puccinelli (MDB) - antecessor do tucano -, como ele próprio havia indicado anteriormente.
Ao mudar seu relato, Wesley disse que cometeu um "erro material" que consistiu na confusão dos nomes do ex e do atual mandatário de Mato Grosso do Sul. A informação sobre a retificação de Wesley foi divulgada pelo site noticioso Midiamax, de Campo Grande, e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
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O executivo da JBS fez a alteração no bojo do inquérito 1.190, de competência do STJ, que detém atribuição para investigar e processar governadores. Azambuja é alvo da Operação Vostok, que investiga o tucano pela suposta concessão de benefícios fiscais a grupos empresariais em troca de propinas.
Na primeira fase da operação, em setembro de 2018, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) foi alvo de buscas. Seu filho, Rodrigo, e o deputado estadual José Roberto Teixeira (DEM), o "Zé Teixeira", foram detidos e, depois, soltos. Em setembro, a segunda etapa da "Vostok" intimou 110 pessoas para prestarem depoimento.
Na ocasião, Azambuja rechaçou com veemência as suspeitas sobre sua gestão. Ele se colocou à disposição da Justiça.
A Polícia Federal suspeita que o governador recebeu R$ 70 milhões em repasses, entre o início de 2015 e fins de 2016. Azambuja nega taxativamente ter sido beneficiário de recursos ilícitos.
O Midiamax publicou transcrição do trecho da retificação feita por Wesley.
Em sua delação premiada, Wesley havia apontado propinas a "um ex-governador de Mato Grosso do Sul", levando os investigadores a suspeitarem de Puccinelli, que antecedeu Azambuja.
Depois, o executivo recuou alegando ter verificado anotações. Constatou, então, que os valores que havia atribuído ao emedebista teriam sido, na verdade, direcionados ao atual mandatário do Estado.
Wesley centralizou seu relato em um bloco de oito notas fiscais, lançadas entre janeiro e fevereiro de 2016 que totalizam R$ 6,5 milhões supostamente referentes a serviços contratados que nunca foram realizados.
Defesa
o advogado Gustavo Passarelli, que defende Reinaldo Azambuja, se manifestou. "A delação premiada do JBS não se sustenta, tendo o próprio Ministério Público Federal pedido sua rescisão. A defesa está tranquila quanto a inocência de seu cliente, sendo que até o momento, passados mais de dois anos da delação e de inúmeras tentativas de produção de provas, nada restou demonstrado contra o Governador, que acredita na justiça para a demonstração de sua inocência. A delação é baseada em documentos unilaterais, inservíveis para a finalidade pretendida."